Secret

Capítulo 35


Secret II

Capítulo 5

Madeira e homens. Era tudo o que se via nas margens do rio Beruna. Telmarinos cortavam as árvores que haviam nas margens, enquanto cinco humanos e um anão se escondiam atrás de uma montanha de toras. Pedro olhou desgostoso para aqueles homens sem qualquer ponta de compaixão pela terra deles e balançou levemente a cabeça, decepcionado por não haver passagem segura para eles chegarem até aquele que os chamara. Ouviram trotes de cavalos chegando ao lado esquerdo deles e tiveram que se abaixar atrás das toras, para que não fossem descobertos.

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– Talvez não tenha sido o melhor caminho a seguir. - murmurou Susana para o irmão mais velho.

Ela levantou o olhar levemente por cima das toras e observou os telmarinos trabalhando esforçadamente para construir uma ponte que interligava as duas margens do rio. Pedro nada disse, somente virou-se e voltou para dentro da floresta, com o anão em seu encalce.

~*~

– Lu, onde achou ter visto o Aslam? - Pedro perguntou um pouco à frente.

Estavam de volta ao desfiladeiro e Lúcia olhava para onde Aslam esteve. O anão estava sentado sobre um tronco caído, as anjas encostadas sobre o tronco de algumas árvores, vigiando tudo ao redor. E Susana olhava para o irmão mais velho, ansiosa e Pedro tinha o maxilar. Por mais que achasse que fora uma coincidência não atravessarem o Beruna, só lhe restava uma única opção. E ele teve que se agarrar a ela. A pequena se virou para o loiro e o olhou com uma careta, como se quisesse chorar, mas ela não iria dar esse gostinho ao irmão.

– Eu queria que parassem de tentar parecer adultos!- ela disse, raivosa. - Eu não achei que vi o Aslam. Eu vi. - ela confirmou e foi para mais perto da beira do penhasco.

– Eu sou adulto. - resmungou o anão.

– Estava bem aqui... - Lúcia murmurava.

Então a terra caiu. Lúcia gritou. Os corações de cada um pularam ao verem a cena.

– Lúcia! - a irmã mais velha gritou e correu junto com os outros para achar a pequena.

Seus corações se acalmaram quando viram a pequena sentada apenas alguns metros abaixo deles. Onde ela estava sentada, a terra pela direita, ia descendo, como uma escada. Lúcia olhou para cima e sorriu ao ver as caras surpresas de todos.

– Aqui... - ela disse e depois observou a escada de terra.

Lena ajudou-a a subir de volta.

– Lúcia, tome mais cuidado, por Aslam! - ela disse, extremamente preocupada.

– Já chega! - Lúcia estourou de vez, assustando a todos. Principalmente a Lena. - Lena, entenda que não somos assim tão descuidados e não precisamos de babás!

Lena olhou para cada um deles, sentindo todos os olhares sobre si, esperando sua reação. Mas a única coisa que ela conseguia pensar era sobre a falta de reconhecimento que ela tinha em seu trabalho como anja. E, pelo que percebia, fazia um trabalho mal-feito, já que não conseguia nem ao menos ajudar.

– Então é isso que você pensa? - ela perguntou, o tom de voz indiferente mascarando a dor que ela sentia no peito.

Lúcia, porém, tinha no olhar um brilho sombrio que não lhe era comum.

– É o que Ed pensa também. - ela respondeu e Lena sentiu seu coração primeiramente afundar, antes de se congelar de modo a lhe entorpecer os sentimentos.

Lena reuniu coragem para desviar seu olhar de Lúcia para Edmundo e, ao ver o olhar confirmador dele, tomou sua decisão quase instantaneamente.

– Ótimo. Se é isso que pensam...

Suas asas foram libertas em um ataque violento e ela despencou pelo desfiladeiro. E ela voou. Não queria saber para onde ia, só sabia que suas asas a levavam para onde precisava ir. Sentia as lágrimas ameaçando escorrer por sua face, mas ela não se importava. O que importava agora era o sentimento de inutilidade que sempre ameaçara aflorar em seu peito, desde o dia em que teve que se despedir de Edmundo na casa de seu tio, dois anos antes. Então agora ela simplesmente voava. Voava, de olhos fechados para sentir o vento chicoteando seu rosto, sentindo a ausência do peso que a responsabilidade lhe conferia. O sentimento de liberdade proporcionado pelo bater de suas asas brancas era algo que ela sempre apreciara e, nesse momento, era a promessa de algo melhor que estava por vir.

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Ao menos até ela bater em alguma coisa e cair de bunda no chão. Ela se levantou, sem resguardar as asas para caso fosse preciso uma fuga rápida. E se assustou quando viu que batera nas costas de um homem. E quando este se virou, percebeu que não era muito mais velho que ela. Talvez até fosse da idade de Susana ou Pedro.

– Quem é você? - eles perguntaram ao mesmo tempo e Lena, receosa, logo colocou a mão sobre o cabo de sua espada, preparando para desembainhá-la.

– Opa, sem violência! - disse o homem, levantando as mãos em forma de rendição, mesmo que pudesse desembainhar a própria espada.

– Senhorita? - ela ouviu uma segunda voz, e olhou para baixo. Era um texugo. - Isso são asas de anjo?

Ganhando certa confiança, Lena retraiu as asas. - São sim. Me chamo Angelina, mas podem me chamar de Lena.

O homem sorriu e abriu a boca para se apresentar, mas o texugo foi mais rápido.

– Santa juba de Aslam! - ele se virou para o homem e puxou o tecido de sua calça, chamando sua atenção. - Senhor Caspian, é a anja protetora das lendas antigas! A designada para a Rainha Lúcia e o Rei Edmundo!

Lena tentou não ficar muito chateada com a menção ao nome deles, mas se lembrou de algo mais urgente.

– Caspian? - ela perguntou e o homem acenou em confirmação. - Foi você que nos chamou?!

– Eu mesmo. Mas onde estão os reis?

– Ficaram um pouco atrás, no desfiladeiro. - Lena respondeu.

– Ótimo, já temos nossa trilha, senhor? - o texugo perguntou a Caspian, que assentiu.

– Não quer ir conosco até nosso acampamento? - Caspian perguntou a Lena. - Deve estar cansada.

– Claro. - Lena sorriu, acompanhando homem e texugo por entre as árvores.