SAKAZUKIS E SAKURAS PARECEM COMBINAR BEM

Entrou decidido no estabelecimento, passando pelo cortinado negro de franja à porta e encontrando quem procurava jogado no sofá, lendo uma revista qualquer. Hino parecia bastante distraído, mas assim que percebeu a entrada do cliente, largou a revista e levantou-se, abrindo um grande sorriso ao ver quem era.

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― Satoshi! ― Aproximou-se e deu início a uma sequência de cumprimentos já característico dos dois.

― E aí, Hino? Beleza? ― Sorriu de volta.

― Tudo na paz, cara. Faz tempo que não vem por aqui. O que manda pra nós hoje?

― Pode sentar, camarada. Porque até você entender e desenhar o que eu quero vai demorar ― brincou.

E assim que o colega sentou-se do outro lado da pequena mesa, o jovem Sakata pôs-se a explicar como queria sua nova tatuagem, que ele havia decidido no caminho para ali que seria no lado esquerdo de seu peito, nem muito grande, nem pequena.

Àquela altura, com mais de 20 anos completos, Satoshi já havia feito três tatuagens.

A primeira delas havia sido no antebraço direito. Uma sequência linear de três triângulos unidos¹, dos quais o primeiro, mais próximo da mão, era sombreado internamente de preto. Tinha a feito em conjunto com Misha e Kari, simbolizando a amizade que possuíam desde a infância e pretendiam ter para a vida toda. O triângulo sombreado de Misha era o último, mais próximo do ombro, e o de Kari era o do meio.

A segunda tattoo² feita pelo rapaz foi a na base de sua nuca, onde um dragão formava com o corpo o símbolo do infinito, e em uma das pontas a palavra "courage" fora escrita. Já a terceira³ era também o símbolo do infinito, mas dessa vez interrompido em suas duas extremidades pelas palavras "pai" e "mãe" e uma coroa sobre o símbolo, no lado em que esse último se encontrava escrito.

Naquele dia iria fazer sua quarta tatuagem e, provavelmente, a com simbologia mais forte. Havia decidido fazê-la naquela mesma manhã, quando acordara, depois de lembrar-se da noite anterior e do que havia ouvido de sua bisavó paterna, quando ainda tinha seus 12 pra 13 anos, sobre seus pais e brotos de Sakura. Lembrava-se de na época ter ficado bastante impressionado com o fato de seus pais terem passado do estado "literalmente querendo se matar" para "amando-se até o fim da vida", assim como também impressionou-se com as palavras de Tomoko dirigidas à seu pai naquela época. Por algum motivo, porém, aquela história havia ficado esquecida de sua mente até àquela manhã. Ele não tinha certeza, mas provavelmente o fato de depois daqueles anos as coisas terem ficado um tanto quanto complicadas entre ele e o pai tivesse ajudado nisso. E, com certeza, pensar sobre isso apenas aumentava o desejo de fazer aquela tatto.

Desde que ele passara a abusar de sua falta de juízo, principalmente após os 17 e 18 anos, quando começou, de fato, sua vida festeira, descompromissada e na maior parte das vezes desregrada, a relação entre ele e Gintoki sem dúvidas havia mudado; e muito. Era difícil passarem um único dia sem uma discussão qualquer, além de geralmente sempre levar incontáveis sermões e castigos ― todos os quais ele agora tinha plena consciência de merecer.

Gintoki jamais lhe proibiu de fazer o que quisesse da vida, desde que não acabasse fodendo com ele mesmo e com sua família. No entanto, tudo tinha seu limite, e esses limites eram muito bem expressos por seus pais, o que sua mente adolescente e sem juízo não entendia, entretanto, era porque diabos ele tinha que seguir tais limites se a vida era dele. Demorou anos pra ele finalmente entender que a vida podia ser dele, mas suas decisões e seus atos não afetavam somente a si próprio.

Depois de tanto tempo, Satoshi finalmente compreendeu ― e agora ele se xingava sempre que se lembrava do quanto demorou ― que sempre que saía sem avisar, sumia pela noite e só voltava no dia seguinte, o que importava não era ele ter se divertido a seu modo e não ter acabado preso. Agir de tal maneira também significava seus pais passarem a noite inteira conscientes de que ele estava perdido por aí, provavelmente bêbado, sem saber se ainda estava vivo ou morto.

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E caralho, como ele se sentia um desgraçado merdinha imbecíl toda vez que pensava sobre isso.

A questão é que cerca de uma semana antes, ele extrapolara os limites de sua inconsequência sem limites. Fora a uma festa na casa de um colega, com todo o pessoal com quem geralmente saía pras farras, embora daquela vez Misha e Kari não tivessem o acompanhado ― Kari precisou ficar ajudando o pai no bar e Misha estava em casa com a mãe, que havia feito uma cirurgia recentemente, porque o pai havia viajado a negócios. Depois de ouvir Mayah quase lhe implorando para que não fosse ― porque ele sequer teria os amigos por perto ―, e prometer que mandaria uma mensagem no meio da noite para tranquilizá-la de que estava tudo bem e que daquela vez voltaria até as três da madrugada, ele foi à farra.

Poucas horas depois de ter chegado à casa do colega, saiu com uma garota da bagunça e passou o resto da noite com ela. Até aí tudo normal. O problema foi que no meio de toda a bebida e da garota, ele esqueceu completamente de mandar qualquer sinal de vida pra casa e acabou dormindo na casa da menina. O problema maior ainda era que naquela mesma noite, algumas horas depois dele ter saído da festa acompanhado, começou um incêndio na casa que ela acontecia, o qual deixou vários dos presentes feridos, inclusive alguns de seus amigos.

A notícia chegou à Gintoki e Mayah poucos minutos depois do incidente, por meio dos pais de um de seus colegas, e imagine o desespero de ambos ao saberem disso e ainda não conseguirem falar com o filho ― o celular havia descarregado. Pelo que ele ficou sabendo no dia seguinte, eles só foram tranquilizados quase meia-hora depois, quando o dono da festa avisou a esse casal que ligou para eles que ele havia deixado à casa horas antes do incêndio. Ainda assim, um pouco mais calmos de que o filho não estivesse no meio da confusão, Gintoki só conseguiu obrigar Mayah a dormir quase quando já amanhecia ― também ficou sabendo disso no dia seguinte; sendo que durante aqueles dias ela não estava em seu melhor estado saudável, se recuperando de um início de pneumonia, com os remédios deixando a pressão dela instável, e por isso mesmo obrigando-a a precisar de descanso.

O fato é que ele chegara no dia seguinte em casa, esperando receber todos os sermões, esporros e castigos possíveis por ter descumprido as promessas que fizera (ele ainda não sabia do incidente), mas a única coisa que encontrara fora Gintoki decepcionado de tal forma que sequer o bronqueou. E então, durante toda a semana, recebeu diversos banhos de gelo e indiferença do pai, o que hora o fazia espumar de raiva, hora o fazia ficar absolutamente chateado consigo mesmo e com todo o resto do mundo. Não fora uma semana lá muito agradável, mas certamente crucial para o que acontecera na noite anterior.

Um dia antes, no domingo, seus planos eram passar a noite em casa, com Kari e Misha, bebendo, comendo pipoca e maratonando alguma série qualquer. Isso porque estava proibido de sair pra qualquer tipo de festa por pelo menos um mês inteiro, dessa vez por sua mãe — seu pai continuava completamente indiferente a ele. Esses planos, entretanto, foram interrompidos novamente pela não presença de seus companheiros (pelos mesmos motivos que o fim de semana anterior). Ainda assim, resolveu fazer a maratona ele mesmo; talvez chamasse um de seus irmãos — ou todos que quisessem — para acompanhá-lo. E era o que ia fazer quando fora buscar algumas cervejas na cozinha e encontrara sua gêmea.

— Hey — cumprimentou sorrindo a Sayuri, que levantou seus olhos do freezer para encará-lo.

— Hey. — Sorriu de volta. — É estranho te ver em casa em pleno domingo à noite — comentou pensando ela mesma sobre o comentário.

Ele riu.

— Tenho certeza que seja. Mas, — Pegou uma garrafa e abriu com o anel em seu dedo do meio esquerdo. — já que estou "proibido de sair de casa por pelo menos um mês e correndo o risco de ser por tempo indeterminado!" — imitou a mãe lhe dando o veredito no início daquela semana de forma furiosa —, e meus amigos me abandonaram por mais um final de semana, o que me diz de me acompanhar maratonando alguma série aleatória? — convidou divertido.

— Que absurdo — começou seriamente, embora ele soubesse que era fingimento. — Você só me chama pra fazer companhia quando eles não estão aqui? Vou esquecer que você veio do mesmo ventre que eu — concluiu fazendo-o rir mais uma vez.

— Bem, será mais uma pro clube, não é? — Não pretendia fazer aquele comentário, mas saiu antes que ele percebesse o que havia falado. Vendo a expressão levemente confusa da irmã, suspirou. — Já tenho um pai que aparentemente esqueceu que eu sou filho dele. — Sorriu pretendendo ser irônico, mas sabia que aquele sorriso tinha sido muito mais pesaroso do que queria admitir.

— Você sabe que isso nunca aconteceu e nunca irá acontecer — respondeu voltando a curvar-se para pegar algumas cervejas ela mesmo.

— Sei? — utilizou-se de outra pergunta, agora encarando o chão pensativo. — Não é o que me parece — falou tão baixo que poderia ser dito como um quase sussurro.

Sayuri ergueu-se mais uma vez, com três garrafas em mãos e usou o quadril para fechar o freezer. Suspirou, encarando o irmão.

— Você parou pra pensar que tudo o que ele precisa é de um pedido de desculpas?

O albino voltou a encará-la, agora com sarcasmo.

— Outro? Além de todos os que eu já tentei pedir?

— Deixa eu reformular a frase. Um pedido de desculpas sincero e não pedido apenas para livrar sua cara.

— Mas eu estava sendo sincero em todos eles! — indignou-se.

— Pois refaça, mas agora mostrando que está arrependido e que pretende mudar suas atitudes. E então mostre isso.

— Não pretendo voltar a agir como agi, mas não vou deixar de ser quem eu sou só porque ele quer ou porque todos os outros filhos que ele tem são perfeitos e maravilhosos — declarou levemente irritado.

— Primeiro, obrigada pelo elogio. — Sorriu divertida. — Segundo, porque não conversa sobre isso com ele, já que te incomoda tanto?

— Conversar com ele sobre isso? Está brincando? Maninha, ele está prestes a me expulsar de casa. Acha mesmo que ele não vai fazer isso se eu chegar pra ele e dizer que quero continuar a ser um vagabundo que não quer nada da vida?

Ela rolou os olhos.

— Os últimos anos fizerem você criar bastante misticismo em torno do papai, não é? Você não vai ser expulso de casa, garoto. O máximo que pode acontecer é ele te xingar e mandar você vazar da frente dele, antes que ele te corte no meio — brincou.

— Ele já fez isso nos últimos quatro anos — divertiu-se, fazendo-a rir levemente.

— De qualquer forma, porque não nos acompanha? — chamou colocando as cervejas sobre a mesa para pegar dois copos.

— Acompanhar vocês? No quê? Aliás, vocês quem?

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— Estão todos no jardim, na beira da piscina. É primavera e a noite está bem clara. — Sorriu ofertando duas das garrafas que pegara ao irmão, implicitamente pedindo que ele a ajudasse a levar.

Satoshi a olhou ainda sem entender muito bem do que a gêmea estava falando, mas a seguiu mesmo assim, curioso.

Chegando àquela parte do jardim, do lado da cozinha, viu seus pais e seus outros irmãos sentados na grama ao lado da piscina, sobre um grande lençol estendido. Mayume ria de alguma coisa ao lado de Mayah, que também ria, sentada entre as pernas de Gintoki; Dango as acompanhava, sentada em frente à ambas; enquanto Soujirou se encontrava do outro lado de seus pais, dividindo sua atenção entre beber alguma coisa que ele apostava ser milkshake de morango, e conversar com Gintoki. Havia uma pequena mesinha por perto, aonde alguns aperitivos estavam sendo apreciados pelos presentes.

Ele sorriu.

Há quanto tempo não via aquela cena? Anos, com certeza.

Os gêmeos aproximaram-se do grupo, chamando a atenção deles, que se surpreenderam levemente ao encontrar Satoshi junto de Sayuri.

— Satoshi-nii! — Mayume sorriu animada. — Você não estava esperando o Misha e a Kari?

— Sim, mas eles não puderam vir. — Passou as cervejas para a irmã gêmea, que, agora sentada ao lado de Dango, entregou uma à mãe e pegou uma para ela mesma (a outra já estava nas mãos do pai). — Então, — Sentou-se ao lado de Mayume, se espalhando pela parte livre do lençol e recostando-se no colo da mais nova. — Se me derem licença, vou acompanhar vocês. — Bebeu um gole de sua própria bebida enquanto ajeitava-se folgado.

A mais nova riu levemente.

— Fique a vontade — brincou.

Após a chegada dos gêmeos, a conversa voltou a fluir normalmente, e só depois de passar vários minutos ali, acompanhado de sua família, foi que ele percebeu o quanto sentia falta de momentos como aquele.

— Nós deveríamos fazer isso mais vezes — comentou com Mayume, enquanto ouvia os outros conversarem alguma coisa aleatória, bastante animados.

A albina baixou seus olhos para encarar o irmão com a cabeça em seu colo.

Você deveria aparecer mais vezes — respondeu, fazendo uma expressão confusa surgir na face do mais velho. Ela sorriu docemente. — Sempre que o papai consegue chegar cedo em casa e/ou tem esse tempo livre, todos que podem vêm para o jardim.

— Sério? E por que eu nunca vejo isso? — questionou desacreditado.

— Porque geralmente quando a gente vem, você já saiu. — Deu de ombros.

— Saquei — compreendeu, passando a encarar o céu limpo, estrelado.

Passaram-se mais umas duas horas daquela forma, quando Mayume se levantou anunciando que iria dormir, fazendo-o sentar-se. Dango e Soujirou a acompanharam, deixando apenas os gêmeos ali com os pais. Após quase mais uma hora, entretanto, Sayuri também resolveu recolher-se.

— Não vai me acompanhar em mais uma, maninha? — brincou quando ela levantou-se.

— Não, obrigada. Já bebi o bastante por hoje. Tenho um batalhão inteiro de homens pra comandar. Não pretendo passar a segunda ressacada. — Fez careta com a possibilidade.

Ela não costumava ser fraca para bebidas, mas naquela noite realmente já estava muito perto de seu limite e não pretendia ultrapassá-lo. Até porque, o resultado no dia seguinte quando isso acontecia era horrível.

— Ressaca? O que é isso? — gozou, referenciando-se ao fato dele não sofrer com o problema há muito tempo.

Recebeu uma língua de fora da gêmea em resposta, que em seguida afastou-se, deixando o irmão rindo divertido enquanto tomava o último gole daquela garrafa. Deu uma olhadela para o casal sentado próximo e sorriu ainda divertido.

— Então, se vocês quiserem, eu também dou no pé para deixar os senhores a sós.

Mayah sorriu.

— Não é necessário — respondeu, aproximando-se, então abandonou um beijo no topo da cabeça prateada do filho, pegando a garrafa vazia em suas mãos.

— Já volto — anunciou levantando-se, levando consigo as garrafas, provavelmente indo pegar mais.

Naqueles instantes, sozinho com o pai, um silêncio incômodo — ao menos para ele — pairou entre os dois, onde só o vento uivava baixinho. Demorou algum tempo para que ele tomasse coragem para cortá-lo.

— Pai... — chamou cauteloso.

— Sim — Gintoki respondeu muito calmamente, embora distante.

Satoshi suspirou, ajeitando-se sobre o lençol.

— Escuta... Eu sei que o que fiz não foi legal. Desculpa se eu não sou o orgulho da família, um filho exemplar, — Gesticulou com as mãos, um tanto quanto debochado. — mas eu não tô a fim de passar o resto da minha vida levando gelo do senhor.

— Eu não quero um filho que seja "o orgulho da família, um filho exemplar" — repetiu seriamente as palavras usadas pelo jovem.

— Claro que não — devolveu, mostrando que sem dúvidas não acreditava no que havia ouvido.

— Às vezes eu me pergunto aonde foi que erramos com você, Satoshi — declarou, sentando-se de forma mais ereta, ainda sério, embora demonstrasse cansaço em suas palavras.

— E quer que eu acredite no que acabou de falar? — debochou indignado.

Gintoki suspirou.

— Será que é tão difícil entender que eu não me importo com o que você quer fazer, desde que passe a pensar mais nas pessoas que te cercam do que no seu próprio umbigo?

Aquela pergunta sim o pegara de surpresa.

— Você está me dizendo que eu não me importo com a minha família? — irritou-se.

— Estou dizendo que não é o que suas atitudes me mostram — afirmou com certa ferocidade. — Será que você não para pra pensar que enquanto está por aí, perdido pelo país com seus amigos, em casa estão pessoas que se preocupam com você e que ficam a noite inteira sem sequer saber se você está vivo ou morto? — esclareceu também irritando-se.

Alguma coisa começava a surgir na expressão do outro albino, como se finalmente algo estivesse caindo sobre si. Gintoki respirou fundo, tentando acalmar-se.

— Escute, eu não quero que você deixe de viver sua vida como achar melhor, Satoshi. Eu preciso apenas que você o faça com o mínimo de responsabilidade com os sentimentos dos outros, principalmente com os de sua mãe, que eu já perdi as contas de quantas noites em claro passou por estar preocupada com você — explicou, finalmente voltando a encarar o filho, que agora olhava fixamente para o tecido. — De resto, não quero e nem posso exigir que você mude o modo de viver sua vida. Não tenho esse direito quando nem pra ser pai direito eu sirvo — debochou de si mesmo, tomando um gole da cerveja que ainda tinha em mãos.

— Isso não é verdade — sussurrou num tom que não permitira que Gintoki o entendesse.

— O que disse?

— Disse que não é verdade — repetiu, agora mais alto, levantando seu olhar para encarar ao mais velho. — Você é um pai incrível. Sempre foi. — Sorriu curtamente, ainda sentindo o peso das palavras que ouvira.

Gintoki riu.

— Duvido. — E bebeu mais um gole.

— Aceita o elogio, cacete — reclamou, fazendo o outro rir um pouco mais.

— Prontinho. — A voz suave de Mayah ecoou, se aproximando e então sentando-se junto do filho e do esposo.

— Você está decidida a ficar embriagada essa noite, não é? — ironizou o prateado mais velho, observando a garrafa de sakê e as sakazuki nas mãos da mulher.

A morena dispôs os três recipientes sobre a mesinha, passando a encher cada um deles.

— Sim, estou — confirmou animada.

Satoshi riu.

— Vai fundo, mamãe — divertiu-se.

— Você deveria estar me ajudando a convencê-la do contrário e não a motivando — indignou-se.

— Eu não. A mamãe bêbada? É sempre divertido ver isso — brincou.

— Depois sou eu quem vai ser obrigado a carregá-la pra cima — resmungou ainda contrafeito, fazendo os outros dois rirem.

— Depois prometo compensar. — A morena sorriu maliciosa, já entregando a sakazuki cheia nas mãos do marido.

— Opa! — O prateado mais novo exclamou, o tom brincalhão e sacana. — Oh aí, pai. Pelo menos já ganhou a noite. — Riu com vontade.

— Não preciso de você bêbada pra ganhar a noite. — Encarou a esposa, agora ele mesmo sorrindo sacana, e recebendo um olhar igual de volta.

— Ok, agora podem ir para o quarto de vocês, terminar isso lá — chamou a atenção dos dois para sua presença, fazendo Mayah rir.

E daquela forma, apenas ficando bêbados juntos, os três passaram mais algum tempo. Até o momento em que nenhum deles conseguisse ingerir qualquer coisa a mais que contivesse álcool e então se retirassem para seus aposentos, largando as sakazuki vazias e repletas de pétalas de Sakura por lá mesmo.

E era por aquela noite que agora ele estava ali, deitado, observando Hino lhe tatuando aquela mesma sakazuki, envolta daquelas mesmas pétalas*, do lado esquerdo de seu peito, onde ficaria eternizado aquele momento, que o fez enxergar o quão agradecido era por ter a família que tinha.