Reticências

Capítulo 7


POV Edward

Tentei entrar de fininho no restaurante pelos fundos para evitar a fúria de Alice. Nem tinha atendido as suas 20 ligações.

—Posso saber onde se meteu? – É não teve jeito ela estava me esperando.

A ignorei e fui me limpar para preparar os pratos, o pessoal respirou aliviado quando me viram. Ao que parece estávamos lotados hoje.

—Vai me ignorar é?

—Alice, tenho que trabalhar, dá para vazar daqui?

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—Ah, agora se lembrou que tem um trabalho. Estava preocupada, onde estava? – minha irmã é o ser mais irritante da face da terra.

—Com a Bella. Pode me deixar em paz agora?- voltei minha atenção para o molho que estava fazendo.

—Quem é Bella?

—Isabella Swan, minha amiga.

—Como você a encontrou? – perguntou surpresa.

—Andando por aí.

—Então aproveitaram e mataram a saudade. - Alice disse maliciosa, mas o que ela estava pensando?

—Não desse jeito, ela é casada e tem dois filhos.

—Era só o que faltava você apaixonado por uma mulher casada, sai dessa Edward.

—Apaixonado? Ficou maluca é? Ela é minha amiga só isso.

Entreguei o molho para uma das meninas e fui preparar o peixe, e Alice continuou na minha cola. Mas que ideia absurda foi essa que ela teve. Eu apaixonado por Bella. Eu apaixonado por Bella... Não pode ser, droga como isso foi acontecer?

—Acho que aconteceu quando você a viu pela primeira vez. – eu tinha falado alto? – Nunca achei normal essa sua obsessão por essa garota, você sempre falava dela mesmo sem vê-la ou até mesmo saber se ela estava viva. Não era normal. Achei que fosse apenas uma bobeira, mas aí o tempo foi passando, nunca te vi namorar sério. Nunca te vi com esse brilho no olhar. É amor o que você sente por ela.

Larguei o que estava fazendo na bancada e fui tomar um ar. Alice veio atrás é claro.

—O marido dela está morrendo, o filho dela me odeia e nem sei se ela sente algo por mim. Como vou viver com isso Alice? Teria sido melhor se não tivesse aberto meus olhos para isso.

—Agora você entende o que sente. Espero que se afaste dela.

—Passei 20 anos longe dela, eu não a deixo nunca mais. Ela precisa de um amigo e é isso que serei.

—Você não vai conseguir conviver com isso.

—Alice cala a boca. A vida é minha.

—Tudo bem, só não venha chorar depois.

—Vou voltar ao trabalho, vou deixar tudo ajeitado para o almoço amanhã. Não vou estar aqui.

—Como é? Vai pra onde?

—Vou passar o dia com a Bella, vamos ao hospital ver o marido dela, depois vou passear com eles por aí.

—Ela parte seu coração e ainda te tira do trabalhou. – Alice resmungou.

—Ela não partiu meu coração e eu que me ofereci para ir com ela.

—Você é um idiota mesmo. Não gostei dela.

—É uma pena, porque Ela gosta de você, até te convidou para o aniversario da filha dela.

—Perfeito assim vejo se ela é tudo isso mesmo que você fala.

—Ela é tudo isso e muito mais irmãzinha.

Alice às vezes me tirava do sério. Na verdade tirava a todos, é por isso que ela e o namorado vivem aos trancos e barrancos e ninguém conseguia ficar muito tempo trabalhando para ela. Se ela não fosse da família, já teria dado uns tapas nela. O problema de Alice é que ela desconfiava de tudo e de todos. E sua implicância com Bella estava me dando nos nervos. Voltei ao trabalho, tinha que me preparar para amanhã. Seria um dia cheio.

Pensei em levar flores para Bella, mais seria aparentar desespero demais. Optei por levar uma caixa de chocolate. Era o mais apropriado. Eu a amava não tinha dúvida, mas sabia que era um amor impossível. Então preferia ter apenas a sua amizade a não ter nada.

—Amigo. – Sophie pulou em mim assim que me viu.

Eu nunca pensei em ter filhos, mas se tivesse, queria ter uma, igual essa que estava em meus braços. Ela era a cópia perfeita de Bella, cabelo, cor, olhos, boca, tudo. Ela é tão fofa e amável, gostei dela de cara. Foi só ela sorrir para mim que me encantei. Assim que ela me conheceu, já veio fazer penteados no meu cabelo, geralmente odeio que mexam no meu cabelo, mas para ela abro uma exceção. Ela veio também contar sobre sua festa de aniversário, antes de Bella ter me convidado, ela já o tinha feito. Disse que seriamos amigos igual a mamãe dela e eu éramos.

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Agora o garoto... Não era nada agradável, mal olhava para mim. Ele ao contrário da irmã deveria se parecer com o pai. Tinha traços de Bella nele, mas a maioria se parecia com o do pai, já que ele lembrava muito o cunhado de Bella.

—Trouxe um presente para você amiga. – lhe estendi a sacola e a coloquei no chão para que pudesse abrir o presente.

—Nem é meu aniversario ainda. –comentou confusa. – É hoje mãe? – Bella veio sorrindo em nossa direção e se fosse possível ela estava ainda mais linda hoje.

—Não querida, o Edward só está sendo gentil. Agradece ele.

—Eu ainda nem vi o que é, e se não gostar? – perguntou abrindo a sacola.

—Filha. – a repreendeu.

—Deixa para lá Bella, ela tem razão. E já sei, vai dizer que não precisava. – falei antes que ela terminasse de abrir a boca.

—Obrigado então.

—Olha mamãe que linda eu amei, obrigado amigo. - ela estendeu a boneca para que a mãe visse e me abraçou.

—Que bom que gostou. Bella isso é para você. – lhe estendi o chocolate.

—Ainda acha que o chocolate cura tudo?- perguntou rindo se lembrando que sempre que ela estava mal eu lhe dava chocolate.

—Não, mas se coloca um sorriso no seu rosto já serve. E acho que estou te devendo um. Aposto que o último o Emmett comeu. – ela gargalhou.

—Acertou em cheio.

—Esse é para o seu garoto. – dei o outro pacote para ela.

—Anthony, o Edward trouxe para você. – entregou para ele assim que chegou perto de nós.

—Obrigado não precisava. – respondeu de má vontade. Ele nem fez questão de abrir, procurei ignorar isso.

—Então vamos? – Sophie pulou animada.

—Vamos ver o papai, vou levar minha boneca para mostrar pra ele.

—Não seja boba Sophie ele não pode ver.

—Deixa de ser chato Thony. O doutor disse que ele pode me ouvir tá, eu vou explicar pra ele como que a boneca é. - mostrou a língua para o irmão, lembrando as minhas brigas com Alice.

—É pura mentira isso. Ele só falou isso para você parar de chorar.

—Verdade mamãe? – perguntou já começando a chorar, mas esse garoto era irritante mesmo.

—Não Sophie, sabe... – me abaixei para ficar da altura dela. – Os médicos acreditam que as pessoas que estão na situação em que seu pai se encontra, podem sim nos ouvir. Só vamos saber se é verdade quando seu pai acordar, aí a gente pergunta para ele, se ele se lembra.

—E se ele não acordar?

—Ele vai pode crer nisso. - a abracei confortando-a. – Você deveria acreditar nisso também garoto. A esperança é a última que morre. – peguei Sophie no colo e sai cantando com ela. Bella e o filho vieram logo atrás. – Vamos no meu carro. – anunciei já colocando a pequena na cadeirinha.

—Carro maneiro – comentou.

—Edward onde arrumou essa cadeirinha?

—Eu comprei.

—Só para ela poder usar. Eu tenho uma sabia?

—Assim é mais prático, já fica aí para ela. Não precisa ficar tirando e colocando toda vez que formos sair.

—Toda vez? – perguntou meio sem graça.

—É vocês vão sair muito comigo. Entrei novamente na sua vida e agora é para ficar. – beijei a mão dela.

—Podemos ir? –o garoto passou no meio de nós dois, nos separando nem havia notado que estávamos tão próximos.

—Vamos. – entrei no carro e dei a partida.

Coloquei um cd com músicas infantis e fui cantando com Sophie, ela sabia as letras de todas as músicas, eu como não sabia de nenhuma errava tudo a fazendo rir. Bella também tentava nos acompanhar. Só o garoto mesmo que se manteve calado e emburrado olhando para janela, mas vi um sorriso dele quando desafinei completamente na música.

—Você é muito ruim. – Sophie gargalhava.

—Não sou não. Sua mãe que me atrapalhou.

—Eu te ajudei. – fingiu revolta.

—Os dois são ruins.

—Se ela falou está falado.

Estacionei no hospital e o garoto desceu correndo.

—Anthony me espera. – Bella gritou saindo também.

—Pode ir eu levo a Sophie, qual o quarto?

—402. – respondeu indo atrás do filho.

Retirei à pequena do carro e caminhamos lentamente até o quarto. Queria dar espaço para que Bella e o filho entrassem primeiro. E fiz o certo já que quando cheguemos lá os dois estavam ao que parece no fim de uma discussão, que terminou assim que nos viram, ou melhor, viram Sophie.

—Olha o meu papai ali. - ela apontou para cama e vi o homem que era dono do coração da minha amiga.

Estava certo o garoto era a mini cópia do pai.

—Espera lá fora. – me assustei quando o garoto falou comigo. Ele estava me expulsando?

—Anthony já chega.

—Deixa Bella. Acho melhor esperar lá fora mesmo.

Sai de lá antes que fizesse os dois terem outra briga. Sei que o momento é delicado, mas não vou permiti que ele ficasse tratando a Bella assim. Eu tudo bem, não ligo, mas ela não. Iria ter uma conversa séria com esse garoto.

Fiquei os esperando cerca de meia hora. Sophie foi a primeira a sair, estendi os braços para ela.

—Mostrou a boneca para o seu pai?

—Sim. Ele muito mal sabia? – olhei para Bella que confirmou.

—Aposto que ele vai melhorar logo.

—Pensei que quisesse que ele morresse para ficar com minha mãe. – Anthony me acusou.

—Agora você passou de todos os limites, o que conversamos ontem? – Bella o repreendeu, achei que ela fosse até bater no moleque.

—O que acham de irmos tomar sorvete? – sugeri.

—É melhor não Edward.

—Eu insisto Bella, nos espere com a Sophie na entrada, Anthony e eu vamos pegar o carro. – o puxei pela mão antes que ele retrucasse.

Assim que chegamos ao estacionamento o soltei. Ele estava chorando.

—O que foi, te machuquei?

—Não. Porque me trouxe aqui? Eu te odeio.

—Também não morro de amores por você. Mas gosto da Sophie.

—E da mamãe. – completou.

—Que tal um papo de homem para homem? – o coloquei sentado no capô do carro para que pudesse olhar nos olhos dele.

—O que quer conversar?

—Entendo que me odeie e que me trate mal. Mas não vou permitir que faça o mesmo com sua mãe. Ela está sofrendo não vê isso?

—Eu também estou. – gritou.

—Eu sei, mas a diferença é que você não tem um filho chato que não liga para os sentimentos da mãe e a magoa o tempo todo. – devolvi. – Seu pai estaria muito triste se visse isso. Você é o homem da casa agora tem que cuidar delas.

—Eu sinto falta dele. – explodiu num choro incontrolável. O abracei e ele se agarrou a mim como quem se segura para não cair.

—Calma ele vai sair dessa tenha fé.

—Você acha? – tentou secar as lagrimas.

—Tenho certeza, tudo vai voltar ao normal. – fungou cessando o choro.

—Você ama a minha mãe? Vai ser meu novo pai?

—Sim e não. – achei melhor ser sincero com ele. – Quando conheci sua mãe nos tornamos grandes amigos, os melhores. – me encostei no carro.

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—É, ela me contou.

—Fiquei muito triste quando ela foi embora. Eu tinha feito uma promessa de cuidar dela. E não consegui cumprir. Agora que a encontrei...

—Vai cumprir a promessa. – concluiu.

—Isso. Não vou mentir para você. Eu amo a sua mãe, muito. Mas acima de tudo ela é minha amiga, ela já tem o seu pai, eles podem ter brigado, mas eles se amam e isso não vai mudar. Ela só me vê como amigo. E assim seremos até o fim. Amigos. Você pode gritar, xingar, brigar, mas não vai me afastar dele. Ela não tem culpa de nada. Acidentes acontecem. Seu pai vai melhorar e vocês vão voltar a ser uma família. Sempre vou respeitar isso e não vou implicar com você. Em troca quero que seja um bom filho, respeite sua mãe, trate bem sua irmã e se quiser brigar comigo, faça quando sua mãe não estiver vendo para não magoa-la. Eu não vou contar para ela e nem ficar bravo. Temos um acordo? – estendi a mão para ele.

—Combinado, mas não vou ser seu amigo.

—Ainda bem me deu um alivio agora. - acho que a melhor forma de lidar com ele, seria ignora-lo, ele queria atenção, por isso agia dessa forma.

—Não precisa me dar presentes também. – ele era duro na queda mesmo.

—Não ia te dá, mas pegaria mal levar presentes para as meninas e para você não. Quis ser educado. Agora entra aí e vamos ir embora.

Quando Bella entrou no carro me olhou desconfiada, mas não perguntou nada. Coloquei o CD novamente para tocar e dessa vez Anthony também cantou. Os levei até o shopping, sob protestos de Bella de que iria atrapalhar meu serviço.

—Francamente Bella, eu mando naquilo também e posso me dar uma folga. – tirei Sophie do carro e a carreguei até o elevador.

—Mãe me leva nos brinquedos? – o garoto pediu animado.

—Eu também quero ir me leva mamãe.

—Pedi primeiro Sophie, deixa de ser chata e fica na sua.

—Vamos fazer assim: eu levo a Sophie e a Bella leva o Anthony pode ser? – sugeri antes que eles brigassem.

—Pode me leva no cavalinho? – ela pediu animada, Bella sussurrou um obrigado para mim.

O garoto puxou a mãe animado, ainda não o tinha visto feliz assim. Acho que poderia fazer isso dar certo, poderia ser amigo de Bella, dos filhos e até do seu marido. Poderia suportar a ideia de nunca tê-la em meus braços, de nunca fazê-la minha e confessar meus sentimentos. Iria ama-la eternamente em silêncio. Mas a pergunta de Sophie me fez ter outros pensamentos.

—Se meu papai morrer, você vai ficar no lugar dele?

Se ele morresse... Ela estaria livre para mim. Poderia assumir seu lugar, não, eu não poderia pensar aquilo, desejar a morte dele. Ele iria sobreviver.

—Isso não vai acontecer, ele vai ficar bem querida.

Ela sorriu voltando sua atenção ao sorvete.