SAVE-ME GIRL

Capítulo 15- Qual é a verdade?


Lyunn Wang

Sorrio envergonhada, encarando o oficial que havia se levantado e estendido a mão para mim. Mordi o lábio e relaxei os ombros, aceitando sua ajuda. Passo a mão sobre meu jaleco e o encaro.

—Obrigada, oficial.- Falo e ando em direção ao telão.- O que aconteceu no acidente?-Pergunto enquanto pego a prancheta, vendo algumas análises.

—Eles foram encurralados em um beco, Jungkook levou um tiro e ela uma pancada na nuca, mas eles já estão bem.- Ele falou e eu concordei levemente com a cabeça.- Não me parece preocupada.

—Não estou.- Respondi simples e o olhei.- Se fosse qualquer um, eu ficaria bem mais preocupada. Mas vindo da Amanda...Eu confio no potencial da minha prodígio.- Falei e sorri fraco.

—Queria poder dizer o mesmo do Delegado.- Ele falou e eu cruzei os braços, franzindo o cenho.

—Olha, sem querer ser inconveniente mas já sendo...Qual é o problema com o delegado?-Pergunto e ele sorri fraco, se aproximando lentamente.

—Diferente de você e da Amanda, ele não trabalha. E quando acontece o milagre dele sair daqui, esse tipo de coisa acontece.- Ele falou e eu dei risada.

—Na verdade, oficial…-Me aproximo lentamente dele e paro na sua frente, o olhando nos olhos.- Eu posso até estar enganada, coisa que é muito difícil de acontecer, mas eu acho que talvez...o problema não seja ele ou...talvez não seja somente ele.- Falo o encarando e ele respira fundo, soltando o ar pela boca que estava entreaberta, me fazendo sentir o cheiro mentolado. Sorrio de lado e estreito os olhos.- Tente ver de outra maneira, por favor.- Peço o encarando e ele me olha por um tempo, depois concorda levemente com a cabeça.- Está com o colete aberto, oficial.

Me afasto dele e volto para o computador.

—Era só isso que queria?-Perguntei o encarando e ele concordou levemente com a cabeça, saindo do local.

Começo a rir sozinha, negando com a cabeça.

É cada coisa que eu sou obrigada a ver e ouvir que às vezes parece que alguém lá de cima está de brincadeira com a minha cara.

Escuto a trava da porta do galpão se fechar e viro a cabeça na direção do som, vendo a garota parada ali, me olhando com cara de choro.

—Amanda?-Pergunto e me levanto da cadeira lentamente, indo em sua direção.

Ela fungou, andando na minha direção e me abraçando. A abraço de volta e começo a fazer carinho em seus cabelos.

—Hey...O que aconteceu?

{...}

Limpo seu rosto e respiro fundo, me sentando atrás dela, começando a mexer em seu cabelo.

—Lyunn?-Perguntou

—Eu?-Respondo de volta enquanto começava a trançar seu cabelo.

—Qual é a verdade?-Perguntou e eu franzi o cenho, largando o seu cabelo. Ela se virou para mim e continuou.- Qual é a grande verdade por trás disso tudo?

—Como assim, Amanda?-Pergunto a encarando.

Ela se levantou e começou a andar devagar pelo local.

—Desde que eu me entendo por gente fui criada para salvar as pessoas. Fui treinada e disciplinada em cima da regra: Essa profissão é um risco ocupacional, se você quer salvar as pessoas, esteja de acordo com esse risco.- Falou e me olhou- Eu sempre estive de acordo com as diretrizes da nossa companhia e no final de tudo….

Respirou fundo e negou com a cabeça, voltando a andar.

—Não tem o menor sentido.

—Olha, se você levar ao pé da letra tudo que a Mitsuri fala, vai por mim, o resultado final disso é loucura.- Falo a encarando e me levanto.- Tudo bem, eu entendo que o delegado possa ser um...incompetente, mas falar que a vida dele não vale a pena, isso é maldade.- Falei e ela me olhou por cima do ombro.

—Você tá defendendo ele?

—E você não tá?-Pergunto a encarando e cruzo os braços.- Amanda Leal, a sua vida não vale nada e você não merece viver.-Falo e ela me olha por um tempo.- Viu?-Pergunto e ela respirou fundo, olhando para frente.- A questão não é o delegado em si, a questão é que a proporção da arrogância e do egoísmo está saindo do limite, ninguém aqui tem o direito de falar uma coisa dessas.

Ela para por um tempo e depois me olha.

—Eu posso até ter as minhas dúvidas sobre a existência do ser divino no qual você e a Mitsuri acreditam...Mas uma coisa eu sei, de acordo com a religião de vocês, esse sentimento faz muito mal e ninguém vai chegar a lugar nenhum se não se respeitar.

Ela se sentou novamente e me fitou com atenção.

—Eu não sou arrogante e egoísta.

—Todos nós somos, só que tá passando do limite.- Falo e me sento ao seu lado.- Amanda, da mesma forma que você não gosta dele ou deles, eu também não gosto. Mas eu não sei quanto tempo eu vou ficar aqui, não tem sentido procurar briga com essas pessoas, isso vai virar um inferno.

—Ele é insuportável, arrogante, metido…

—Mas ele tentou te defender.- Falei e ela parou de falar.- Amanda, eu não gosto dele também, sinceramente eu acho que ele não está fazendo nada, eu também penso o mesmo que vocês. Mas como a Mitsuri ama esfregar na nossa cara, todos merecem uma nova chance. Você e o Marcelo são a prova viva disso.- Ela me olhou e franziu o cenho- Eu não preciso lembrar do passado de vocês para saber do que eu estou falando.

Ficamos em silêncio por um tempo e eu respiro cansada, tirando o óculos e massageando as pálpebras, o ponho novamente e pego na mão da mais nova, entrelaçando com a minha. Sinto ela encostar a cabeça no meu ombro e relaxo o corpo.

—Eu sei que tá sendo difícil, Amanda.- Falo e vejo Marcelo parado na batente da porta do galpão, nos encarando.- A gente vai dar um jeito.

—Qual é a verdade disso tudo?-Perguntou novamente e me olhou.

—Até a ciência que tem métodos para a busca do conhecimento, esse processo não garante que chegamos a algo tão absoluto para chamarmos de verdade.- Falo e passo a mão em seus fios.- Isso é algo que vem daqui- bato levemente em sua cabeça e sorrio fraco- e daqui- pego sua mão e ponho em cima do seu peito.- Se você acha que a verdade e a razão é salvar vidas, eu não vou negar. Mas isso é individual, cada um tem a sua verdade.

Ela olhou para o chão e depois ergueu a cabeça, vendo o irmão na porta.

—Obrigada, Lyunn.- Falou e eu concordei fraco, me levantando.- Tava aonde, idiota?-Perguntou se levantando e indo até o irmão, que a abraçou forte, a tirando do chão.

—Tava treinando e me avisaram, fiquei preocupado- falou e beijou a cabeça da mais nova a pondo de volta ao chão.- Tá tudo bem?

—Só uma leve dor de cabeça- Falou e deu os ombros.

—Ótimo, porque nós dois vamos almoçar juntos. Lyunn quer vir?-Ele perguntou e eu neguei com a cabeça.- Tu vai voar se seguir assim.- Falou e eu dei os ombros.- Vamos, Amanda.

—Eu….-ela me olhou por um tempo e depois o olhou- Eu preciso fazer uma coisa primeiro.

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