República Pohl.

Fazendo amigos.



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Era sexta e a república fervia com todos querendo sair. Volta e meia passava algum desesperado gritando, às vezes Taylor só de toalha, às vezes o Gerard só de calça, tenho que dizer que ele é muito, muito gostoso, e por vezes o Bill gritava dizendo que quem quisesse se maquear com ele, que corresse. Nunca fiz o tipo que sai de casa, porque sempre que vou para alguma festa, dá merda no fim.


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– Tem certeza que não vem, Renee? - Andy surgiu na porta, só de calça e com uma toalha no ombro, um olho maqueado e outro não. -


– Não dá certo, Andy, você conhece minha sorte com festas. - rolei os olhos. - Divirta-se.


– A TPM dela é as avessas e ela fica de bom humor? - Gerard parou pra brincar com a minha cara. -


– Gee, tu é mais gostoso calado. SHIU. - falei, voltando a ler meu livro. -


– Eu... Eu sou o quê? - ele me olhou, Andy riu. -


Não demorou para que todos estivessem prontos e saindo, quando vi Strify passando só de boxer e uma camisa três vezes maior que a dele. Um mês aqui e eu já sabia que o loiro era bem mais diva que todas as meninas ali juntas e mais festeiro que todos ali e ele não ia sair, fora que estava desarrumado? Tinha coisa errada. Ele passou direto, deve ter descido, feito algo lá embaixo e voltou, pareceu ver que eu ainda estava em casa, me olhou e sorriu triste, seguindo para seu quarto.


– Strify! - não me pergunte porque o chamei. "Gosto" do Sty, ele não me zoa e geralmente me defende quando todos começam a falar besteira pro meu lado, como o Gerard sempre faz. Não que eu precise de defesa de alguém, é só que não estou muito acostumada a ter amigos, enfim. Não sei o que me deu, talvez o Gee tenha razão e minha TPM seja ao contrário, vai se saber. -


– Uh. - ele voltou, me olhando. A cara de tristeza dele me comoveu. -


– Por que não saiu com todo mundo? - coloquei o livro de lado, ele se encostou na porta, dando ombros. -


– Não tô no clima. - suspirou. -


– O que houve? - voltei a perguntar. Ele devia aproveitar que eu tava de bom humor e sendo prestativa e se aproveitar, isso não ocorre com tanta frequencia. Ele só negou com a cabeça. - Tem certeza que não quer falar? - porra, o quê deu em mim? -


– Você vai me zoar. - ele suspirou. Eu não ia zoa-lo vendo o quão mal estava. OK, eu zoaria qualquer outro, não ele, já disse que curto o cara. -


– Não vou não, pode falar se quiser. Quem sabe não te ajudo? - tentei ser doce, além de querer ajudá-lo tava curiosa pra saber o que deixou a diva brilhante tão sem brilho. Colabora, Strify! -


– OK. - ele se deu por vencido e entrou no quarto, sentando na ponta da cama. -


– Eu não vou te morder, garoto. - ri, fazendo-o sorrir tristemente. - Senta direito.


– Certo, mas deixa de tanto doce, tá me deixando com medo. - ele fez careta. -


– Se eu sou bruta, vocês reclamam, se eu sou doce, também, depois eu mando todo mundo pra puta que pariu e ninguém sabe por que. - rolei os olhos e o vi sorrir um pouco mais. -


– Melhor assim. - ele se ajeitou na cama e me olhou. - Briguei com meu namorado. - falou e eu fiquei olhando-o, esperando o restante, mas ele nada disse. - Renee?


– Tô esperando o resto. - falei. - Tipo, sei lá, o motivo.


– Acredite, você não vai querer saber o motivo. - levantei uma sobrancelha sem entender. - Sexo, Renee, nós brigamos por sexo.


– Credo, acho que o Gee tem razão, minha TPM é estranha. Tô lenta. - balancei a cabeça negativamente. - Sexo? Você fez greve?


– Você quer mesmo ouvir? - ele levantou a sobrancelha e eu fiz cara de nojo, fazendo-o rir. - Enfim, nós brigamos, terminamos e agora estou pra baixo.


– Você não devia ficar assim, sabe. - fui sincera. - Seja lá qual foi o motivo, com conversa a gente sempre resolve.


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– Não com ele. - ele se jogou na cama. - Jonhnatan é... diferente.


– Strify, só te conhço a um mês, mas já sei que não é qualquer coisa que apaga teu brilho. Sabe, sei que tu odeia que te chamem de diva, mas é exatamente isso que você é. - ele me olhou com uma cara não muito simpática, mas cara feia pra mim é fome ou sou eu me olhando no espelho, então não liguei e continuei. - Divas não se deixam apagar só porque um babaca lhes deu um pé na bunda, elas são superiores a tudo isso. Seja superior, você sabe que é melhor que ele.


– Mas eu gosto dele. - ele fez biquinho. -


– Foda-se. - falei. - Você.Não.Pode.Ficar.Pra.Baixo. - falei devagar. - Se você fica mal por um cara que te largou, o que resta para nós, meros mortais?


– Claro, como se você fosse do tipo que fica mal por um cara. - ele disse e a lembrança que me veio a mente me fez paralisar e quase me encolher. - Renee, você já ficou mal por um cara? - ele me olhou assustado. -


– Em minha defesa, não era um cara qualquer, era, provavelmente, o homem da minha vida. - falei de uma vez. Odiava esse assunto. - Mas ele foi um idiota, então eu tive de esquecê-lo. - dei ombros. -


– Esquecu? - Strify quase riu, mas acho que sabia que se risse, eu o mataria. - Seu olho ainda brilha quando fala dele. Você não o esqueceu.


– Strify, quer saber o sabor do meu punho? - o lancei um aolhar mortal, ele negou. - Então cala a boca, caso contrário vou enfiá-lo na sua garganta.


– Desculpa. - ele pediu, mas percebi que ele não estava arrependido. Tentando não brigar com ele, apenas ignorei. Meu celular começou a berrar no criado mudo e eu me assustei. Não sou a pessoa que mais recebe ligações, sabe... O nome que apareceu, quase me fez gritar de felicidade. Quase. Quase, porque a puta que estava me ligando, que eu costumava chamar de melhor amiga, me abandonou. Pois é.


– Vadia. - atendi e logo pude ouvir sua voz, mas estava muito barulho no fundo. -

Renee!– ela gritou, feliz. Podia vê-la sorrir, quase. O barulho ao fundo era infernal. -


– Sai do puteiro e vai pro quarto, puta dos infernos. - falei, escondendo um sorriso. -


Me ame, vadia.– ouvi o barulho diminuir até sumir quase completamente. - Onde você tá?


– Na Disney, transando com o Mikey. - rolei os olhos e pude ouvi-la gargalhar. - Em casa, onde mais?


Espero que o Mikey faça melhor que eu.– ela riu e eu também. Pude jurar ouvir alguma risada a mais no fundo. Devia ser só o eco... - Casa? Mas o Andy disse que vocês estão morando em uma república...


Kylie, você falou com o Andy e não falou comigo? - gritei, ouvi quando ela riu e tive certeza que tinha mais gente com ela. Ouvi a risada do Andy. - Onde você tá, vagabunda?


Comigo!– ouvi o Andy gritar. - Eu disse que você devia vir!


– Andrew, seu viado, Kylie, sua vadia, porque ninguém me disse que tu tinha voltado? - rosnei, dividida entre a raiva e a felicidade. Strify ao meu lado, ria das minhas reações. -


Era pra ser surpresa!– ela disse rindo. - Mas tu tem que ser anti-social e não aceitar sair... Levanta a bunda da cama, queima seja lá qual for o livro que tu tá lendo e vem pra Phoenix* me ouvir! – desliguei na cara dela e olhei pro Strify, que me olhou assustado. -


– Levanta. - mandei, ele ficou de pé num salto. -


– Que houve? - ele me olhou. -


– A gente vai sair. - sorri. Tinha esquecido da última vez que havia me sentido tão feliz. Porque sim, Kylie me deixava extremamente feliz, mesmo sendo uma vagabunda idiota que me trocou por fama, dinheiro e viagens ao redor do mundo. Amiga idiota. -


– Qual parte do 'não tô no clima', você não entendeu? - ele me olhou como se eu fosse uma retardada. - Não quero sair.


– Quem disse que eu tô perguntando se você quer? - levantei uma sobrancelha. Nós vamos pra Phoenix, quer você queira, quer não?


– Phoenix? Aí é que eu não vou mesmo. - ele me olhou, quase chorando. - Phoenix é a boate do Johnatan.


– Ele é dono do lugar? - levantei uma sobrancelha, ele concordou. - Tu tem bom gosto, hein. - sorri. - Ele vai tá lá, melhor ainda. Anda Strify, eu sei que você supera se quiser.


– Não, Renee... Hoje eu quero ficar de cama, tomando sorvete e assistindo Breakfast at Tiffany's. - sorriu como criança. -


– Sinto muito lhe dizer, mas a Audrey vai ter que esperar. - falei me aproximando e o segurando pelos ombros. - Strify, acredita em mim, esse Johnatan não te merece e você não pode deixá-lo saber que conseguiu te deixar pra baixo. - o olhei nos olhos. Puta que pariu, hein diva. Que olhos lindos. - Vai lá, eu sei que você arrasa.


– Se eu for, você JURA que vai ficar comigo o tempo todo? - me olhou como uma criança suplicante. -


– Juro. - sorri. - Mas não acostuma com essa bondade toda, viu?


– Tô indo, já. - se soltou de mim. - Aliás... Vai você tomar banho primeiro. Vou escolher sua roupa.


– A troco de quê? - o olhei sem entender. -


– Nós vamos pra balada mais top da cidade, quero me assegurar que você vai parecer uma menina linda e não um moleque.


– Tá dizendo que eu me visto mal? - cerrei os olhos em sua direção. -


– Não. Tô dizendo que você vai ficar absurdamente linda hoje. Vai logo pro banho. - ele me empurrou quarto a fora e eu não tive como dizer não. Segui pro banheiro tomar meu lindo banho enquanto pensava em como ia ser bom rever a Kylie. Ela era quase minha irmã mais velha, cuidou de mim com todo o carinho do mundo e me ensinou tudo o que sei hoje. Meu primeiro beijo? Ela tava do lado. Meu primeiro porre? Foi com ela. Minha primeira farra? Advinha quem me levou? Ela. Ela estava em todas as minhas lembranças, boas e ruins, até o dia em que descobriram seu talento. Kylie era DJ nas festas em que ela me arrastava e um belo dia, alguém resolveu que ela era talentosa demais pra ficar presa aqui e que o mundo deveria conhecê-la. "Perdi" minha melhor amiga pro mundo. Sim, eu era dramática quando se tratava dela, mas é assim que a gente fica quando "perde" alguém que gostamos muito. Kylie agora rodava o mundo e era uma das melhores DJ's. As pessoas faziam fila para entrar nas festas que ela toca e eu tenho orgulho dela por isso. Terminei meu banho e segui pro quarto onde Strify havia deixado minha roupa em cima da cama. Gosh, ele realmente sabia o que fazia. Me vesti e tive de admitir que aquilo tinha ficado bom, muito bom. Por mais que eu estranhasse aquela roupa em mim, tinha ficado ótimo, a não ser por aquele trequinho de 7cm de salto. -


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– Strify! - gritei e logo ouvi o barulho do salto batendo no chão. Ele estava só de calça e botas, e assim como Andy mais cedo, apenas com um dos olhos maqueados. - Ai Deus, você tá linda. - ele sorriu. -


– Primeiro, de quem é esse sapato? - mostrei. -


– Da Taylor. - ele disse. -


– E ela sabe que você pegou?


– Sabe.


– Mas eu não consigo ficar em pé nisso. - falei. - Vou acabar quebrando o pé.


– Vai nada. - ele riu. - Calça logo e vem pro quarto que eu vou te maquear.


– Me maquear? - o olhei. -


– Você não esperava ficar com uma roupa linda dessas, sem maquiagem, né? - ele sorriu. -


– Não Sty, não quero ficar parecendo uma palhaça. - gemi. -


– Nã vai, - ele sorriu. - eu que vou te maquear, vem logo. - ele me puxou e lá fui eu de novo. Passei os quinze minutos seguintes sentada com ele passando sei lá quantas trocentas coisas no meu rosto. O resultado foi impecável. - Linda. - sorriu. -


– Não parece ser eu. - falei. - Valeu... Eu acho.


– Encare como um agradecimento por ter me botado pra cima. - sorriu. - Agora dá licença que eu vou terminar de me arrumar. - ele me expulsou do quarto e eu desci as escadas, encontrando Chris vendo TV. -


– E aí. - sentei no sofá ao lado dele. - Você sumiu o dia todo...


– Fui pagar contas. - ele disse e me olhou, percei que se adimirou. - Você tá linda.


– Valeu. - sorri. -


– Strify, acertei? - ele riu quando concordei. - Conseguiu convencê-lo a sair?


– Yeaps. - falei e logo a diva chegou. Sério, estar ao lado do Sty é humilhante. Eu me senti uma patinha feia diante de tanto brilho dele. - Não acredito que ia deixar um imbecil apagar seu brilho. - falei, ele sorriu. -


– Vou trazer o John comendo na minha mão. - sorriu maléfico e nos despedimos do Chris, saindo em seguida. Se eu soubesse o que ia acontecer naquela boate, teria ficado em casa acabando de ler 'Orgulho e Preconceito' pela sexta vez.