Revolution I

Your tattos, your histories and our tries


Eram por volta das 17h e após o longo sono que Ronnie e Juliet tiveram na suposta inteção de curar sua ressaca, o garoto já dava sinais de que começaria a acordar, abrindo os olhos lenta e preguiçosamente, vendo o corpo da morena sobre o seu, esta estava aconchegada em seu peito e ele tinha o rosto quase afogado nos cabelos lisos e desgrenhados da mesma. Passou a mão de leve por toda a extensão da coluna da garota e esta arrepiou-se, aconchegando-se mais em seu corpo e entreabrir os lábios, deixando-os com contato direto à pele de Ronnie que sentia-se arrepiar com isto.
Moveu os dedos até a nuca de Juliet e ficou fazendo leves carinhos na nuca da mesma, que após alguns múrmurios similares a ronronos, abriu os olhos, esfregando-os preguiçosamente, e logo encarou o amigo com a sobrancelha arqueada.
-- Boa tarde querida -- o moreno disse irônico e logo recebeu um tapa estalado na barriga -- Filha da mãe! Por que fez isso?
-- Me chama de querida de novo pra ver o que acontece! -- a garota resmungou e sentou-se, esquecendo de enrolar-se no lençol como da última vez, recebendo um olhar malicioso de Ronnie, direcionado a seu tronco -- Nem vem, já teve sua chance noite passada. Ou seja, vamos nos levantar, esquecer tudo o que aconteceu e continuar apenas amigos, pode ser?
-- Ah Jul, Jul, Jul... -- o maior disse rindo mas logo avançou para ela, subindo por cima do corpo esbelto e pressionando o corpo que estava sob o seu com seu próprio, segurando seus pulsos na cama, acima dos cabelos castanhos, logo dizendo na voz mais sedutora que possuia -- Você quase não se lembra da noite passada, eu sei, mas não venha me dizer que não gostou. Você gemeu tanto meu nome, implorou tanto para que eu te desse mais, então não me peça para que eu esqueça o que houve.
-- Ronnie, tenho nojo de você só por você me lembrar disso -- a garota disse em tom superior e logo ele lambeu seu pescoço lascivamente, fazendo-a gemer alto e logo depois dizer ofegante -- D-desgraçado!
-- Você gosta quando faço isso, mas sabe como é né? Você está me devendo algumas histórias.
-- Quais?
-- Você disse que iria dormir e depois me contaria a história de suas tatuagens. Pode começar.
-- Quer saber sobre qual?
-- Todas.
-- Preciso começar de algum lugar
-- Bom... O "Stay Strong" no seu pulso direito e a estrelinha colorida no esquerdo
-- No pulso direito, é porque tive problemas em algumas escolas que passei antes de vir para cá pelo o que sou. E minha amiga sempre dizia que eu precisava permanecer forte independentemente do que fosse e por causa da plaquinha que meu avô deixou de herança pra mim antes de morrer. A estrela é porque quando eu tinha problemas na escola, eu desenhava essas estrelas no pulso, sempre disse que essa seria minha primeira tatuagem, e foi.
-- E a coruja no pé?
-- Sempre gostei de corujas.
-- E por fim, a roseira das suas costas
-- Homenagem à minha avó. Ela sempre teve dificuldades em superar a morte do meu avô e que prometeu a ela que voltaria da guerra para cuidar da filha que eles estavam esperando, mas ele acabou ficando louco quando voltou e ela se apegou às roseiras dela enquanto cuidava dele, mesmo que a vida dele depois da guerra não tenha sido muito longa. Ela me ensinou tudo o que sabia sobre rosas e teve um derrame um pouco antes de eu vir para esse internato. Meus pais não queriam que eu deixasse de vir pra cá pra cuidar da minha avó então fiz essa homenagem pra ela.
-- Suas histórias são interessantes. Cada tatuagem sua tem uma história
-- Não vou nem perguntar as suas porque tem tatuagem demais pra perguntar. Mas, seus pais, não se importam? Quer dizer, sua família é uma das mais conservadoras do país
-- Digamos que meus pais me deserdaram. Logo, se eu me suicidar eles nem se importam. Vão ficar até que felizes por pararem de bancar despesas de um filho encrenqueiro.
-- Mas a que ponto você é encrenqueiro?
-- Já passei a noite na cadeia duas vezes e meus pais disseram que se eu for mais uma vez, eles estão me liberando pra sempre, sem dinheiro nem nada. Apenas a deriva do mundo.
-- E teria problemas com isso?
-- Pra quem está acostumado a viver em baladas absurdamente caras do norte europeu é estranho. E também, eu sei me virar, mas realmente, não sobreviveria sem dinheiro nem nada.
-- Entendi. Mas sério, meus pais tem uma casa que eles estão meio que largando mão pra quando eu terminar a escola. Se quiser, pode ir morar lá quando eu for.
-- Por que está dizendo isso Jul?
-- Porque você pode ser um idiota pervertido que agora eu tenho nojo por ficar me lembrando que eu passei a noite passada inteira gemendo seu nome o mais alto que eu conseguia, sem ter consciência de que eu estava fazendo isso -- Ronnie riu do comentário da garota e rolou para o lado da mesma, ficando de barriga pra cima, enquanto esta se apoiava em seu peito, deslizando lentamente a unha pela tatuagem que lá havia -- Mas você tem algo que não me deixa te odiar, logo, acredito que eu goste de você mais do que eu deveria e... Apesar de tudo, eu gostei de ter transado com você.
-- Isso nos leva ao que? -- o moreno ergueu as sobrancelhas e logo puxou Juliet para cima de si, deixando-a com um perna de cada lado de sua cintura -- Quer dizer, teoricamente você admitiu que me ama. E talvez eu acredite que eu te ame, porque você não sai dos meus pensamentos por um instante sequer e -- ele reduziu o tom de voz significativamente, murmurando quase inaudivelmente -- Você foi a minha melhor transa até hoje...
-- Eu não disse que eu te amo -- a garota murmurou, dando leves beijos no pescoço do maior -- Simplesmente disse que não consigo te odiar e que acredito que gosto de você mais do que eu deveria. Que realmente, se for assim, então você também admitiu que me ama...
-- Posso levar isso como um "Eu te amo", certo? -- Radke murmurou sentindo o contato em sua pele, gemendo baixo conforme ela beijava seu pescoço, e escorregou os dedos de ambas as mãos até a calcinha de oncinha com rendas negras da garota que era a única peça em seu corpo -- Isso quer dizer que devemos começar tudo de novo? Mas agora com você consciente?
-- Entenda como quiser.
E o ápice para o garoto foi ouví-la dizer tais palavras em uma voz falha e sedutora. Puxou suas pernas possessivamente para si e rodou-a na cama, ficando por cima e a acalentando com vários beijos e carícias em seu corpo, enquanto tirava sua própria boxer e pegava mais um preservativo no criado mudo, extasiando-a mais uma vez. Mas é claro que desta vez com mais intensidade...
E assim há a prova, para se admitir que ama alguém, não precisa necessariamente dizer em todas as letras o clichê. Basta saber dizer as palavras certas e demonstrar o encanto raro do amor a primeira vista. É simples e perfeito, os dois não são do tipo mais convencional de pessoas, logo, ao admitirem que se amam, não poderia ser do modo mais convencional, era do jeito deles, do modo que apenas eles entenderiam.
Em L.A. outro casal, que ainda não era assumido oficialmente, se divertia em baladas, e agora eles estavam em uma lanchonete, recém-saídos de uma das baladas mais famosas da cidade. Lee e SaintChrist estava juntos, mas não oficialmente, não havia sido feito pedido formal nem nada do gênero, e para o ano-novo, decidiram passar a semana em Los Angeles, curtindo a noite do modo que o garoto melhor sabia curtir, mas desta vez, controlando-se um pouco mais na bebida para não correr o risco de acordarem com uma ressaca homérica. Estavam sem olheira alguma e estavam dormindo melhor do que quando estavam na escola. Mas desta vez decidiram inovar um pouco o passeio da madrugada.
Lee tinha alguns conhecidos em L.A. e estes conhecidos eram donos de um estúdio de tatuagem e diziam que quando ela quisesse, ela poderia ir trabalhar lá que eles sempre a aceitariam de braços abertos. Saint vinha comentando há tempos que queria fazer uma tatuagem nova e a garota até fez um esboço para ele, baseado no que o mesmo lhe contara que queria. E como estavam em L.A., um estúdio na mão dela, ela decidiu que poderia fazer a tatuagem. Ainda não foi comentado isso, mas uma das paixões da ruiva, era que ela tinha como um de seus hobbies desenhar e tatuar. Ficava algumas temporadas tatuando em Los Angeles e em Toronto e depois voltava para a escola, logo, ela podia fazer esse trabalho.
-- Eu tive uma ideia Saint, mas você vai achar que eu sou louca -- a garota sorriu enquanto comia seus Nuggets e dividia um copo de 500ml com o garoto, e o garoto simplesmente sorriu de volta e pediu para que ela disesse sua ideia -- Você vive dizendo que quer fazer uma tatuagem nova, não é? Então, e se eu te tatuar? Tenho a chave de um estúdio aqui perto.
-- Você tatua? Desde quando?
-- Faz tempo. Eu vinha as vezes para cá e acabei aprendendo o negócio e em Toronto minha tia tem uns amigos que disseram que quando eu fizesse 18 anos, me dariam um emprego fixo de tatuadora lá.
-- Por isso que você conseguiu fazer o esboço tão certo?
-- Exatamente. E o estúdio está fechado essa semana, mas eu posso entrar lá. Está afim?
-- Se você souber o que está fazendo... E não me matar, beleza.
-- Eu sei o que estou fazendo SC, mas vou precisar de umas três sessões para fazer esse desenho ficar bom.
-- Tudo bem, consigo fazer as três sessões durante essa semana. Mas, vai me mostrar uma foto de uma tatuagem sua?
-- Tudo bem -- a garota suspirou pesadamente e pegou sua câmera na bolsa, procurando as fotos enquanto contava sobre um de seus trabalhos -- E sabe essa corrente de estrelas que eu tenho na perna?
-- Foi você que fez?
-- O desenho é meu, mas meu amigo que fez. Ele que é o dono do estúdio de L.A. E estão aqui. São as quinze seguintes -- a garota estendeu o eletrônico ao garoto que foi passando as fotos e surpreendeu-se com o trabalho da garota -- E ae?
-- Muito bem feitas. Tudo bem, eu deixo você fazer a tatuagem. Quando começamos?
-- Vamos pra casa dos seus pais dormir um pouco e a tarde eu faço, tudo bem?
-- Se nós formos pra lá eu não vou querer dormir, sabe disso -- o loiro disse sorrindo malicioso, mordendo uma batatinha que estava com metade para fora da boca da garota -- Sabe perfeitamente o que eu vou querer fazer.
-- Saint, seu pervertido, se controle! Sem contar, se você ficar com todo esse fogo, como é que eu vou fazer a tatuagem cansada? Vai ter que gastar 300 pratas pra fazer algo que eu poderia fazer de graça, sabe disso, não é?
-- Tudo bem, mas pelo menos uma rapidinha eu quero. Senão entro na seca e vai ser pior pra você quando você me deixar fazer
-- Contente-se com sua mão, vou dormir quando chegarmos.
A expressão do garoto se fechou em uma carranca e Lee sorriu, roubando-lhe um rápido beijo, antes de se levantar e ir pagar o lanche. Pegaram o carro do garoto e foram para a casa que os pais do mesmo mantinham em Los Angeles e que o casal estava usando em sua estadia na cidade. O quarto de SaintChrist ficava vazio e eles dormiam no quarto dos pais do garoto, mesmo que os mais velhos não soubessem o que o filho e a "namorada" faziam ali quase todas as noites. Teoricamente, naqueles dias eles estavam vivendo quase como se fossem casados. Estava amanhecendo e os dois estavam se preparando para ir dormir, fecharam as cortinas e as janelas, escurecendo o ambiente. O garoto dormia apenas com uma boxer e a garota estava com um camisola de seda relativamente curto e a camisa do garoto por cima.
Lee já estava deitada ouvindo música no Ipod preto quando o loiro foi deitar-se a seu lado, rodeando sua cintura com o braço e puxando-a mais para si, fazendo-a desligar o aparelho. Aconchegou a cabeça em seu peito e logo se fechou em formato de concha, adormecendo rapidamente enquanto SaintChrist ainda observava em volta, parando para reparar que nunca se imaginou um dia ali, deitado com um garota e completamente entregue ao amor que tinha por ela.

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