Os seus olhos se abriram e analisaram seu quarto. Um forte vento fazia a janela bater contra a parede e a cortina bailar violentamente, criando uma imagem fantasmagórica. Saga se levantou, jogando longe seus lençóis e fechando a janela. Não que aquilo o tivesse assustado, na verdade estava desperto sem conseguir dormir.

Levou a mão aos cabelos soltos e bagunçados, penteando-o com os dedos e saindo para caminhar um pouco pelo templo de Gêmeos. A cabeça estava cheia demais para adormecer, estava preocupado, sem qualquer notícia. Saber do que tinha acontecido apenas o fez ficar se culpando. "Não deveria tê-la deixado ir...", repetia pra si mesmo.

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Seus passos eram arrastados. A armadura estava montada no pedestal, frente à parede que tinha a insígnia da constelação de Gêmeos, reluzindo de maneira magnânima. Havia removido a mesma esperando poder descansar.

Trajava apenas uma calça branca de linho justo ao seu corpo, deixando o torso nu e exibindo todo seu físico escultural definido em braços, peito e barriga. Os cabelos ondulados caíam soltos por suas costas, balançando conforme seu andar. Saga sentia-se observado e voltou-se contra um ponto específico e seus olhos se arregalaram com o que viu.

— VOCÊ!?

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Selene foi a primeira despertar após uma noite um tanto inquieta. Já havia amanhecido, mas o sol não havia despontado no horizonte. Cansada de ficar deitada, levantou-se, sorvendo um pouco de água e tomando a máscara que estava no criado-mudo e caminhando até o salão principal de Áries. Três urnas fechadas com armaduras restauradas, mas devido ao cansaço, ela e Mu deixaram para guardar o material posteriormente, apenas lacrando o pó de estrelas que restara.

Juntava o material, guardando numa caixa de ferramentas quando ouviu alguns passos. Não poderia ser aquele homem novamente, ao menos essa foi o primeiro pensamento. No entanto, bem mais que o cosmo era seu perfume natural, sua presença que a fez se levantar de imediato e observá-lo de pé ali.

A sua respiração falhou naquele momento, fazendo-a correr ao seu encontro, abraçando-o pelo pescoço e sendo correspondida por ele. Saga estava sem sua armadura, com suas vestes de treino somente naquele momento. Ele arrancou sua máscara e roubou um demorado beijo.

— Estava preocupado com você... — dizia ele acariciando seu rosto, entrelaçando seus cabelos com os dedos — Eu estive em patrulhamento ontem, mas quando pensava vir aqui, tinha receio de não me controlar!

Selene sorriu ao ouvir aquilo, puxando-o para atrás de umas pilastras, escondendo-se da vista de qualquer um que entrasse ou saísse de Áries. Mu ainda estava adormecido, mas ela sabia que ele tinha um sono leve e qualquer barulho poderia acordá-lo, mesmo com Saga sussurrando. Porém, ela também não se conteve e o abraçou, puxando seu rosto para mais um beijo, mantendo ainda os rostos bem próximos, tocando seu rosto de leve, com a ponta dos dedos que desciam até seus lábios dele.

— Eu queria te avisar, dizer que estava bem... — dizia, umedecendo os lábios. — Mas ainda não me sentia tão bem e me proibiram de usar telepatia...

— Nem eu ia querer que usasse sabendo que pudesse te prejudicar, e sei que estava fraca. — disse ele, com uma mão apoiada na pilastra, frente a ela, quase prendendo-a em seus braços, brincando com seus cabelos. — Mas desci porque precisava saber como estava. Precisava vê-la, tocá-la... saber que estava bem com meus próprios olhos.

Ela afundou o rosto em seu peito, abraçando-o forte pela cintura, enquanto ele a beijava no alto da cabeça, segurando-a pela nuca perguntando o que exatamente havia acontecido e de que não deveria tê-la deixado ir quando pediu, considerando que aconteceu poucas horas depois dela deixar Gêmeos.

Ouviu-a suspirar, tentando explicar, mas assim como Mu, também não soube dizer o que aconteceu, somente que estava a conversar com Aiolos. Aquilo fez Saga ficar momentaneamente mais sério, mas ela não percebeu. Ele havia visto os dois no alto quando em Gêmeos.

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— Então... Aiolos já voltou? — comentou ele como se não soubesse e não tivesse visto os dois.

— Sim, nem eu sabia. Soube por que encontrei o irmão menor dele no Campo das Amazonas escondido... — comentou, abrindo um sorriso, afastando-se um pouco somente para olhá-lo, vendo-o franzir o cenho quanto ao mencionar do 'irmão menor'. — Eu também não lembrei de imediato, mesmo os dois sendo bem parecidos. Aiolia é o nome dele. Está sempre com Aiolos.

— Verdade... Aiolos tem treinado ele, não é mesmo? — lembrou-se Saga. Momentaneamente havia esquecido do garoto.

— Sim, então fui falar com Aiolos sobre o irmão que estava com medo dele. — riu de modo sereno, entrelaçando seus dedos ao dele. — Foi quando ele comentou de dois cavaleiros que podem vir a ser dourados, um deles trazido por você da Itália.

— Mephisto, um aprendiz de Nazar de Câncer, mestre do meu mestre Sólon de Gêmeos. — disse Saga fitando-a e abrindo um sorriso de canto, fechando suas mãos sobre a dela. — Foi ele que a encontrou e como fiquei sabendo do que aconteceu.

Selene baixara a cabeça. Lembrava-se da aura, do cosmo sentido por aquele homem e o quanto aquilo a incomodou na noite passada. O seu olhar, acima de tudo, era o mais explícito e tenebroso para a Amazona que preferia não comentar sobre aquilo com Saga. Pensar naquilo simplesmente a incomodava, causando fisgadas na cabeça. Saga percebeu algo, puxando-a de volta para ele e roubando mais um beijo caloroso.

— Eu não deveria estar aqui... — disse ele rindo entre beijos, conseguindo fazê-la sorrir. — Mas precisava te ver.

— Eu estava pronta para fazer isso... — dizia ela trazendo as mãos para frente, tocando em seu peito e se deixando levar pelos beijos, presa contra a parede e o corpo de Saga.

Ambos estavam numa parte mais escondida do templo, longe da iluminação da entrada. Por um instante se perderam nas carícias e beijos, se deixando levar pela excitação. As mãos de Selene estavam em seu peito, arranhando-o por cima de sua blusa, infelizmente presa pelo cinto de couro que a prendia com a calça. Lentamente ela moveu as mãos em direção às suas costas, acabando-o por puxá-lo mais para si, fazendo com que as pernas dele ficasse entre as dela.

A respiração de ambos, naquele momento, se tornou mais intensa, ofegante entre beijos. A mão de Saga que estava contra a pilastra, seguiu para o rosto dela, com o indicador acariciando a maçã de seu rosto e os dedos para sua nuca, trazendo-a mais para ele, num beijo bem mais intenso. Com a outra mão, virou o corpo de ambos, sendo ele agora estar contra a pilastra, permitindo trazer o corpo dela mais para junto, apertando em sua cintura.

Não havia qualquer noção da realidade ali para ambos, somente os dois, trocando olhares e beijos, meio às declarações silenciosas através das carícias que tornavam cada vez mais intenso. As mãos de Saga que seguravam Selene pela cintura, desciam vagarosamente até sua coxa, suspendendo uma perna dela e suas mão subindo por baixo da saia.

As mãos da garota também desciam de suas costas para seu quadril, contornando-o até sua barriga. Arrepiou-se quando sentiu o toque dele, mas estremecendo pelo susto quando ouviu algo metálico ecoar no templo, mas calada por Saga antes que ela pudesse soltar algum grito pelo susto, trazendo ambos à realidade.

Ambos estavam levemente ofegantes, mas por sua posição mais privilegiada, Selene percebeu se tratar de Mu, juntando as ferramentas da qual ela estava a guardar. Engoliu a seco, arrumando o vestido e ainda sendo segurada por Saga, olhando-o, tendo mais um beijo roubado, rindo daquilo.

— É o Mu. Ele não pode te ver aqui... — dizia num sussurro, se virando, recebendo um último beijo de Saga que sorriu, correspondido por ela. — Eu vou distraí-lo, ok? Encontro com você mais tarde.

— Não quero que arranje problemas por isso... — disse ele enquanto a via desvencilhar, mas sem deixar de dá-lhe uns selinhos.

— Não vai. Agora vá! — disse por fim, contornando a pilastra de modo parecer que voltava da saída de Áries para Touro, seguindo para o salão, arrumando o vestido levemente abarrotado.

Saga a observou se distanciar, aguardando momento em que a viu conversar com o garoto sobre ela estar tomando um sol, que nascera há poucos instantes e que já estava a guardar as ferramentas. Ela acompanhou Mu até uma sala mais aos fundos, permitindo a chance de Saga se retirar.

Ele seguiu rumo a Gêmeos, ofegante não pelo cansaço das escadarias, mas pela excitação do perigo em Áries pelo descuido de ambos e algo mais. Dispensou as servas, pedindo que preparasse um banho, frio, para seguir para o patrulhamento do dia.

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Selene estava na entrada da Casa e Áries, olhava para trás para o Grande templo às suas costas e para o alto, onde via as outras Casas Zodiacais, ditas jamais terem sido invadidas desde os tempos mitológicos. Voltou-se para fitá-los, abraçando o corpo como num frio repentino e observando-as como se estivesse em transe, até ouvir alguém chamá-la, assustando-se e encontrando Mu ao seu lado, observando-a intrigada e perguntando se estava tudo bem. Ela sorriu e fechou os olhos, mas devido a máscara que usava, ele não podia saber e apenas assentiu.

— Estou bem, não se preocupe. Estava apenas divagando... Temos dois Dourados, dois outros a serem sagrados, ou melhor dizendo... três! — disse ela se voltando para o amigo e irmão, mais novo, o Mu. Este sorriu, olhando em direção ao Monte do Zodíaco. — Tenho certeza de que será um grande cavaleiro Mu.

— Será mesmo? Imagine a responsabilidade que é herdar o legado do cavaleiro de Áries, hoje o Patriarca do Santuário, um sobrevivente da última Guerra Santa? — disse ele engolindo a seco, notório sua apreensão.

— Sim, eu imagino, e por isso está sendo preparado desde sempre para assumir isso e não vai decepcionar. — disse Selene, bagunçando os cabelos do irmão. — Mas, não é isso que está te preocupando no momento. Tem a ver com o que o Mestre Arles disse sobre meu treinamento, não é?

Mu expressou dizer algo, mas baixou a cabeça pensativo, como se não quisesse falar sobre aquilo. Foi um pedido do próprio mestre Arles que nada dissesse, mas ambos compartilhavam de tantos segredos desde sempre que o garoto se sentia culpado esconder algo daquela que considerava uma irmã. Soltou um suspiro, se voltando para ela, com os olhos correndo aos arredores.

— O mestre Arles ficou muito preocupado quando soube o que aconteceu e veio para Áries, pois foi para onde Mephisto a trouxe desacordada. Logo depois você começou a delirar, queimando de febre, ficou muito agitada, perturbada, Selene. — dizia ele com ar preocupante — Ele não saiu do seu lado, tentando acalmá-la. Até o Mestre Shion desceu do templo para ver seu estado.

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— O que eu estava dizendo, Mu? Disse que eu delirei a noite toda e o mestre Arles veio com isso de treinar de fechar a minha mente. — indagou Selene, também apreensiva.

— É um modo de falar. Nós, os lemurianos, temos a psicocinese nata, manifestando-se muito cedo, e pode desencadear em diferentes linhas como a telecinese, telepatia... — explicava o garoto fitando-a. — Mas existem alguns casos considerados muito raros, e talvez você tenha despertado isso e querem ensinar-lhe a lidar com isso. — continuou, medindo as palavras. — Mas, eles ainda querem entender como isso funciona com você e 'fechar a mente' é um modo de impedir que alguém usufrua dessa sua habilidade, que atue diretamente em sua mente. O treinamento será para aprender a trabalhar com as percepções. Não que a use quando bem quer, mas para que...

— Eu não enlouqueça com aquilo que posso ver. — completou Selene serenamente, baixando a cabeça e levando a mão à têmpora, caminhando, olhando mais uma vez para o Monte Zodiacal. Mu acompanhou seu olhar, intrigado. — E você vai me ajudar, ele disse.

— Não sozinho. Parece que outro aspirante a cavaleiro vai ajudá-la também. Parece que é mais que a mente que precisa tranquilizar, Selene. — Mu comentou aquilo apontando em direção à sexta Casa Zodiacal. Logo percebeu o estranhamento de Selene. — O seu nome é Shaka, chegou aqui pouco antes de você e fica limitado à Virgem, numa sala da qual só se permite ver se assim ele quiser. — comentou Mu, sorrindo. — Vamos alternar nosso treinamento, usando Áries e Virgem.

Selene assentiu, olhando mais uma vez para o Monte Zodiacal. Algo a perturbava, principalmente pelas imagens fantasmagóricas que se formavam nos templos zodiacais.