Scars Of Love

Capítulo 57


(Petrus)

Aquele sorriso. Aquela lágrima. Fizeram estremecer o meu coração como se um terramoto estivesse a acontecer dentro de mim. Consegui chegar a tempo de segura-la para que não caísse no chão. Muito sinceramente, estava completamente desnorteado naquele momento, não sabia o que fazer. Catarina tinha ficado paralisada e Zach estava a tentar acalma-la. Aquilo não ia dar bom resultado, aliás, já não estava a dar. Tentei acordar Isabella vezes e vezes sem conta. Não me importava quem a tinha atacado, eu só queria que ela acordasse. Eu só queria que ela voltasse a abrir aqueles olhos. O seu sangue misturava-se com as suas roupas, contrastando com a palidez da sua pele. Eu queria-a viva, mas vi-a tal desejo a tornar-se cada vez mais impossível. Estava tão concentrado em Isabella que não reparei que Catarina estava a dirigir-se para Isaac. Este já tinha tomado a sua forma humana. Colocou-se diante dele e deu-lhe um soco. Não valia de muito, os lobisomens eram resistentes, aquilo teria sido como o poisar duma pena. Catarina rangia os dentes de tanta raiva, chorava também.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Como é que foste capaz, hein? Como? – perguntava-lhe com raiva. Zach tentava acalma-la, pegando-lhe no braço e pedindo para que se acalmasse, mas não adiantava. Continuava. – Aquela rapariga que vês ali no chão, – afirmava, apontando, mas sempre com os olhos postos nos dele. – com as tuas garras marcadas, foi das únicas pessoas, senão a única que mais me apoiou quando partiste e tu foste magoá-la?!

Com desprezo e com total desinteresse, Isaac respondeu, questionando:

— E o que é que eu tenho que ver com isso? Aliás, eu não gostava dela e não, portanto, não me faz diferença se ela morre ou não.

Zach começou a exaltar-se também.

— Estás a ir longe demais cachorrinho, muito longe…

— Agora tens um protetor Catarina?! – perguntou, rindo-se, gozando. – Isso é muito interessante…

Catarina roda sobre si sobre o seu pé direito e pontapeia Isaac no maxilar, a ponto de lhe deixar a marca do salto da sua bota na face dele.

— Deixa de julgar assim as pessoas fedelho, nem todos são iguais a ti. Eu vou deixar as coisas assim como estão, pois era isso que a Isabella queria, decerto. Mas não penses que a nossa conversa terminou, ainda temos muito que resolver…

Zach e Catarina viraram-lhes costas e vieram ter comigo. Catarina foi buscar o Punhal Lunar que se encontrava cravado na terra. Mal Isabella ficou inconsciente, as Sais desapareceram, dando lugar ao Punhal. Tomei Isabella nos braços e fomos para junto do pequeno rio que se encontrava nas redondezas da floresta. Demoramos cerca de dez minutos a lá chegar. A noite estava morna. A brisa era pesada. Zach foi recolher alguma lenha para que fosse feita uma fogueira. Catarina tentou acordar Isabella, tal como eu, mas nenhum resultado foi obtido.

— Catarina e se eu cantasse? Achas que ia ter algum efeito? – perguntei, num tom que pedia ter uma resposta positiva.

— Acho que não Petrus… Lembraste do que aconteceu contigo?! A Isabella também não pode fazer nada…

Não era totalmente verdade o que ela dizia. Isabella tinha ido ao hospital, mas não me curou com a sua voz, aliás, não me conseguiu curar totalmente, mas conseguiu que as minhas feridas fechassem um pouco. Zach voltou com a lenha passados quinze minutos. Tudo me fazia lembrar Isabella. Se ela estivesse acordada não seria necessário ir buscar lenha, não seriam necessários isqueiros para acender a fogueira. Mantive Isabella junto a mim, com a sua cabeça deitada sobre as minhas pernas. Algumas das minhas lágrimas caiam sobre o seu rosto. Estava pálida. A sua respiração era fraca. A sua pele estava quase fria e eu não sabia o que fazer. Numa luz violeta, Isabella saiu dos meus braços, começando a levitar diante de mim. A Rainha da Música apareceu por trás dela. Todos nós fizemos uma vénia.

— Petrus há quanto tempo ela está assim? – perguntou a nossa Rainha.

— Muito sinceramente não sei minha Rainha, estava demasiado preocupado e desnorteado para pensar em tempo, desculpe… – pedi, ficando cabisbaixo.

Observou por alguns segundos Isabella, acabando por dizer:

— Acompanhem-me.

Uma luz violeta rodeou-nos. Em poucos segundos chegamos a um quarto. Aquele quarto era parecido com o que Isabella me tinha descrito quando esteve a dormir dois dias seguidos. Olhei para a cama e Isabella já estava deitada, com outra roupa e com o seu tronco todo ligado.

— Vamos sair.

A nossa Rainha encaminhou-nos para uma sala de cor azul clara, com uma varanda com vista para um lindo jardim de liretes brancos. Sentamo-nos ao redor duma mesa de mogno que tinha no seu centro desenhada uma clave de sol.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Minha Rainha, ela vai ficar bem? – perguntei, relutante.

— Em principio, sim, mas vai demorar algum tempo, a não ser que algo mais aconteça. – respondeu, num tom leve, paciente.

— Algo mais?! Como assim? – perguntei, pensando que fosse algo negativo.

— Não te preocupes, só precisas de saber que ela vai ficar bem… Zach, mostra-lhes os seus quartos para que possam descansar, por favor.

Zach explicou-nos que aquele era o Palácio da Rainha e que teríamos que ficar ali por algum tempo, pelo menos até Isabella recuperar. Eu não me importava onde iria ficar ou onde iria estar, o que me importava era que Isabella recuperasse. O quarto que me foi destinado era mais ou menos do mesmo tamanho que o dela. As paredes estavam decoradas com algumas notas musicais pintadas a azul claro. A mobília era de um tom turquesa. Tomei um duche rápido, deitei-me e depressa adormeci. Não pensei que iria ser tão rápido, já que não conseguia parar de pensar noutra coisa a não ser nela.

Estava numa sala toda branca, mesmo no seu centro, com uma clave de sol violeta pintada no chão de uma forma pouco racional. A sala não tinha qualquer mobiliário. Num dos cantos da sala Isabella apareceu, vestindo um quimono violeta, com detalhes florais por todo ele. O seu sorriso era leve e o seu olhar doce. Corri para perto dela, mas não me consegui aproximar muito, parecia haver uma parede de vidro a separar-nos.

— Isabella eu preciso de saber se estás bem, por favor! – pedi, desesperadamente.

— Estou a dar o melhor de mim para poder voltar depressa para os teus braços Petrus… – disse com um sorriso nos lábios.

Num fumo branco, o que parecia ser uma parede de vidro, desapareceu. Isabella colocou-se diante de mim e beijou-me ao de leve nos lábios… Depois disto, acordei. Sentia-me calmo. O terror que sentia de poder perdê-la desapareceu. Podia ter sido um sonho, mas ainda sentia o toque dos seus lábios nos meus. Havia coisas que não sabia explicar, talvez quando ela acordasse pudesse perguntar-lhe. Mas naquele momento eu tinha a certeza de uma coisa: eu iria tê-la novamente nos meus braços.