Say Something!

Capítulo 3


Pedro POV

A esquentadinha até que sabe ser legal quando quer, estávamos conversando a um tempão e claro que trocamos alguns insultos, porém estava tudo indo bem, até bem demais.

_Com licença, mas tenho de ir ao toalete, se você permitir é claro.

Ela revirou os olhos.

Quando estava voltando para a mesa, Karina estava em pé, ja de saída. Quando eu ia chama-lá percebi que ela não estava sozinha. Aquele garoto (como era mesmo o nome dele?) Zé, isso, ela estava conversando com esse Zé. Não sei o porquê, mas isso me incomodou, ela iria sair com outro cara e nem iria me avisar?

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_Nossa esquentadinha, ia sair sem nem dar um beijinho de despedida? – digo, numa tentativa de piada.

_Eu estava esperando você pra dizer que estou indo embora, não sou tão idiota a ponto de sair sem avisar seu babaca.

_Nossa que alívio. Achei que iria me abandonar.

Ela nem se deu o trabalho de me responder, apenas acenou e saiu com Zé a tiracolo.

Depois dessa fui pra casa mais deprimido do que antes. Não conseguia entender o porquê isso me afetou tanto, afinal, era a esquentadinha, tudo bem que a conversa estava legal e até que estávamos nos entendendo, mas eu sabia que isso uma hora iria acabar afinal ela me odiava, certo? Mas porque ela sentou lá comigo? Alguma coisa me diz que ela não me odeia tanto assim. Uma pontinha de esperança surgiu dentro de mim, mas logo a afastei, pois se ela gostasse um pouco que fosse de mim não sairia com outro cara enquanto eu estava no banheiro. Ah esquentadinha, você está me fazendo pensar demais, não curti.

Karina POV

Logo que Pedro saiu da mesa, Zé entrou na sorveteria, quando me viu, foi me cumprimentar.

_Oi Karina, tudo bem?

_Tudo e com você? Achei que você estaria em SP à uma hora dessas.

_To bem, a então né, perdi o ônibus. Acordei atrasado.

_A que pena.

_Pois é, mas por que você ta aqui sozinha?

_Eu não to sozinha, o Pedro ta no banheiro.

_Você ta aqui com o Pedro? Ele não é aquele cara que vive implicando com você?

_É sim, resumindo, nós dois estávamos entediados, então começamos a conversar. Mas e você o que faz aqui?

_Só de passagem, estava indo ao cinema.

_Sozinho? – Pergunto, afinal, quem vai ao cinema sozinho?

_É, sou um perdedor eu sei, mas a questão é que não tinha nada pra fazer, e ta passando um filme legal, então uma coisa levou a outra. Mas eai quer ir comigo?

_Não sei, to sem grana aqui e se eu for pra casa meu pai vai me interrogar sobre com quem, porque e quando volto, do cinema.

_Eu pago pra você, vamos K, por favor, não quero ir sozinho.

Ele fez um biquinho, acho que ele queria ser fofo, mas não deu muito certo, tive de me esforçar pra não cair na gargalhada.

_Você ia sozinho até agora pouco.

_Mas agora eu não preciso, porque você vai ser legal e vai comigo. Por favor?

_Tudo bem. Só espera o Pedro voltar, não quero dar mais motivos pro idiota implicar comigo mais tarde dizendo que o abandonei.

_Não entendo a relação de vocês.

_Não tem relação nenhuma, nos odiamos, só tivemos uma trégua hoje, pois o tédio falou mais alto. – respondo na defensiva.

Quando Pedro volta, não parece muito feliz com o que vê, mas logo faz uma piadinha sem graça e percebo que deve ter sido impressão minha. Não o convido pra ir ao cinema, não sei se deveria, não somos amigos, mas estávamos nos entendendo, tanto faz, não convidei e pronto. Se ele quisesse ir, que fosse sem convite mesmo, afinal ele sempre foi intrometido.

* * *

Zé me beijou, Ele me BEIJOU! Eu não sei por que ele fez isso, nunca passou pela minha cabeça que ele gostasse de mim. Achei que ele me considerava, sei lá, um do caras? Mas ele me beijou, e agora estou trancada no banheiro feminino do cinema, sem saber o que fazer. Eu nunca pensei nele desse jeito. Ah se a Bianca tivesse aqui eu ligaria pra ela e perguntaria o que fazer nessa situação, mas não posso ligar agora, ela provavelmente esta em algum tour pela cidade ou sei lá o que eles foram fazer lá. Ai meu Deus eu não acredito que no primeiro dia sem a filha da mãe eu já estou precisando dela!

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Depois de um tempo sem conseguir decidir o que fazer eu enviei um sms para Zé dizendo que só queria que fossemos amigos e nada mais, e que já tinha ido pra casa sozinha.

Ele me respondeu logo em seguida:

“Tudo bem, não precisava ter saído correndo...”

Eu definitivamente não sei lidar com garotos.

Pedro POV

Estava na frente do Perfeitão quando Karina chegou sozinha, isso me fez sorrir, ela não estava com cara de muitos amigos, então é óbvio que eu tinha de dizer alguma coisa.

_O encontro foi ruim esquentadinha?

Ela pulou, não tinha notado eu me aproximar.

_Nossa cara, de onde você surgiu? Quase me matou aqui.

_Desculpa. – digo rindo.

_E pra sua informação aquilo não foi um encontro.

_A não é? Duvido.

Certo, eu estava curioso, e sim eu estava pensando em interrogá-la, mas ela nunca iria responder as minhas perguntas, porém ela com certeza iria responder as minhas provocações.

_Não foi, só fomos ao cinema.

_A sim, então você pagou sua entrada, não segurou a mão dele, não rolou beijinho no final do filme, e etc?

Ela pareceu ter ficado um pouco sem graça.

_Bom...

_Eu sabia! Foi um encontro.

_E o que você tem a ver com isso?

Isso foi uma confirmação? Espera, porque eu não estou feliz com isso? Eu adoro estar certo. Tentei pensar em uma resposta a altura rapidamente.

_Tirando o fato de você ter me deixado a ver navios pra sair com outro cara? Nada.

Ela devia estar me achando um louco.

_Eu não deixei você nada cara, a gente tava lá há horas, mais cedo ou mais tarde eu teria de ir embora né? E, além disso, eu avisei que ia sair então não enche.

_Essa doeu em esquentadinha. – digo sorrindo, mas nem eu mesmo acreditei nesse meu sorriso. Ela pareceu perceber que tinha algo errado por que não falou mais nada por um tempo.

_Olha, foi mal eu achei que você não ia ligar, e eu não te chamei pra ir junto porque bem não somos amigos, e além disso o Zé que me convidou achei que se ele quisesse você lá ele mesmo te chamava.- diz ela.

É óbvio que ele não iria me chamar. Mas deixei isso pra lá porque a esquentadinha estava me pedindo desculpa? É isso mesmo?

_Relaxa esquentadinha, acho melhor você entrar logo.

_Ãhn?

_Acho que vai chover, na verdade acho que vai ser uma tempestade.

_Lógico que não, ta louco?

_Me diz você. Pra me pedir desculpa deve estar vindo uma tempestade por ai.

_A cala boca moleque.

Ela se virou pra ir pra casa, mas eu entrei na frente dela.

_Não ganho nem um beijinho de despedida esquentadinha?

Segunda vez que digo isso hoje, acho que tenho que colocar essa frase em alguma música.

Ela faz uma careta, mas eu não desisto me aproximo um pouco mais dela, fecho os olhos e faço um bico. Ela não faz nada, então abro um olho e a vejo me encarando, na verdade ela está olhando para minha boca. Será que a esquentadinha está mesmo cogitando a possibilidade de me beijar? Eu que não vou impedir, então volto a fechar o olho, mas depois de alguns segundos sinto um beliscão na barriga.

_Ai. – Grito.

_Sai da minha frente. – ela me empurra e vai pra casa.

Karina POV

Eu não acredito que eu estava considerando beijar aquele imbecil, ah porque ele tem que ser bonito? Nunca pensei que fosse do tipo de garota que não pode ver um rostinho bonito que já se derrete toda, não gosto desse tipo de garota, não posso me tornar uma delas!

_KARINA! ONDE VOCÊ ESTAVA? – gritou meu pai.

É acho que não foi uma boa ideia ter saído de casa sem dizer pra onde ia.

_Só saí pai, relaxa.

_RELAXA? KARINA, VOCÊ SAIU DE CASA ERAM DUAS HORAS DA TARDE E AGORA SÃO NOVE DA NOITE, VOCÊ FICOU O DIA TODO FORA, E AGORA QUER QUE EU RELAXE? ONDE VOCÊ ESTAVA MENINA?

Nossa, eu não sabia que ele ia se irritar tanto, geralmente não é assim, eu saio e ele nem nota, qual é o problema dele hoje?

_Só fui até a sorveteria e ao cinema, agora vê se para de gritar você vai me deixar surda.

_ISSO É JEITO DE FALAR COM SEU PAI MENINA?

_Pai! – Faço um gesto indicando que é pra ele baixar o tom de voz.

_Com quem você estava?

Ai meu Deus, essa conversa vai durar horas.

_Sozinha, depois com Pedro e depois com Zé. Boa noite vou dormir.

Tentei passar por ele, mas fui impedida.

_Você sozinha no meio de dois moleques Karina? O que eu te falei sobre isso?

_Você não quer me ver no meio de moleques porque as pessoas vão pensar mal de mim. – eu citei o que eu sempre ouvia ele me falar. – Pai isso é exagero, ninguém além de você iria pensar nada.

_Não importa, você é minha filha e eu exijo respeito. Vá para o seu quarto, esta de castigo por uma semana, nada de academia pra você mocinha.

_Pai isso não é justo!

_Pensasse nisso antes de sair sem dizer pra onde ia.

Fui para o meu quarto emburrada, não acredito nisso, merda, o que eu vou fazer durante uma semana se não ir treinar?

* * *

Acordei sem vontade de ficar em casa, tomei um banho e já ia saindo quando seu Gael apareceu.

_Nada disso, volta pro seu quarto.

_PAI!

_Você está de castigo.

_Mas eu não estou indo pra academia!

Eu nem sabia ao certo pra onde estava indo. Tudo o que eu sabia era que em casa eu não queria ficar.

_Não importa, volta para o seu quarto.

Tudo bem, pensei. Respira, logo ele irá ir pra academia e eu vou poder sair de casa.

_Ah e nem pense em sair quando eu estiver na academia, já conversei com a Bete e daqui você não sai até eu falar que pode.

Merda. Ah, isso é tão injusto!

* * *

Duas horas se passaram meu pai já tinha saído e Bete estava limpando a cozinha.

_Bete me libera ai, por favor? Não aguento mais ficar aqui.

_Sinto muito Karina, mas não posso.

_Ah que saco.

Entrei no quarto e tranquei a porta. Mas se eles estão pensando que vão me trancar aqui dentro, estão muito enganados. Fui até a sacada e decidi me arriscar descendo pelo poste, diferente da Bianca eu não sou uma franguinha que morre de medo de altura.

Quando não tinha mais ninguém na rua eu me pendurei no poste eu fui deslizando devagar, até que não é difícil, só a Bianca mesmo pra passar uma vergonha daquelas.

_Não aprendeu nada com a sua irmã, esquentadinha?

Ah não, esse imbecil não.

_Aprendi, o que eu não devo fazer, agora para de falar que se alguém me descobre aqui eu to ferrada.

Quando eu já estava quase no chão ele me segurou pela cintura.

_Não preciso de ajuda, solta.

Ele soltou, colocou as mãos pra cima num sinal apologético.

_Pronto, agora tchau. – digo quando já estava com os pés no chão.

_Por que você desceu pelo poste?

É claro que ele não me deixaria em paz.

_Por que eu cansei de usar a porta.

Ele ficou me olhando, esperando eu continuar.

_Ah sai da frente, não posso ficar aqui alguém vai me ver.

Eu comecei a andar, mas é óbvio que o babaca estava atrás de mim.

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_Saindo escondida esquentadinha? Aprontou muito foi?

_Cala a boca. – falei, então eu parei. Onde eu estava indo?

_Que foi? – Pedro perguntou? - Está perdida?

Não respondi, só fiquei olhando em volta me decidindo que caminho seguir, eu podia ir comer alguma coisa, estava morrendo de fome, nem café da manhã havia tomado ainda, mas então lembrei que eu não tinha pegado dinheiro, merda. Do que adianta fugir sem saber pra onde ir? Eu fui muito burra mesmo, e agora tinha um idiota me encarando com um sorrisinho na cara.

_O que foi? – pergunto.

_Nada, só me divertindo com a sua confusão.

_Olha aqui, não to com paciência pra você agora não, me deixa garoto.

Pensei em voltar pra casa, mas achei melhor não.

_Merda. – digo.

_O que foi esquentadinha?

_Nada só sai escondida de casa e agora não sei o que fazer. – pensei alto.

Ele dispara a rir, era tudo o que eu queria um babaca rindo da minha cara logo pela manhã, onde é que eu estava com a cabeça pra ter saído de casa daquele jeito?

_Você ta com fome? – ele pergunta.

Sim, morrendo.

_Não.

_Para de enrolar, venha. – ele não podia estar falando sério, até parece que eu ia sair escondido pra acabar num restaurante na esquina de casa!

_Eu não vou pra lá, você é idiota? Eu sai de casa escondida, não posso ficar por perto.

_Lógico que pode, quem é que iria imaginar que você ia sair escondida e ia ficar no restaurante dos pais de um garoto que você odeia? Isso soa como um plano de fuga perfeito pra mim.

_Mas seus pais vão estar lá. Eles podem ver o meu pai e comentar que estive ali, pensa mané.

_E quem disse que eles precisam te ver? O restaurante ainda não abriu. Nós podemos ficar no meu quarto e eles nem vão notar. Minha irmã não esta em casa então, você decide.

_Moleque cê é besta? Se alguém descobre que eu tava no seu quarto meu pai te mata.

_Ele não vai descobrir, além disso, não vamos fazer nada demais, ou vamos?

_Claro que não!!! – Viro as costas e começo a andar sem direção. Ele me puxa pelo braço.

_Eu estava te zoando esquentadinha, venha logo, vou arrumar algo pra gente comer.

Minha barriga roncou e eu o segui até sua casa. Ninguém me viu entrar em seu quarto.

Ele preparou um sanduiche e um suco pra nós dois e levou até o quarto, lá tinha alguns pôsteres de bandas que eu conhecia e gostava, me surpreendi por gostarmos do mesmo gênero de música, mas nunca deixaria ele saber disso, fingi indiferença o tempo todo.

Pedro POV

A esquentadinha ta no meu quarto, puta que pariu, ela está no meu quarto, olhando as minhas coisas, nunca trouxe uma garota pra cá e nunca pensei que a primeira seria a esquentadinha, fala sério, quem iria imaginar uma coisa dessas? A minha sorte foi que durante meu tédio de ontem eu dei uma arrumada aqui.