— Não gosto de falar do jeito que estamos fazendo. Parece que isso foi planejado de um ponto de vista totalmente utilitário...

— Da mesma forma que você trata o nascimento do bebê, eu quero saber quando ele nasça.

— Eu vou pensar! - Contestou ela brevemente.

Te disse que o trato tinha algumas condições, Mar. Existem mais três. Uma, que se alguma vez você precisar de ajuda, vai me avisar. A segunda, que entrarei em contato uma vez ao ano para saber como tudo está indo. E a terceira, uma vez que eu saiba que você está grávida, alterarei meu testamento para que o bebê e você sejam beneficiados.

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Mar deixou de comer imediatamente.

Sabe como eu me sinto? Como uma mosca em uma teia de aranha. Quanto mais eu tento me defender, mais encurralada fico.

Não estamos falando de algo sem importância, como uma partida de tênis, por exemplo. – Respondeu Thiago com um tom sério – Estamos falando de uma nova vida que vamos trazer ao mundo. Não é algo que podemos definir rapidamente. Se um dos motivos pelos quais você me escolheu é porque tenho princípios, não espera que eu desapareça como um passe de mágica quando te convenha, não?

O problema era que ele tinha razão.

Acho que é melhor a gente esquecer esse assunto. Cada vez tudo se torna mais complicado. - Ela brincou com sua faca - Thiago, eu estou errada em querer ter um filho? Sei que é suposto que as pessoas devem se casar primeiro, e depois ter filhos, mas eu detesto a ideia de me casar! É como se eu tivesse tomado uma vacina anti-amor. Não quero me apaixonar, só quero ter um filho!

Não falava por falar. Realmente queria que Thiago lhe dissesse algo, mas se enganava ao escolher ele para que isso acontecesse. Ele estava curado contra o casamento e contra os bebês.

Ser mãe solteira não vai ser fácil. – Dizia ele cautelosamente.

A essa altura do campeonato Mar já tinha estraçalhado o pedaço de pepino que tinha em seu prato com a faca.

Todas as mulheres que conheço estão casadas, já formaram uma família, ou estão constantemente mudando de relacionamento, apaixonando-se e desapaixonando-se. Eu não me encaixo em nenhum desses grupos, esse é o problema.

Não pensou em adoção?

Tem uma lista de espera muito grande. Eu teria que esperar anos e não tenho tanta paciência, Thiago. Quero ter um filho agora e sei que você tem razão. Ser mãe solteira e continuar com meu trabalho não será fácil. David, meu ajudante, pode dirigir a empresa durante um ou dois anos, sobretudo se eu passar a me dedicar mais às plantas perenes.

Claro que o gesto da mandíbula de Thiago não era por ciúmes.

— Por que não pede a David para que ele seja o pai, então?

Ela deu um breve sorriso, achando graça da situação.

— Não, não! E não é por que ele não se interessa por mulheres, te dou a certeza. Só que... Ele se interessa até demais. Tem os hormônios sempre em alerta. Quando começamos a trabalhar juntos tive que deixar as coisas bem claras, e agora somos bons companheiros. - Um semblante sério ocupou a feição de Mar, e ela afastou um pouco mais para o canto uma batata-frita que estava no meio de seu prato. Logo continuou. – Tenho dinheiro que economizei de uma empresa, uma que minha tia deixou para mim. E também sei que Estefânia me passará as roupas de bebês que não vai usar mais, e todas as coisas que eu possa precisar. - Então o olhou nos olhos e disse apaixonadamente: - Tenho tanto amor para dar, Thiago. Serei uma boa mãe, tenho certeza disso!

Entre tantas emoções, Thiago sentiu compaixão.

— Se eu não acreditasse nisso, nem sequer estaria aqui tendo essa conversa contigo. - Os olhos de Mar se encheram de lágrimas. Algumas também escaparam dos olhos de Thiago sem permissão, mas o mesmo as secou rapidamente. - Você é uma boa pessoa, Mar. É óbvio que vai ser uma ótima mãe.

Pela bochecha de Mar deslizaram mais duas lágrimas, as quais caíram em seu prato.

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— Não sei por que estou chorando. - Murmurou ela - Ou melhor, eu sei sim... Por que você realmente é um homem sincero e honrado, e quando diz isso, acaba me comovendo. Obrigada, Thiago.

Ele sentiu que se continuasse essa conversa, acabariam falando sobre algo que não queria, então deu uma mordida em seu hambúrguer antes de falar.

— Acho que você deveria ir para casa e pensar nas condições. Pode ser que não te interessem. Nesse caso, deixaremos tudo como está.

— Quer dizer que se eu aceitar as condições, você aceitará o trato?

— Sim, isso é o que estou tentando te dizer.

Mar colocou mais sal em suas batatas.

— Ao invés de me sentir feliz, estou aterrorizada. - Confessou ela.

— Vou te ligar amanhã pela noite para que me diga a decisão que tomou. Vai estar em casa?

— Às oito e meia. Tenho um compromisso com uns clientes depois do jantar.

Ele assentiu enquanto ela olhava o que sobrou em seu prato.

— Não estou mais com fome. Se importa se eu for para casa agora? Sinto como se eu tivesse passado quarenta e oito horas brigando com alguém.

— Sem problemas. - Respondeu ele, afastando sua cadeira para poder levantar-se.

Ao vê-la sair, percebeu que - provavelmente - em alguns dias iria para a cama com ela, e não sabia que sensação isso lhe dava. Simplesmente se sentia bem.

Continua...