SAVE-ME GIRL

Capítulo 3-Os prodígios


Muito tempo atrás.

Mitsuri Sakama

Pessoas vem e vão todos os dias nas nossas vidas, é algo normal. Mas em momentos certos na vida, Deus põe você no local certo para encontrar as pessoas certas.

eu estava no local certo e no momento certo.

Dia 12/05/2000, às 23:00 horas de uma noite chuvosa. Eu estava passando na frente de um beco escuro em busan quando ouvi um choro baixo, na época eu estava a paisana. Olhei para os lados e respirei fundo ao pegar o celular e por a lanterna, entrando no local.

Foi um dos dias mais emocionantes da minha vida.

Tinham duas crianças em duas caixas. Não tinha ninguém ali perto, somente os dois. Era um menino e uma menina.

O menino parecia ser bem mais velho, talvez uns dois anos de idade e a menina parecia recém nascida. Quem chorava era ele, ela estava parada...parecia que nem estava viva.

Naquela noite eu os levei para o pronto socorro, ela estava com um problema enorme e ele estava desidratado.

Eu me senti como nunca tinha me sentido antes, doía ver aquelas crianças daquela forma. Mataria a(o) infeliz que tinha feito aquilo com aquelas duas crianças.

O tempo tinha se passado e a cada dia eu me encontrava mais encantada com aquelas duas crianças. A menina já estava bem melhor, ela sorriu pra mim e eu fiquei boba o resto do dia.

Procurei os pais deles, não tinha nada...nenhuma queixa e nenhum pedido de busca. Eles não tinham nada, infelizmente.

Depois de muito tempo lutando, consegui adotar os dois com a ajuda de meu irmão, que Deus o tenha. Na caixa eu tinha achado dois colares pequenos, um tinha o nome Amanda atrás de um pingente de esmeralda e o outro tinha o nome Marcelo atrás de um pingente de rubi.

E os nomes foram esses.

Amanda e Marcelo Leal S.

Por que Leal? Independente de qualquer coisa , eles não se separavam. Isso eu tinha percebido na época do hospital.

Eram nomes tão diferentes e ao mesmo tempo tão bonitos.

Quando eu fui convocada para fazer parte da Companhia secreta, os levei comigo. Eles seriam os melhores, dois agente mirins.

Os dois treinaram dia após dia, sem descansar e se tornaram os melhores da base.

Eu não podia ser mais orgulhosa dos meus dois prodígios.

Atualmente

Ando pela base, vendo alguns cientistas correndo animados. Me apoio nas barras de ferro e olho para baixo, os vendo correndo de um lado para o outro, com Isobell no meio daquilo tudo.

Rio fraco os olhando.

—Mitsuri, sabia que é feio bisbilhotar?- vejo Isie falando e dou risada.

—Isobell Halkins, saiba que eu não estou fazendo isso. Que correria toda é essa?


—Estamos organizando tudo para a missão. Lyunn! Cadê os exames dos agentes?- Perguntou a moça e eu fitei a pequena cientista que arrumava o óculos no rosto.

—B-bom Dia, Mitsuri.- Falou e eu sorri enquanto ia em direção às escadas.- Todos os agentes que foram selecionados estão em perfeita forma e saúde, tirando a Amanda que está um pouco abaixo do peso ideal mas é como Marcelo diz, quanto menos massa mais aerodinâmica.- Deu risada e respirou fundo.- Estão aqui os exames.- Me entregou a prancheta e eu sorri avaliando tudo.

—Para quem vive sentado na frente de um telão, monitorando tudo. Até que está em bom estado, Isie.- Comento a provocando, vendo Lyunn prender a risada.- Onde está Aurora?

—Foi para a capital faz tempo, já deve estar cuidando de tudo para o centro de pesquisa.- Lyunn Falou.- Uh..Mitsuri, poderíamos conversar a sós um minuto?-Perguntou arrumando o óculos redondinho no rosto.

Sorri a encarando e concordei.

—Isie, por favor traga os meus meninos para cá, preciso deles comigo. Vamos para minha sala Lyunn.- Peço passando a mão sobre o ombro dela.

(...)

Encaro a cientista por cima do óculos e cruzo os braços.

—Então você quer ir para a capital com os agentes?-Pergunto vendo ela se encolher na cadeira.

Por dentro eu estava me acabando de rir. Lyunn, assim como Amanda e Marcelo, nunca tinha pisado o pé fora dessa base. Nem sabia como eram as coisas no mundo lá fora, ela chegar pra mim toda envergonhada e pedir algo desse nível deve ter rendido em noites ensaiando. Sorri para ela vendo a mesma se acalmar.

—Eu ia pedir que fosse, criança.- Digo a olhando e ela me olhou incrédula.- Preciso que cuide das minhas jóias por mim, se aqueles dois conhecerem fast food o problema vai ser enorme.- Massageio as têmporas ao imaginar o que poderia acontecer.- preciso que os deixe em forma e que me deixe informada.

—Não vai os privar de ter uma vida normal...ou vai?-Perguntou e eu neguei fraco a olhando.

—Mas preciso controlar, sabe muito bem que na cabeça deles o mundo é uma coisa que na verdade é totalmente o contrário.

Ela sorriu fraco e se levantou.

—Tudo bem...eu vou indo. Obrigada, Mitsuri. Obrigada mesmo.- Falou e se retirou da sala, me deixando pensativa.

Aqueles dois poderiam me dar um problema gigante.

Amanda Leal.

Desvio do golpe que meu irmão tinha dado, indo para trás.

—Melhorou depois da última vez.- Ele sorriu e eu andei para frente. Soco em direção ao seu rosto, vendo ele se abaixar e tentar me dar uma rasteira. Coisa que não funcionou porque eu sei pular.

—Hey!- Marcelo se virou, ao ouvir a voz de sua querida e amada Isie.

Lerdo.

Chuto suas costas e me assusto quando o mesmo me derruba no chão, me imobilizando.

—Ainda sou seu irmão mais velho, te conheço com a palma da mão.- Falou me olhando e eu o olhei com tédio.- Seja menos previsível.

—Seja menos idiota apaixonado pela Isobell, seu tapado.- Respondo e o rosto dele fica vermelho. - Venci idiota.

Meu irmão caía do morro por essa mulher e o pior que eles já tinham se beijado, mas o que a mula fez?Nada!. Era frustrante segurar vela para os dois.
—Faz o teu papel de vela e se acende.- Falou e eu sorri encarando a mulher que chegava.

—Oi cunhada.- Falei e a cara dela ficou vermelha.

Um belo dia para causar a discórdia entre duas pessoas que não se assumem.

— O-Olá Amanda, Marcelo.- Até a forma que ela pronuncia o nome dele é patética. Credo…- Mitsuri mandou os chamar.

—Yahoo!- Me levanto e os vejo me olharem.- Estou esperando os dois lá dentro.

Me viro e ri baixo enquanto ando em direção ao centro de controle.

Essa era um pouquinho da nossa vida rotineira. Todos os dias, treinar, monitorar, lutar, dormir.

Essa era a rotina do dia a dia de cada um de nós do centro. Todos nós deveríamos estar em forma e em alerta, nunca saberíamos se teria ataque ou algo do tipo.

Passo correndo pelo corredor, ouvindo alguns cientistas que brincavam comigo. Eu era a mais nova do sistema inteiro, era normal aguentar as pessoas me tratando daquele jeito e no final até que era bom.

—Amandinha!- Sook me chamou e eu parei, virando pra ela. Sorri quando a mesma me deu um pirulito e depois acenei. Me assustei quando esbarraram em mim e fitei Jung Lee, um cara bem alto e bem forte.

Ele era um doce de pessoa, só que era um pouco bruto nos carinhos. Me encolho e ele dá duas batidinhas no topo da minha cabeça.

—Bom dia, Amanda.- Falou e eu sorri o olhando.

—Bom dia.- Falei e pus o pirulito na boca, girando o pé e voltando a correr. Tinha que chegar logo na sala da Mitsuri.

Ainda acho um caminho alternativo porque todos os dias tem esse problema.

—Amanda não corra!

—Amanda!Cuidado!

—Meu Deus!

Paro no inicio da escada e encaro eles depois me viro, dando risada.

Subo as escadas rapidamente e senti o pé escorregar do degrau. Ia ser uma queda muito linda de ser vista se não fosse por um anjo segurar a minha mão.

—Amanda, já é a terceira vez essa semana.- Lyunn falou e eu sorri me ajeitando.- Anda desastrada demais esses dias, devo me preocupar?-Me olhou por cima do óculos e eu neguei.

—Só ando ansiosa, a primeira missão da minha vida que vai ser fora daqui, sabe como é.- Soquei seu ombro e ela reclamou.

Lyunn era como um papel fino, ela não tinha a mínima resistência a dor.

—Vá com calma, se continuar assim a primeira missão vai ser sobreviver dentro do seu próprio corpo.

— Lyunn, sabe como ela é- Escuto Marcelo falar e sorri quando ele jogou o braço sobre meu ombro.- O espírito que tem nesse corpo é indomável, já conversamos sobre isso.

—O termo correto é espectro.- Ela disse com tédio.

—Que seja, sabe que a força dela é maior que a capacidade do corpo, por isso ela ainda está se habituando ao corpo que possui. Chegou as substâncias que você queria.- Falou e ela sorriu descendo as escadas rapidamente.- Nota mental, achar um namorado pra Lyunn.-Falou e eu concordei, subindo as escadas.

—Beijou?

—Amanda, se controla.- Ele mandou e eu gargalhei- E não, infelizmente não.- Disse e eu o olhei perplexa- Tá achando que isso aqui é filme?Não sou um galã não, meu bem.

—Um filme bem enjoativo para ser sincera.- Reclamo e ele me olha com cara de poucos amigos.-Queria eu estar mentindo. Se arruma, você tá fedendo.- O olho de cima abaixo e nego, arrumando a roupa dele.

—Você também tá fedendo, depois daqui a gente vai tomar um banho bem demorado.-Falou e arrumou meus cabelos.- Você tem que dar um jeito de prender esses cabelos.

—A senhora smith não prendeu.- Rebato enquanto ando em direção a porta da sala.

—Tu é a Angelina Jolie por acaso?-Perguntou e eu dei o dedo do meio pra ele.- Hey!

—Cala a boca.- Mando o olhando e levanto a mão para bater na porta, me assustando quando Mitsuri a abriu de uma vez.

—Estão atrasados, entrem.- Mandou e eu encarei meu irmão depois neguei fraco ao entrar.

—Eu ainda descubro como ela faz isso.- O escuto e concordo fraco.

—Como as minhas crianças se saíram hoje?-Perguntou indo se sentar e eu me escorei na mesa dela.

—Eu tô cansada.- Falo a olhando e sorri- O Marcelo fica babando pela Isobell e não presta atenção.

—Marcelo?-Mitsuri cruzou os braços e ele me olhou com cara de que fosse me matar.- Justo, tem que namorar mesmo. Amanda meu anjo que coisa é essa de estar abaixo do peso?

Me sento na cadeira que tinha ali e a encaro.

—Não tô conseguindo comer.- Respondo a olhando.

—Marcelo.- Mitsuri o olha.

—Ela não consegue dormir porque está ansiosa, aliás todos estamos.- Falou e se sentou na cadeira do meu lado, beijando a minha cabeça e me abraçando.

—Eu entendo como é, mas sabem que é um assunto sério e eu confiei isso a vocês dois porque são meus prodígios, a questão é que eu não quero vocês encantados com o mundo exterior.

—Não vamos.- Falei a olhando.- Estivemos pesquisando bastante sobre o caso, Aurora me mandou ontem de madrugada os relatórios escaneados, eu os revisei com o Marcelo e eu já tenho uma teoria.

—Qual seria essa teoria, Menina prodígio?-Mitsuri perguntou apoiando o rosto sobre a mão e me encarando atenta.

—Tipo, se levarmos em consideração que a capital é um local cheio de gente rica e gente importante, pegar o mapa e ver onde as vítimas moravam tem sentido.- Falo me levantando e olho marcelo.- Puxa a Lousa pra mim?

Ele concordou pegando uma lousa que tinha na sala e a puxando para o meio. Desenho de forma rápida um diamante.

—Aqui são os morato, aqui os akira, os kim e os lee.-Falo e depois faço outro diamante dentro do anterior.-Ela não sai fazendo ataques em casas aleatórias, cada família que fica no ínicio do diamante é alguém envolvido com a política. Nesse outro ponto, as famílias são empresários, o final do diamante também são políticos e no outro ponto são empresários também.

—Mas espera, como você sabe disso?-Perguntou Mitsuri.

—Pesquisamos quem foi cada pessoa assassinada, todos são assim. Não é coincidência por que esse desenho que a Amanda fez já se fechou várias vezes no mapa.

—sete vezes para ser mais exata.- Falo olhando Mitsuri.- Não são políticos qualquer, os políticos normais são os que ficam no centro, na zona de classe alta...assim que fala?-Pergunto pro meu irmão que deu os ombros.- Enfim, esses políticos são os que somente moram aqui mas não tem nenhum envolvimento com a cidade em si. Coisa que é estranha por que o correto seria o político morar na sua respectiva cidade ou local de trabalho, mas eu não tenho nada a ver com isso. A questão é que esses políticos não são nem registrados nas casas, o que me leva a pensar que estariam morando aqui escondido?

—Corrupção querida- Mitsuri falou.

—Que seja, o que leva ao fato de que a tal da….-estalo os dedos para Marcelo.

—Sophie.

—Sophie esteja sendo contratada para matar pessoas erradas de acordo com a sociedade, então quem está por trás dela tem que saber exatamente onde cada um mora e saber exatamente o que cada um faz, isso que é o problema.

—Problema?-Mitsuri perguntou me olhando.

—Sim!-Exclamo a olhando.- Se essa pessoa sabe quem deve mandar matar e a gente não tem uma pista certa, ela vai conseguir matar muita gente ainda.

—Ok, mas esse circuito ai não se fecha dentro dele mesmo?-Perguntou e eu nego.

—Temos quatro distritos na cidade se tirar o centro. Em cada distrito desse se fechou duas vezes, a questão é que o último circuito a ser fechado foi no Sul, mas já tinham se fechado dois lá, na teoria os ataques deveriam acontecer no centro, e esse último ataque se inverteu as posições e para piorar tudo, não se fechou dentro dos dois últimos.

—Tá querendo dizer que a pessoa por trás disso está invertendo tudo para confundir a gente?

—Ou a polícia.

—A polícia do distrito norte ficou com a maior responsabilidade nesse caso mas eles não fazem nada.- Disse Mitsuri tirando o óculos.- Sua teoria é ótima. Explicaria bastante coisa, a única coisa que ela não explica é o que esses empresários específicos tem a ver com os políticos em questão.- Suspirou e massageou as têmporas.- Todos os dias eu tenho a prova de que não foi um erro ter achado vocês dois, tudo bem crianças, saímos ao entardecer. Vão descansar, estão liberados do monitoramento hoje.

Sorri encarando marcelo e corri a abraçando pela cintura.
—Obrigada Mitsuri.- Beijo a bochecha dela e sorrio ao ver Marcelo fazer o mesmo. Me retiro da sala e sorri animada, vendo meu irmão me acompanhar.- Isso podia ficar melhor?

—Rap proibido na sala 12.- Falou e eu sorri animada o olhando.

—SE EU OUVIR MÚSICA DE DROGADOS DENTRO DESSE TERRITÓRIO, OS DOIS VÃO SE ARREPENDER!.-Mitsuri gritou de sua sala e bateu a porta com tudo.

Ela odiava rap, dizia que endeusava as drogas e o sexo. Mas é tão bom.

—A gente escuta nos mp3-Piscou pra mim e eu sorri, o acompanhando.

Nunca estive tão animada com isso tudo. Primeira vez saindo da base, minha primeira missão de verdade do lado do meu irmão. Tudo era tão….perfeito.