Roses

Fugas, Revelações e Fantasmas


A manhã estava gélida, semelhante à chegada do inverno - apesar de estar em meados do outono. Raios de sol ultrapassavam algumas nuvens cinzentas e iluminavam o quarto da mansão dos Miller por breves segundos.

“Quando a noite chegasse, ela reclamaria por não ver as estrelas, mas depois brincaria feito uma criança na chuva... Isto é, se ela ainda estivesse aqui”.

Sendo uma pessoa reservada, a Sra.Miller pedira para não ser incomodada sob nenhuma circunstância. Nos últimos dias, a mulher mal se alimentava ou via a luz do dia. A verdade era que se culpara pela morte da filha por seu egoísmo e avareza.

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Porém, naquela manhã, sua rotina foi contrariada devido a um telefonema urgente de Neal, que pedira para conversar com ela o quanto antes.

E lá estava ele, na enorme sala de estar, parecendo preocupado e aflito. Mas assim que viu a mulher conhecida por “única dama” com os cabelos desgrenhados, pele pálida e roupas escuras, ficou boquiaberto.

– Desculpe a intromissão.

– Neal, você é como um filho pra mim. - ela o abraçou - Senti sua falta nos últimos dias.

– Eu e meu pai fomos para Storybrooke, Maine. - ele fez uma pausa - E lá nós encontramos... Nem sei como contar isso.

– Deus, é algo grave? - ela se assustou - Conte-me logo!

Com medo de que suas pernas falhassem com a notícia, a senhora sentou-se elegantemente no sofá caríssimo, porém, Neal permaneceu de pé, com o corpo voltado para a porta - significando que queria fugir.

– Nessa viagem, nós nos deparamos com uma mulher, e descobrimos que ela é Elizabeth.

– Isso é impossível! - ela pôs as mãos sobre o peito - Nós a enterramos.

– Tenho certeza de que o corpo não era dela. - Neal a encarou - Sra.Miller, eu vim até aqui em nome de meu pai para dizer-lhe que... Elizabeth está viva.

Depois de tantos anos, a morena percebera que Storybrooke continuava a ser uma pacata cidade do interior, já que pouca coisa tinha mudado. Mas a hora se aproximava, e a mulher temia por seu filho - que dormia no banco traseiro do carro de Gold.

– Não tenha medo, dear. - ele disse - É a sua casa.

– Eu fugi de tudo e de todos, - ela se desesperou - e agora quer que eu volte sem dar explicações?

Gold não lhe respondeu de imediato, esperou chegarem ao local previsto e deu as instruções:

– Após o acidente, você foi ajudada por um motorista, mas perdeu parte dos momentos, e com medo de rejeição, preferiu manter segredo. E agora voltou, curada.

– Mas... - ela tentou argumentar.

– Lembre-se: É o nosso acordo ou... a criança.

...

Após o desabafo de Killian sobre seu passado, pode-se dizer que ele mudou para melhor. No dia anterior, ele e Emma foram novamente para o campo, e apesar de todas as rosas vermelhas serem semelhantes, a loira havia gostado apenas de uma. Gentilmente Killian colheu e entregou-lhe a rosa numa reverência. Um pequeno gesto? Sim, mas que significou muito.

– Café? - Ruby fez Emma despertar de seus pensamentos.

– Claro. - sorriu - Dois.

– Com bastante canela? - a morena perguntou, mas Emma se esqueceu de responder, pois sua visão se voltou para Killian, que tinha acabado de entrar no Granny´s.

– Emma? - ela riu - Esquece, já vi que estou sobrando.

Killian sentou-se ao lado da loira, e em seguida depositou um beijo em sua bochecha, fazendo-a corar.

– Por onde você esteve? - Emma perguntou.

– Tratando de negócios. - ele não deu mais declarações - Nossa como aqui está lotado... Já fez o pedido?

– MM me contou que eles vão fazer uma reunião sobre o baile aqui, parece que vai ser a fantasia. - Emma franziu o cenho - Acho que me esqueci de pedir canela no meu café...

– Não seja por isso. - Ruby voltou com duas canecas - Como eu sei que vocês sempre pedem a mesma coisa, aqui está.

– Obrigada - a loira agradeceu ao tomar um gole do café.

– E você vai ao baile? - Killian perguntou fazendo o mesmo gesto dela.

– Nem tenho uma roupa apropriada pra isso - Emma se lamentou.

– Você fica linda com qualquer coisa. - ele sussurrou em seu ouvido.

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– Isso é um pedido, Sr.Jones? - Emma ironizou.

– Talvez.

...

FLASHBACK ON

Por volta dos dezesseis anos Elizabeth não agia como uma dama, o que preocupava seus pais. Ela fugia das reuniões com senhoras da sociedade, dos jantares beneficentes, e... até do colégio.

– Essa garota está se tornando um problema. - o Sr. Miller apenas disse verdades - Lembre-se: Foi sua ideia adotá-la.

– Acalme-se. - a “única dama” segurou as mãos do marido - Eu sei que Elizabeth irá nos orgulhar algum dia... Mas ela precisa conhecer as boas maneiras.

– Tem toda razão. - o homem sorriu - Amanhã mesmo ela terá aulas de etiqueta.

Mal sabiam eles que a garota causadora de tanta discussão os espiava pela fresta da porta com expressão de raiva, mas lá no fundo ela sentia-se triste por não gostarem dela. Eles dois eram seus pais, ainda que fossem adotivos.

Naquele momento Emma decidiu o que seria melhor para ambas as partes: fugir. Só assim pouparia os Miller de sentir tanta vergonha dela.

No fim do dia o plano já estava arquitetado em sua cabeça. O toque de recolher era às 20hs - inclusive dos empregados -, o que lhe dava livre acesso a toda mansão sem ser descoberta, isto é, se não fizesse muito barulho. Já a sala de segurança ficava desprotegida no corredor principal, ela só tinha que desligar os alarmes e... Ir embora para qualquer lugar que fosse.

Às 21hs a garota estava bem longe da mansão, até porque ela havia comprado uma passagem de ônibus para outra cidade. Emma queria mesmo é voltar para o orfanato de onde aquela família rica a havia tirado. E todos deveriam aceitar, quisessem ou não.

Pela manhã, a garota foi acordada por uma mulher que a sacudia, dizendo: “Esta é a última parada”. Imediatamente ela pulou da poltrona, agradeceu, e correu até o orfanato - que não era tão distante da rodoviária.

Ela só não contava com um probleminha: paparazzi´s.

– Eles me seguiram até aqui? - ela sussurrou para si mesma - Mas que droga!

Se eles fotografaram sua entrada no orfanato? Sim. Se a notícia se tornou pública em menos de um minuto? Claro, por que não?

Emma atravessou as imensas portas de madeira com a maior rapidez, mas acabou por se chocar com alguém.

– O que pensa que está fazendo? - aquela voz era muito familiar.

– N-Neal? - ela se assustou - Como me achou?

– Uma vez você me disse que o primeiro lugar para o qual você fugiria seria esse lugar. - ele fez cara de desgosto quando olhou para as paredes do orfanato - E o seu desaparecimento apareceu em todos os jornais do país.

– Me deixe em paz - ela o empurrou, mas Neal a segurou pelo braço.

– Por favor, eu prometo que se voltar você não vai precisar mudar como todos querem, exceto eu.

– Por quê? - ela o desafiou.

– Por que eu sou seu único amigo, lembre-se disso.

FLASHBACK OFF

...

Passados alguns minutos desde que a conversa teve seu fim, Mary Margaret atrapalhou o flerte de Emma e Killian, dizendo um breve “Te vejo no baile” para a loira.

– Não sei porque insistem tanto! - a mulher cruzou os braços emburrada.

– Eles me obrigam a ir nesse baile. - Killian se explicou - E também porque um príncipe não pode ficar sem sua princesa... O que os súditos vão pensar?

A interpretação dele na última frase foi tão incrível que a loira começou a rir, o fazendo corar de vergonha.

– Foi a coisa mais boba que já ouvi, e você não é um príncipe, é o Capitão. - ela tirou o dinheiro do bolso e o colocou sobre o balcão - Agora vamos antes que MM me convença.

Saindo do Granny´s eles entrelaçaram seus dedos como se cada movimento longe um do outro fosse tortura.

– Pessoas que amam dizem coisas idiotas.

– E as apaixonadas? - Emma o fitou - O que dizem?

Killian afastou uma mecha de cabelo dela, um já não conseguia parar de olhar para o outro, e os lábios de ambos se encontraram automaticamente.

– Apaixonados dizem as mesmas coisas, - ele ofegou - mas o sentimento deles passa... É por isso que eu te a...

– Killian Jones? - uma voz o interrompeu.

Ele se virou rapidamente, com o intuito de mandar a pessoa embora. Mas não o fez.

– M-Milah?

...

P.O.V EMMA

E se você visse o homem que você mais ama abraçar outra mulher da mesma forma que te abraça? Sentiria raiva? Ódio? Constrangimento? Confusão?

Eu sentia tudo aquilo e mais um pouco.

Killian simplesmente ignorou a minha presença assim que fitou a mulher morena que o impedira de continuar a falar. E de repente a abraçou com ternura, posso até dizer que era amor.

Então significava que eu era apenas uma paixão?

Assim que percebi que aqueles dois não iriam se soltar, eu dei meia volta e pus-me a andar, ou melhor, a correr. Aquilo doía, eu queria simplesmente arrancar meu coração e... esmagá-lo.

Como eu fui tão idiota a ponto de acreditar numa brincadeira dele? E eu pensava que amor verdadeiro existia. Pobre ilusão.

Quando tive a certeza de que estava longe o suficiente, me encostei a um muro qualquer e comecei a chorar feito uma criança.

– Ei, vai ficar tudo bem.

– N-Neal? - eu tentei secar meu rosto.

– Eu sei exatamente o que se passa com você - ele impediu que uma lágrima caísse - Sou seu amigo, só quero te ajudar.

“Eu não poderia te dizer
Por que ela se sentiu daquele jeito

[...]

Simplesmente a assisti
Cometer os mesmos erros outra vez

[...]

Ela quer ir para casa, mas ninguém está em casa
É onde ela se encontra, machucada por dentro
Sem nenhum lugar para ir

Para secar seus olhos.”

Nobody's Home - Avril Lavigne