Manhã do dia seguinte. Yasmin e William prosseguiam seu caminho pelas árvores, este último visivelmente impaciente. Não imaginava que levariam tanto tempo para sair da floresta em que se encontravam e não sabia se tal fato era devido ao tamanho da mesma ou se Yasmin era uma guia incompetente.
–Yasmin: Não se preocupe, tenho que certeza de que chegaremos ao final da floresta antes do meio-dia.
–William: Assim espero.
Apesar de vê-la como uma futura inimiga, William acreditou na palavra de Yasmin. O rapaz via nela uma moça honrada, que ao menos era digna de respeito. Não que isso fosse impedi-lo de matá-la se necessário.
–Yasmin: Sabe, William, eu queria fazer uma pergunta a você, mas que não tem a ver com os seus objetivos. É mais uma curiosidade.
–William: Vá em frente.
–Yasmin: Do que é feita essa sua armadura? Eu nunca vi um protetor originado deste material roxo antes.
–William: Esta armadura é feita a partir das escamas e do couro de uma espécie de réptil que é nativa de Empericia. Embora seja resistente e flexível, não é o padrão do exército por se tratar de algo raro. Digamos que foi uma pequena cortesia dos meus superiores.
William falava sobre Empericia com tanta naturalidade que confundia Yasmin. Porém, ela ainda preferia acreditar que o rapaz estava mentindo. Assim os dois prosseguiram, calados.

Finalmente não haviam mais árvores diante de Yasmin e William, apenas uma extensa tundra em meio a várias elevações de terreno. Em um instante os dois notaram que não estavam sozinhos, pois quatro homens cobertos de peles e trajando armas um tanto rústicas vinham na direção contrária.
–William: Quem são eles?
–Yasmin: Eu não faço idéia.
Os homens também viram que não estavam a sós e observaram, curiosos, os dois manipuladores. Enquanto que três pararam, um deles continuou a caminhar, aproximando-se de Yasmin e William.
–Caçador: O que fazem em nossa região de caça?
–Yasmin: Desculpe, é que...
A capitã sabia que dizer que um dragão místico os teleportou para lá não convenceria ninguém. Portanto, tentou pensar em alguma mentira que pudesse parecer verdade, mas nada que passou pela sua mente era convincente.
–Yasmin: ... nós nos perdemos, entende?
–Caçador: Perdidos ou não, ninguém invade nossa região e sai impune! Vocês dois vão pagar pelo que fizeram!
–William: Parece que não há outro jeito, então.
O manipulador do vento deu um passo à frente, mas foi detido pelo braço de Yasmin. A garota não queria que William participasse do confronto.
–Yasmin: Lembre que está sem suas armas e não se recuperou totalmente. Pode deixar que eu cuido deste problema.
Os caçadores sacaram suas armas: dois portavam lanças curtas, um empunhava um arco e o líder tinha em mãos um machado.
–Caçador: Matem os dois!

Uma belíssima mulher de longos cabelos cinzentos e encaracolados, sentada sobre uma grande rocha, observava a campina abaixo. Ela estava no topo de um pequeno monte, ao lado de um dos pilares. Trajava vestes da Ordem da Rosa Branca e tinha caules das cores azul e roxo. Em sua direção vinha um homem velho, totalmente careca, também utilizando trajes da ordem. As cores dele eram azul e verde.
–???: Desculpe a demora, Spectra.
–Spectra: Não me diga que sua idade está finalmente te vencendo, Ent.
–Ent: Nada disso, minha jovem. Eu posso ter 61 anos de idade, mas ainda estou forte como se tivesse apenas 30.
–Spectra: Hmpf.
A mulher tinha a leve impressão de que Ent blefava, mas preferiu não dar continuidade ao assunto.
–Spectra: Temos passado dias tão tranqüilos aqui, longe da agitação das cidades grandes.
–Ent: Sim, a vila aqui perto é um bom lugar de se viver, mas devemos estar sempre atentos e afiados.
–Spectra: É por isso que você treina todo dia?
–Ent: Sim, mas não é o único motivo. O treinamento diário que me deixa forte e saudável!
–Spectra: Bom para você. Agora, se me dá licença, vou voltar para a vila e descansar.
A guerreira da Rosa Branca começou a descer, esfregando de leve os olhos.
–Ent: Antes que eu me esqueça, alguns rapazes na estalagem perguntaram seu nome. Acho que eles ficaram interessados em você, Spectra.
–Spectra: E por que me diz isso, Ent?
–Ent: Você poderia pelo menos conversar um pouco com eles, tentar ser gentil.
–Spectra: Ser gentil não faz parte das obrigações de um membro da Ordem da Rosa Branca. Você, que é o membro mais velho e experiente, sabe melhor do que ninguém que este tipo de distração só traz prejuízos às nossas missões.
As palavras duras de Spectra deixaram Ent sem resposta enquanto esta prosseguia seu caminho em direção à vila. Quando sua colega já estava longe, o velho murmurou.
–Ent: Viver apenas pela Ordem é algo honroso, mas espero que você não acabe como eu, minha cara Spectra.

Os quatro caçadores jaziam inconscientes no chão, completamente derrotados. Mesmo atacando juntos, não foram capazes de causar sequer um único ferimento em Yasmin, um fato que surpreendeu William.
–William: Você está mais forte.
–Yasmin: Obrigada, mas sabe de uma coisa? Isso foi tão sem graça...
A garota, que antes estava de costas para o manipulador, se virou. Os olhos dela estavam diferentes, mas William não conseguiu discernir o motivo.
–Yasmin: Você é capaz de me oferecer um desafio de verdade, certo?
Segurando Draconis com firmeza, Yasmin apontou a espada para William.
–William: O que significa isso?
–Yasmin: Vamos lutar, William.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!