Romeo And Cinderella

Estranhos Sentimentos


Pov. Rin

Permanecia enfiada em baixo de meus lençóis não querendo sair nunca mais. Minha cama estava completamente desarrumada, sendo que um de meus travesseiros havia parado em algum canto do quarto. Como? Eu não sei.

Os lençóis que me cobriam eram o meu refugio, uma caverna secreta que ninguém além de mim poderia entrar. Lá eu estava protegida de todo o mal, de todos os sentimentos ruins, de todas as frustrações e de todas as pessoas más.

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Eu pelo menos deveria ser assim.

Eu não fazia isso dês de meus, talvez, oito anos. Mamãe brigava comigo, dizia que eu era uma mocinha e que devia encarar meus problemas como tal. Acho que foi dessa forma que minha pelúcia e amigo, Usagi-kun, foi tirado de mim. Ele podia entrar na minha caverna secreta. Ele e o papai. Pensei que eu nunca mais faria isso novamente... E aqui estamos.

Eu estava triste? Estava frustrada? Com raiva? Eu não sabia direito. A única coisa certa é que eu senti um aperto no coração naquela hora, naquela maldita hora... Agora ele estava dolorido, não sei quanto tempo levaria para ele se curar.

Consegui ouvir alguns passos até a porta do quarto, logo três leves batidas na porta. Coloquei meu rosto para fora de um dos lençóis que me cobriam para ouvir melhor. Então ouvi a voz de uma mulher:

– Rin-chan, você tem que levantar. – A voz de Luka saiu abafada do outro lado da porta. – Ainda tem aula hoje.

Remexi-me debaixo dos lençóis, eu não queria levantar, não queria sair da minha caverna secreta tão cedo. Logo, escutei o rangido que a porta proporcionara seguida de passos até perto de mim. Após sentar-se na beira da cama, uma mão repousou no meu ombro, acariciando ali.

– Você poderia ao menos contar o que aconteceu. – Falou com a voz suave.

– É ridículo, você vai rir de mim. – falei com voz baixa.

– Claro que não, Rin. Eu vou te ouvir. – Disse puxando o lençol que me cobria, porém eu segurei. – Mas primeiro, eu preciso te ver.

Aos poucos, deixei se descoberta por Luka. Meus cabelos estavam bem bagunçados e talvez eu estivesse com olheiras por não ter dormido muito bem. Olhei para aqueles olhos azuis um tanto escuros que me fitavam com gentileza. Levantei-me e segurei o travesseiro que ainda estava na cama, abraçando-o.

– Eu... Encontrei o Kagene-san ontem, quando fui trocar a água do balde.

– E então...? – Fez um gesto para que eu continuasse.

– Ele estava beijando outra garota. – Declarei cobrindo meu rosto com o travesseiro.

– Oh. – Falou Luka com minha declaração. Porém, continuou: - E por que você está tão desanimada?

– Hum? – Levantei meu rosto e encarei Luka que parecia querer ouvir minha resposta. – Bem, eu acho que não sei.

– Rin, quando você viu, o que foi que sentiu? – Perguntou para mim.

– Eu não sei muito bem. Talvez, um pouco triste e decepcionada. Eu senti aqui apertar também. – declarei apontando para meu coração.

– Entendo. - Falou Luka colocando a mão no queixo, como se fosse uma psicóloga. – Se eu me lembro bem, Kagene tentou te seguir não é mesmo?

– Tentou? – Olhei curiosa para ela.

– Sim, mais você saiu correndo e ele não conseguiu te acompanhar. Nem mesmo eu! – Declarou sorrindo.

– Ele queria dizer alguma coisa, mas eu estava nervosa e não queria ouvir! – Disse com minhas bochechas coradas e um biquinho.

– Talvez o que ele diga pode estabilizar este seu coração machucado. – Falou Luka colocando a mão no meu coração.

– Quem sabe... – Falei olhando para baixo. Foi nesse momento que eu pareci ter voltado a minha mentalidade normal, então disse: - Espera, por que estamos falando como em problemas amorosos?!

– Você acha que estávamos falando assim? – Riu Luka.

– Você ama me meter nessas situações, não é Luka?

– Pelo menos consegui levantar seu alto estima. – Disse se levantando. – Agora, vá colocar seu uniforme, se não vai se atrasar.

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– Certo. – Falei com preguiça de sair da cama, porém o fiz.

***

Chegando à sala de aula, avistei Miku em sua carteira escrevendo o que parecia ser uma letra de música. Me aproximei dela e quando me notou, praticamente se jogou no meu pescoço e me abraçou como se não tivesse amanhã.

– Rin-chaaaaan! – Falou Miku quase gritando no meu ouvido.

– P-por que tudo isso, Miku? – Perguntei verificando se meus tímpanos estavam bem.

– Como você saiu antes que terminássemos ontem, achei que algo tinha acontecido com você. – declarou olhando meu rosto.

– Sobre isso, queria me desculpar. – Falei meio sem graça.

– Ei, não se preocupe! Terminamos em pouco tempo, graças à ajuda de sua amiga, hum...

– Megurine Luka.

– Sim, essa mesma! E também, quando você foi embora, Seeu quase puxou meu amado cabelo. – Disso penteando com as mãos os fios azulados.

– Quem é Seeu? – Perguntei para Miku.

– É só uma verdadeira patricinha da outra turma. – Respondeu Neru teclando em seu celular. Clicou com raiva em algum botão e disse: - Aquela garota me dá nos nervos.

– Ela costumava frequentar o clube de música. Mas ela começou a se achar de mais. As músicas que nos fazíamos, ela contava que tinha feito por conta própria sendo que nem ajudava! – Explicou IA com um tom de raiva que não costuma usar.

– E ela também tem uma queda pelo Len. – Comentou Miku. – Não deixava ele em paz um segundo!

– É, pude perceber. – Falei fechando a cara.

– Eu sei. Me pergunto o que você foi fazer com aquela água suja ontem.

– A joguei fora.

Logo Miku ficou na posição “O Pensador” e começou a ligar os pontos.

– A Seeu apareceu toda molhada... Gritando de uma outra loira...

Continuei parada esperando que ela entendesse. Ai ela apontou para mim com uma expressão como “WOW”.

– Rin-chan, você fez isso!! – Gritou ainda espantada.

– E não me arrependo. Aquilo foi... – Corei, mas ainda estava com raiva.

– Mas, qual foi o motivo? E o Len também estava molhado e com a pior cara do mundo!

– Ele e essa garota... Estavam tendo um belo romance juntos. E isso envolvia aproximação e lábios. – Falei corada me lembrando da cena.

– Ela o beijou, não foi? – Miku perguntou com um tom meio decepcionado.

–... Sim. – Respondi me sentando em minha carteira.

– Droga Seeu! Quis romper meu shippe!! – Falou com total indignação no rosto.

– Shippe? O que está falando, Miku?! – Perguntei confusa. E é claro, muito corada.

– Não se preocupe Rin! Vamos dar um jeito nisso!! – Segurou minhas mãos enquanto falava, com um estranho brilho nos olhos.

Nesse momento, Kagene-san entrava pela sala. Quando nos viu, na verdade viu mais a Miku, recuou alguns passos.

– Eu vou ali... – Foi interrompido.

– Não recue mais nenhum passo.

Ai ele correu. E a Miku o perseguiu. Foi incrível o quão longe uma voadora da Miku pode chegar para não dizer que ela desafiou as leis da física.

– O que você pensa que fez seu infeliz?! – Gritava Miku desferindo socos em Kagene-san. Eu apenas assistia, enquanto Neru gravava e IA se escondia atrás de mim.

– Eu não fiz nada, mulher! – Tentava se defender inutilmente.

– Mulher?! EU TENHO APENAS 16 ANINHOS, TÁ LEGAL? – Gritou para o mundo enquanto um professor tentava apartar a “briga”.

– Acalme-se Miku! – IA tentava falar, mas estava mais preocupada em se esconder enquanto o professor segurava Miku.

Neru fechou seu celular, aproximou-se de Miku e bateu na cabeça dela com um alho-poro que nem sei de onde tirou.

– Idiota. Hoje você não comerá alho-poro. Está de castigo.

– Ah, o Len faz as porcarias e eu fico de castigo. – Falou acalmando-se e cruzando os braços.

Ri um pouco com essa reação. Porém nesse momento, Kagene-san olhou para mim e eu acabei por olhar pra ele também. Nesse momento ele me olhou sério e tentou dizer algo, porém eu apenas sai dali.

Tive a impressão de ele tentar me seguir, mas a aula havia começado então se sentou em seu lugar. Todos sentaram-se e a professora começara a falar, mas eu estava inerte em meus próprios pensamentos.

“- Não é atoa que o Len...”.

Que o Len o que? Ficava pensando nisso procurando alguma resposta. O que eu queria ouvir? O que eu queria que Kagene-san fosse para mim? Será que...

Kagene-san me odeia?

Meu peito doeu novamente. Estava triste, mesmo nem sabendo direito o porquê. Afinal, somos rivais, certo? Mas não inimigos, eu... Não quero ser sua inimiga. Eu não te odeio, não de verdade.

Droga, o que estou sentindo?

Depois de infinitas horas, o intervalo finalmente havia começado. Guardava alguns livros e quando percebi, Kagene-san me olhava intensamente. Tentei ignora-lo, ele se levantou porém Kaito apareceu na minha frente.

– Olá, Rin! – Me cumprimentou alegre.

– Olá Kaito. O que aconteceu com você ontem? Não veio para a escola.

– Um resfriado me pegou de jeito. Mas hoje já estou melhor! – Declarou mostrando um sorriso convencido. – Ah! Falando nisso, poderia me dizer quais foram as tarefas de ontem?

– Hum, acho que foi de biologia e física. – Respondi tentando me lembrar das matérias.

– Biologia? – Disse com um suspiro chateado.

– Não se preocupe, eu disse que posso te ajudar. – Falei sorrindo.

– Você é ótima, Rin! – Disse com os olhos brilhando. Nesse momento consegui ver Kagene-san saindo da sala. Acabei suspirando tristemente. – Você está bem?

– E-estou! Só foi um pensamento ruim. – Forcei um sorriso.

– Qualquer coisa, pode falar comigo. Eu sempre vou te ouvir. – Me mostrou um sorriso acolhedor.

– Obrigada, Kaito. – Não é uma coisa que você possa fazer algo.

Então ele beijou minha testa. Minhas bochechas esquentaram e fechei meus olhos, ele sorriu e saiu da sala. Agora me encontrava sozinha naquela sala de aula. Peguei meu lanche e por fim, sai também.

Caminhei em direção ao refeitório pensando que poderia encontrar Miku por lá. Porém não foi de meu agrado o que encontrei. Chegando lá, a mesma garota de cabelos loiros e esvoaçantes veio em minha direção, com uma expressão raivosa. Lá vamos nós pensei enquanto tentava ignorar a garota, sem sucesso nenhum, claro.

– Você! Novata intrometida, você achou mesmo que eu vou deixar barato pelo que me fez ontem?! – Gritou chamando atenção de algumas pessoas de lá.

– O que eu fiz? – Falei fingindo inocência.

– Além de ser intrometida, se finge de burra? Não esperava menos de você novata. – Disse com um tom superior.

– Meu nome é Kagamine Rin.

– Kagamine Rin, é? Belo nome para meninas trouxas. – Falou tentando me ridicularizar.

– Então Seeu é nome para meninas metidas? – Agora a atenção do refeitório estava na gente.

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– Como se atreve... – Começou a falar.

– Que tal me ignorar e fazer algo que preste? – Estava tentando sair daquele lugar, me sentar e comer. Mas meu braço foi segurado por Seeu.

– Só acaba quando eu quiser! – Disse levantando a mão, que provavelmente se transformaria em um tapa. Não consegui fazer nada, mas alguém segurou seu pulso antes que sua mão se chocasse contra meu rosto.

– Que tal seguir o conselho dela e fazer algo que preste, Seeu? – Falou Miku, enquanto Seeu me soltava.

– Miku, me larga agora. – Seeu tentava se soltar, porém Miku parecia ser muito mais forte.

– Sabe, não estou nem um pouco afim. Que tal irmos de mãos dadas até a sala do diretor? – Perguntou com um sorriso alegre no rosto entrelaçando seus braços como se fossem grandes amigas.

– Me solta, garota alho-poro! – Gritava com raiva.

– Vamos cantar uma música? SEKAAAAAAAAAAAI DE, ICHI-BAN OHIME-SAMA! – Miku mais gritava do que cantava o que causou risos da “plateia”. Antes de sair, fui a sua direção e disse:

– Hey Miku! – Ela olhou para mim. – Obrigada! – Ela, como reposta, sorriu para mim.

– Então quer dizer que hoje em dia você encobre tudo com sorrisos? – Seeu falou para Miku. – Você é tão falsa, chega a me dar nojo. – Declarou olhando para ela. Ela parou e ficou de cabeça baixa. Seeu olhou para mim. – Uma hora você vai descobrir quem é ela de verdade também.

– Ei, o que ainda estamos fazendo aqui? Vamos indo! – Falou Miku arrastando Seeu para fora, e deixando eu em dúvida do que acabara de ouvir.

Em um momento de distração, Seeu conseguiu libertar-se. E correu em direção a um ser loiro. Se jogou em seus braços e começou choramingar.

– Len-kun, você viu como a garota alho-poro me tratou? Estava com tanto medo! – Falava abraçando-o, me deixando com uma estranha raiva. Antes que ela pudesse fazer mais alguma coisa, ele se soltou dela.

– Você realmente é uma garota barulhenta. – Estava com uma expressão de desgosto.

– Prefere que eu fique quieta? Isso não é um problema. – Se aproximou dele e, na frente de todos, o beijou.

Na minha frente.

Começou a doer de novo. Senti-me quebrar por dentro. Oh não. Acho que vou chorar. Antes de qualquer coisa, sai dali. Perdi a fome, queria estar em qualquer lugar que não fosse ali. Meus passos acabaram me levando para o teto, uma brisa batia gentilmente.

Andei alguns passos até chegar na grade que havia. Quando toquei minhas mãos nela, as lágrimas simplesmente caíram. Um instante depois, ouvi passos atrás de mim. Enxuguei as lágrimas e olhei para trás.

Kagene-san estava ofegante, provavelmente correu para me alcançar. Estava sério e calmo, começou a andar em minha direção. Eu queria recuar, porém estava encurralada pela grade. Respirou fundo e falou:

– Vai me ouvir agora.

–... Eu não quero te ouvir. – Respondi olhando para o chão.

– Isso não foi uma pergunta. – Se aproximou ainda mais ficando na minha frente.

– O que você tem para me dizer, hein? Você beijou aquela garota, isso é um fato! Nada que você vai dizer ou eu ouvir vai mudar o que aconteceu! – Falei alto não conseguindo encara-lo.

– Por que eu deveria lhe dar explicações sobre isso? – Cruzou os braços.

Exatamente, Rin. Por quê? Ele é apenas seu rival, certo? Por que ele deveria lhe dar explicações? Coisas assim começaram a rondar em minha mente. E eu não conseguia responder nenhuma delas. Fiquei em silêncio por um tempo, me sentindo totalmente tonta. Ele não tinha motivo, ele não tinha que se explicar. Abri minha boca, com a única questão que eu não conseguiria responder:

Não é atoa que o Kagene-san...

– Você me odeia? – Perguntei.

– O que? – Perguntou confuso.

– Você realmente me odeia? – Perguntei agora olhando em seus olhos azuis.

– De onde você tirou isso? – Perguntou realmente confuso.

– Isso tem sido tão estressante! Você é uma pessoa que consegue fazer um nó na minha cabeça! Afinal, você me odeia? Eu sou uma pessoa desprezível pra você?! Eu realmente não sei!! – Quase gritei para ele, sentindo algumas lágrimas voltarem e molharem meu rosto. – Eu não quero ser uma pessoa que você odeie... Simplesmente não quero.

Voltei a chorar enquanto ele me encarava. Tentava secar as lágrimas inutilmente, não me importando dele me ver naquele estado. Achei que iria ficar assim pelo resto do dia, quando sinto um calor diferente no topo de minha cabeça. Começou a acariciar ali, era estranhamente bom.

Depois secou minhas lágrimas, e sussurrou:

– Apenas pare de chorar. Não faça isso, não por minha causa.

Me deixou me apoiar minha cabeça em seu corpo. Alguns minutos de caricias na minha cabeça depois, ele perguntou:

– Está melhor? – Apenas assenti. Ele não tentou se afastar, então continuamos assim. – Eu não te odeio. Se te odiasse nem me daria o trabalho de falar contigo. – Disse para mim. – Mas, por que pensou isso?

–... Eu não sei. Apenas pensei. – Respondi.

– Por que a princesinha deve ser amada por todos? – Perguntou rindo ao me provocar.

– Eu não sou uma princesinha. – Falei me afastando e olhando para ele.

– Como quiser. Princesinha. – Falou com um sorriso desafiador. Aquele sorriso me fez rir também de modo desafiador. – A aula vai começar, melhor correr.

– Digo o mesmo. – Falei começando a andar.

Sem aviso prévio de nenhum dos dois, começamos a correr como se estivéssemos em um grande campeonato de corrida. Afinal, naquele momento, estávamos competindo. Foi algo realmente divertido de se fazer.

Chegamos praticamente empatados. Apesar que eu ainda ache que venci e ele também. O dia se passou normalmente. Porém, uma coisa nova aconteceu: Kagene-san conseguiu me fazer sorrir. Um sorriso verdadeiro.