Não quero que se case com outro. Isso era o que estava passando na cabeça de Thiago naquele momento, mas ele não compreendia o motivo, já que não tinha a mínima intenção de se casar com ela.

E enquanto isso, Mar sentia vontade de chorar. A suavidade de Thiago tinha a emocionado.

— Não quero me casar, Thiago! – Mar desfez o contato de suas mãos – Sinto muito ter feito isso, foi realmente uma estupidez, será que podemos mudar de assunto agora, por favor?

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Parecia triste. E ele tinha feito muitas perguntas, mas... Por que?

Era hora de mudar de assunto. Ela estava certa.

— Pode provar meu mousse de chocolate se quiser. Mas uma colherada, nada mais!

— Você pode dar muitas coisas, mas o seu mousse de chocolate não? - Contestou com um sorriso cansado.

— Um homem tem que ter seus limites! - Dito isso, ofereceu a colherada com o doce.

Mar se aproximou e saboreou o creme, deixando a colher limpa.

— Está delicioso! –Disse, fechando os olhos.

Ainda te desejo, pensou Thiago. Nada do que você disse mudou isso. Te quero, e muito...

Mas o que eu tenho que fazer com isso?

— Quer provar a torta de limão? – Ofereceu Mar enquanto sorria, abrindo os olhos com lentidão.

— Não, obrigada. - Disse ele curtamente - Mar, eu também não quero entrar em uma relação contigo.

— Então não entremos. É bem simples isso!

Mas se tratava de Mariana Rinaldi, sendo assim, nada era tão simples.

— Você tem vinte e oito anos, e tem a empresa há cinco anos. O que fez antes disso, Mar?

Ela deu uma mordida no pedaço de torta antes de começar a falar.

— Está delicioso... - E pela sua mente passou sua vida profissional como se fosse um filme, era uma maneira de pensar no que dizer. Falar sobre ele não traria nenhum risco, mas era melhor não arriscar. - Assim que terminei o colégio fiz um curso de administração de empresas por dois anos, e quando tinha vinte, consegui um emprego em uma agência de viagens. - Foi a mesma época de Ricardo - Voltei com o curso enquanto trabalhava porque tive vontade de me especializar, fui promovida para tomar conta da empresa e um tempo depois consegui comprá-la. Estive com ela por pouco tempo. De início era um trabalho muito bom e recreativo. Visitei muitos lugares interessantes e exóticos. Mas com o passar do tempo percebi que passava a maior parte do meu tempo olhando para a tela de um computador e conversando com contadores. - Riu com escárnio - Então resolvi vendê-la, e foi um negócio super rentável, diga-se de passagem.

— Você não é do tipo de pessoa que fica em escritórios...

— Não, absolutamente não sou. – E comeu outro pedaço de seu doce – Naquele verão trabalhei em uma região turística. Foi ali que percebi que a beleza natural é algo incomparável. São as cidades que precisam de ajuda, e muita. Então comecei um curso de design de exteriores e enquanto isso, levantei minha própria empresa. Levou um tempo para que me conhecessem, mas agora está tudo caminhando de maneira correta.

— Então o que vai fazer depois?

Ela riu.

— Tenho apenas interesse em me encarregar da natureza, talvez árvores que possam se adaptar ao nosso clima. Muitos dos catálogos que vejo são de outros lugares.

— Tenho certeza que irá se sair bem, independente do que escolher... Quer mais café? Ou outra coisa?

— Não, obrigada. Acho que já está na hora de ir para casa. Tenho uma entrevista às oito e meia amanhã. Peça a conta, assim dividimos no meio, pode ser?

— Por que não? Vamos dividir o taxi também?

— Trouxe a caminhonete. O assento do acompanhante está um pouco sujo... Tive que levar umas amostras de terras para análise, sinto muito.

Na verdade não sentia. Ter feito o pedido para que ele fosse pai de seu filho já tinha sido demasiado para aquela noite. Oferecer uma carona provavelmente não seria o certo a se fazer depois de tudo. Quanto mais se afastasse dele, melhor.

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O garçom se aproximou com a conta. Mar e Thiago compartiram-a e deixaram gorjeta também.

— Te acompanharei até a caminhonete antes de pedir um taxi.

Mar decidiu não contestar, e caminharam pela rua escura em direção ao carro que tinha uma logo gigante de uma empresa de paisagem.

— Parece que a temperatura não vai subir mais que isso...

Thiago ofereceu seu braço para que ela o agarrasse. Dava para escutar a música dos bares das ruas vizinhas. Por um momento houve risadas e vozes de alguns adolescentes, mas não tardaram em sumir. Mar caminhava rapidamente. Não via a hora de chegar em casa e ficar sozinha, sentia que tinha superado o senso do ridículo esta noite.

Quando chegaram na caminhonete, ela decidiu falar.

— Não acho que vamos voltar a se encontrar... Muito obrigada pela ajuda e te desejo boa sorte em todos os seus projetos!

O vento bagunçava seu cabelo. Mesmo tão perto, parecia distante, parada feito uma estátua, sem demonstrar emoção alguma. Ele não tinha nada a perder, então simplesmente deu um passo para frente, envolveu o rosto da mulher com suas duas mãos, uma em cada bochecha, e deu um beijo simples em seus lábios, voltando para o lugar que estava em seguida.

— Adeus, Mar. – E para sua satisfação, notou que ela já não estava como uma estátua. Entretanto, parecia que estava com vontade de atropelá-lo com a caminhonete. - Vou esperar aqui até que eu não possa mais te ver... – Ela abriu a porta rapidamente, e fechou fortemente ao entrar no carro. Imediatamente o motor do veículo rompeu o silêncio e ela desapareceu pelas ruas.

Thiago ficou no mesmo lugar, com as mãos enfiadas nos bolsos do paletó, olhando por onde a mulher tinha ido. Aquilo tinha sido demais para uma noite, precisava de uma caminhada. Decidiu então que voltaria andando ao hotel, afinal, também não sentia um pingo de sono.

Mar Rinaldi não era tão diferente dele, assim como ele não era diferente dela.

Mas isso não importava mais.

Porque ele ia tirá-la de sua cabeça.

Continua...