O Céu continuava nublado. Era um daqueles dias exaustivos onde não importa o que você está fazendo ou onde está. Tudo o que quer fazer, é estar em casa. E isso refletia bem o que Edward sentia enquanto caminhava, chegando na frente de casa com um sorriso relaxante. O carro estava estacionado em frente com as rodas um pouco sujas de terra, mas Ed nem se importou. Continuou seu caminho, Virando a chave na porta, ele entrava em casa chegando do colégio. A loja de discos ficaria interditada por tempo indeterminado então, por enquanto era só folga. Fechou a porta, jogando as chaves na mesinha de centro, a mochila parece que despencou de seus ombros sozinha, te tanta vontade de se livrar dela que ele tinha. Com a ponta do tênis, ele pisava em seu calcanhar para retirar o outro par. Repetiu o processo com o outro pé se livrando dos sapatos de uma vez. Nada como estar em casa. Como era bom ter a casa só pra eles. Os dois loucos, quiseram se emancipar logo com 16 anos. Seus pais, totalmente contra protestaram até o fim. E acabou que não deu certo. Porém, alguma coisa boa saiu dali. Uma casa de quatro cômodos, Dois quartos, sala e cozinha fora colocada para alugar. Foi por isso que Edward começou a trabalhar na loja de discos. A Casa fica a apenas um quarteirão de onde os dois moravam com os pais. Eles poderiam morar lá desde que dessem um jeito no aluguel. O resto, os pais ajudariam. Viver á 50 metros de casa não é bem a visão que os dois tinham de "Morar sozinho", mas, se tratando de uma cidade pequena como Ashville, qualquer lugar da cidade em que eles morassem ainda ia parecer que estavam a 50 metros de "Casa".

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Edward se deitou no sofá colocando os pés para cima, Catando o controle remoto que deixava já estrategicamente embaixo da almofada, ligando a TV, colocando no Cartoon Network. Já chegaram a tirar sarro dele por gostar tanto de desenhos animados. Seus amigos estavam comentando sobre Jogos Vorazes, O Massacre da serra elétrica, Supernatural, ou Once upon a Time, e ele por sua vez botava sua concentração em "As terríveis de Billy & Mandy" ou "Scooby-Doo". Eram seus preferidos. Volta e meia também ia para animações de adultos como South Park, ou Family Guy. Edward, e isso não era segredo para ninguém, tinha dentro de si uma criança. Talvez isso explicasse seu comportamento impulsivo e palhaço, com a dificuldade de levar as coisas a sério. Mas isso o incomodava? De jeito nenhum.

—Dylan? -Chamou ele sem tirar os olhos da TV. Não houve resposta. O irmão não havia ido para o colégio hoje. Resolveu dormir depois do transtorno dos dois dias passados. "Eu vou Hibernar", era assim que ele dizia. Ed chamou mais uma vez. -Dylan? .... Viado! -E nada.

Edward se levantou:

—Ai saco...

Não queria levantar, de jeito nenhum. Isso estava estragando seu momento relaxante! Se encaminhou andando em frente. A Casa era térrea e pequena. Logo após a sala, havia uma copa cozinha não muito grande. E também nem precisava ser. Os dois tinham uma façanha de querer poder sobreviver de macarrão instantâneo e Pizza que era uma loucura. Os dois quartos ficavam um ao lado do outro, parede com parede, as duas portas ficavam logo atrás do sofá, a alguns 8 passos de distância apenas. O de Dylan era o primeiro. Ed notou que a porta estava entre aberta e a empurrou:

—Caralho, você peidou aqui dentro? Que fedor da miséria... -Ele dizia tampando o nariz entrando no cômodo fingindo que estava fedendo. Acendeu a luz. E nada. Dylan não estava lá. A Cama, ainda bagunçada. Caiu chuva ontem mas não foi porque o irmão arrumara o quarto, não mesmo. -Ué... Filho de uma quenga, cadê você..?..

Ele se virou, voltando a sala coçando a cabeça. Tirou o celular do bolso ainda caminhando até o sofá, deitando de lado. Olhando na Lista de contatos, ligando para Violet. Chamou... Chamou... Chamou:

—Oi gato.
—Oi minha linda. Tudo bem?
—Sempre, e aí? Que manda?
—Ahm.. seguinte. O Dylan tá com você?
—Estava...
—Como assim?
—A gente foi pra casa dos Stone hoje.
—Ah danada, por isso você não estava na aula hoje.
—Hahaha, pois é.
—Fizeram o que de bom?
—Ah, a gente tomou aquele vinho que eu peguei da minha mãe.
—Tomaram tudo?
—Aham...
—Porra, nem deixou um pouquinho, que horror... vai morrer seca hein.
—Hahahaha.... seu besta.
—Tá.. mas, vem cá. A que horas que vocês saíram de lá?
—Ah, eu cheguei em casa faz mais de uma hora já.
—Então ele já devia estar aqui. Vocês foram como? No meu carro?
—Foi.
—É porque o carro ta aqui, ele não.
—Humm... a loja ainda tá interditada?
—Tá sim.
—Ué... vou ligar pra ele aqui.
—Não, não.. pode deixar que eu ligo.
—Tem certeza?
—Tenho sim. Faz o seguinte, se ele te ligar ou mandar mensagem, me avisa.
—Pode deixar gatinho.
—Gostosa.
—Otário.
—Tchau.
—Bye bye.

Ed desligou. "Onde será que ele está?"
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A Campainha tocava:

—Já vai! -Exclamava Bianca tirando a colher da boca, deixando para trás sua tigela de cereal.
—Quem é? -Perguntava Amelie descendo as escadas.
—Sei lá.

Bianca abriu a porta, e ao ver quem era, Ficou séria. Fazendo cara de desgosto. Era Alissa. Toda inocente sem entender o porque da expressão odiosa de Bianca.

—Oi.. -Disse a Ruiva, sem graça.
—O que você quer? -Bianca estava seca, e numa grosseria perigosa.
—Ahm... Amelie tá aí?
—Não sei. Pra você? Acho que não.

Amelie apareceu atrás de Bianca, que bufou:

—Sai daqui, vai pro seu quarto.
—Bi, eu chamei ela.
—Ah então foi você?
—O que está acontecendo? -Alissa perguntou preocupada.
—Não tem Facebook não? -Bianca retrucou.

Alissa abaixou a cabeça, constrangida sem saber do que a garota estava falando. Bianca continuou.

—Seguinte então, fofa. Deixa eu te atualizar. O Chris morreu.
—Não... quando??
—Ontem. É, foi estripado. Em cima da Amelie.
—Bi, para!! -A irmã exclamou chorando.
—E Sabe por quê? Hein Alissa?
—Pára! Por favor pára!! -A menina não se controlava.
—Porque ela andou com as pessoas erradas. E Foi obrigada a ter aquela visão horrenda. E pior, podia ter morrido, no lugar de vadias como você. Agora vai embora, e leva a Morte com você e suas amigas.

Bianca estava fechando a porta, quando Alissa meteu a mão na mesma, parando-a impedindo que fosse fechada por Bianca:

—Você não sabe do que você está falando, Bianca.
—Tira a mão da porta agora.
—Você quer ficar longe de mim? Ótimo. Mas eu vim aqui pra ver a sua irmã, e não você, com licença.

Alissa ameaçou entrar, quando Bianca lhe deu um leve empurrão:

—Não, não. Na minha casa você não vai entrar.
—Bianca sai da minha frente... -A Raiva começava a tomar conta do corpo da Ruiva.
—Pára Bianca!!! -Amelie gritava.
—Amelie sai de perto! Vai pro seu quarto, caralho! -Bianca exclamava.
—Não!
—Alissa, eu vou contar até três, e quero você longe daqui...
—Se você não me deixar entrar pra falar com a sua irmã, eu vou dar na sua cara.
—1...
—É, no momento eu sou a única que se importa com ela, ao que parece.
—2...
—Você está brincando com fogo, Bianca.
—3....

Alissa esticou o braço, agarrando nos cabelos de Bianca, a puxando para fora com violência. A Garota deu um grito agudo enquanto era arrastada pelos cabelos para fora de casa, sendo arremessada por Alissa, caindo de joelhos no jardim da frente.

—Ah!... -Bianca permaneceu de joelhos naquele segundo. Com os cabelos bagunçados.
—Você acha que sabe de alguma coisa, garota? -Alissa falava tremendo de raiva, parada vendo-a no chão. -Você acha que está segura ficando longe? Ninguém está seguro! E seu pai, aquele incompetente ainda não descobriu nada que prestasse!
—Não fala do meu pai, sua desgraçada!
—Desgraçada? Eu?

Alissa se abaixou, puxando novamente os cabelos da menina, fazendo com que seu pescoço viesse para trás:

—Me solta!
—Solto sim, vadia. Mas antes você precisa aprender que não é assim que se fala com as pessoas. Você acha que é só a Claire que tem fama de "Diaba"? Ham? Pois saiba, que muitas das brigas da Claire, quem entrou no meio e acabou com a raça das piranhas pra que a Claire não levasse um cacete fui eu. De anjo eu só tenho a cara viu, querida? E não me interessa quem o seu pai é ou deixa de ser. Ele é sim um incompetente. Um Xerife de uma cidade de merda onde uma garota pode ser atacada e morta no meio da rua, na frente da casa de alguém, e a polícia não está lá pra prestar socorro.

Alissa puxou os cabelos da menina com um pouco mais de força fazendo Bianca enrijecer o rosto de dor, e prosseguia:

—Enquanto eu, Juliett, Claire e Anna estivermos vivas, pessoas inocentes vão morrer. Pessoas que conhecemos. E pelo que eu vejo, alguém poderia entrar na sua casa agora, e te arrastar pra fora como eu fiz. E arrancar as suas entranhas... porque seu pai incompetente não está aqui pra te ajudar, está, fofa? Então, pare de se fazer de durona, de achar que você é a garota mais filha da puta do pedaço, a "Intocável filha do Xerife", sendo que você é só uma fofoqueira convencida. Porque quando o assassino vier atrás de você, e espero que ele venha... sou eu quem vou correr o mais longe o possível de você!

Alissa empurrou a cabeça da menina para frente, soltando-a e se levantando:

—Arrgh! -Bianca exclamou, ficando de pé naquele gramado molhado pela chuva.
—Agora, com ou sem sua permissão... eu vim ver sua irmã.

Alissa caminhou entrando na casa, Amelie a pegou rapidamente pela mão levando-a consigo até o andar de cima. O ódio parecia que saltaria dos olhos de Bianca com a força para destruir a casa inteira. Subindo as escadas, Alissa perguntou:

—O que deu na sua irmã? Ficou louca?
—Vem cá que eu te conto tudo. -Amelie subia as escadas correndo.
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Anna estava sentada na lanchonete, impaciente e prestes a derramar lágrimas de tão nervosa. Suas pernas tremiam de ansiedade. Estava esperando por Steve. Ela implorou para que ele viesse encontrá-la. Está apavorada e não se sente segura para conversar com suas amigas. Pelo menos até esse pesadelo todo acabar... O Sininho na porta da lanchonete tocou, era Steve entrando, tirando a touca do moletom da cabeça. Ela respirou fundo dando graças á deus por ele ter chegado. O Garoto entrou todo preocupado como estivesse indo resgatar uma mocinha em perigo, se aproximando da mesa onde Anna estava, se sentando de frente a ela:

—Oi, você tá bem? -Perguntou ele, preocupado.
—Não, eu não tô nada bem, Steve. -Ela ameaçava chorar.
—O que foi?
—Estou apavorada.
—Anna... conta pra mim. O que aconteceu?
—Eu acho que vou ser a próxima.
—Próxima? De quê?
—A Próxima a morrer, Steve.
—Não, não vai. Você se afastou das meninas, não foi?
—Sim.. mas isso não adiantou. -Finalmente, uma lágrima escorreu por seu rosto.
—Como não adiantou?
—O Assassino me ligou...
—Chris?
—O quê?
—Era o Chris?
—Não, não era a voz do Chris.
—Como você pode ter certeza?
—Eu.. não tenho. A Voz era estranha, parecia um desses aplicativos para passar trotes.
—Então podia ser o Chris?
—Por que você continua falando dele?
—Porque, Anna... Chris estuprou a Jill.
—O quê???
—É... naquela festa... estranho como a gente acha que conhece as pessoas. O cara era meu melhor amigo desde a 8º série... Não é só decepcionante. É devastador.
—Ai meu Deus..
—A Claire disse que o assassino talvez estaria tentando acobertar, por isso estava vindo atrás de todo mundo que sabia do ocorrido.
—Mas ele não veio atrás de você.
—Claro que não.. porque é o Chris!
—Steve.. você não sabe?
—Sabe do que?
—O Chris... ele foi atacado ontem.. ele e a Amelie... ela conseguiu escapar, mas ele não resistiu... eu sinto muito, muito mesmo.

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O Garoto bufou esfregando o rosto.

—Pegaram o cara?
—Parece que não..
—Como você ficou sabendo disso?
—A Bianca.. ela, ela postou no Face hoje. Ela e a Amelie não foram pro colégio.

Ela olhou bem para o amigo, chocado. Ele parecia não só estar a ponto de ter um colapso devido a notícia, mas também estava um pouco suado.

—Você veio correndo?
—Sim... eu estava no meio de uma coisa.
—Te atrapalhei?
—Não, fica tranquila. Você vem em primeiro lugar...

O Celular de Anna começou a tocar, ela levou um susto dando um pequeno pulo na cadeira:

—Ai meu senhor Jesus... -Olhou o número do identificador, era Edward. -Só um minuto, Steve. Alô?
—Alô, oi Anna. -Disse Ed do outro lado.
—Oi... -Ela enxugava as lágrimas esfregando o nariz. -Aconteceu alguma coisa?
—Ahm... espero que não. Mas vem cá, o Dylan tá com você?
—Não... não eu não vi ele o dia todo.
—Você tá onde?
—Eu to naquela lanchonete perto da praça. Por quê?
—Por nada.
—Ahm.. tenta falar com a Violet..
—Eu já falei, ele não está com ela.
—Então, eu não sei....
—Tudo bem, obrigado linda. Fique bem.
—Obrigada, você também.

Ela desligou, olhando fixamente para Steve:

—Eu acho que algo muito ruim vai acontecer... -Disse Anna olhando para o nada pensando em Edward e Dylan.
—Como assim?
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Já eram aproximadamente 19:30, A Noite caiu sobre Ashville. Marty andava por uma estrada de terra cercada por árvores aos arredores da cidade. Aparentava ainda estar bastante abalado pelo que aconteceu com Stacy. Ele caminhava sozinho brincando com a lanterna do celular. Do jeito que estava, não se importaria nem um pouco se um psicopata saísse da escuridão para matá-lo. "De repente a Morte é melhor" - Pensava ele. Mas seria verdade? O Garoto Magrelo de cabelo bagunçado queria mesmo morrer? Seus passos continuavam. Mais à frente, na beira da estrada, havia um espaço enorme sem árvores. Apenas com terra, como se o mato não se atrevesse a crescer ali. Iluminou aquela região com a lanterna do celular, avistando uma antiga casa. Era relativamente pequena, como um chalé. Era velho e caindo aos pedaços, e na beira da estrada em frente a casa, havia um poste que iluminava um pouco o espaço. Os arredores daquela estrada de terra eram cercados por árvores, e o sinal de celular ali naquela região era sinônimo de milagre. Enquanto passava, ouvia os grilos. A Casa velha abandonada ali, era onde Marty costumava ir para fumar Maconha, e era exatamente para isso que estava indo lá. Já não fazia isso há um bom tempo. Desde que os assassinatos começaram na verdade. Keaton não gostava desse hábito de Marty, por isso nunca estava perto dele nessas horas. O Menino acreditava que havia chegado ao limite...

Chegando mais próximo daquele casebre, ele se perguntava se um dia voltaria a ser feliz de novo. Ou se a única saída era se entregar ao nada. Dormiria naquele casebre fácil fácil. Já fez isso uma vez, deixando sua mãe louca de preocupação, mandando a polícia procurá-lo feito uma vítima de sequestro. Adentrou, nem havia porta mesmo. Assim que colocou o primeiro pé lá dentro, a madeira rangeu e seu passo foi como uma pequena pancada. Uma voz emergiu da escuridão:

—Por favor!! Por favor não me mate!!

Marty se assustou, levando a luz da lanterna para todos os lados procurando de onde vinha a voz. Assustado, já se arrependendo de ter ido lá, o garoto achava que um espírito falara com ele. Naquele medo repentino, a luz da lanterna denunciou movimento no canto esquerdo. Marty parou a luz ali, vendo um garoto sentado no chão, encolhido cobrindo os olhos por causa da luz. Após longos suspiros ofegantes, o magrelo ainda não conseguia dizer uma palavra. O Braço do tal garoto acoado no canto, se abaixou, revelando seu rosto. Era Dylan!

—D...Dylan?
—Marty? -Disse ele surpreso, ainda com um olhar de medo.
—O que você...
—Não me machuque!!
—Eu não vou te machucar!! Do que você está falando? O que está fazendo aqui??
—Não foi você?!
—Eu o quê?

Dylan se virou desesperado, ainda agachado, parecia mexer em seu tornozelo, tentava puxar alguma coisa, e um som metálico era emitido sem parar, ele estava terrivelmente assustado. Marty se aproximou iluminando o que quer que fosse que Dylan puxava. Era uma corrente. Apontando a luz para seu tornozelo, Marty foi capaz de ver que o garoto estava acorrentado.

—Me ajude! -Dylan fazia esforço tentando soltar a corrente presa a uma argola grossa de ferro na parede.
—Tá bom!!

Marty correu até ele, se abaixando colocando o celular no chão, de modo estratégico para que a lanterna iluminasse a perna de Dylan e a corrente. Os dois puxavam com toda força, mas a maldita coisa não dava sinal de que iria se partir ou se soltar.

—Errghh!!! -Dylan fazia todo esforço, puxava, puxava, mas nada adiantava. Desistiu por alguns segundos, apoiando as costas na parede recobrando o fôlego.
—Como você veio parar aqui?
—Eu não sei... acordei aqui... Cara, que bosta. A última vez que eu vi isso foi em "Jogos Mortais"... Ai meu deus! -Dylan fez cara de pavor. -Acha que ele vai querer que eu serre meu pé fora??

Marty quis muito, muito gargalhar nessa hora. Dylan conseguia ser um palhaço até mesmo nas horas menos oportunas. Talvez ele não fosse tão diferente do irmão quanto costumavam dizer.

—Não... Dylan... calma, que eu vou dar um jeito de te tirar daí.
—O que você vai fazer?
—Eu não sei ainda.
—Liga pro meu irmão.
—Não vai adiantar, aqui não tem sinal!
—Eu já enfiei a mão nos meus bolsos... levaram meu celular... cara, eu fiquei apavorado aqui sozinho... ainda bem que você apareceu... Onde estamos?
—Naquela estrada feia...
—Turner Lane?
—Essa mesma.
—Caralho é uns 30 minutos até a cidade...
—É eu sei, eu gosto de andar.. Dylan, eu vou olhar ali na frente, pra ver se não tem um pedaço de madeira forte, ou um ferro sei lá, pra tentar arrebentar essa merda.
—Tá bom.... vai rápido!

Marty se levantou, dando as costas para Dylan, arregaçando as mangas pronto para ir lá fora ver se encontraria algo para soltar o menino da corrente. Ao chegar na porta, ele parou. Sua respiração ficou mais pesada, mais intensa... mais ofegante... o coração acelerou... Marty percebeu que realmente não queria morrer... A Figura mascarada estava parada encarando-o ao longe sob a luz do poste. Queria que fosse só uma alucinação, que fosse tudo delírio, mas não era. Ela estava lá! A mais ou menos 20 metros, na beira da estrada, olhando diretamente para ele parado naquela porta. Marty engoliu seco. Ele morreria? Dylan morreria? Não importa qual decisão fosse tomar, ele teria que avisar Dylan o quão ferrado estava.. ou melhor, estavam! Ele se virou as pressas indo de volta para dentro do casebre, correndo como louco se abaixando alertando o garoto:

—Dylan!
—O que foi??! -Perguntou ele assustado.
—Ele está aqui!!
—Quem??
—Ele...
—Ah não.. fodeu... fodeu!! Ah!!!! -Dylan puxava aquela corrente na fúria fazendo toda força que podia, berrando de raiva e medo. -Ah!!! Caralho!! Sua... filha de uma puta!! Saaai!! -E puxava, puxava, mas ela não saía.


Marty coçava a cabeça desesperado sem saber o que fazer. "O Que eu faço??" Se levantou, dali podendo ver através da janela, a figura negra se aproximando. Se abaixou de novo, ajudando Dylan a puxar a corrente:

—Anda Marty!!!
—Eu to tentando!!
—Eu não quero morrer!! Eu não quero morrer!!!
—Você não vai morrer!!
—Ah!!! Inferno!! Sai!! Maldita!! -Os dois rangiam os dentes de desespero.

Dylan parou, puxando fôlego pegando no ombro de Marty:

—Cai fora!! Sai daqui!!
—Não, você tá louco??
—Vai! Sai correndo, pede ajuda, avisa meu irmão, reza Ave Maria faz qualquer coisa, mas dá o fora daqui!
—Não posso deixar você!!
—Se você não for, nós dois vamos morrer, Marty, vai!! Vai garoto!!

Querendo e não querendo ao mesmo tempo, Marty catou o celular do chão:

—Eu vou levar comigo, tudo bem?
—Vai logo!!

Ele se pôs a correr a toda velocidade até os fundos da casa, desaparecendo na escuridão saindo pela porta de trás assim que "Ghostface" entrou... Dylan se encolheu no canto se rastejando para trás, encostando na parede:

—Não me mata... por favor....
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—Claire, tem certeza? -Edward falava ao telefone na frente de sua casa olhando de um lado para o outro na rua esperando que Dylan aparecesse. -Já está de noite, eu tô muito preocupado. -Ele passava a mão no cabelo, suspirando, nervoso.
—Ed, você já ligou pra quem?
—Já falei com a Bianca, ela bateu o telefone na minha cara. Liguei pra Alissa, ela tava na casa da Bianca e eu não entendi nada dessa história, mas ela também não viu ele, nem a Amelie. A Anna também não, o Keaton disse que não viu nem o Marty hoje, isso porque achei que eles eram namorados. A Juliett, não vale nem a pena perguntar, coitada, ela ta lá na casa dela com a perna ferrada numa cadeira de rodas...
—A Juliett não tá saindo nem pra ir comprar pão meu filho. Ela tá tão tristinha porque tá na cadeira de rodas. Em casa ela anda de muletas, porque neh, não tem nem como, a mãe dela disse que ela dormiu essa noite no sofá, pra não ter que subir a escada.
—Tadinha. Tá bom então, pior que o infeliz não atende o celular, só da caixa postal... qualquer coisa você liga?
—Ligo sim meu amore. -Claire dizia preocupada. -Eu vo dar um jeito aqui... vo falar com todo mundo do colégio, não se preocupe.
—Vo tentar..
—Beijo..
—Tchau..

Edward desligou o telefone, a ponto de chorar, quando o mesmo tocou. Nem mesmo viu quem era, atendeu no ato:

—Alô???!!!
—Hello, Edward.. -A Voz disse do outro lado, Ed reconheceu aquela voz do dia do ataque á loja de discos.

Ele se arrepiou, seu coração gelou. Seu desespero foi tão grande, que ele acabou despencando na calçada. Se sentando no chão, a ponto de ter um ataque... não falava nada. Mas a voz continuou:

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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

—É bom falar com você novamente... saudades da sua outra metade?
—O... Onde está meu irmão?
—Ele está seguro.
—O que você fez com ele?.... -Uma lágrima já se mostrava presente.
—Você sabe, Edward, desrespeitar as regras do jogo sempre tem consequências. Eu avisei que não era para ter polícia.
—Mas ninguém chamou a polícia cara!
—Ninguém. Exceto você. Que não conseguiu ficar de bico fechado para aquela detetive piranha, não foi?
—Co... como você sabe disso?...
—Não importa.
—O que... o que você quer?...
—Eu quero fazer um jogo...

O Choro foi incontrolável no momento. "Eu quero fazer um jogo" fora a pior frase que Edward poderia ter escutado na vida.

—Que jogo..?...
—É Bem simples. Uma vida por uma vida. Quer seu irmão de volta não quer?...
—Claro...
—Você quebrou as regras. Hora de concertá-las. Mate Detetive Evelyn. Ou enviarei Dylan de volta... pedaço por pedaço...
—Eu não posso fazer isso.. -O Garoto chorava esfregando os olhos.
—A escolha é sua... você tem 24hrs. Que os jogos comecem.

O Assassino desligou. Edward foi deixado caído na calçada completamente transtornado. Aos prantos com uma decisão nada simples a ser tomada. Uma vida por uma vida. A Morte visitara Ahsville, e ainda não tinha planos de ir embora. O Filme de terror estava chegando ao ápice.