Renascer.

2. Uma Puta de Uma História.


Coloca a última caixa em cima da cama de solteiro simples, e olha em volta. O quarto não era nada de mais: três paredes brancas gelo e a quarta, da porta, era azul bebê. Não tinha banheiro embutido, e Xander resolve ignorar o fato de que sua nova companheira de quarto talvez não fosse apreciar o fato de que leva horas dentro do banheiro.

Suspirando, desamarra o pequeno coque bagunçado dos cabelos suados, os amarrando novamente com mais força para os cabelos não escaparem desta vez.

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"Não é de mais," vira para ver a loura com os braços, olhos encarando as caixas de papelão, "mas deve resolver. O banheiro no corredor é todo seu; tenho meu próprio."

Xander faz um pequeno barulho nasal em concordância, enquanto a menina corre para seu quarto no final do corredor - continua sendo perto de seu novo quarto, vendo que corredor não era maior do que o suficiente para alojar três portas e algumas decorações nas paredes.

Olha mais uma vez ao redor, mãos na cintura. Demoraria algum tempo para desempacotar todos seus pertences; resolvera com uma olhada para a luz baça de fim de tarde do dia que cuidaria de tudo isso aos poucos. Tudo o que mais queria agora era conhecer a noite nova iorquina de uma sexta-feira.

···

Não sabe dizer quanto tempo demorou se ajustando, mas quando olhara de esguelha para o pequeno relógio-alarme os números 9:57 brilharam verdemente para ela.

Hailey se olha no espelho do banheiro, um longo dedo limpando uma borra de lápis no canto do olho. Sorri para si mesmo quando se aprecia; os cabelos louros selvagens da peruca davam um pesado sentimento de prazer sobre sua cabeça, e apesar do peso, mantinha o queixo afinado reto. Os lábios finos se avolumaram com a ajuda do batom forte, roxo escuro, que contrastava com a maquiagem azul escura dos olhos.

Encarou a porta. Como Marjorie a olharia quando aparecesse vestida com um vestido preto, cobrindo os saltos azuis? Hailey dá de ombros. Não importa. Marjorie a aceitara em seu apartamento sabendo muito bem o que era.

A sala estava escura quando pisara fora do corredor, e a única luz era da televisão. Iluminava o sofá aconchegante de veludo vinho e o ninho de cobertores e travesseiros - Hailey demora alguns segundos para perceber que uma das mantas é na verdade um gato branco grande, que a olha com brilhosos olhos azuis.

Algo se move. Hailey se depara com outros olhos azuis a encarando, muito mais escuros que se apertam quando a garota a encara. Hailey arrisca um sorriso. Vê quando a face da loura se suavizar em um sorriso genuíno, Hailey sente o coração se expandir.

Marjorie acena para ela antes que saia pela porta, e Hailey joga outro sorriso.

···

Ainda não sabe que horas são. O dia estava nublado, e cada respiração era uma baforada branca. As mãos frias tentam se aquecer dentro dos bolsos do trench coat roxo escuro, e Hailey também não tem a menor idéia de como a peruca loura continua intacta.

O cérebro levemente inebriado não consegue pensar claramente nos acontecidos da noite. Só consegue se focar na sensação - o corpo parece menos pesado, como se todos os problemas não passassem de meras bagagens e que finalmente achara um cantinho para as deixarem. A noite nova iorquina era... era algo que não tinha como explicar. Não fora barrada em pub ou boate nenhuma, e ninguém a olhara duas vezes a não ser que fosse para lançar um sorriso; descobrira que por mais arrogante que nova iorquinos fossem durante o dia, a noite era algo totalmente diferente. Era quando podiam se deixar levar, e serem simplesmente... eles.

A bebida tinha uma enorme porcentagem nisso, claro, mas como alguém muito sábio antes dissera: "Quem precisa de soro da verdade, quando um engradado de cerveja está logo ali?"

Para em frente à um restaurante. Seu estômago revira com o cheiro de comida e os tímpanos se animam quando ouve um jazz instrumental tocando baixo. Olha para seu estado e suspira. Não tem dinheiro o suficiente para pagar uma boa refeição.

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Depois de alguns minutos parada, contemplando o interior do restaurante pelas enormes janelas, suspira e continua seu caminho. Um calor confortável atinge sua nuca exposta, e Hailey olha para cima - o sol estava nascendo, lutando contra as nuvens cinzas. Sorri. Sente falta do sol.

Tem que se apoiar na parede quando quase cai de cara no chão, os saltos de quinze centímetros enroscando numa fresta na calçada. Fecha os olhos, sentindo a cabeça girando e a garganta se fechando. Devagar, libera uma baforada branca de ar, e quase nem percebe as mãos se apoiando em seus ombros.

"Tudo bem?"

Inspirando levemente, se vira. Depara-se com uma menina alta, ea primeira coisa que seus olhos baços reparam é o chapéu coco azul neon.

"Provavelmente terei alguma complicação por engolir vômito, mas, sim. Acho que estou bem."

A garota abre um grande sorriso, ombros tremendo quando gargalha. Hailey tenta sorrir, mas tem certeza que seu sorriso é tudo menos um sorriso.

"Bom. Você parecia um pouco... bem. Não bem."

Hailey arquea uma das sobrancelhas, acenando a cabeça.

"Sou Valentina."

"Hailey."

Vê quando a garota morde o lábio e olha a rua não muito movimentada. Sorri para Hailey novamente, mãos ainda apoiando a garota, e Hai percebe uma cicatriz se esticar verticalmente ao lado dos escuros lábios carnudos.

"Você está realmente bem? Posso te acompanhar até em casa. Não parece que irá conseguir se arrastar por mais algum tempo."

Hailey estreita os olhos. "Você poderia ser uma serial killer. Eu poderia ser uma serial killer, te levando para uma armadilha."

A garota sorri mais ainda, um dos braços se intalando na cintura de Hailey e a levando pela rua abaixo.

"Se você ou eu for um serial killer," balança os ombros, "teremos uma puta de um história para contar."