Red Vermelho

Amá-lo é como dirigir

Um Maserati novo numa rua sem saída

Mais rápido que o vento, apaixonado como o pecado

Acabado tão de repente

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Amá-lo é como tentar mudar de ideia

Uma vez que você já está voando em uma queda livre

Como as cores no outono, tão fortes

Antes de esmaecerem



Perdê-lo foi azul, como se eu nunca tivesse conhecido

Sentir a sua falta foi cinza escuro, completamente sozinha

Esquecê-lo foi como tentar saber sobre alguém

Que nunca conheci

Mas amá-lo foi vermelho

Amá-lo foi vermelho



Tocá-lo foi como perceber que tudo o que eu queria

Estava na minha frente

Memorizá-lo foi tão fácil quanto saber todas as palavras

Da sua velha canção favorita

Brigar com ele foi como tentar resolver palavras-cruzadas

E perceber que não há resposta certa

Lamentar por ele foi como desejar

Que você nunca tivesse descoberto

Que o amor pudesse ser tão forte



Perdê-lo foi azul, como se eu nunca tivesse conhecido

Sentir a sua falta foi cinza escuro, completamente sozinha

Esquecê-lo foi como tentar saber sobre alguém

Que nunca conheci

Mas amá-lo foi vermelho

Amá-lo foi vermelho



Oh, vermelho

Vermelho ardente



A lembrança dele vem em flashes, em ecos

Digo a mim mesma que agora é a hora

Tenho de deixar rolar

Mas seguir em frente depois dele é impossível

Quando ainda vejo tudo na minha cabeça

Vermelho ardente

Amá-lo foi vermelho



Oh, perdê-lo foi azul, como se eu nunca tivesse conhecido

Sentir a sua falta foi cinza escuro, completamente sozinha

Esquecê-lo foi como tentar saber sobre alguém

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Que nunca conheci

Porque amá-lo foi vermelho



Sim, sim vermelho

Vermelho ardente



E é por isso que ele está rodando na minha cabeça

E volta para mim, vermelho ardente

Sim, sim

O amor dele foi como dirigir

Um Maserati novo numa rua sem saída

Pra sempre. Nós vamos ficar juntos para sempre

foi a última coisa que eu ouvi antes de acordar sobressaltada, abraçando o travesseiro.

Para sempre.

Aquelas palavras tinham tão pouco significado agora.

Mas as imagens insistiam em voltar como flashes de outra vida para a minha cabeça.

— Você tem medo? — escutei Peeta perguntar em minhas lembranças.

Não. Não com você.

— Então abra os olhos — ele sussurrou.

E foi o que eu fiz. Repetidas vezes esse momento voltou à minha mente. E eu, repetidas vezes, deixava-o tomar conta de cada parte do meu corpo.

Nós estávamos no alto da cordilheira onde estava localizado o letreiro de Hollywood — Peeta — exclamei surpresa. — Nós podemos estar aqui?

— Nós podemos estar em qualquer lugar. Desde que estejamos juntos.

Assenti com a cabeça.

Eu lembrava de cada detalhe: de como suas mãos eram o encaixe perfeito para a minha cintura naquele momento, de como eu sentia sua respiração lenta enquanto me segurava.

E as câmeras? Os tiras?

Temos que correr o risco — disse ainda sussurrando. — O amor é como dirigir a 120 km numa rua sem saída. Como o vento. Como o pecado. Você me ama?

Eu lembro de ter virado e o beijado encantada com aquele momento.

Mais que tudo nesse mundo. Desesperadamente. Como tentar mudar de ideia, uma vez que já se está em uma queda livre. Amá-lo é vermelho.

Aquele era o plano. Ficarmos juntos pra sempre.

Levantei da cama e lavei o rosto no banheiro com a intenção de afastar todos os pensamentos.

Como se alguma vez isso tivesse funcionado.

Em cada pedaço da casa, parecia haver um pedaço do próprio Peeta. No banheiro, sua bagunça. Na cozinha, sua sujeirada. Deus, no quarto eu quase podia sentir seu cheiro nos travesseiros e ouvir sua voz.

Desci para tomar café da manhã. Não havia nada nos armários. Algumas caixas vazias de cereal na bancada e só. É óbvio. Era de Peeta a tarefa de ir ao mercado.

Você esqueceu de comprar o leite de novo, não foi, Kat? — ele perguntou depois de olhar a geladeira. Claramente um dos meus vários esquecimentos.

Ah, droga, Peeta — ri um pouco. — Me desculpe. Vou comprar volto em um minuto.

Mas quando eu pegava minha jaqueta perto da porta ele me puxou pela cintura e me deu um beijo.

Minha senhorita Esquecida — disse pausando as palavras com beijos.

Você é o culpado — resmunguei. — Fica roubando a minha concentração, é nisso que dá.

Quer dizer que eu sou uma distração? — sussurrou com a boca bem próxima à minha orelha.

Não. Eu tinha que esquecer aquilo.

Como podia?

Você vai me amar pra sempre? — Peeta me perguntou uma vez.

Sim. Você vai?

Sem dúvidas — respondeu sem hesitar — Mas, e se você me esquecer?

Esquecê-lo seria como tentar saber sobre alguém que nunca conheci — respondi. — Como explicar a vida de um estranho. Como tentar ser outra pessoa. Sou quem sou, Peeta Mellark.

Ele abriu o mais lindo dos sorrisos e começou a fazer a minha tatuagem.

Eu levantei a mão direita e olhei para o dedo anelar onde havia um pequeno coração tatuado. Peeta tinha um igual, tatuado por mim.

Nossa aliança.

Nosso compromisso.

Nosso para sempre.

Abri a geladeira e peguei uma maça, balançando a cabeça.

Completamente sozinha. Para onde eu iria?

A casa de um dos nossos amigos? A um show da nossa banda favorita? Ao nosso bar favorito?

Sempre haveria o Peeta. E a falta dele.

E dói. Como brasa em cima do meu coração. E a tatuagem sempre estaria lá para me lembrar do quanto eu o amo.

Sentir sua falta é cinza escuro, como se meu mundo nunca mais fosse voltar a ter cor.

Cada detalhe do seu rosto gravado em minha mente como foto. O seu sorriso torto quando tentava ser sensual. Os olhos azuis, profundos como o oceano em tempestade, calmos como um riacho desaguando em uma cachoeira. O cabelo caindo sobre o rosto, sempre o fazendo tropeçar nos cadarços eternamente desamarrados.

Tudo isso vêm em ecos, que parecem morar dentro da minha cabeça. Repercutindo sem nunca parar.

Memorizá-lo é tão fácil quanto cantar, em um dia de verão, sua velha canção favorita. Tão fácil quanto saber todas as palavras.

É a hora, repito para mim mesma. Acabou, continue sua vida.

Mas é impossível seguir em frente depois dele.

Você é definitivamente, a garota mais pirada que eu já conheci! — Peeta exclamou no dia do nosso primeiro encontro quando me deixou na frente do meu prédio. — Recapitulando, só pra ter certeza de que não perdi nada: quem pediria um superburguer no primeiro encontro?

Essa é a menor das suas preocupações, riquinho — retruquei. — além do mais, meu metabolismo é rápido.

Mas e toda aquela história das mulheres de tentar impressionar o cara no primeiro encontro? Sei lá, podia ao menos fingir que é meiga — ele disse apontando para as mechas roxas que eu tinha no cabelo naquela época.

Pra quê? — retruquei. — Se você não quer, têm quem queira.

Por um momento ele parecia que ia gargalhar como fez durante a maior parte da noite. Mas ele me beijou. Eu já estava pensando que iríamos passar direto pra amizade, então ele fez isso. Eu não esperava aquele gesto, mas retribuí.

E quando o toquei, senti que tudo que eu queria sempre esteve próximo a mim. Mesmo que eu só tenha conhecido Peeta a duas noites.

Sentei em um dos bancos da cozinha e mordi a maçã.

Foi nessa cozinha que o aconteceu o começo do fim.

Por que agiu daquela maneira? — ouvi o grito furioso de Peeta novamente. — Por que foi vestida dessa maneira? Eu queria te apresentar aos meus pais! Que droga, Katniss, você estragou tudo!

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Por que a opinião da sua mamãe é tão importante? — gritei no mesmo tom. — Acha que vou mudar quem sou para agradá-la?

Você não entende o quão importante era este jantar? Para a gente? — ele passou as mãos nos cabelos e me olhou. Estava com a aparência exausta.

Por que está agindo como um riquinho idiota? Você me conheceu com estas roupas! Por que elas são um problema pra você agora?

Você nunca entende nada! Só quer saber de você mesma! — ele tirou do bolso algo brilhante e jogou em mim, saindo do apartamento em seguida.

Eu lembro de ter abaixado furiosa então vi o solitário delicado de brilhante.

Como sempre, brigar com ele tinha sido como resolver palavras-cruzadas e descobrir que não há uma resposta correta.

Lembro de como fiquei transtornada e furiosa comigo mesma. Como me odiei por ter ido de jeans e camiseta do Guns N’ Roses para o jantar na casa dos pais de Peeta.

Mas também lembro de estar aterrorizada com a noite. Não tinha ideia do que vestir, e meu único vestido tinha ficado na casa dos meus pais. Não achei que era algo tão formal.

A mãe de Peeta tinha me ignorado por toda a noite. A senhora Mellark, pelo jeito tinha levado aquilo de ir à sua ilustríssima casa para um jantar de jeans e camiseta como uma ofensa pessoal.

O anel.

Voltei ao quarto e abri a primeira gaveta do criado-mudo. Uma pequena caixinha de joias infantil estava lá dentro. Guardava a coisa mais preciosa que eu já ganhara em toda a minha vida.

Mas o verdadeiro valor não era material, caso contrário a aliança já teria sido vendida há séculos. Não, ela era importante para mim. Era um pedaço de Peeta que eu mantinha sempre comigo. Um pedaço de nós dois.

Coloquei o anel sobre a tatuagem e mais um tsunami de lembranças me invadiu.

Quando Peeta enfim voltou para o apartamento — ele havia saído da casa de seus pais para o meu apartamento havia seis meses —, eu estava na sala, somente com a luz do abajur ligada. Segurava o anel como se não fosse algo inanimado.

Mesmo quando ouvi seu molho de chaves sacudindo do outro lado da porta, não me mexi.

Ele entrou.

Não precisava me esperar acordada.

Eu quis — tentei dar de ombros, mas meus ombros mal se moveram, pareciam pesar chumbo. — Nós precisamos conversar, Peeta.

Olha, Katniss, eu tô cansado. Foi um longo dia.

Mas eu o ignorei — O que isto significa, Peeta?

Peeta deu um sorriso amarelo — No meu mundo quer dizer casamento.

No meu quer dizer caretice — repliquei. — Nós não precisamos disso, Peeta, é só um papel. A gente se ama. Pra sempre. Isso é ideia da sua mãe, não sua. Casamento não é pra nós, Peeta.

Katniss, nós moramos na mesma casa. Dormimos na mesma cama. Comemos da mesma comida. Isso não é diferente de casamento — ele disse, em tom brando. — O que te custa fazer isso por mim? É importante pra mim.

Eu olhei para o lado, apenas para retardar o momento — Não, Peeta. Desculpe.

Se não está disposta a ter um relacionamento sério comigo, como posso acreditar que me ama? — ele perguntou e eu o olhei incrédula.

Está duvidando dos meus sentimentos?

Diga-me você: se não estamos na mesma página, qual o sentido de continuarmos juntos?

Eu não consegui responder aquela pergunta. E Peeta foi embora mais uma vez. E desta vez ele não voltou.

Nos dias que se seguiram ao nosso término, o mundo parecia que estava todo em uma cor neutra, um tom de azul bem monótono.

E eu vivia como se Peeta nunca tivesse existido em minha vida.

Tentava agir como se nunca o tivesse conhecido. Mas logo ela chegou.

A dor.

Eu não comi nada por três dias. Minha irmã Prim, passou comigo uma semana. Ela ficou as beiras do desespero.

Eu me sentia quebrada. Como se algo dentro de mim estivesse sempre desmoronando.

A presença dele ainda era tão forte. Em todo lugar. Eu chorava convulsivamente, ininterruptamente.

Nada fazia sentido.

E como um soco forte na boca do estômago, eu percebi que lamentar por ele era como desejar jamais ter descoberto que era possível existir um amor tão forte, um amor tão intenso.

Eu o amava com cada célula do meu corpo. Um amor que me fazia vibrar, chacoalhar cada parte da minha alma.

Porque amá-lo foi vermelho. Vermelho ardente.

E é por isso que fica rodando em minha cabeça. E volta, vermelho ardente.

O amor dele foi como dirigir um Maserati a 120 km em uma rua sem saída.