Estou sentada do lado da cama de hospital em que Khan está deitado, sim eu vou chamar ele de Khan, é mais fácil de lembrar e é melhor que Khanye, enfim. Sammy saiu para tomar um ar há pouco tempo, ela ainda está muito abalada com a perda de controle e não quer que aconteça novamente, sei que ser fraca não é uma opção e isso me faz pensar que a história dela não é só o que ela havia me contado, tem mais.

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Eu finalmente completo a cruzadinha que Sammy me deixou fazendo, depois de duas horas tentando. Nesse momento o mog acorda extremamente confuso.

– Onde eu estou? – é a primeira coisa que pergunta.

Quando se vira para mim ele suspira aliviado, percebendo que não o abandonamos.

– Você está no hospital sei lá das contas sei lá das contas, trouxemos você para cá depois do "showzinho" com a Sammy.

Ele parece esquecer da minha presença e dá um sorriso bobo, mas novamente se dá conta que eu continuo ao seu lado e cora fortemente.

– E-ela está bem? – gagueja.

Que fofo, nunca vi um mog se apaixonar por ninguém.

– Um pouco chateada pelo fato que perdeu o controle, mas em geral ela está bem,

Ele assente, uma expressão de alívio tomando seu rosto.

Eu não confio totalmente nele, mas desde que salvou Sammy lhe devo uma e por isso estou tomando uma decisão que a ruiva não irá aproveitar.

– Nós vamos partir, hoje. – digo, ele se vira para mim.

– Tudo bem, eu entendo. – diz com uma expressão de dor. – Eu só vou atrasar vocês e não sou extremamente confiável.

– O que? Não! Não é isso que quero dizer, eu ia perguntar se você quer vir, conosco, quero dizer.

Ele fica paralisado e antes que possa responder Sammy abre a porta do quarto em que Khan foi colocado. Ela nem lança um olhar para ele, apenas o ignora e caminha em minha direção, o jornal sendo amassado em uma mão e o outro punho cerrado. Sem falar nada joga o jornal em meu colo e coloco-o na primeira página.

Leio o artigo entendendo exatamente o que ela quer dizer: somos noticia de primeira página, DE PRIMEIRA PÁGINA!

– Incêndio atinge campo próximo à Londres, não há testemunhas, apenas pedaços de um material desconhecido pelos cientistas. Além disso alguns crêem que o incêndio possa ter origem alienígena, pois deixou marcas enormes no terreno. – leio em voz alta.

Sammy pede que eu levante da poltrona e se joga nela batendo várias vezes em sua cabeça com a mão, imagino que ela não tenha gostado de ter virado notícia, acho que talvez ela prefira o anonimato.

– IDIOTA! – ela exclama nervosa. – Como eu pude ser tão estúpida, quero dizer, fogo é imprevisível, não é como água, terra nem ar, se for em grandes quantidades pode ser perigoso! Carl sempre me disse para não exigir o máximo dos meus legados, isso pode me esgotar, matar ou pior, tirar meu controle. Deveria tê-lo escutado quando disse isso.

Eu a abraço.

– Lembra do seu tsunami particular? Você conseguiu fazer sem nenhuma dificuldade.

Ela balança a cabeça.

– Era diferente, eu tinha uma fonte, eu tinha controle e já havia tentado antes. Mas dessa vez eu criei fogo em grande quantidade, isso poderia ter me matado.

Consigo ver as lágrimas se formando em seu olhos, ela odeia se sentir assim e eu sei disso muito bem.

– Eu tenho boas notícias. – eu tento reanima-la e contar sobre o despertar do mog.

– Se for falar que ele acordou eu já percebi, só preferi ignorar esse fato.

Eu rio e me viro para Khanye.

– Viu? Ela está melhor, agora eu vou deixar os dois a sós, preciso ir ao banheiro...

Saio do quarto e fecho a porta fingindo andar até o banheiro, porém fico no mesmo lugar, olhando pela fechadura da porta os dois conversarem.

Por alguns minutos Sammy apenas o ignora completamente, mais interessada nos cabelos vermelhos, mas posso ver os olhos esperançosos do garoto, esperando que ela fale com ele.

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– Quanto tempo acha que ela vai demorar? – pergunta o mog.

Sammy dá de ombros, mas não responde.

Depois de mais alguns minutos ela finalmente se levanta e tira sua arma da bolsa que eu não havia percebido que ela estava carregando. A ruiva aponta a arma para a cabeça do mog.

– Acho melhor ir desembuchando, mog, porque Caroline pode confiar um pouco em você mais eu não. Distração, não? Poderia ter feito qualquer coisa, um tapa, um pisão de pé, mas por que um beijo? É algum truque barato para me fazer confiar em você? Bem adivinha, não funcionou. Alguma última palavra? Uma razão para eu não te matar?

Ele engole em seco e olha em volta procurando ajuda.

Eu não quero olhar, me viro para o lado esperando pelo barulho da arma e vejo a enfermeira junto com dois homens de terno.

– Lá. – ela diz apontando para mim. – Aquela é a garota.

Os homens sacam armas e correm até mim, imediatamente entro correndo no quarto do mog, Sammy e Khan estão se beijando, de novo. Ok, isso já está ficando repetitivo! Ele me vê e se separa da ruiva corando, posso ver a raiva nos olhos dela quando anda até mim.

– Vamos. – diz.

Quando coloca a mão na maçaneta ouço o barulho de um tiro que atravessa a porta e passa por baixo do meu braço.

Ela se vira para mim, olhos arregalados e solta a maçaneta.

– Explicação?

– Soldados, governo, enfermeira mal amada atrás de nós, temos que dar o fora.

Ela assente e atira o caso e sapatos de Khan, que estavam pendurados na cadeira.

Ele os veste por cima das roupas do hospital e nós pulamos pela janela no beco ao lado do hospital, eu e Sammy não temos problemas, nossa força nos permite sustentar a queda do segundo andar, mas sou obrigada a segurar Khan com minha Telecinesia. Quando chega ao chão Sammy vai até ele e desfere um tapa em seu rosto.

– Nunca mais faça aquilo novamente. – disse pausadamente de um modo sinistro.

Ouvimos um grande barulho e logo as cabeças dos soldados na janela de onde havíamos saído, eles imediatamente olham em nossa direção.

– Ali estão eles! – gritam e começam a atirar novamente.

Sammy, eu e Khan começamos a correr pelo beco, rezando para que não seja sem saída, mas ele acaba em uma parede de tijolos explodida e queimada, não há ninguém morando nos prédios, está escuro e não conseguimos ver aonde estamos indo, até que Sammy tropeça em algo.

Me viro para ela ou pelo menos o que acho se ela.

– Tudo bem? – pergunto.

A figura assente enquanto se abaixa para inspecionar no que havia tropeçado.

– Caroline. – ela chama.

Sinto o tom de preocupação na sua voz e a procuro no escuro.

– O que houve?

– É um...é um...

Ela não consegue completar a frase, os faróis de carro nos ilumina deixando claro nossa posição, Khan não está ali, deve ter se escondido, covarde.

Finalmente foco no que Sammy apontava e estremeço.

É um corpo.

As luzes do farol se apagam e antes que possa fazer nada, eu não sinto mais meu corpo, estou inconsciente.