San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1)

Segredo (É rir pra não chorar)


Abaixamos nossos braços na mesma hora. Vi o time adversário comemorando e o nosso saindo da quadra.

— Que droga. — Mateus disse chateado.

— É, a Genki Dama não ajudou dessa vez. — Edu disse. — Quem sabe na próxima?

Eu não consegui sorrir pra ele. Eu só queria deitar na minha cama e esquecer a derrota.

Senti um braço ao redor dos meus ombros.

— Vamos conseguir na próxima. — James disse e me abraçou. — E vamos ficar de olho pra você não ser raptada de novo.

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Dei um meio sorriso enquanto o abraçava pela cintura.

— Tudo bem, Bru. — Lili se juntou ao abraço.

— Eu sei. — Segurei a mão dela. — Fazer o quê.

Me afastei deles e vi nosso time falando com a professora, e depois eles vieram. Perguntaram se eu estava bem e sobre a menina.

Eliza veio junto com um cara e ele me fez algumas perguntas sobre o que aconteceu, e eu respondi com Edu confirmando, já que ele tinha me achado. Depois ele se afastou ligando para alguém.

— Não vamos embora? — perguntei a professora.

— Vamos esperar ele voltar. Talvez consigam descobrir quem foi.

Ficamos sentados na arquibancada. O outro jogo tinha atrasado por causa desse rolo todo.

Dez minutos depois, o cara voltou e disse que eles conseguiram as imagens das câmeras de segurança, e viram a menina me trancando no banheiro. Iam descobrir como ela tinha conseguido as chaves, e o melhor: a escola seria desclassificada.

Pouco antes de começar o outro jogo, alguém falou nos altos falantes, para todos ouvirem, que aquela escola tinha sido desclassificada por uma atitude irresponsável e imatura de uma aluna.

Saímos de lá mais felizes. Pelo menos a justiça foi feita.

Chegamos, devolvi a blusa do Edu e fomos almoçar, e depois subimos.

Deitei na minha cama, cansada apesar de não ter jogado. Lili deitou do meu lado, e acabamos dormindo.

Descemos pra jantar e já subimos.

Mesmo no dia seguinte, a sala estava meio pra baixo, conversando pouco.

Júlio me explicou como foi difícil o jogo. Os caras que ficaram na rede eram verdadeiros muros.

Vi Yan indo embora com o Mateus depois do almoço e resolvi ficar na escola.

Lili, James e Júlio também foram embora.

Fui pro meu quarto e só desci pro café. Peguei a comida e me sentei. Comi, distraída, até que vi uma bandeja sendo colocada na frente da minha, e olhei pra cima.

— Tá na deprê ainda? — Edu sentou na cadeira da frente.

— Mais ou menos. — Dei de ombros. — Você fica na escola?

— Não. É que eu estou sem a chave de casa, então tenho que esperar meu pai sair do trabalho e passar aqui. — Começou a comer.

— Ah... Mora longe?

— Hm... não. Uns dez minutos a pé daqui. E você?

Eu sempre esqueço que foi ele que mandou aquele coração...

— Moro em Mogi.

— Caramba! — Riu. — Por que você tá tão longe de casa?

— Meu pai estudou aqui e queria que eu estudasse também. Coisa de pai.

— O meu também estudou aqui. “Essa é a melhor escola do país” — Engrossou a voz e riu. — Não sei se é a melhor, mas com certeza é a escola que mais ferra com os alunos nas matérias.

— Concordo! — Sorri.

Uma música começou, e Edu tirou o celular do bolso. Olhou quem era e atendeu.

— Que que há, velhinho? — Sorriu. Eu ri com a frase. — Sério? Ah... desculpe por isso, chefe! Hm... tá, tá. Sim... Ok... Tchau. — Desligou e o guardou. — Meu pai me ligou e eu não ouvi. Ele vai demorar um pouco.

— Que que há velhinho... — Comecei a rir. — Saudade de ver Pernalonga.

Edu riu. — É, eu sempre gostei e falei assim com meu pai. E se eu não falo, ele já sabe que tem coisa errada.

— Vocês se dão muito bem pelo jeito.

— Sim, somos melhores amigos. Ele é o pai mais legal que eu conheço. Você não olha pra ele e diz que ele é legal.

— Por quê?

— Porque ele tem cara de bravo. Sabe aqueles japoneses de filme que são guerreiros? Samurais? E tem mó cara de bravo? Ele é assim, mas é só abrir a boca que você vê que ele tem nada de bravo.

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— Ele parece ser legal. — Ri, imaginando

— Sim, é o maior palhaço — disse divertido. O celular tocou de novo, ele olhou e desligou. — Agora ele chegou.

Terminou de comer rapidinho, levou sua bandeja e voltou.

— Tchau, Bruna. Até... domingo, ou segunda, não sei. — Beijou meu rosto.

Sorri. — Até.

Ele foi embora e eu terminei de comer, um pouco mais animada.

*** 25-26/06

Peguei a fila do almoço no domingo e peguei minha bandeja, já com a comida.

Olhei ao redor e vi Micaela numa mesa. Sozinha, pra variar.

— Ei, Mica. — Me sentei na frente dela. — Tudo bem?

— Bruna! — Ela sorriu, parecendo feliz em me ver. — Sim, e você?

— Estou bem. Faz tempo que não te vejo. — Comecei a comer.

— Verdade, né? Faz tempo mesmo. Mas bom, não é tão anormal, eu sou meio avoada, então não reparo nas coisas.

Dei risada. — Nem te vi durante os jogos de vôlei.

— Ah, eu não vi. Não gosto de esportes.

— O seu negócio é xadrez, né?

— Acertou. — Sorriu. — Eu passo muito tempo na biblioteca. Só fico sabendo das coisas porque meus colegas comentam.

— E como tá o esquema de amizades?

— Acho que bem. Desde nossa última conversa, comecei a conversar com mais colegas da minha sala.

— Ai, que bom. Fico feliz.. Recebeu algum correio elegante?

Ela sorriu e corou. — Recebi um... Dizia “tenho vontade de te colocar num potinho”.

Estranhei. — Isso é bom?

— Segundo minha colega de mesa, quer dizer que alguém me acha fofa.

— É... bom, sei lá. — Acabei rindo. — E você mandou pra alguém?

Ela desviou o olhar e corou mais. — Mandei... e você?

Acho que encontrei alguém mais tímido que eu. — Mandei sim.

— Pra quem? — Me olhou, parecendo uma criança curiosa.

Err... — Pro James e pro... Yan. — O cenho dela se enrugou um pouco. — M-mas mandei brincando, falando besteira.

— Ah... — Sorriu timidamente e brincou com o garfo no prato vazio. — Hm... Se eu te falar uma coisa, você guarda segredo?

— Claro.

Vi os olhos dela irem de um lado pro outro, como se estivesse pensando em como falar.

Credo, que suspense.

— Eu... mandei pro Yan também.

Eita. Pela cara dela foi algo... sério.

— Você... gosta dele?

Mica me olhou rapidamente, mas voltou a encarar o prato, ficando tão vermelho quanto a maçã da branca de neve.

É, eu fico exatamente assim quando me fazem essa pergunta, né?

Parei de olhar pra ela, porque eu sabia o quão incomodo isso era. — Você mandou um coração se confessando?

— Sim — disse baixo.

— E você colocou seu nome?

— N-não — falou alarmada. — Claro que não. Só minha letra inicial. Mas... eu achei que o espaço do cartão era pouco, então... eu escrevi um poema a parte, dobrei e colei no coração.

Pera aí, quê?

Quê...?

Pera...

Quê?!

Eu não consegui desarregalar os olhos.

Ela me olhou. — V-você acha que eu exagerei?

— Não — respondi rápido. — Na verdade... eu tô surpresa. Eu acho isso bem... fofo. Então... você não quer que ele saiba...?

Cocei a cabeça. Então não era o meu poema...

— Não, né... Ele não deve gostar de mim. — Deu de ombros.

Mas e que aquela menina da sala do Yan disse? Sobre achar que o poema era da menina do primeiro que demonstrava que gostava dele?

A Mica anda tanto assim com o Yan pros outros repararem nisso? Onde eu tô vivendo?

Como eu sou idiota.

— Mas bom... de qualquer forma eu acho que ele nem desconfia que fui eu. Ele me tratou como sempre, depois.

Caramba... Quer dizer que eu “ignorei” ele por NADA!

— É... não dá pra saber, né?

— Você não sabe de nada? — Me olhou. — Você anda bastante com ele.

— Eu... eu mal falei com ele desde esse dia do correio. Por causa das provas, do campeonato, sabe... Então, não sei.

— Hm, tudo bem. — Sorriu. — Ansiosa pras férias?

E ainda tinha isso. Eu evitei o Yan nas últimas semanas de aula. Eu tenho demência.

— Sim. Quero dormir muito. E você?

— Eu também quero dormir bastante. Na casa da minha madrinha, principalmente.

— Por quê?

— Não gosto muito de ficar a minha casa. Eu sempre fico sozinha, e quando não estou, parece que estou.

— Como assim? — Terminei de comer e deixei a bandeja do lado.

— Ah... parece que eu sou ignorada pelos meus pais. Mais pelo meu pai, na verdade. Os dois trabalham muito, e quando estão em casa, ficam isolados, cada um no seu canto. Então mesmo com eles lá, eu me sinto sozinha. — Deu um meio sorriso.

Dava pra ver que ele estava triste. Poxa...

— E na sua madrinha você se sente bem?

— Sim. — Sorriu mais abertamente. — Ela tem três filhas e um filho, e todos eles sempre foram meus amigos. As vezes eu queria ter nascido lá, pra ter meus padrinhos como pais.

— Eu fico feliz que você tenha uma segunda casa. — Sorri, vendo como ela amava eles.

— Obrigada. — Sorriu, toda fofinha.

Acho que entendo a vontade da pessoa em colocar a Mica em um potinho. Ela era muito fofa mesmo.

Ela olhava distraída por aí, até que virou a cara e me olhou, com os olhos meio arregalados.

Tentei ver o que ela viu, e vi Yan na entrada falando com alguém.

Olhei pra ela e sorri, fazendo um gesto, fechando um zíper na boca.

Mica acabou rindo, relaxando.

— Oi meninas. — O ouvi perto e o olhei.

— Oi, Yan — falei e olhei para Mica.

— Oi... — Ficou corada, mas olhou firme pra ele.

— Tudo bem?

— Sim, e você? — Ela retribuiu a pergunta.

Eu fico... bobona desse jeito?

— Tô bem. E você, Bru?

Olhei pra ele, voltando ao mundo. — Oi? Tô, tô bem.

Yan riu, mostrando a covinha dos deuses. — Acho que vou comer, vocês me esperam?

— Claro. — Mica disse, toda gentil, parecendo também secar a covinha dele.

Gente...

Ele deixou a mochila na cadeira na ponta da mesa e foi pra cantina. Mateus veio, deixou, deixou a bolsa na cadeira do meu lado direito e também foi lá.

— Voltou cedo — comentei quando Yan sentou.

— É, tenho que começar a arrumar minhas malas, né? — Riu.

— E quando você vai? — Mica perguntou.

— Ainda não sei. Preciso ver com meu pai.

Gabriel veio, e começamos a falar de diversos outros assuntos.

Definitivamente eu ficava igual a Mica. Talvez pior.

Ela ficava totalmente focada quando ele falava, e corava quando ele a olhava.

Entendi a menina da sala dela. Realmente dava pra perceber. De longe.

Preciso parar de dar bandeira. Anotado pro próximo semestre.