SEM RÓTULOS - welcome to my world

Não deixe o amor passar


Isabella levou Mike até o aeroporto para que ele pudesse se despedir de seus tios. Karen e Afton estavam voltando para o Brasil, mas de tarefa cumprida. Mesmo que não exatamente como eles tinham pensado que seria. Mas essa não era a graça da vida? Estar sempre em constante mutação? Às vezes, é necessário, sim, passar pelo período de lagarta, se você quiser ter asas lindas como uma borboleta. Isabella sentia que talvez suas asas não fossem tão intactas como gostaria, mas ela ficaria bem.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Os tios de Mike embarcaram para o Brasil com a promessa de voltarem. Agora, ao invés de “rachar” uma família, eles acabaram aumentando cada um a sua.

– Acho que isso é o que eu sempre sonhei, Bella, sem saber. – Mike olhava o avião decolar e Isabella passou o braço sobre o ombro dele.

– Vamos fazer tudo certo, agora. Você vai poder visitá-los quando quiser e vice-versa.

Mike não disse nada, mas o sorriso que abriu para a tia, dizia mais que tudo.

Renée entrou no quarto de Isabella sem bater, a porta estava entreaberta e ela estava ao computador. Já era a segunda caneca de leite maltado que ela pedia essa noite e Renée parou um pouco para observar a filha. Isabella estava com o cabelo amarrado no alto da cabeça, seu camisão branco, com o cogumelo Toad, parecia mais curto do que o habitual. Teria encolhido? Ou ela teria engordado um pouco? Renée até se sentia um pouco relapsa, vivia atarefada com seus eventos, suas entregas de doces e agora ainda por cima, namorando.

Depois do jogo e de toda a conversa com os tios paternos de Mike, no dia seguinte, no domingo, Renée não pode esperar mais e contou para Isabella o que tanto “procurava” na The Selection.

Não acredito que a senhora escondeu isso de mim, mãe!” – Foi o que Isabella dissera. Renée explicou que só oficializou o namoro no fim de semana que Isabella viajou com o Mike para o Brasil e depois quando ela voltou foi toda aquela avalanche, não queria trazer mais nenhuma novidade. Renée estava namorando um senhor que conhecera em um de seus eventos. Ele era viúvo e não perdeu tempo nos galanteios. Era pianista e tinha uma bela casa em Long Island.

– Algum problema, mãe? – Isabella sentiu o cheiro do leite maltado e se virou imaginando que sua mãe estaria ali, e estava. Parada, olhando para ela com uma cara esquisita.

Renée sacudiu a cabeça espantando pensamentos malucos e sorriu para a filha.

– Tome antes que esfrie. – ela entregou a caneca para Isabella. – Resolveu brincar de madrinha? – Renée perguntou brincando ao ver a página que estava aberta no computador.

– É uma página ótima! Tem tudo o que eu precisava saber! – Isabella ajeitou os óculos e sorriu. – Vou fazer uma grande surpresa para a Jane!

– Tem certeza de que ela vai gostar dessas coisas aí?

– Ela vai comigo amanhã para o evento em Pensilvânia. Vou aproveitar para extrair algumas informações sobre os gostos dela. Vai dar certo. – Isabella parecia animada.

– E a entrevista de emprego que você comentou, é quando?

– Na segunda. Não vamos ficar lá, mãe. O evento é de dia. Pretendo voltar antes de escurecer.

– Hum. Entendi. – Renée se perdeu olhando para a filha novamente. Tinha algo de diferente nela, mas o que seria? Não era o cabelo, Isabella parara de pintar as pontas do cabelo de cores exóticas fazia uns anos. Seu cabelo estava na cor natural. O óculos era um dos que ela vivia usando, esse era o “pretinho básico”, um óculos enorme arredondado cheio de pontos de interrogação. “É do Charada!”, Isabella lhe disse uma vez.

– Mãe?

– O quê?!

– Quer me dizer alguma coisa? – Isabella girou-se na cadeira para encarar a mãe de volta.

– Eu? Não! Que coisa, menina. – Renée falou, mas parou de repente. – Você está bem? Está sentindo algo? Quer mais alguma coisa?

Isabella sorriu.

– Se isso tudo é porque hoje à noite é do senhor Gilbert, pode ir namorar despreocupada! – brincou.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Ora, essa! Respeite sua mãe. Menina! – Renée deu uns tapinhas na filha e saiu rindo.

Isabella ainda manteve o sorriso, mas ao se virar para a tela do computador, seu semblante caiu. A forma como sua mãe disse “menina” a fez lembrar de Edward e todo seu corpo estremeceu de... saudade. Os sonhos loucos continuavam. Ela passou a mão esfregando o braço que se arrepiara só de lembrar. Em um, Edward era o He-Man, no outro ele foi o Batman e ela a Mulher Gato. No último, ele era o Tarzan e ela a Jane. “Macacos me mordam!” Ela apoiou a cabeça na mão e ficou esfregando a testa na palma da mão. Mas isso não a faria esquecer Edward e nem seus sonhos loucos realistas.

Ela não tivera mais contato com Edward depois de sábado. Se ele quisesse falar comigo, teria falado. Era o que ela pensava. Mas ela também não teve muito tempo para pensar sobre isso nesses últimos dias, Jane a ocupou todos os dias da semana, o dia todo. “Depois que você começar a trabalhar, não terá tempo pra mim! Tenho que aproveitar minha madrinha enquanto posso!” E com essa fala, ela arrastava Isabella para todos os lugares de compras de Nova Iorque.

Eram roupas, sapatos, bolsas, e principalmente, artigos de casamento. Viram convites, provaram doces, bolos, bebidas. Até vestidos de noiva e de madrinhas, claro, experimentaram. Decidiram sobre flores, ornamentações e buquês. Isabella dizia que agora mais que nunca ela jamais iria se casar na igreja, quanto trabalho! Estavam a apenas dois meses do casamento. Jane se casaria no dia 28 de dezembro, entre o Natal e o Ano Novo. “Quero terminar 2002 casada!” – ela dizia.

Isabella deu a última olhada no site de casamento e desligou o computador. “Isabella, você agora tem uma missão: Ser a melhor madrinha de casamento que sua melhor amiga merece. E ponto final”. Uma pausa apenas para o evento de amanhã, mas até isso faria parte da missão.

Ao deitar, Isabella pediu aos céus que não tivesse nenhum sonho louco, sempre acordava se sentindo estranha, o corpo parecia pesado, o estômago continuava a doer, uma azia. Precisava ir ao gastro de uma vez por todas e tratar essa gastrite. Mas o pavor de fazer aquele exame chato sempre a fazia deixar a consulta para depois. Segunda... Segunda, pela manhã, antes de ir para a entrevista de emprego ela marcaria o médico. Sem falta!

***

– Olha isso! – Jane apontou fazendo a cara de espanto mais engraçada que Isabella já vira.

– É o Pacman, Jane! E está perfeito! – Isabella falou rindo e o homem vestido de Pacman abaixou agradecendo.

– Não, para. Cruzes! Vir para um lugar vestido dessa maneira? E como ele faz para ir ao banheiro?

– Ele tira a roupa, oras!

Jane fez uma careta e continuou andando pelo corredor abarrotado de gente.

– É barato comprar vídeo game aqui?

– Não. Alguns jogos, sim. Mas os baratos sempre são usados. Às vezes estão bugados...

– Bug... o quê?

– Bug, Jane, defeito, algum tipo de problema que causa mal funcionamento. Essas coisas. – Isabella sorriu para a amiga e Jane olhou de volta se sentindo ela a “estranha” naquele lugar.

Porém, ver que Isabella estava bem, sorrindo, e se divertindo, era o que importava. Mas ainda faltava uma coisa...

– Olha, Bella, eu vou lá ver se o Aro resolveu parar em alguma barraquinha de jogos de corrida e esqueceu minha bebida.

– Vou com você...

– Não! – Jane sorriu ao ver Isabella se assustar com seu leve gritinho. – Você fica aqui, nesse... – Jane olhou em volta, mas ela sabia exatamente onde deveria apontar. – Ali! Naquele vão ali, perto daquela barraca grande com aqueles balões de planetas.

– Você não vai se perder?

– Se você me esperar exatamente paradinha ali, não. Como não vou ver aqueles balões horrorosos? – fez uma careta e depois sorriu. – Fique ali, vou buscar o Aro e volto num segundo. Ok? Não saia dali em hipótese alguma!

– Ok, ok! – Isabella levantou as mãos como se rendendo. – Estarei ali. Não demore. – ela piscou e foi caminhando para onde Jane falara.

Jane ainda ficou um tempinho olhando para ver se Isabella iria parar no lugar certo e assim que a amiga parou, ela abriu um largo sorriso e pegou o celular. “Agora é com você”. – Jane respirou fundo e foi ao encontro de Aro.

Isabella se distraiu olhando a barraca dos balões. Era uma barraca de lembranças e logo ela começou a escolher entre botons, enfeites e bonés. Nem percebeu a movimentação das pessoas que abriam espaço no vão, se chegando para os cantos.

– Ai! – Isabella reclamou com alguém que pisara no seu pé, mas ao olhar para a pessoa, viu que esta, nem se dera conta de ter pisado em seu pé, estava mais interessada em olhar para o alto. Aliás, Isabella olhou ao redor, estavam todos olhando para o alto.

Um homem todo de preto, inclusive de touca ninja, descia do segundo andar, estilo Tom Cruise em “Missão Impossível”, pendurado por uma corda de aço. Isabella ficou maravilhada com aquela apresentação, devia ser algum tipo de promoção ou propaganda de algum jogo. Todos apontavam e flashes explodiam de pessoas que começaram a tirar fotos do homem, e até a gravarem. “Sensacional” – Bella pensou.

O homem descia com os braços abertos e apesar da claridade que vinha do teto de acrílico, Isabella viu que tinha algumas pessoas, lá em cima, fazendo aquilo funcionar, deveriam estar segurando alguma máquina que rolasse o cabo de aço. Ela ainda estava tentando descobrir o que era, quando o homem começou a falar. Ele estava todo de preto, ela nem percebeu que tinha um microfone na sua lapela.

– Não deixe o amor passar. – ele disse.

Isabella parou de sorrir. Olhou mais atenta para o homem. Ela estava louca, ou ele dissera mesmo aquela frase em português? E ainda por cima com a voz do...

– Edward?! – ela murmurou em espanto, quando ele puxou a toca ninja e foi se endireitando para ficar de pé.

Ele fez um sinal para que esperassem ele falar e continuou, sem ser interrompido:

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer

seu coração parar de funcionar por alguns segundos,

preste atenção: pode ser a pessoa

mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e neste momento,

houver o mesmo brilho intenso entre eles,

fique alerta: pode ser a pessoa que você está

esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo

for apaixonante, e os olhos se encherem

d'água neste momento, perceba

existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia

for essa pessoa, se a vontade de ficar

juntos chegar a apertar o coração, agradeça:

Alguém do céu te mandou

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

um presente divino: o Amor

Se um dia tiverem que pedir perdão um

ao outro por algum motivo e, em troca,

receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos

e os gestos valerem mais que mil palavras,

entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste,

se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa

sofrer o seu sofrimento, chorar as suas

lágrimas e enxugá-las com ternura, que

coisa maravilhosa: você poderá contar

com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir

o cheiro da pessoa como

se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,

mesmo ela estando de pijamas velhos,

chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar o dia todo,

ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira

nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra

envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção

que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver

a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes

na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção

nesses sinais, deixam o amor passar,

sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

É o livre arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.

Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem

cego para a melhor coisa da vida: o Amor!

– Carlos Drummond de Andrade.

As pessoas aplaudiram e assoviavam. Algumas estavam chorando. Isabella sabia que era poesia, e mesmo ele tendo dito ela toda em português, poesia não é para ser entendida, é para ser sentida. E todos sentiram, principalmente ela. Foi então que a música instrumental de fundo aumentou e ela se lembrou da música que Edward cantou para ela na nave, a música brasileira “Bobo” de Leandro e Leonardo.

– Bella, eu poderia te dizer tantas coisas, mas se o seu sentimento for igual ao meu, igual, porque maior é impossível. – ele já começara a falar em inglês e todos riram nessa hora – As palavras de Drummond disseram tudo por mim. Então... – Edward vasculhou o bolso e fez uma careta não encontrando o que procurava.

– Aqui! – Jane apareceu sorrindo, trazendo uma caixinha de metal dourada na mão. – Eu também queria fazer uma surpresa! – ela piscou.

Edward franziu o cenho sem entender, ele havia pedido a Jane que colocasse seu anelzinho de fios, feito por sua sobrinha, em um dos bolsos do macacão que ele usaria. Mas quando ele abriu a caixinha, estavam os dois aneizinhos de fios. Edward sorriu. Jane conseguira “roubar” o anel de Isabella também.

– Bem, como eu ia dizendo. – Edward soltou-se do cabo de aço e foi até Isabella. – Isabella Swan, aceita se casar comigo, de novo?

Isabella desviou os olhos dos olhos de Edward para olhar para a caixinha aberta nas mãos dele. O seu anelzinho, que ela até chorara essa semana por achar que tinha perdido, estava ali. Ela olhou para Jane que estava abraçada a Aro do outro lado do vão e sacudiu a cabeça, incrédula. Lágrimas escorriam pelo seu rosto involuntariamente. Ela ergueu o olhar para Edward e engoliu antes de falar. Edward já estava respirando com dificuldade tamanha era a demora de Isabella se manifestar, de dizer ou fazer alguma coisa.

– Edward, eu... – Isabella deu um passo até ele e caiu nos seus braços.

Edward sorriu, mas algo estava errado. Ele segurou Isabella e quando viu que ela estava mole, ficou branco.

– Meu Deus do céu, ela desmaiou! Alguém me ajuda!