Ruquinha!

Pensa, Lily, pensa!


Resolvi beber água, de tanto rodar pela escola acabei ficando com sede. Lá estava eu, linda e maravilhosa, andando pelo pátio, quando me deparo com o Luca sozinho bebendo água. Só de lembrar o que aconteceu hoje cedo fico envergonhada. Eu sou muito idiota por ter desmaiado daquela forma na frente dele. E eu gaguejei! Caramba, eu sou muito sonsa. Sério, acho que ganho da Miranda e do Alan no quesito idiotice. Ou talvez não... Aqueles dois são idiotas de mais. Mas de verdade, o Luca deve estar me achando uma completa estranha.
Ok, o que eu faço?
Antes que alguém resolva responder, eu deduzo que seja continuar andando. Certo, certo, certo. Nada de pânico. É só andar... Vão pernas, andem! Estou mandando vocês andarem, me obedeçam! Ai Jesus amado, elas não querem andar... Será que posso dar meia-volta e depois sair correndo?
— Você vai parecer mais retardada ainda, a minha consciência respondeu.
— Mas eu não vou conseguir conversar com ele... — respondi-a.
— Por quê?
— Porque vou morrer de vergonha assim que ele olhar pra mim.
— Isso não é motivo para fugir.
— Eu devo estar feia também. Seria melhor conversar com ele quando eu estivesse linda e maravilhosa, assim ele iria se apaixonar por mim rapidamente.
— Pare de inventar desculpas, você quer fugir.
— Mas o que você quer que eu faça?
— Quero que você o beije.
— Você tá louca?! Jamais irei fazer isso!
— Por quê?
— Porque... porque... porque fazer isso é impossível para mim. E, além disso, ele vai me achar oferecida.
— Talvez... Mas ele pode gostar do seu beijo, e, então, se apaixonar por você.
— Você está louca. Definitivamente louca.
— Não se esqueça que eu sou você, consequentemente, você também é louca.
— Sempre soube que eu era louca, você sabe disso.
— Ah, sim. Voltando... Ele pode te pedir em namoro.
— Mas não vai.
— Seja otimista.
— Seja realista.
— Desde quando você é a realista aqui?
— Desde agora.
Olhei para frente e vi o Luca se aproximar.
— Oi? Tudo bem?
— Eu...
Aaai deus, por favor, me ajude! Eu não quero desmaiar de novo. Por favor, por favor, por favor!
— Lily?
— Você... sabe meu nome? — senti minha face queimar.
— Somos da mesma sala, sabia? — ele sorriu.
— Ahn... sim, Luca.
Fiquei feliz em saber que ele sabe o meu nome, que sabe que eu existo.
— Então, você está bem?
— Sim.
— Que bom, mas você está muito vermelha... — comentou, e percebi que ele ficou um pouco aliviado com a minha resposta.
— É normal. — falei rápido.
— Hum... Você me empresta o livro de física na aula do professor Carlos? — ele perguntou.
— Claro — respondi, tentando não piscar os olhos. Preciso gravar esse momento na minha memória para sempre!
— Sério que você está bem? Não quer voltar para enfermaria? — e então ele colocou suas mãos em meus ombros. Ele me tocou...
Minhas pernas ficaram bambas. Deusa santíssima, acho que agora desmaio. Fiquei calada olhando para a parede, por cima do ombro dele.
— Oi? Lily? Você está aí? — perguntou.
— Não... Tô na China — respondi automaticamente.
— Engraçadinha — ele riu. Meu Deus, ele riu! E foi por minha causa. — Vai fazer o que agora?
— Beber água.
— E depois? — perguntou, ficando levemente corado.
— Ainda não sei — estranhei, por que ele ficou vermelho?
— Posso... Han... Ficar com você? — ele perguntou, encarando o chão.
O que está acontecendo aqui?
— Oi? Como assim? — perguntei, dando um passo para trás.
— Posso ficar andando com você? Não estou a fim de assistir a aula de história — respondeu, passando a mão no cabelo.
— Han? Mas eu sou mais chata e entediante que uma aula de história... — avisei, olhando para ele.
Que menino perfeito!
— Só você que acha... — retrucou, e sorriu levemente.
— Han... Tá ok. Você pode andar comigo, mas antes vou beber água e ir no banheiro — respondi e ele assentiu.
Corri até o bebedouro e bebi um pouco de água. Assim que adentrei no banheiro, encarei-me no reflexo do espelho. Ele quer burlar uma aula junto comigo! Ai meu Deus casamenteiro, será que é hoje que desencalho? Será que é hoje que eu viro namorada dele? Espera aí... a aposta que fiz com a Miranda... Eu ganhei!
Não vou mais precisar pagar cinquenta reais para Miranda. Agora só tenho que conquista o coração do Luca, coisa que vai ser difícil. Como se conquista um menino? Devo andar feito essas patricinhas — coisa que eu odiaria fazer—, ou devo ser séria o tempo todo? Por que esse tipo de coisa não vem com instruções? Como vou conquistar o homem da minha vida?
Outra questão importante, o que eu vou conversar com ele? Gente do céu, eu não faço a mínima ideia do falar. Imagina se aquele momento chato e horrível onde os dois ficam sem assunto acontecer? Eu me mato! Eu não posso deixar isso acontecer, não mesmo. Hum... Acho que estou há muito tempo dentro desse banheiro. O Luca deve ter voltado para sala. Quem com sanidade mental iria ficar esperando uma louca como eu por muito tempo?
Joguei um pouco de água na minha face e dei três tapas na mesma, pra ver se tomo coragem. Saí do banheiro, olhei para os bancos e não o encontrei. Viu, eu falei, ele não ia ficar me esperando...
— Aqui, Lily, perto da biblioteca — Luca gritou.
Olhei para porta da biblioteca e ele estava sentado no chão segurando um livro, como sempre.
— Pensei que você já tinha voltado para sala — sussurrei, sentando-me do lado dele no chão.
— Eu disse que ia ficar com você — retrucou e sorriu.
Já disse que o sorriso dele é lindo?
— Hum... O que você quer fazer? — perguntei, encabulada.
— O que você quiser fazer.
— Hum... Eu quero... Já sei, vem comigo.
Puxei o braço dele, fazendo o mesmo levantar e andar atrás de mim.
— Para onde você está me levando? — perguntou, me seguindo.
— Logo logo você vai saber — respondi, sorrindo de canto.
— Isso não foi exatamente a resposta que eu queria ouvir — reclamou Luca.
Continuamos andando e estaria tudo bem, se a velha coroca da diretora não aparecesse para atrapalhar tudo.
— Lily, o que você está fazendo fora de sala? E ainda por cima com o Luca?
— Estou... — pensa Lily, o que você está fazendo aqui ?!

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