Alvo não pensou duas vezes e foi correndo contar a Scorpius sobre o que seu pai tinha lhe contado na carta. O encontrou no salão comunal da Sonserina, fitando a lareira com um ar pensativo.

— E aí, cara, esqueceu os pobres?

— Eu não. Quem esqueceu alguém aqui foi você.

Alvo não suportava as crises de ciúmes de seu amigo. Não entendia o porquê daquele tratamento frio.

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— Como assim eu te esqueci? Você é que se afastou, desde que voltamos às aulas.

— Eu não me afastei de ninguém. Você me deixou de lado, preferindo andar com aquele cara novo.

— O Mateus Nogueira? – Alvo ficou ainda mais irritado – Tudo isso é por causa dele?

Scorpius ficou calado. Alvo continuou.

— Pra sua informação, desde que Mateus chegou aqui, ele tem sido muito paciente com você. Ele não entende porque o cara que eu vivia dizendo que era o meu melhor amigo agora quer distância de mim. Isso, Scorpius, é muita infantilidade de sua parte. Se é por causa da nova namorada de seu pai...

— Infantilidade??? Eu não acredito que você, logo você, vem com essa agora...

— Ah não? Se não é por causa daquela namorada de seu pai, é porque então? Por causa do Black? Daquela vaga de apanhador que você tanto queria? Daquela aula de Defesa Contra as Artes das Trevas?

Scorpius ficou ainda mais nervoso. Levantou-se e começou a andar em círculos.

— Eu não tenho culpa de todas as coisas ruins que te aconteceram, tá legal? Eu tô cheio disso, cara! Cheio! Quando você deixar de agir feito um idiota, me procura!

Alvo saiu, furioso. Scorpius caiu sentado numa poltrona e suspirou, tristemente.

— Que coisa feia... – uma voz grave se fez escutar. Um vulto surgia das sombras. Era Órion Black.

— Você? – sussurrou Scorpius – Você escutou tudo?

— Só uma parte. O principal. Você não precisa daquele cara, ele só te coloca pra baixo, esquece ele e todos aqueles sangues-ruins.

Scorpius fez uma cara pouco amistosa, mas estava destroçado demais para brigar com mais alguém. Órion continuou.

— Sangues-ruins são assim mesmo, só sabem menosprezar quem tem uma boa linhagem e sangue 100% mágico. Claro que os Potter fizeram coisas grandiosas, mas eles nunca serão dignos de comparação com os Malfoy, que não corromperam a linhagem e são uma grandiosa família sangue-puro.

— Eu... Não acho que...

— Ah, a sua família não é bem vista no mundo mágico por causa do Lorde das Trevas? – Scorpius balançou a cabeça positivamente – Ora, não deveria se envergonhar disto, os Malfoy só se colocaram ao lado de Voldemort porque realmente acreditavam na causa da pureza de sangue. Assim como os Black, casa mui antiga da qual me orgulho de fazer parte.

— Os Blacks? Achei que a sua linhagem já tivesse sido extinta...

— Não, meu caro Scorpius Malfoy. Ainda restaram alguns que vivem na região da Dinamarca.

— Espere... Minha avó também é da família Black! Não sei se você já ouviu falar em Narcisa...

— Sim, já. Uma mulher esperta. E isso nos faz primos distantes, não?

— É, somos parentes – respondia Scorpius, sem jeito.

— Isso nos torna ainda mais unidos. Não se importe com o que o Potter diz. Se tem uma coisa que aquela família fez foi roubar o nosso orgulho de ser quem somos: sangue-puro!

Scorpius sentiu uma sensação ruim nas entranhas. Uma parte dele queria concordar com Órion, sentir orgulho de sua linhagem, mas sabia que sua mãe ficaria decepcionada se ele se tornasse um supremacista.

— Não acho que os Potter tenham feito isso.

Órion se surpreendeu. Scorpius continuou.

— Os Potter nunca foram contra os sangues-puros, só queriam que os mestiços e nascidos trouxa tivessem o mesmo tratamento que nós. Ser de uma família sangue puro não me faz melhor que ninguém, eu tenho tanta magia quanto você, o Alvo, a Rose Weasley e até mesmo aquele brasileiro.

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— Eu não acredito que você pense assim. Defender aquele Potter ainda vai, já que vocês são unha e carne, mas aquela grifinória nojenta filha da ministra sangue-ruim? E aquele brasileiro? Sabia que todos os bruxos brasileiros, todos sem exceção, são sangues-ruins?

— E daí? Eu não tenho nada a ver com isso. E dobre a língua ao falar da Rose Granger-Weasley, tá?

Scorpius correu furioso em direção ao dormitório. Não tinha tantos parentes de sua idade, mas entre não ter nenhum e ter um primo como Órion, era melhor continuar no zero.

...

Logo que Alvo saiu para o almoço, Roxanne o interpelou. A prima, que era muito parecida com sua mãe Angelina na juventude, com a mesma pele negra e cabelos lisos e pretos, o puxou pela mão até uma sala escura.

— Vem, Al! Você vai gostar!

Alvo se deparou com várias fotografias, de diversas situações de Hogwarts. Reconheceu o irmão mais velho montado numa vassoura, em plena caçada ao pomo de ouro no jogo Grifinória vs. Corvinal. Viu Fred sorrindo escondido ao ver Filch preso em uma teia de aranha tamanho gigante que o garoto roubou da loja do pai, viu Rose advertindo dois meninos do primeiro ano da Grifinória, viu Mateus levantando a torcida da Lufa-Lufa antes do jogo contra a Sonserina e viu uma foto dele mesmo, estudando concentrado na biblioteca. Também viu diversos colegas conversando a pleno vapor, ditando textos a uma pena de repetição rápida, alguns copiando textos já prontos e diversos exemplares do Diário de Hogwarts empilhados prontos para a venda.

— O que significa isso?

— O jornal da escola! O que acha?

Alvo não sabia o que falar. Parecia petrificado.

— McGonagall sabe disto?

— Claro! Foi ela que me cedeu esta sala aqui! Disse que poderíamos cuidar do jornal desde que não atrapalhasse os estudos.

— E porque você me chamou?

— Queria te convidar para ser o nosso novo colunista de Quadribol do jornal! Sei que você entende muito disso, priminho, e preciso de alguém que não esteja no time para me ajudar nesta importante tarefa!

— Por que eu?

Roxanne sorriu. Achou que já tinha sido suficientemente clara.

— Al, tentei chamar um moleque da Lufa-Lufa, não me faça dizer o nome daquele infeliz, mas o desgraçado não fez o texto a tempo! E quando fui falar com ele, ainda veio com a conversa de que não estava inspirado! Posso com uma coisa dessas?

— Ué, mas o jornal não está pronto? – indagou Alvo, apontando a pilha de jornais perto das fotos penduradas.

— Nada, só falta a sua coluna. Vamos ter que dar um jeito de copiar tudo e encaixar nos que já estão prontos. Espero que você esteja bem inspirado e me entregue tudo até meia-noite de hoje.

— Mas já? – era meio-dia, mas Alvo ainda teria aula de Poções, Transfiguração e Adivinhação. Sem contar o gigantesco dever de História da Magia que era para o dia seguinte e ele ainda não tinha feito.

— Você é esperto, sabe se virar! Peça dicas à Rose, que já me entregou um texto de 100 linhas sobre os direitos dos elfos domésticos e ainda é responsável pela coluna Arrase nos NOMs. Roxanne se afastou dele e foi ver com uma menina da Corvinal como andava a coluna de moda. Alvo estava saindo da sala quando trombou num menino da Grifinória do primeiro ano.

— Alvo! – gritou Roxanne – Eu me esqueci de falar! Esse garoto aí, você sabe o nome dele?

Alvo olhou para o garoto e fez um gesto indicando que não o conhecia. O garoto, baixinho, magro e de cabelos cor de palha ficou vermelho de vergonha.

— Vem cá, Creevey, não fique com vergonha! – o menino foi até Roxanne, resignado – Este é Harry Potter Creevey, filho de um grande fã do tio Harry!

Alvo ficou assombrado. Como é que não tinha prestado atenção em um xará de seu pai na seleção das casas?

— Creevey virou nossa celebridade. Saiu até em nosso jornal, amanhã você poderá ler a matéria que eu fiz sobre ele. E ainda por cima, é um excelente paparazzo. Todas essas fotos aí em cima foi ele que tirou! Ele é filho de Dennis Creevey, que estudou aqui na época de nossos pais e sobrinho de Colin Creevey, que morreu na Batalha de Hogwarts. James gostou tanto dele que até deu uma foto do tio Harry autografada! – Roxanne se aproximou de Alvo e sussurrou – eu tenho certeza que Jay falsificou a assinatura, mas não conte isso ao Creevey.

...

Alvo gostaria de ter contado as novidades a Scorpius. Mas estava bravo demais para falar com o amigo. Preferiu concentrar-se em sua lição de História da Magia e depois começou a escrever sobre os primeiros jogos da escola na temporada. Acabou dormindo antes de terminar a coluna. Só acordou pela manhã, e aí se deu conta que seu texto sobre Quadribol tinha sumido.

— Alguém viu uma folha que eu deixei bem aqui?

Os colegas negavam. Um menino gorducho do segundo ano disse:

— Uma menina da Grifinória mandou pegar. Seu amigo Malfoy que levou.

Alvo ficou indignado. Foi atrás de Scorpius, e o encontrou com Roxanne.

— Não sei como te agradecer, Malfoy, se não fosse por você o Diário de Hogwarts ainda não estaria nas bancas!

— Que história é essa? – perguntou Alvo, revoltado.

— Calma, priminho! Antes de ter seu habitual surto de raiva, ouça o que temos a dizer. Seu amigo Malfoy te viu dormindo e flagrou a mim e James invadindo o salão da Sonserina para pegar seu texto, já que era quase uma da manhã e nada de você aparecer. Ele salvou a nossa pele! E não se preocupe, o texto está ótimo e você está oficialmente contratado.

— Mas... mas... – Alvo estava confuso. Não se lembrava de ter terminado o texto.

— Agradeça também às nossas mais novas revisoras: Lílian e Lucy, que consertaram seus erros de ortografia e concordância!

Sua prima e sua irmã apareceram pra comprar seus exemplares. Lá também estavam Louis Weasley, um garoto loiro de olhos azuis que lia o jornal ao lado do primo Hugo, Fred, um garoto alto de cabelos grandes e ruivos, que pegou um exemplar e saiu sem ser notado, e Lucy Weasley, uma menina alta, ruiva, com lábios finos e um nariz grande, que tentava conseguir um desconto.

— Mas Roxy, eu ajudei a fazer esse jornal, logo eu tenho direito a ter um exemplar de graça!

— Nem venha! Sabe o que eu tive que gastar pra colocar esse jornal funcionando? E papai nem sonha que eu tô fazendo isso, ele ainda tá naquela ideia de me fazer tomar conta daquela loja de brinquedos dele e fiz mamãe prometer que não ia contar nada até meu jornal dar certo! São só cinco sicles, uma mixaria! Tio Percy ganha bem no ministério que eu sei, você é que está sendo sovina, como sempre...

Enquanto as duas primas discutiam, Alvo lia o texto e Lílian ficava espiando, pra ver o que o irmão achou.

— Nossa, está muito bom! Nem me lembrava de ter dito que Rusty Crickerly tentou derrubar Jay da vassoura enquanto brigavam pelo pomo...

Alvo ergueu os olhos e notou que Scorpius ainda estava ali, de cabeça baixa.

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— Valeu, cara! – Scorpius levantou o rosto – Obrigado mesmo!

— Não foi nada, eu não podia deixar você, James e Roxanne se encrencarem.

— Al, se você quiser e estiver muito difícil pra você, eu posso escrever os textos no seu lugar, não será incômodo algum!

— Ah, a pirralha da minha irmã já está tentando puxar meu tapete? Cai fora, que essa coluna é minha! – Alvo deu um leve cascudo na irmã, que saiu correndo.

Scorpius estava feliz em ter voltado às boas com Alvo. E ficou surpreso com as novidades sobre Severo Snape.

— Caramba, esse Snape é muito incrível mesmo! Eu o achei mais incrível que o Dumbledore, desculpa falar, mas se sacrificar dessa forma, sem se importar se iriam pensar mal dele ou se iriam mata-lo também é de uma grandeza extrema. E além de tudo, Severo Snape ainda salvou meu pai de ser um assassino! Acho que devo minha existência a ele!

— O mais engraçado é que meu avô e Sirius Black atazanavam a vida dele, não sei se do mesmo jeito que meu irmão me persegue...

— Bizarro! Não sei se tem algum Scorpius ou Hyperion na minha família, papai disse que achou esses nomes incríveis e colocou, pra continuar com o habito dos Black de colocar nomes de constelações na família.

— Olha, desculpa me intrometer, mas o nome do Scorpius aqui é mais maneiro. Parece o nome de uma estrela de rock!

Mateus Nogueira juntou-se a eles no parque perto do lago. Scorpius não gostou muito da intromissão, mas gostou do elogio.

— Obrigado, Nogueira.

— Que é isso, camarada! Pode me chamar de Mateus mesmo. Não entendo muito essa mania de vocês gringos de chamarem as pessoas pelo sobrenome. No Brasil não daria muito certo, pois se alguém chamasse um Da Silva apareciam uns dez.

Alvo e Scorpius sorriram.

— Eu mesmo até gosto do meu nome, as meninas do Brasil sempre me diziam que todo Mateus é gato, mas acho que por aqui isso não cola...

— Eu não concordo. Se eu fosse uma menina não iria querer saber de você – disse Alvo.

— Eu também não! Mas voltando à carta de seu pai, Alvo, ele diz onde está essa tal Pedra da Ressureição?

— Não, Scorpius, mas ouvi falar que ele perdeu no meio da batalha, não tenho certeza se foi antes ou depois de se entregar pra Voldemort. Mas acho que ela não deve funcionar mais, pode ter sido corrompida com a Magia Negra. E, além disso, está na Floresta Proibida, e ninguém seria maluco de ir até lá procurar. Seria mais fácil morrer antes de achar a Pedra da Ressurreição!

Os garotos caíram na gargalhada. Não notaram que Órion Black estava novamente à espreita. Estava atrás de Scorpius para se desculpar sobre suas palavras e tentar ficar amigo dele novamente, mas aquela informação era muito mais valiosa.