Reformatorio

Capítulo 1


Portas do Paraíso ou do inferno, só se for, meus pais estavam com suas melhores caras de decepcionados e “ não esperávamos isso de você, logo você Alex!”. Minha mae mal olhava na minha cara, sem franzir o cenho e os olhos ficarem marejados. Meu pai dirigia serio, eles não se falavam entre si, mais se falaram ontem quando combinaram de me deixar no reformatório portas do Paraíso. No começo eu fiquei revoltada e pensei em fugir, mais quer saber melhor longe deles do que com eles, o que o reformatório tinha que podia ser tao horrível?! Tudo o que eu tinha se resumia a uma mochila roxa xadrez e meu ursinho, meus pais pararam de me dar coisas, na mesma época que eles pararam de considerar extraconjugal algo ruim e na mesma época que eu comecei a pixar, invadir e roubar. Acontece.

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O reformatório, era rodeado por um muro enorme totalmente colorido, meus olhos chega ficaram ofuscados com tanta cor que tinha naquele muro. Minha mae disse alguma coisa baixinho e meu pai assentiu.

- Alex? - chamou meu pai.

- Oi.

- Se importa se apenas a deixarmos na porta? Digo qualquer coisa ligue. Sexta é o dia de ligação, se alguém fizer mal a você é só ligar. - disse meu pai casualmente, se ele estava sendo casual significa que pra ele já não fazia mais diferença se eu estava morta ou viva.

- Isso Alex. O reformatório com certeza vai ser muito benéfico pra você, visualizamos as instalações online e o programa de cursos oferecidos. - disse minha mae como um robô.

- Tá. - disse simplesmente.

Sai do carro, dei um aceno e eles deram sorrisos que mal chegavam aos olhos. É agora eles pareciam prestar atenção, quando eu virei uma delinqüente juvenil meus pais falaram comigo. Enfiei meu ursinho na minha bolsa que já estava quase explodindo e entrei no muro colorido e infinito. Dentro era bem decepcionante, três prédios de concreto, mal cuidados paralelamente um para o outro e uma quadra enorme e muito bem cuidada na frente, legal eu devo dormir com ratos mais a quadra parece feita de diamante. Uma garota de cabelo rosa e vestido grudado, estava desatolando o salto do chão de grama enquanto sua mae que parecia feita de botox estava ao seu lado segurando duas malas enormes que faziam a minha pobre mochila parecer uma necessarie.

Também tinha um garoto, mais ele estava muito longe, por um momento pensei que sabia quem ele era, mais devia ser só impressão. Quando voltei meus olhos para frente uma garota estava la, com um sorriso enorme de covinhas. Sabe ela seria linda, se o cabelo não fosse tao desigual, ela tivesse sobrancelhas e a cicatriz enorme que percorria todo o seu braço direito, bem se ela não existisse ia ajudar.

- Eu sou Lola. - ela disse, olhou em volta e chamou a garota rosa e o garoto ao fundo para se juntarem a nos. - Quando eles chegarem eu vou apresentar tudo, sabe é a primeira vez que eu faço isso, eu estou meio nervosa então não ligue, ok?!

- Tá. - disse, ela pareceu meio decepcionada com a minha resposta. - Sou a…

- Alexandra Amora, nome muito peculiar mais quer saber eu achei fofo. - ela disse antes que eu pudesse falar e se eu falasse eu com certeza não diria que meu nome é Alexandra Amora, afinal quem tem nome de fruta?!

- Alex, por Deus me chame só de Alex. - pedi e ela me deu uma piscadela. Serio, o que essa garota fez pra estar aqui? Matou coelhinhos de pelúcia?

Quando a garota rosa e sua mamãe chegaram, seguidas pelo garoto desconhecido, eu tive que rir. Serio quem encontra o assaltante no seu reformatório? Ele me olhou surpreso e me lançou um olhar mal humorado. O cabelo castanho parecia um ninho escondido numa touca preta, os olhos castanhos estavam marcados por olheiras profundas e ele usava o mesmo estilo de regata branca que parecia um pedaço de pano rasgado e jogado no corpo dele, assim como jeans pretos e coturnos, certo se eu dissesse esse cara é feio eu deveria me jogar da ponte porque seria a maior mentira da minha vida, tudo bem que com aqueles hematomas no braço ele não devia fazer o estilo de muitas garotas, mais infelizmente fazia o meu.

- Vocês se conhecem? - perguntou Lola visivelmente confusa assim como mae e filha cor de rosa.

- Ele contribuiu para eu estar aqui. - disse irritada.

- Ela contribuiu para eu estar aqui. - disse fazendo uma imitação mal feita da minha voz.

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- Cala boca. - reclamei e ele tirou o canivete do bolso, começou a passar embaixo das unhas.

- Seria incrível agora se eu pudesse enfiar o meu canivete na sua garganta e... - ele começou a falar, idiota, se eu cometer assassinato num reformatório eu fico aqui pra sempre?

- Nossa! Que clima de tensão horrível! Tenho certeza que os cursos proporcionados pela nossa escola vao ajudar a equilibrar o clima de vocês e alem disso não tem como não gostar! - garantiu Lola, por um segundo eu e o assaltante nos entreolhamos, tenho certeza que ele pensou a mesma coisa que eu “com certeza devia ser uma droga”.

É. Eu odiei todos os cursos proporcionados, especialmente a palestra preparatória sobre as sete semanas que passaríamos ali, gentilmente chamadas por Lola de os sete passinhos para o céu, serio eu preciso saber o que essa garota fez. Os cursos obrigatórios eram ser líder de torcida, para os garotos jogar futebol, natação e cerâmica, onde segundo eles “ a raiva de vocês sera totalmente direcionada para essas atividades e isso vai contribuir para o convívio na sociedade, claro que em caso de desobediência o aluno sera devidamente punido, os pais de vocês assinaram os termos de castigo moral e físico.” Ou seja, caso você não faça essas bagaça idiota você leva porrada. Descobri que o nome do meu assaltante é Dean Ackarti e a garota rosa é a Barbara ou Babi como ela insistiu em ser chamada. Como se alguém ligasse. O nome dela não era o de uma fruta, não tinha o que reclamar!

Meu quarto era um cubículo branco, com uma colcha cor de rosa, um armário vazio e um banheiro com uma parede rosa, aparentemente era assim que diferenciavam os quartos femininos e masculinos. Joguei minha coisas num canto, tirei meu ursinho de la e coloquei na minha cama. Quando eu estava prestes a dormir, algum ser insistente batia sem parar na minha porta, e eu que pensei que podia ficar dormindo no reformatório, aparentemente o objetivo deles é transformar a vida das pessoas num inferno e o meu só estava começando.

- Alex, é a Lola! - que surpresa. Levantei a passos de tartaruga e abri a porta, atras pude ver Dean e Babi. - Você precisa entregar os seus eletrônicos, nos vamos pegar os uniformes, você sabe líder de torcida, maio e o avental para cerâmica.

- Por que eu faria isso? - perguntei e Lola me olhou confusa. - Sabe, entregar meus eletrônicos, não me lembro das regras contra celulares ou ipod.

- Porque é obrigatório! - ela disse como se fosse obvio, Lola juntou as sobrancelhas e franziu a boca. Puxou um livrinho do bolso e abriu numa pagina. - Eu posso ler o regulamento se você quiser confirmar...

- Não! Ela já entendeu! Por favor não leia de novo! - pediu Dean e me lançou um olhar ameaçador de “ não me obrigue a usar meu canivete”.

- Tá que seja! - disse, peguei meu celular e o ipod e entreguei a Lola, que recebeu com um sorriso no rosto.

Babi experimentou todos os uniformes possíveis e impossíveis e eu e Dean tivemos que ficar no refeitório esperando a princesa achar algo rosa o suficiente pra ela. Pensei em conversar com ele mais o olhar de ódio que ele lançou me gelou a espinha, e ele já estava passando aquele canivete idiota embaixo das unhas. Qual é? Eu devia odiar ele muito mais, afinal se eu não tivesse sido presa naquela noite eu provavelmente ainda estaria por ai, mais não eu estava aqui.

- Por que você tá aqui? - perguntou ele com os olhos ainda fixos nas unhas provavelmente super limpas.

- Eu invado lugares, ai eu picho, e depois eu vou no supermercado roubo tinta pra pixar mais e por ai vai. - disse. - E você? Alem de roubar celulares? De forma muito amadora por sinal.

- Falou a profissional.

- Cala boca, você me ferrou de propósito naquela noite. - reclamei, colocando meus pés encima da mesa.

- Talvez, eu não achei que você já fosse fichada, se eu soubesse tinha deixado passar mais eu achei que você só era uma garota mimada bancando a esperta. - ahhhh.

- É acontece, mais o que você fez? - perguntei de novo.

-Alem de roubar, me meter em brigas de ruas, e uns caras que ferraram comigo. - ele disse casualmente, era a primeira conversa sincera que eu tinha em séculos, se eu falasse com meus pais ou qualquer pessoa da minha escola, minha frase era sempre com uma mentira pra encobrir outra mentira.

- O que? Você vendia drogas? Seu traficantizinho hein! - eu disse brincando. Ele revirou os olhos.

- Não sei se você sabe mais se eu fosse traficante eu teria que tratar dos meus problemas com a policia não um acordo judicial num reformatório qualquer. Eram só umas apostas furadas. - ele disse mal humorado como sempre,deu de ombros e largou o canivete na mesa. - Ja deve ser sua vez.

- Isso tudo é o desespero para se livrar de mim? - perguntei pegando o canivete, seus olhos ficaram arregalados e preocupados, por um momento eu senti pena, digo ele podia ficar tranqüilo se aquele pedacinho de metal era tao importante assim eu nunca iria fazer nada, eu podia não seguir as regras da sociedade mais eu não estava tentando ferir os sentimentos de ninguém mesmo sendo um cara totalmente estúpido e gato. - Hey, vou colocar na mesa, fique tranqüilo canivetes não fazem meu estilo.

- Nunca encoste no meu canivete, sua pixadorazinha metida. - ele disse visivelmente irritado, senti o sangue subir a cabeça, dane se o meu discurso de não quero ferir os sentimentos de ninguém, é difícil quando não se tem mais sentimentos.

Joguei o canivete com toda a minha força encima da mesa e sai a passos largos em busca de Lola e Babi, descobrir se elas não tinham se afogado no meio dos uniformes, maios e aventais. Por sorte elas teriam morrido talvez? Quem sabe?

Aparentemente as pessoas não morrem soterradas por aventais,maios e uniformes cafonas de lideres de torcida, o que sinceramente é uma pena. Enquanto Babi deve ter demorado uma hora ou mais, eu demorei quinze minutos pra escolher tudo, afinal era tudo igual, simplesmente não tinha o que escolher a não ser que ela fosse aquele tipo de garota que experimenta roupas iguais de tamanhos diferentes para ver qual fica mais apertada, pelo jeito Babi era exatamente esse tipo de garota.

- Tem certeza que não vai querer escolher mais nada? Tipo acho que seu avental ficou meio largo. - disse Babi, quando estávamos sentadas no refeitório enquanto Dean escolhia suas roupas.

- Tenho, não curto meter a mão na argila com alguma coisa me apertando. - disse casualmente, mais Babi riu, provavelmente achando que era piada. Eu tenho cara de palhaço?

- Você é engraçada. - ela disse após sua risada estridente, e eu repito “Eu tenho cara de palhaço?”, mais eu não queria brigar com Babi, não estava afim de brigar com ninguém no momento.

Na verdade eu estava ate meio preocupada se eu não quebrei o canivete do meu trombadinha, quero dizer do Dean, ele pareceu ficar tao em pânico por um momento que eu senti pena, pois é fiquem chocados eu senti alguma coisa, pelo menos parecia importante. Lola surgiu com Dean e sua cara mal humorada.

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- Vamos voltar logo para os dormitórios, afinal daqui a pouco é hora do jantar, e vocês vao conhecer pessoas, alem do mais amanha começa a jornada maravilhosa dos sete passinhos para o céu. - ela abriu um largo sorriso, passou a mão no cabelo desigual e suspirou. - Mal posso esperar.