Felicity Smoak

Depois que o Oliver saiu, eu aproveitei para dá um banho em Beatrice e prepará-la para o dia. Quando eu a conheci não pensei que seria algo tão especial. E quando eu disse que ela emanava amor e carinho... Eu estava falando a verdade. Ela é uma criança encantadora, eu não sei como a sua mãe ainda não percebeu a doçura de menina que Beatrice realmente é. Thea não me falou muitas coisas sobre a mãe dela, e eu também não a conheço para dá palpites em sua vida pessoal. Mas, como é que ela não consegue amar esse serzinho que saiu de dentro dela? Será que a mãe da Beatrice é tão horrível assim? De alguma forma eu já comecei a pintar a imagem dela na minha cabeça, e garanto que não está saindo coisas boas disso. Bom, eu não quero saber. Isso não é da minha conta. Já basta o tanto de problemas que acarreta a minha vida, não preciso de mais um para piorar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Mas depois que eu conheci o Oliver, ele se tornou o meu maior problema, parece-me que as coisas se complicaram ainda mais. Ele está invadindo um espaço que eu não quero que ele entre onde enterrei esses tipos de sentimentos bem fundos e não terá como ninguém alcança-los mais uma vez. Mas realmente, quem ele pensa que é? Chega assim do nada e já quer entrar em meu coração, invadindo meus pensamentos e sonhos? Como se fosse dono de tudo, diabos de homem... Oliver chegou de uma maneira rápida e absurda, e eu não entendo como eu posso nutrir sentimentos por ele e além do mais, ele é casado – em nome de Deus – porém, isso não me impede se sentir o que eu estou sentindo por ele.

E depois que ele se aproximou de mim daquela maneira, quando eu estava com a Beatrice em meus braços, eu paralisei. E tudo em nossa volta parou, era como se uma bolha nos rodeasse e tudo sumisse. E isso é errado. E eu me sinto frustrada e um pouco culpada por isso, eu sei que ninguém manda no coração. Mas será que o universo ou sei lá o quê que seja não mandou um cara menos complicado que ele? Por Deus! Isso é loucura. Eu sempre disse que se o sentimento fosse reciproco, eu lutaria. Mas será que eu seria capaz de lutar por algo tão complicado assim? Eu nunca havia sentido esse tipo de sentimentos tão avassaladores, nem quando eu estava com o meu ex. Só em lembrar-se dele me causa náuseas.

Mas com o Oliver é diferente. Eu sei que por trás daquele mau humor, existe um Homem bom e dedicado. Principalmente com sua filha. Só basta ele perceber que o amor pode curar. Como eu sei disso? Porque só um amor puro pode curar nossos corações machucados.

Saio de meu devaneio quando sinto uma coisinha pequena jogar água em mim. Beatrice estava em uma banheira enorme, tipo aquelas que têm em hotéis chiques. Toda coberta de espuma e brincando com um patinho e falando que ele era muito mal. Eu ri de sua reclamação. Tão linda.

— Beatrice... – chamei sua atenção com carinho, rindo quando ela começou a bater suas mãos sobre a água molhando todo o banheiro. – Você me molhou toda sua sapeca. – Digo em meio a gargalhadas. Tiro minha jaqueta ficando somente com o vestido, aproveito e tiro as sapatilhas também. De pés no chão eu me volto para a menina bonita. – Olha só Bea, vou te chamar assim também agora. Acho mais fofo para você, pequena sapeca. – falo tocando o dedo em seu nariz rosado e ela rir batendo as mãos na água novamente.

— Patinho malvado. - Ela reclama alto apontando o seu pequeno indicador para ele com voz de brava. Fico admirada como ela pronúncia as palavras corretamente.

— Sim ele é bastante malvado, meu amor. – Afirmo jogando um pouco de água em seus cabelos para tirar o excesso de shampoo, o aroma suave de morango invade meu nariz me dando a sensação de paz. – Vamos sair Bea? – Pergunto para ela que nega com a cabeça.

— Não, não, não. – Recusa-se com bico fofo.

— Você já passou muito tempo dentro da água mocinha, ela já está ficando fria, não pode ficar por mais tempo. – Digo pegando a toalha fofa com orelhas de coala. – Vem cá meu amor... – ela levantasse e estende os braços para mim. Enrolo a toalha em seu corpinho. – Garota obediente. Assim Felicity morre de amor. – Elogio dramaticamente secando-a rapidamente.

— Frio Licy. – Ela diz dengosa batendo os queixinhos, seus lábios trêmulos. Puxo-a para meus braços, num abraço apertado. Tentando passar um pouco do meu calor.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Vamos... A Licy esquenta você. – Digo saindo do banheiro com ela. Massageio suas costas com toques leves, ela murmura algo. – Agora vamos escolher uma roupinha para você. – Coloco-a sobre a cama e vou até o seu guarda-roupa procurar uma roupinha confortável.

Eu fico admirada com a Bea, ela é pequena, mas fala bem para sua idade. Erra um pouco nas palavras, mas fala bem. E além do mais, ela me chamou de Licy, só quem me chamava assim era minha mãe, lembro-me dos seus sorrisos carinhosos e como ela cantava para eu dormir. Lembrar-se da minha mãe me deixou um pouco triste, porque eu sinto falta dela. E por um momento sinto-me triste por causa da Bea, por um lado eu tinha uma mãe que cuidava de mim quando mais nova e Bea não tem esse amor de mãe enquanto pequena. Por isso, tentarei passar o máximo de amor que posso para ela, sinto que meu dever não é somente cuidar, e sim ama-la, protege-la... É tudo tão confuso o que estou sentindo. É como se o universo tivesse preparado isso tudo para mim.

E mais uma vez estou perdida em pensamentos.

Como está um pouco frio escolho uma calça moletom de cor rosa e uma blusa branca de mangas curtas para Beatrice. Visto a calcinha nela e as demais roupas, incluindo uma meia branca para seus pés também. Penteio seus cabelos e passo a colônia em seu corpinho para deixa-la bem cheirosa.

— Felicity. – Viro-me para ver Ana parada na porta. – Eu vim te dizer que não poderei ficar, falei com a secretaria do senhor Queen por telefone dizendo o motivo da minha saída e que não voltarei hoje. Não se preocupe, ela disse que iria avisa-lo. E ah! Eu já deixei tudo preparado... A comida de Bea e a sua. – Ana diz tranquilamente. Como ela diz isso tão tranquilamente?

— Obrigada! Mas como é que eu vou ficar sozinha com a Bea? E se acontecer alguma coisa que eu não possa resolver Ana? – Pergunto com medo. Eu mal chego e ela já pensa em sair?

— Calma Felicity, respira. Não vejo o porquê de seu medo. – Disse com um sorriso suave. Meu medo é ficar nesse apartamento sozinha e ainda mais com Oliver Queen para despertar coisas...

— Ana você não pode me deixar sozinha. Não com o Mr. Queen... – Digo alarmada. – Quer dizer... Não sozinha com a Bea... Com a Bea. – Limitei-me a corrigir-me. Ana me olhou desconfiada por um momento.

— Você tem medo dele Felicity? – Perguntou se aproximando de mim. – O Senhor Queen não morde. Ou será algo a mais? – Pressionou novamente com malicia nos olhos. Ana você é uma velhinha muito má.

— Eu? Não! Jamais... – Bufei revirando os olhos. – Ele não é nem um bicho para que eu possa ter medo dele... Às vezes ele chega a ser irritante, que é o que me irrita. Porém, eu não tenho medo dele. – Concluo um pouco nervosa. Arrgh! Porque falar em Oliver me deixa assim, sem saber o que dizer. – Ana você deveria parar com essas coisas aí... – Nem termino o restante da palavra, pego a Bea em meus braços e saio do quarto como um flash.

— Que coisas Felicity? – Perguntou se fazendo de desentendida. A veia é maliciosa e rápida, me alcançou. Nem o próprio flash me alcançaria com a rapidez que eu saí do quarto.

Ela não vai mudar de assunto se eu não mudar. Isso já está me incomodando, e tenho a impressão que ela desconfia de mim e Oliver. Era só o que me faltava.

— Você não ia sair Ana? – Respondi com uma pergunta. – A porta... Está bem ali. – Aceno com o queixo. – Não se preocupe, eu cuidarei bem da Bea. Não é meu amor? – Bea envolve seus bracinhos em meu pescoço colocando sua cabeça á baixo do meu queixo.

— Ela gostou de você Smoak. – Afirma Ana pegando sua bolsa. Ainda bem que ela não tocou mais no assunto. – E ah! Não pense que eu me esqueci desse seu ataque a respeito do senhor Queen. – Disse apontando para mim. Pra quê fui pensar que ela tinha esquecido meu Deus! Essa veia é nojenta. No bom sentindo, é claro!

— Arrgh Ana! Esqueça-se disso mulher. Não há nada entre mim e o seu patrão. – Afirmo o obvio revirando os olhos para disfarça meu nervosismo que é falar em Oliver Queen.

— Ele disse isso também. Mas eu penso diferente dos dois... – Diz vindo até a mim e dando um beijo na Bea. – Sinto que um pode salvar o outro. – O quê? Essa velhinha virou vidente, agora? – Tchau Felicity, até amanhã. – Se despede com um sorrisinho no rosto. Mas antes de sair ela vem e fecha a minha boca que estava aberta sem nem eu ter percebido.

E ela sai simplesmente como se nada tivesse acontecido. Eu não sei nem o que falar. Estou muda com suas insinuações. Ela cismou que Oliver e eu temos algo, ela deve está caducando. Eu admito meus sentimentos por ele, mas ele e nem ninguém precisa saber disso. Mas esta tão na cara assim? Preciso esquecer-me dessa conversa e focar que estou sozinha nesse apartamento com Bea e que a qualquer momento seu pai pode chegar. Por isso eu tenho que controlar meus nervos e pensamentos.

Olho o relógio de parede e já marcam 11h00min... Como é que diabos a hora passou tão rápido? Acho que deve ser pelo tempo, está um tempo tão frio que não percebi a hora passar.

— E agora Bea? Ela nos deixou. – Suspiro olhando para ela que levanta o rosto. – O que vamos fazer? – Pergunto. Como se ela fosse fazer alguma coisa Felicity! Minha mente me acusa. Ela é só uma criança, te vira. Até minha mente é contra mim. Eu mereço!

Timão, Licy – aponta para a TV. Eu franzo o cenho sem entender.

— O quê? Timão? – Pergunto confusa ainda não entendendo. Ela faz um esforço para descer dos meus braços e eu a coloco no chão. Ela vai em direção a TV.

— Não pode mexer aí Bea... – Falo quando ela pega o controle. Pego de sua mão com carinho e ela faz birra. – Que Timão Bea? – Pergunto novamente. Busco em minha memoria alguma coisa relacionada a Timão. Ah! Timão e Pumba.

— Como eu não lembrei? Timão e Pumba, Hakuna Matata! – Digo as ultimas palavras cantarolando e ela fica toda animada balançando os bracinhos. – Então vamos assistir Timão e Pumba meu amor. – Ligo a TV á procura do desenho e coloco-o para nós assistirmos.

Sento com a Bea no sofá cama enorme que tem na sala, coloco-a ao meu lado, enquanto ela assiste. E o desenho é bastante divertido. Sempre amei Timão e Pumba, só não lembrava. O que posso fazer? Sou esquecida. Assisti o desenho dando altas risadas com ela. Bea é uma criança adorável e bastante inteligente para sua idade. Bem que a Thea me falou que a Bea é uma menina adorável. E ela é.

— Bea, está na hora de comermos. Vamos? – Olho para ela sugestiva. – Vamos à cozinha comigo... – A chamo me levantando e pegando em sua mão para ajuda-la a descer. – Vamos ver o que Ana preparou para nós.

[...]

O restante da tarde foi bastante divertido; brincamos e cantamos algumas musicas do Ed Sheeran. Quer dizer, eu cantei porque a Bea não sabe. Sim, bagunçamos a cozinha do pai dela com farinha tentando fazer um bolo de chocolate, ficamos muito sujas, principalmente ela. Se o Oliver tivesse chegado naquela hora, ele com certeza surtaria com a bagunça.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

O bolo ficou perfeito, chocolate puro do jeito que Bea e eu gostamos. Depois de tomarmos um belo de um banho, ter comido do bolo... Estamos deitadas em seu quarto assistindo um filme da Barbie. Vejo que Bea já esta sonolenta, não dormiu a tarde inteira, parece que é ligada nos 220 v. E depois de uma tarde exaustiva, porém divertida, ela está muita cansada. Aproveito para abaixar um pouco o volume da TV e puxa-la mais para perto de mim, ficando de frente para mim com a cabeça á baixo do meu queixo. Sinto-me tão bem quando estou com ela. Bea é preciosa demais. Cubro-nos com o coberto, pois está muito frio e sinto que também estou cansada e o sono vai ganhando e lentamente, sinto meus olhos começarem a pesar e nesse momento... Quem vence é o sono.

[...]

Oliver Queen

Tentei fazer o possível para sair mais cedo da empresa, porém, não consegui. Depois da reunião com a empresa de tecnologia surgiu mais um imprevisto e não pude sair. Liguei para casa e ninguém atendeu ao telefone, tentei o celular da Felicity e a mesma também não atendeu. Mas que droga! O que será que ela estava fazendo que não atendia a nenhum dos dois? Liguei para a recepção do apartamento e ninguém saiu a não ser Ana. E isso já estava me deixando preocupado. Diabos aquela encrenqueira estava aprontando?

Deixo a empresa por volta das 17h30min, pego meu carro e rumo para casa. Não sem antes pegar um trânsito horrível. Ótimo! Chuva. A combinação perfeita para quem está dentro de um carro com raiva, porque Felicity não atende a droga de um telefonema. Espero mais alguns minutos e a rua é liberada. Graças a Deus! Saio cantando pneu pouco me importando se está chovendo ou não.

[...]

Chego ao prédio, estaciono o carro na garagem e sigo para o elevador, aperto o botão do meu andar e aproveito para tirar o paletó, e a gravata colocando-a em meu bolso. Abro alguns botões de minha camisa social preta e dobro as mangas da mesma até os cotovelos. Vejo as portas se abrirem e saio como um raio em direção ao meu apartamento. Abro a porta com minha chave extra e entro colocando minha maleta e paletó em uma mesinha de centro que fica no meio da sala. Observo que o silêncio mortalmente paira dentro de casa. As luzes da sala e da cozinha estão apagadas, mostrando que não há ninguém. Onde Felicity se meteu com minha filha? Subo ás escadas afobado não gostando muito disso. Penso em procurar no meu quarto mais com certeza Felicity não estaria lá. Então vou até o quarto de Bea talvez ela esteja lá. Eu espero.

Assim que chego à porta do quarto escuto a TV ligada, entro em silêncio e a cena que vejo fez meu coração aquecer-se dentro de mim. Felicity estava deitada junto com a Bea. Pelo visto ela conheceu um pouco da Beatrice hoje. Esqueci-me de contar para ela que minha filha é uma pimentinha e não para quieta. Mas isso não vem ao caso. Aproximo-me mais um pouco da cama para ver as duas mais de perto, sento-me na borda da cama próximo a Felicity e dessa visão posso ver o quanto ela é linda; com seus longos cabelos negros espalhados pelo travesseiro, sua respiração estava lenta e suave, seu belo rosto fazia inúmeras expressões.

E de repente senti uma ânsia de toca-la, acariciar seu rosto, senti o seu perfume. Eu não entendia como ela fazia isso comigo... Não conseguia achar um raciocínio logico para isso. Nunca nem uma mulher tocou em meu coração, como a Felicity faz. Nem mesmo a Helena. Eu não sei por quanto tempo conseguirei esconder meus sentimentos por ela.

É impossível olha-la dessa maneira e não conseguir toca-la. Nem parece aquela garota impossível; brigona, petulante e encrenqueira de sempre. Nesse momento, ela só parece a Felicity, a verdadeira Felicity Smoak. Toco em seus cabelos suavemente deslizando a mão por sua bochecha macia onde faço um carinho. E não pude evitar em contornar seus belos lábios com o polegar... Lábios esses que tenho tanta vontade de experimenta-los. Queria saber o gosto deles. Porém minha consciência diz que isso não é o certo. Então porque ela apareceu agora na minha vida e não antes?

— Por que você não apareceu antes em minha vida Smoak? – Sussurro acariciando seu braço que se arrepiou ao meu toque. – Por que será que sinto que é você que pode me salvar? – pergunto mais uma vez para ela que está alheia a tudo isso.

Cubro as duas e dou um beijo na testa de cada uma. Saio do quarto confuso com meus sentimentos. Querendo esquece-los. Mas parece que é impossível! Eu queria beijá-la e se não fosse por minha consciência dizendo que isso é errado... Eu não teria respondido por mim.

Vou para o meu quarto tomar um longo banho e esquecer-me de tudo isso. Depois de longos minutos debaixo do chuveiro, tentando repor meus pensamentos em ordem, resolvo sair. Visto uma roupa confortável, desço as escadas e passo direto para a cozinha para preparar algo para comer, vejo que a luz da mesma está acesa, franzo o cenho estranhando, quando eu subi não tinha ninguém lá.

Aproximo-me mais um pouco da porta e vejo Felicity organizando algumas coisas. Ela está alheia a minha presença, de costa para mim. Encosto-me ao batente da porta observando cada passo seu. Observo cada parte de seu corpo; suas curvas, a pele de suas costas nuas e pálidas, pés descalços e avermelhados sobre o piso frio. É como se minha mente quisesse gravar tudo dela. E isso é tentador. Vi que tinha algo em suas costas, como se fosse um desenho, pareciam pássaros. Estreitei mais os olhos e vi uma tatuagem. Felicity tinha uma tatuagem?

— Você tem uma tatuagem? – Soltei surpreso.

— Meu Deus! – Exclamou assustada virando-se com a mão sobre o peito. – Você é maluco? Ou o quê? – perguntou com a respiração descompassada. – Você quase me matou de susto homem. E desde quando você chegou? – Questionou um pouco nervosa. – Eu pensei que estava só Bea e eu em casa. – concluiu encostando-se ao balcão de frente para mim. Ri do seu nervosismo e ela fez bico para mim.

— Você não respondeu a minha pergunta Felicity. – Digo aproximando-me e vejo que ela fica um pouco tensa.

— Você não respondeu nenhuma das minhas então... – devolveu meio desajeitada desviando seus olhos do meu olhar.

— Não me viu chegar porque você estava com a Bea e não quis acorda-la. Então preferi não incomoda-la. – Respondi sincero tomando uma distância segura entre nós. – Onde está Bea agora? – Mudei de assunto mesmo ainda estando curioso sobre a tatuagem. Abri a geladeira pegando uma jarra de suco de laranja, despejando o líquido no copo.

— Está lá em cima dormindo ainda. – Disse mordendo o lábio. – Perai... – começou com um gesto de mão. – Você entrou no quarto? – Perguntou estreitando os olhos.

— Sim. É minha casa, não? Posso sair e entrar quando eu bem entender. – Mordi fora.

— Claro que sim! – Ela zombou. Dou de ombros sem querer entrar em alguma discussão.

Mas porque eu tenho a sensação de que ela está fugindo do assunto.

— Qual o significado da tatuagem? Vejo que ela tem uma continuação. - perguntei mais uma vez. Vi a cor de seus olhos mudarem para um azul sombrio. Eu sinto que Felicity guarda segredos e eu quero descobri-los.

— Se você não fosse tão idiota, eu até responderia. – Falou petulante. Inferno de mulher teimosa! – Não é nada demais Oliver. – Vi tristeza em sua voz.

— E por que eu sinto que é mentira Felicity? – Dou alguns passos ficando novamente em sua frente me perdendo no seu olhar. –Por que sinto que esconde algo? – Interroguei passando as pontas dos dedos sobre sua clavícula. Pude sentir uma carga elétrica passar por eles. Era ali de onde começava a tatuagem e ia descendo para suas costas. E eu queria descobrir o motivo dela.

— E quem você pensa que é para querer saber algo da minha vida? – Perguntou retirando minha mão de seu braço. Oh, ela estava muito irritada. Eu vi que estava tentando esconder o que sentiu quando a toquei – Você não me conhece Oliver e eu não conheço você. Então não finja que se importa.

— Como pode saber se me importo ou não? – Ela franziu o cenho. – Eu só quero saber o que aconteceu com você. – Disse por fim. O que eu estou fazendo? Eu me importo com ela? Onde eu quero chegar com isso tudo?

— Eu não te entendo Oliver... Uma hora você é um completo idiota comigo e do nada diz que se importa? – Olhou dentro de meus olhos e fez um gesto de negação com a cabeça afastando-se do balcão e indo para sala com passos largos.

Ela tem razão. Eu não posso querer respostas se ajo como um completo de um imbecil com ela. Eu não compreendo o que há comigo, quando estou perto dela tento agir da pior forma para eu mesmo não criar esperanças.

— Felicity espere... – Peço seguindo-a rapidamente. – Felicity! – Chamo-a mais uma vez. Dessa vez alcançando-a e segurando em seu braço. – Olhe para mim... – Ela virasse e seus olhos estão um pouco avermelhados. Droga! Eu sempre faço tudo da maneira errada.

— Não quero suas desculpas Oliver... – Sorri com escárnio. – Não preciso da sua alta piedade. Eu vim á trabalho, e você é meu chefe. Mr. Queen. – Concordei. Mas eu não vou desistir tão fácil assim.

— Eu sei o que está tentando fazer Felicity. Você é o tipo de pessoa que se afasta das pessoas que querem te ajudar. Eu sei como é ser assim. Porque eu sou assim. – Afirmo para ela.

— Eu não quero saber... Eu não gosto de falar do meu passado, e você não precisa saber dele Oliver. Você... Você tem que parar de me confundir. Eu realmente não o entendo – Gaguejou nas ultimas palavras. Soltou-se do meu aperto e afastou-se um pouco.

— Nem eu às vezes me entendo. Mas essa que eu te confundo, é novo para mim. – Digo admirado por sua confissão. – Me deixa te ajudar Felicity... Eu sei que é complicado... Mas confia em mim. – Peço mais uma vez chegando próximo a ela. Muito próximo. – Eu não sei o que está acontecendo aqui... Entre nós dois... Eu só sinto que tenho que te proteger cuidar de você. – Confesso segurando seu rosto com minhas mãos e acariciando sua bochecha. Ela fecha os olhos apreciando o meu toque.

— Oliver... Isso é errado demais. Perigoso demais. Você tem uma esposa e eu não posso fazer isso. E outra isso já passou dos limites. Como vou confiar em uma pessoa que conheço só apenas dois dias? – Questiona-me com um levantar de sobrancelhas. Ela tem razão, por mais que sua confissão tenha mexido comigo. – Não podemos fazer isso. – Disse por fim afastando-se um pouco sem jeito.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Eu sei disso... – Afirmo frustrado. – Por que você não apareceu antes? – Pergunto vendo-a da um mínimo sorriso.

— Talvez... Você só não esperou. – Respondeu com o olhar triste. – Não podemos Oliver. É melhor esquecer que isso aconteceu. – Disse. – Vou pegar minhas coisas lá em cima para ir embora. Bea vai acordar daqui a pouco, deixei a comida dela em cima do balcão. – Falou subindo as escadas.

Dessa vez eu não a segui, deixei que ela fosse embora. Talvez fosse melhor assim. Conhecemo-nos muito rápido, a atração foi instantânea. Tudo aconteceu de uma maneira extremamente confusa. E isso não seria bom para nós dois, tentar algo seria inútil. Seria? Agora eu sei que Felicity me quer o tanto que eu a quero. Porém, temos muitas cicatrizes que só o tempo irá saber quando vão ser curadas. Será que nós poderíamos curar a ambos? Mas antes que aconteça algo e que não haja arrependimentos, preciso sair desse casamento o quanto antes.