Ressurgente

Capítulo 41


BEATRICE POV

Beatrice acordou se sentindo confusa e dolorida. O que tinha acontecido? E Onde estava? Ela não se lembrava. Olhou ao redor, tentando focalizar os pequenos detalhes do lugar. Estava deitada numa cama de solteiro, não tão confortável quanto ela gostaria, num quarto desconhecido para ela. O sol entrava por uma pequena fresta aberta na cortina terracota. Havia também um sofá, uma poltrona e uma mesinha de cabeceira. Esta última abrigava alguns equipamentos médicos e também havia algumas máquinas que ela já vira anteriormente em hospitais. Entretanto, o ambiente não parecia o de um hospital, apesar de tentar parecer ser. Hospitais eram frios e estéreis, ali era estranhamente aconchegante. Parecia um lar, ou quase. Mas porque ela estava ali?

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Tentou repassar as últimas coisas que lembrava. Ela estava em Seattle. Tinha ido a uma boate com Daniel e Meg, isso ela se lembrava. Mas então ela tinha saído lá, por algum motivo... Sentiu a cabeça doer pelo esforço, e deixou para tentar lembrar-se depois. Agora tudo o que ela queria era ficar deitada e descansar. E um pouco de água, sua garganta estava seca. E comer, com certeza ela precisava muito comer algo.

O problema é que ela estava sozinha. Ela estava impotente e fraca, odiava se sentir assim. Seu estômago roncou insatisfeito. Que seja, ela pensou. Começou a gritar, tentando chamar a atenção de alguém, mas seu grito saiu mais como um miado estridente.

– Ei, olha quem acordou. – Uma garota irrompeu no quarto. Tinha a pele bem branca e cabelos castanhos. Era bonita de uma forma frágil. Beatrice sabia que já tinha visto ela antes, mas não recordava quem ela era. – Sou Anne, acho que nós já nos conhecemos por aí. Sou casada com o Jim e trabalho com ele. Você sabe quem é o Jim, né?

– Ah. É o cara que cuida de criminosos? – Viu que a mulher olhou feio para ela, e tentou consertar. – Quero dizer, ele é o médico que atende extraoficialmente pessoas de caráter duvidoso ou que possuem algum problema com, humm digamos, a justiça?

– É bem interessante essa sua colocação, principalmente pelo fato de ele ter cuidado de você. – ela respondeu rispidamente. – Você é da revolução, se não me engano, e nem todos vocês, pelo que eu sei, tem uma reputação muito boa. - Suspirou. – Discutir isso é estupidez. O importante agora é que você acordou. Seus ferimentos foram superficiais, apesar da quantidade de sangue ter assustado um pouco, ao olharmos num primeiro momento. Você perdeu bastante sangue, mas poderia ter sido bem pior. Nossa maior preocupação era pelos ferimentos na cabeça, dava para ver que você a havia batido, e como somos um pouco limitados aqui no que se refere a equipamentos de diagnósticos cerebrais, estávamos te observando para conferir se não havia nenhum trauma. Vou precisar te examinar, mas meu parecer de enfermeira nesse momento é que você está bem.

Anne foi até uma mesinha que havia no canto direito do quarto e pegou alguns instrumentos, para logo em seguida se aproximar de Beatrice. Fez alguns testes e exames nela, e sorriu satisfeita.

– Não era para o médico estar fazendo isso?- Beatrice perguntou curiosa.

– O Jim é muito ocupado, então eu geralmente que cuido de tudo. Mas ele virá vê-la antes de liberá-la, não se preocupe. Mas como eu disse, seu estado é bom, você teve muita sorte. Seu namorado não precisava ter ficado tão pirado do jeito que ficou. – respondeu irritada.

– Meu namorado? – Ela ficou confusa. No exato momento ela não tinha um namorado, não exatamente. O mais próximo do que poderia considerar um, era Tobias, e ele estava a quilômetros de distância.

– É, como é o nome dele mesmo? Damon, eu acho. O intrépido líder da revolução, hahaha. – Disse debochando. Pelo jeito, ela não gostava muito da revolução, mas havia muitos que não gostavam, e Beatrice não poderia dizer que eles não tinham motivos para isso. – Ele estava meio maluco. Entendo que estivesse preocupado, mas ele realmente não precisava ter agido daquela forma.

– De que forma?

– Ah, esquece isso. Não é mais importante. Você precisa de alguma coisa? Como eu disse você está bem, mas vou precisar que o Jim chegue para te dar alta. Você levou alguns pontos, e seria muito bom que não exagerasse nos próximos dias. Tome cuidado principalmente com esse aqui. - Disse mostrando no corpo de Beatrice, á área perto da cintura. – O corte aqui levou mais pontos, não foi tão profundo, mas mesmo assim não queremos que os pontos abram. Você quer que eu chame seu namorado? Ele estava aqui com você ainda pouco, mas foi comer algo. Seus amigos também saíram, mas devem voltar logo. Imagino que esteja com fome e sede, posso trazer um pouco, mas não vai poder abusar.

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– Anh, claro. Comida e água seriam ótimos. – Ela ficou confusa, era muita informação. – E ah, Damon não é meio namorado, não mais. Não precisa chama-lo, acho que quero ficar um pouco sozinha. – Era idiota ter que explicar isso, afinal Anne nem se importava. Mas Beatrice sentia que precisava esclarecer, sentia como se estivesse traindo Tobias. E sim, ela sabia que isso era realmente muito idiota. E ela também não sabia se queria ver Damon agora, toda aquela situação estava muito confusa e parecia muito errada. Começava a entender porque Tobias ficou tão nervoso com a volta dela para Seattle. Ali as coisas eram diferentes, ela se sentia diferente.

Enquanto divagava, Anne havia saído. Voltou pouco tempo depois com água e algo que pretendia ser uma sopa. Nem conseguiu ter nojo de tanta fome que sentia. Tomou a água em pequenos goles, orientada pela outra. Após ter essas pequenas necessidades básicas satisfeitas, sentiu suas pálpebras pesando. Sonolenta, deixou que o sono a levasse novamente.

...

Quando voltou a acordar, o céu já havia escurecido. Percebeu que não estava sozinha. Sentado em um pequeno sofá de um lugar, estava Damon. Ele a olhava intensamente. Quando percebeu que ela havia acordado, desviou o olhar constrangido. Recuperou-se do choque inicial de ser pego a olhando, e levantou-se indo em direção a cama.

– Como você se sente? – Ele perguntando afagando os cabelos dela. Ela queria pedir para ele não fazer isso, de novo àquela sensação de que aquilo era alguma forma de traição, mas achou que aquele não era um momento muito bom para dizer isso. Não quando Damon a olhava como se ela fosse a melhor coisa do mundo. E não quando ele parecia tão abatido, mostravam o quanto havia ficado preocupado. Ela realmente preferia que ele a odiasse, vê-lo assim mexia com ela de uma forma que ela gostaria que não mexesse.

– Acho que sim, Quer dizer, eu me sinto bem. Com um pouco de dor, é claro. Mas no geral, estou bem. – ela mordeu os lábios, curiosa. – Afinal, o que foi que aconteceu?

Ele levantou a sobrancelha, surpreso pela pergunta.

– Isso você que deveria me dizer. Estávamos na boate, quer dizer, você estava com meu irmão e Meg, e eu estava lá... Você sabe, bebendo com alguns conhecidos. E então você saiu como uma louca atrás de um cara e o perseguiu de carro. Pelo o que eu vi, vocês acabaram batendo, um contra o outro. Devo mencionar o quanto isso foi inconsequente e estúpido? Você podia ter morrido, não que você se importe muito com isso.

– É, foi mesmo. A meu favor posso dizer que na hora me pareceu uma boa ideia. Lembro agora... Eu tinha visto o cara com Jacob antes e por isso o segui. Não consigo entender porque Jacob esta aqui, ele nem gostava daqui. Você já o viu por ai, Damon?

– Jacob? – Ele pareceu nervoso, quase na defensiva. – Não. Quer dizer, não me lembro. Pensando bem, acho que o vi sim, por aí você sabe. Nada que chamasse atenção. E também não acho nada demais ele esta aqui, quem sabe a temporada que ele passou naquele lugar onde nada acontecia, tenha feito ele fez como aqui é um lugar bem interessante de se viver.

– Talvez, mas não acho que é isso o que está acontecendo aqui. Estou deixando passar algo, tenho certeza. – Parou subitamente, com uma ideia surgindo em sua cabeça. Como ela não havia percebido isso antes?- Sabe, Damon, você nunca me disse como chegou até o caderno.

– Eu invadi a casa daquele cara, ele estava por aqui, perguntando por você. – Ele continuava na defensiva, nada satisfeito com o rumo que a conversar tomara.

–Então você simplesmente invadiu a casa dele e achou o caderno? Quer dizer, é algo muito específico para você ter achado assim ao acaso. É bem surpreendente você tê-lo achado tão facilmente, quando nem ao menos sabia o que procurar.

– Eu nunca disse que foi fácil, e também eu tive ajuda para revistar a casa desse tal doutor. O que você está querendo insinuar? Acha que eu e Jacob criamos um clube “como ferrar com a vida da Beatrice”? Pode ser incrível para você isso, mas o mundo não gira ao seu redor. – respondeu rispidamente.

– Não é isso que eu estou dizendo, e você sabe muito bem disso. Vamos deixar isso pra lá. – ela estava convencida de que Damon havia estado em contato com Jacob, mas não acreditava que ele fosse admitir isso. Além do mais, o contato entre eles deveria ter sido brevíssimo, já que um não gostava muito do outro, e se Jacob estivesse aprontando algo, não contaria para Damon. – Quando poderei sair daqui?

– Sair daqui? Eu deveria te trancar aqui para sempre para que você parasse de se meter em confusão. Para minha infelicidade, o conceito de liberdade impede isso. Então acho que não vai demorar muito, você não teve nenhum ferimento sério, provando que a sorte protege os inconsequentes. Além de que, você dormiu por um dia e meio, acho que isso é suficiente para reestabelecer suas energias. Mas conversei com o Jim, e ele achava de extrema importância que você fique em repouso por um tempo. Ou seja, até segunda ordem, você ficará em Seattle, posso arrumar um quarto para você, Meg e aquela outra lá em casa. Não há nenhum motivo para vocês ficarem em algum motel de beira de estrada, quando minha casa tem quartos disponíveis.

Ah, pensou, ficar na casa dele. Isso absolutamente não era uma boa ideia. Ela já estava confusa demais sobre seus sentimentos, manter a tentação longe era umas de suas prioridades no momento.

– Não acho que essa seja uma boa ideia...

Começou a dizer mais foi interrompida pela entrada de Christina, Meg e Daniel no quarto. Christina levantou a sobrancelha, curiosa ao ver a proximidade entre os dois. Seja o que for que ela estivesse pensando, preferiu não dizer.

– Sua maluca, você sabe como ficamos preocupados com você? – Meg começou o sermão. – que droga você estava fazendo?

– Sendo idiota. – Damon respondeu.

– Sendo inconsequente. – Essa foi Christina.

– Sendo Bea, viciada em adrenalina- disse Daniel.

...

Engraçado a nossa mente funciona. Às vezes apenas, uma palavra, uma cena, um momento é capaz de nos transportar para o passado. Foi isso o que aconteceu quando Daniel a chamou de viciada em adrenalina. Estava em algum lugar que ela não conhecia, mas a pessoa que estava com ela sim: Tobias. Ela olhou e percebeu com ele estava frustrado e furioso com ela, mas ela também sentia-se assim.

– Você está me dando um ultimato? – Se ouviu dizer, mas naquela não era exatamente ela. Era a outra, a garota corajosa que todos queriam que ela voltasse a ser. A Tris.

– Não, estou relatando um fato. Se você se colocar em risco à toa novamente, terá se tornado nada mais do que uma viciada em adrenalina da audácia, à procura de uma dose de emoção. - Ele estava com raiva e magoado com ela. Amo Tris, a Divergente que toma decisões independentes de lealdades a facções, que não é o estereótipo de uma facção. Mas a Tris que está fazendo de tudo para destruir a si mesma não consigo amá-la.

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Sentia-me nervosa, com medo de ele estar certo. Ele se aproxima de mim, encostando a testa à minha.

– Acredito que você ainda está aí dentro. Volte para mim.- E me beija levemente.

...

Da mesma forma que a memória chegou, ela foi embora. Confusa, trôpega, nebulosa, mas definitivamente certa. Beatrice estava com raiva e triste na memória, mas ela conseguia ver o quanto amava Tobias naquela época. Apesar disso, não era uma lembrança feliz, e fato de perceber que ele havia dado um ultimato a ela, por ela não ser a mesma garota que ela havia se apaixonado, a murchou. Lembrou-se das palavras dele: “não consigo amá-la.” Sentiu vontade de chorar, aquela lembrança era um aviso claro para ela, Tobias não conseguiria amá-la quando ela estava tão diferente, por ela não ser mais a garota que um dia fora.

Damon chamou sua atenção, fazendo que voltasse a realidade. Ele parecia preocupado.

– Você está ai, ou foi para outro planeta?

– Ah, só estava pensando, acabei me desligando. Sobre o que falamos antes?

– Estávamos citando todas as suas qualidades. – Daniel respondeu sorrindo abertamente.

Anne entrou no quarto sem avisar. Olhou para todos com desaprovação.

– Não posso sair que vocês abusam? Eu disse que era melhor que não entrasse todos vocês juntos.

– Ah, você sabe com é. Não resistimos, não conseguimos respeitar regras. Posso te mostrar como isso funciona. – Respondeu Daniel, flertando. Sempre o mesmo.

– Tenho certeza que não é necessário. Jim já deve estar chegando, se tudo correr bem, ele pode liberá-la para ir para casa ainda hoje, ou, no mais tardar, amanhã.

– Eu gostaria muito disso. - Beatrice respondeu, mas então lembrou que Damon havia sugerido que ela ficasse na casa dele – Mas se for mais prudente eu ficar mais uns dias aqui, até me recuperar completamente, não tem problema.

– Não acho mesmo que isso será preciso. Vou trazer algo para você comer, já se passaram muitas horas desde que você se alimentou pela última vez.

Quando ela ia saindo do quarto, Christina a seguiu.

– Ei, você por um acaso, não tem um carregador que possa me emprestar? Deixei o meu no motel, o que foi extremamente idiota, já que a bateria já estava acabando...

– Me deixa ver qual a entrada. Ah, acho que o meu servirá.

As duas saíram do quarto. Daniel começou a falar algumas tolices, não deixando cair no silêncio. Coisas sem importância, no geral, as últimas fofocas da Revolução. Damon fazia cara de entediado, mas vez ou outra, fazia algum comentário. Meg ria. Beatrice voltou a vagar, analisando sua última lembrança. Isso já havia acontecido antes, mas essa pareceu diferente. Mais detalhada, mais completa, mais real.

Já devia ter passado uns dez minutos, quando Christina irrompeu desesperada na sala. Estava pálida e preocupada. O corpo tremia um pouco.

– Eu acabei de ver minhas mensagens... Meu celular já estava sem bateria a várias horas e por isso, não tive como ver antes. Ai meu deus, porque não me lembrei de carregar essa maldita coisa?

– O que aconteceu Christina? Por que você está tão nervosa? Aconteceu alguma coisa? – Meg perguntou, receosa com o desespero de Christina.

– Sim, aconteceu. Droga... Tinha uma mensagem do Tobias... Quer saber acho melhor que vocês ouçam.

Pegou o celular, ligando para a caixa postal. Em seguida colocou na viva voz, para que todos pudessem ouvir.

– Christina porque você não atende essa droga? Maldita tecnologia, não serve para nada. – Era a voz de Tobias. – Chicago está sendo atacada, ainda não sei direito o que está acontecendo, mas acho que isso é coisa daquele doutor que Tris fala. Droga, eles têm um verdadeiro exercito. Um exército! Christina me ouça, isso é sério: vocês não podem voltar. Fiquem onde estão. Não voltem.

Então Beatrice se lembrou. Da conversa com Jacob, ela havia atendido o celular do cara que estava seguindo. Merda, porque não me lembrei disso antes? Lembrava detalhadamente de cada palavra dele:

Humm. – ele ficou em silêncio. Ela chegou a achar que a ligação havia caído, mas quando ele voltou a falar, se surpreendeu com a frieza na voz dele- Não tem importância. Ele era dispensável mesmo, pelo menos, não vou precisar aturá-lo mais me seguindo. Sabe, Beatrice é bem interessante falar com você de novo. Acho que tenho algumas coisinhas para contar que você gostará muito de saber. Sabe quem eu encontrei? Ah, acho que você é esperta o suficiente para deduzir. Mas não acho que você seja esperta o suficiente para saber o que vai acontecer. Não sei se deveria te contar. Mas posso te dar uma dica: espero que você tenha se despedido dos seus amiguinhos de Chicago, não posso garantir que você os verá de novo, pelo menos não no mundo dos vivos. Adeus, Beatrice.

Ela precisava voltar para Chicago. E agora.

...

Sua reação foi tão rápida, que até mesmo a surpreendeu. Levantou-se correndo da cama, forçando o corpo tão maltratado. Sentiu-se subitamente tonta, e teve que se apoiar à cama.Meg estava estática, Christina desesperada demais para esboçar qualquer reação e Daniel parecia não entender o que estava acontecendo. Assim, quem foi ampará-la foi Damon.

– O que você pensa que está fazendo? – Ele perguntou furioso.

– Você ouviu o que Tobias disse? Eu preciso ir até lá, eu preciso resolver isso.

– Ouvi sim, e pelo o que eu entendi, ele disse claramente para vocês não irem até lá. E eu odeio dizer isso, mas concordo com ele. Também, não sei se você percebeu, mas você não está em condições de se meter em nenhum problema agora.

– Ele tem razão, Beatrice. – Disse Christina, ainda nervosa. – Você não está em condições, mas eu estou. Vou voltar, você fica.

– Não, isso tudo é culpa minha. Eu preciso que preciso resolver, além do que, é a mim que ele quer.

– Não sei se vocês ouviram bem. – Interrompeu Daniel. – Mas o seu amigo aí, disse que havia um exército. Não consigo ver como duas pessoas poderiam resolver isso.

– Três, na verdade. – Meg respondeu. – Eu moro lá agora, é claro que vou voltar com vocês.

– Beatrice, isso já é estupidez demais. O que você acha que pode fazer? O que você acha que vai acontecer com você? – Damon disse irritado e suplicante. Ele sabia muito bem o que iria acontecer, já sabia o que havia acontecido antes. – Fique aqui, pelo menos por um tempo. Quando perceberem que você não está lá, eles vão sair da cidade.

– Eu não posso, isso é culpa minha, merda. E eles não vão simplesmente ir embora, não iriam arriscar tanto assim, para depois simplesmente desistirem e partirem. Você sabe disso. Sabe que vão matar todos, não podem arriscar que isso se espalhe.

– Eu não ligo se todos eles morrerem. Não me importo com eles. – ele sussurrou perto dela. Perto demais. Ela sentiu um pouco incomodada, mas pelo menos, os outros não estavam mais prestando atenção neles, ocupados com suas próprias preocupações. – Eu me importo com você. Olha para mim, você pode ficar aqui. Em segurança. Eu sei que você não quer ir, você não precisa ir. Fique aqui.

– Eu não quero ir, mas eu preciso. - ele estava próximo demais, segurava a cabeça dela, mantendo seus olhos nos dele. – Isso é culpa minha, eu não posso viver inconsequentemente para sempre. Não posso deixar que as consequências caiam sobre pessoas que não tem culpa de nada do que está acontecendo. Por favor, eu preciso ir.

– Tudo bem. – Damon suspirou vencido. – Mas já que é assim, eu vou também. Acho que posso convencer algumas outras pessoas a ajudar também. Pelo menos, podemos tentar melhorar nossas chances. Mas antes, precisamos de um plano, então pode deitar de novo. Não vamos agora, primeiro precisamos pensar. Amanhã resolveremos isso.

...

Beatrice, inicialmente, não havia acreditado que Damon estivesse falando sério sobre ajudar. Mas ela se enganou. No outro dia, eles começaram a analisar o que poderia ser feito. Damon também cumprira sua palavra de chamar outras pessoas para ajudar, alguns membros da revolução de sua confiança. Não era um número tão grande quanto ela queria, mas já era um grande avanço.

Além disso, ela esperava contar com a ajuda de outras pessoas. Primeiramente, a dos próprios moradores da cidade, que não deviam estar nada satisfeitos com o que estava ocorrendo.

Existia um segundo grupo que ela havia achado que, talvez(e era um grande talvez), poderiam ajudar. Ela havia tido a ideia na manhã seguinte, e mesmo parecendo totalmente maluca, decidiu compartilhar com Damon. Ele não havia gostado muito, mas, por fim, aceitara que poderia ser vantajoso para eles se conseguissem. Eles teriam que fazer um pequeno desvio ao ir para Chicago, mas poderia valer a pena.

Então, quando finalmente decidiram partir, seguiram para Denver, cidade onde ficava o hospital. Sim, isso era muito louco. A ideia de Beatrice era que com o Dr. Zank ocupado demais em Chicago, seria fácil tomar o hospital e soltar os outros pacientes. E haviam lá vários outros pacientes que haviam, digamos, ressuscitado. Outros pacientes que não sabiam nada sobre sua real situação, mas que quando soubessem ficariam revoltados. Muitos até já estavam, por ter que viver trancafiados. Muitos raivosos, muitos que, como ela, poderiam querer se vingar de todas as mentiras e crueldades que passaram por causa do doutor.