Se Eu Fosse Você

Duas perguntas e dua respostas


Cinco segundo era o tempo que Reyna estipulava mentalmente para que Leo corresse antes que ela se estressasse suficientemente para lhe arrancar uma parte do corpo.

Porque cérebro ele parecia já não ter.

“No que está pensando?”, ele perguntou com aquele tom de voz inocente de quem parecia ser um anjo.

“Que você tem exatamente 4 segundos para correr. E contando.”, ela respondeu amarga.

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“Acho que vou arriscar. E aliás, você terá todo o tempo do mundo para me estraçalhar em pedaços quando o jogo começar.”, ele fingiu não se importar. “Aliás, obrigada por avisar. Se não fosse por você, minha armadura ainda estaria fora do lugar e eu ficaria desprotegido de golpes fatais que certas pessoas acidentalmente poderiam provocar ao meu lindo corpo.”, deu de ombros.

Reyna ajeitou mais uma vez a couraça para tentar esquecer o fato desconfortável que o sr. Não-me-toco-que-não-sou-bem-vindo Valdez a olhava fixamente.

“A corda da sua panturrilha está frouxa. Deixa que eu amarro.”, ela avisou, abaixando-se para dar um nó.

Reyna teve reações suficientes para afastar-lhe a mão com um tapa.

A trombeta soou e ela sorriu. Leo ainda estava agachado.

Três, dois, um.

“Reyna, sua maluca! Porque você fez isso?”, gemeu ele, deitado no chão, arfando e com a mão nas partes baixas. Reyna acabara de lhe dar um belo e certeiro chute.

“Eu lhe dei quatro segundos para correr.”, ela deu de ombros.

E correu.

XXX

Com a respiração entrecortada por suspiros de cansaço, Leo corria pela floresta. Não preocupado com as caçadoras, mas com Reyna correndo em seu encalço, armada e protegida até os dentes com um misto de ouro imperial e bronze celestial.

Quatro segundos, e essa era sua vantagem, que diminuía a cada momento que ele notava que Reyna era rápida. E linda.

Ela já estava se aproximando, com aquela cara de “Sua morte está mais próxima e eminente a cada minuto”. E Leo parecia oscilar num misto de medo e admiração.

Um metro. Cinquenta centímetros. Trinta e dois. Vinte e um. Mais nenhum espaço entre os dois e um corte do ombro esquerdo.

“Reyna, sua maluca! Você me machucou!”, Leo reclamou, limpando a ferida com as costas da mão.

“Deixa que eu arrumo isso pra você.”, ela murmurou, afastando a mão dele de leve e abrindo o cantil com néctar. Com todo cuidado, derramou a bebida dos deuses no corte, que se fechou instantaneamente.

Leo comprimiu algumas caretas de dor ao perceber que uma lágrima – que ele achava ser de remorso – escorrer de seus assombrosos olhos castanhos.

“Você está chorando?”, ele perguntou, limpando a lágrima fugitiva com o polegar.

Ela hesitou antes de responder. “Sim, estou.”

Leo franziu o cenho, completamente confuso.

“Duas perguntas: Como e por quê.”

“Duas respostas: Com os olhos. E por você.”, ela murmurou alto o suficiente para apenas ele ouvir.

“Mais duas dúvidas: Por mim? Por quê?”, ele retornou a dizer.

“Mais duas respostas: Cale a boca. E a ferida já está boa.”, ela respondeu com certa rudez na voz. E depois se desculpou.

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“Tudo bem, não está mais aqui quem falou.”, ele levantou os braços em sinal de rendição.

Reyna esboçou um leve sorriso.

E um silêncio desconfortável permaneceu por uns cinco segundos.

“Reyna, você sabe onde estamos?”, Leo perguntou para quebrar o gelo.

Reyna olhou ao redor, analisando a paisagem. A floresta em si não parecia muito diferente. Apenas árvores, árvores, rugidos estranhos e frutas bonitinhas, de forma que ela não fazia ideia de onde estavam.

Leo mexia os pés desconfortavelmente pela relva enquanto Reyna olhava a de ponta a ponta a paisagem, perguntando-se internamente, onde estavam.

“Não faço ideia.”, ela enfim respondeu, suspirando e sentando-se no chão para descansar.

“Nós poderíamos apenas andar em linha reta e amarrar alguma coisa para não sair do caminho, como Teseu fez no labirinto.”, ele sugeriu.

“Não sei, já está escurecendo.”, ela deu de ombros.

“Nós vamos tentar, sua cabeça dura.”, ele sorriu, estendo a mão para ajuda-la a levantar.

Reyna rolou os olhos e Leo tirou um carretel de barbante grosso do cinto, amarrando a ponta em uma árvore.

“Ou nós podemos jogar migalhas de pão. Só depende de você.”, ele brincou, dando-lhe uma piscadela.

Reyna sorriu com gosto. “Vamos, Garoto dos Reparos, quero achar a saída antes de escurecer.”, ela disse, segurando Leo pela mão.

XXX

Duas horas se passaram, e as únicas coisas que eles conseguiram foram dores na perna, frio e picadas de mosquito.

E foi só quando Reyna estava prestes a desmaiar que eles pararam para descansar.

“Reyna, você está bem?”, Leo perguntou ao vê-la pálida e trêmula.

“Eu só preciso de chocolate. Só isso, por favor.”, ela disse com a voz um tanto quanto exausta.

Leo, que estava mais preocupado do que assustado, tirou do bolso uma barra de chocolate com flocos, que Reyna pegou afoita.

Ela devorava o doce com tanta atrocidade que Leo deu um passo para trás.

“Reyna, tem certeza que está bem?”, ele perguntou novamente.

“Eu tenho hipoglicemia, inteligência rara!”, ela respondeu, agora com a cor de volta ao rosto. “Se eu passar muito tempo se comer açúcar, minha pressão baixa muito e eu desmaio. É algo assim. Nunca me explicaram muito bem, para falar a verdade.”, ela deu de ombros, limpando o chocolate da boca com as costas da mão.

“Isso explica sua obsessão por doces.”, ele riu. “Posso pegar um pedaço?”

Reyna rolou os olhos e partiu um pedaço do doce.

“Vou manter chocolates por perto quando estiver com você.”, ele prometeu. “Hum! Esse chocolate é realmente bom.”

“É o meu preferido. Como você sabia?”, ela olhou impressionada para o filho de Hefesto.

“Eu achei umas três barras dessas na sua gaveta.”, ele deu de ombros, encolhendo-se um pouco.

“Você abre minhas gavetas?!”, ela perguntou com uma irritação fingida.

“Só às vezes.”, ele deu de ombros.

“Audácia da filombeta!”, ela reclamou, cruzando os braços.

“O que diabos é isso, Reyna?”, Leo riu, engasgando-se com o chocolate.

Reyna corou. “Eu não sei, Idiota! Foi uma coisa espontânea que me veio em mente!”

“Acho que tinha algo de errado com o chocolate. Devia estar fora da validade.”, ele sugeriu. “Você não costuma ser simpática ou rir.”

“As pessoas fazem uma bela imagem de mim.”, ela comentou.

“É só não ligar. As pessoas sempre vão falar, independente do quão perfeita você seja.”

“Eu não sou perfeita.”, ela deu de ombros.

“E não precisa. Ser como você é já te torna perfeita pra mim.”

Reyna enrubesceu.

“A perfeição é relativa. Não é como se eu fosse a pessoa mais indicada a falar disso, mas eu sei algumas coisas. Como por exemplo, Afrodite não foi perfeita o suficiente para Hefesto. Ele sempre teve uma quedinha por Atena. ”, ele começou. “E se a deusa da beleza não foi perfeita, ninguém precisa ser.”

“A perfeição dela é infinita.”, ela deu de ombros.

“Alguns infinitos são maiores que os outros. Eu gosto dos defeitos. É como se eles me provassem que você é real. E que realmente está aqui.”

“Bom, eu existo e estou aqui.”

“Eu sei. E gosto disso.”

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Gostaram? Agora eu engrenei e vou postar mais rápido. u_u

XOXO

Ah: Duas coisas: Audácia da filombeta é uma frase que a minha mãe (que eu acredito que vocês devem "conhecer") falou uma vez. Eu morri de rir. E Hefesto realmente gostava de Atena. Eu li no meu livro sobre a Guerra de Tróia.

Mamãe corujinha s3duz1nd0 os mino todo no Olimpo!

Byee