Rieseltia

Capítulo 17 - Uma Nova Aliança?


A sala silenciosa de repente ouviu um barulho de cadeira sendo arrastada. Ravel ajeitou as folhas e caminhou até a frente da sala de aula. Com um sorriso, ele entregou as folhas para Helen. Ela retribuiu com um sorriso amargo.

Saindo da sala, o garoto caminhou despreocupadamente pelo corredor. Quase duas semanas já tinham se passado depois do evento da Grande Batalha no Bosque. Com o segundo lugar, a facção do Ravel conseguiu uma grande quantidade de dinheiro. Com isso, ele estava pensando em reformar o dormitório deles.

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Nesse momento, o garoto tinha acabado de entregar a prova de fim de semestre.

— Como foi a prova? — Luca perguntou logo que viu Ravel saindo do prédio principal.

— Sem problemas. Para quem teve que aprender todo o conteúdo em cima da hora, acho que conseguirei uma boa nota. E você? — Respondeu ele com um sorriso sincero.

— Mesma coisa. — Luca também deu um sorriso e os dois se viraram para Vivian. Ela deu um sorriso amargo.

— O importante é passar, não é? — Ravel e Luca caíram na risada com o comentário dela.

Os três andaram relaxadamente para o dormitório. Se lembrando de algo, Ravel se virou indignado para Vivian.

— Me diga como que você conseguiu gastar cinco moedas de ouro no seu último mês nas Elementais. Somando nós três, só precisei pagar seis moedas de prata nesse primeiro mês.

— Eu não gostava de ficar no dormitório. — Ela respondeu chacoalhando os ombros e Ravel suspirou.

A caminhada deles continuou por mais quinze minutos, até que chegaram no dormitório. Lá, no entanto, eles tiveram uma surpresa. Melanie estava parada, encostada na parede da residência.

— Ravel... — Murmurou ela, quando os três se aproximaram.

— A que devo a visita, Melanie? Se é que posso lhe chamar assim. — Falou ele com um sorriso.

Ela retribuiu o sorriso, mas não falou nada. Parecia que estava escolhendo as palavras que ia usar.

— Minha intenção é convidá-lo para visitar o dormitório da minha facção. Gostaríamos de conversar com você.

— Agora? — Perguntou ele, curioso.

— Sim. — Ela respondeu ainda com o sorriso no rosto.

O garoto olhou para os dois companheiros, que balançaram os ombros, sem entender. Com um aceno da cabeça, ele confirmou para Melanie, que fez um sinal para que eles o seguissem.

Ponto de vista de Rhonda.

Enquanto os quatro caminhavam para o dormitório, a maioria dos membros da facção Guerreiras Imortais estavam reunidas na sala de treino da mansão, conversando. No canto, Rhonda, a líder da facção, observava a sala, mas sem prestar atenção em nada, sua mente estava longe.

Ela estava se lembrando do passado. Quando as facções de Rieseltia foram criadas, o que mais importava para classificá-las era a força individual de seus membros. Nesse período, existiam várias facções poderosas, mas duas reinavam supremas. Elementais e Guerreiras Imortais.

A única facção que conseguia não só bater de frente, mas as vezes ganhar das Elementais eram as Guerreiras Imortais. Não existia dúvida no poder dela. No entanto, ela estava destinada a decair.

Dois anos atrás o poder individual dos membros deixou de ser o fator mais importante e a busca por boas alianças se tornou a prioridade das facções de nível alto.

Antes desse período começar, a escola deu uma dura tarefa para a líder das Guerreiras Imortais. Ela deveria ir para um país longe da escola investigar algumas pessoas suspeitas. Missões assim não são frequentes, mas as vezes a escola recebe ordens dos países, afinal, as jovens mais fortes de cada país vão para Rieseltia.

Logo que recebeu a tarefa, a líder sabia que ela seria difícil. Assim, chamou as quatro garotas mais fortes da sua facção para a acompanhar. Para cuidar da facção enquanto estivesse fora ela elegeu uma novata prodígio, que tinha entrado nas Guerreiras Imortais não fazia nem um ano.

A novata era Rhonda. Para ela, poder cuidar da facção enquanto a líder estivesse fora era uma honra, então aceitou sem nem pensar. Alguns dias depois da líder ter saído, as outras facções de nível alto começaram a fazer alianças com as melhores facções de nível médio.

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Embora Rhonda estivesse cuidando da facção, ela não tinha autoridade para formar alianças, por isso ela decidiu esperar a líder voltar. No entanto, nem a líder, nem as quatro garotas mais forte da facção voltaram.

Ninguém sabia o que tinha acontecido com elas. A diretora de Rieseltia as marcou como desaparecidas e nunca respondeu as perguntas de Rhonda sobre o que tinha acontecido com elas.

Sem a líder, as Guerreiras Imortais entraram em desordem. Rhonda precisou de seis meses para conseguir se firmar como a líder da facção, mas o estrago já tinha sido feito. As melhores facções de nível médio já tinham formado alianças com as facções de nível alto, assim não sobrando ninguém forte para se aliar com as Guerreiras Imortais.

Isso, somado ao sumiço das cinco pessoas mais fortes da facção, fez com que a facção que reinava em segundo lugar decaísse ao posto de oitava mais forte.

Rhonda suspirou audivelmente, logo no momento que Ravel e as demais entraram na sala de treino.

Ponto de vista de Ravel.

— Elas tem até uma sala de treino dentro da mansão... — Surpreendeu-se Luca.

Ravel olhou ao redor e viu várias garotas sentadas no que poderia se chamar de arquibancada. Uma delas se levantou e veio falar com eles. Ela tinha cabelos longos e esverdeados, presos num rabo de cavalo.

— Muito prazer. Meu nome é Casandra, e eu sou a vice-líder da facção.

— Muito prazer. Meu nome é Ravel. — Apresentou-se o garoto. Ele não esperava que a líder de uma facção de nível alto fosse falar com ele, o líder de uma facção de nível baixo, então já esperava que outra pessoa viesse para conversar. — A que devo o convite?

— Vou ser direta, estamos pensando e fazer uma aliança com a sua facção. — Falou Casandra séria. — Sabemos que você tem um talento imenso como estrategista, mas isso não é o suficiente. Precisamos ver como você lida em uma luta séria. Afinal, estratégias não são tudo.

— É claro. Não importa quão fortes as peças, se o rei não for forte o suficiente, é impossível se ganhar. — Ravel comentou com um sorriso.

— Fico feliz que tenha entendido. Gostaria de propor um duelo entre você e a Melanie. Dependendo do resultado, formalizaremos a aliança. — Completou Casandra, com um leve sorriso.

— Entendo. Vocês pensaram bem, mas deixe-me dizer algo... — Falou Ravel, o sorriso sumindo de seu rosto aos pouco. — Uma aliança só é formada se os dois lados quiserem.

Não só Casandra, mas todos na arena se surpreenderam. Até mesmo Rhonda, que estava distraída, olhou para Ravel com curiosidade.

— O que você quer dizer com isso? — Casandra questionou, mais séria do que antes.

— Simples. O que eu e a minha facção vamos ganhar com isso? Não pense que vou fazer uma aliança com vocês simplesmente por serem uma facção de nível alto. — Ravel respondeu com um sorriso frio.

— Não pense que você pode chegar aqui e falar conosco assim... — Uma das garotas da arquibancada estava se levantando, mas Casandra colocou a mão na frente e a fez parar. Vendo isso, o sorriso frio no rosto do Ravel aumentou.

— Para terem buscado eu e a minha facção, que foi recém criada, vocês devem estar precisando mesmo de uma aliança. Mas coversaremos sobre o que cada um quer depois do duelo.

— Você vai aceitar as nossas condições? — Perguntou Casandra, confusa. Pelo andamento da conversa, ela tinha imaginado que ele não iria aceitar.

— Não falei que vou aceitar a aliança, mas sim o duelo. Tudo que preciso fazer é ganhar, certo?

— Não é necessário ganhar. Nós queremos ver do que você é capaz. — Disse Casandra se virando e voltando para a arquibacada. Quando passou pela Melanie, ela sussurrou — Não pegue leve com ele.

O andamento da conversa deixou Vivian e Luca confusos, mas Ravel se virou para eles e os mandou se sentarem na arquibancada.

— Ravel, você pretende mesmo lutar com ela? Você não copiou nenhum poder. — Murmurou Vivian para ele, que apenas deu um sorriso.

Estalando o ombro, Ravel caminhou para o centro da sala, ficando de frente para Melanie. Ele sorriu para ela e falou:

— Você tem um minuto para me derrotar. Nesse tempo ficarei parado. Essa vai ser a sua única chance de ganhar. — Com isso, o garoto fechou os olhos, tendo como última visão a face surpresa de Melanie.

Confio a ti o campo de batalha, Gungnir

A lança apareceu na mão da garota, mas ela não se mexeu. Sua mente dizia para derrotar Ravel, mas o seu coração queria ver de onde vinha toda a confiança dele.

Enquanto isso, Ravel estava com os olhos fechados, sem prestar atenção em nada que estava acontecendo ao seu redor. Sua consciência afundando profundamente na sua mente.

Quando abriu os olhos de novo, tudo ao seu redor estava branco. Para cima, para os lados, para baixo. Não existiam limites. A única coisa que havia lá era um grande pano rasgado, com desenhos estranhos, como se estivesse preso em algum lugar.

— Vai fazer isso mesmo? — Uma voz grossa e fria ecoou pelo lugar, no mesmo momento que alguém apareceu. Sua figura era exatamente igual a do garoto, tirando os seus olhos, totalmente verde escuros e as luas que passavam por cima deles. Uma crescente, em cima do olho esquerdo e uma minguante em cima do direito.

— Uma hora ou outra eu precisaria fazer. Agora é um bom momento. — Ele falou com um sorriso.

— Não tenho como dizer o que acontecerá com o seu corpo.

— Não tem problema.

— Você tem tanta confiança que eu não vou te trair?

A sua “cópia” parecia decidida a impedí-lo de fazer o que ele queria.

— Não foi você que me disse, no dia em que eu rasguei esse pano no meio e nós fizemos o trato, que um demônio sempre cumpre a sua promessa? — Ravel, que estava se movendo até o pano, parou. — Você vai me emprestar o seu poder sempre que eu quiser. Eu, por outro lado, vou realizar o seu desejo e unir o seu clã de novo.

— Sim, esse foi o nosso trato. Para um demônio como eu, ter a possibilidade de ter o selo retirado é maravilhoso, poder me mexer sem restrições nenhuma. Nunca pensei que chegaria o dia em que isso ocorreria. — A sua cópia deu um grande sorriso frio.

— A partir desse momento, nós somos um. Não existe ninguém que possa nos derrotar. Um demônio lendário e um grande estrategista, existe alguém mais forte que nós? — Ravel voltou a se mover para o pano. Ele colocou uma mão no selo e sorriu. Sem hesitar, arrancou-o. Logo que o pano saiu, ele desapareceu.

A consciência de Ravel voltou a seu corpo no mesmo instante que o selo foi tirado. Todas as pessoas da sala congelaram. Uma malícia que eles nunca tinham visto estava irradiando de Ravel, formando praticamente uma névoa negra ao seu redor.

— Huuuhu... Huuuhu... Hahahah! — Uma risada enlouquecida saiu do lugar onde Ravel estava. Melanie, que estava na frente dele, teve que conter o desejo de fugir. A sua lança estava indicando que ela deveria sair de lá o mais rápido possível.

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A “névoa” foi se dispersando enquanto a risada soava pela sala. No centro dela, Ravel se tornou visível, mas ele estava diferente. Sua aparência estava igual a que a voz na sua cabeça tinha.

— Essa sensação... Poder mexer minhas mãos! Meus pés! Nenhuma restrição! — A voz que saía da boca do Ravel era grossa e fria, assim como a sua atual aparência. — Você é o melhor portador que existe Ravel!

Melanie apontou a lança para o garoto. Ela sabia que aquele a sua frente não era mais o Ravel. As demais membros das Guerreiras Imortais sacaram as suas armas e as deixaram prontas.

— Quem é você? — Perguntou Casandra, em dúvida.

— Oh, que falta de educação a minha, claro que eu tenho que me apersentar. — Disse Ravel, ainda com a voz fria. No entanto, as suas demais palavras foram com a sua voz normal. — Eu sou Ravel, não é óbvio? Mas...

Todas pararam, sem saber como reagir. Era como se tivessem duas pessoas completamente diferentes no mesmo corpo.

— Se quiserem, também podem me chamar pelo meu nome. Um dos sete imperadores demônios. O imperador do orgulho, Lúcifer. — A voz grossa voltou e Ravel se curvou para elas, com a mão em frente do peito.