Red Eyes

Capítulo 13


O dia chegara ao fim, levando consigo a luz ofuscante do sol que se recolhia lentamente por trás das montanhas que cercavam Volterra em uma analogia de muros gigantescos em volta de uma fortaleza impenetrável e estonteante, dando sutilmente lugar a uma lua resplandecente que possuía todas as intenções de invadir o espaço oferecido e tornar-se uma das mais belas luas cheias que os humanos de Volterra já presenciaram. De todos os espetáculos, este era o meu favorito – ou não – pensei enquanto deslocava meus olhos para o rosto de Aro.

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Permanecíamos em seu escritório, Aro sentado no sofá de couro e eu ao seu lado com a cabeça levemente encostada em seu ombro enquanto ele lia pela centésima vez a mesma folha de papel.

"Há algo o incomodando?" – Perguntei suavemente enquanto erguia a cabeça de seu ombro com relutância e o olhava nos olhos.

"Acredito que não. Por quê?" – Perguntou franzindo o cenho.

"Bom, acredito que se passar seus olhos novamente por estas palavras a folha se derreterá em suas mãos" – Indaguei sorrindo.

Aro soltou um leve suspiro e colocou a folha de lado levantando-se e andando pela sala.

"Jane, quando veio até aqui você parecia ter ampla noção do que aconteceu com minha irm... Didyme a séculos atrás. A questão é como e quem a contou sobre isso? Como sabia sobre mim?" – Perguntou seriamente enquanto me avaliava com seus olhos.

Eu franzi o cenho em pensamento. O que mestre Marcus me pediria para dizer?

"Antes de vir até aqui eu passei no escritório do mestre Marcus e ele estava... estranho e triste" – Aro levantou uma sobrancelha para isso e eu sorri um pouco – "Bem, mais triste do que antes e em suas mãos estava um livro que não consegui ver o nome. Após perguntar-lhe se ele estava bem, ele me contou uma história sobre duas pessoas com um desfecho trágico e após me dizer o que tinha acontecido com Lady Didyme eu apenas liguei os pontos" – Falei calmamente e Aro parou serrando os olhos para mim, então decidi puxá-lo para outro tópico antes que descobrisse minha mentira.

"Hoje é o dia que marca mais um ano sem ela, não é?" – Eu perguntei e imediatamente o semblante de Aro tornou-se frio e doloroso. – "Por que não estamos em luto?" – Perguntei visivelmente confusa, afinal hoje era um dia que marcava a perda de todos os Volturi. A perda de uma rainha.

"Diga-me Jane, se Alec morresse, como se sentiria?" – Perguntou e eu fiquei aterrorizada apenas com o pensamento do meu irmão morto – "Exatamente. Se você tivesse uma irmã e ela morresse, sobretudo por suas mãos, você continuaria dizendo que tinha uma? Não há motivos para luto, porque para os membros da guarda, nunca houve Didyme. Apenas uma minoria conheceu Didyme e eles sabem melhor do que dizer algo sobre isso" – Ele sorriu sem humor e virou-se encarando a janela.

Por alguns minutos permaneci em silêncio, além do mais, o que poderia dizer sobre isso? A dor é confusa.

"Eu sinto muito" – Suspirei em suas costas enquanto o abraçava e descansava meu rosto em suas costas fortes. A mão de Aro cobriu a minha suavemente e ele soltou um pesado suspiro enquanto dizia:

"Eu também Jane, eu também".

***

"Como assim juntos?" – Perguntou Alec pela quinta vez desde que eu o havia dado a notícia sobre Aro e eu.

"Juntos Alec, basicamente como você gostaria de estar com Renata" – Sorri maliciosamente enquanto ele desviava o olhar para qualquer lugar que não fosse meus olhos.

"Isso não irá funcionar muito bem, ainda há Lady Sulpicia de qualquer forma e eu duvido que os outros irão concordar com isso, aliás, me admiro que o próprio mestre Aro o fez" – Ele disse apressadamente e eu apenas suspirei.

"Lady Sulpicia não será problema agora que temos Demetri, se a ira de Aro me provou algo é que os sentimentos que Demetri nutri não são de todo repudio para Lady Sulpicia, o que nos deixa com um problema a menos entre tudo isso que está acontecendo. Agora, sobre o fato dos outros, bom, mesmo não me importando com a notícia se espalhando e com as opiniões alheias sobre algo que não são de nenhum problema deles, eu ainda concordo que devemos manter tudo em sigilo. Aro teme por minha segurança e embora eu faça muito bem me defendendo sozinha, ele quer poupar a todos de conflitos" – Eu suspirei e sorri ao mesmo tempo.

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"Você está louca, irei verificar mestre Caius que está me chamando a horas e aproveitar para ver se não estou contaminado com a sua doçura" – Ele riu enquanto eu o atirava um olhar de zombaria.

"Vamos ver quem mais irá tornar-se doce, eu com Aro ou você com um beijo da Renata" – Eu ri enquanto Alec saia o mais rápido possível do meu quarto.

Eu estava a ponto de ir até a sala do trono verificar se algo estava acontecendo quando Demetri apareceu na minha frente assim que abri a porta.

"Janie, mestre Aro mandou chama-la para a sala do trono, temos visitas" – Ele sorriu maldosamente e eu cheirei o ar.

"Um recém-nascido?" – Eu perguntei confusa.

"Sim, venha, você está perdendo o espetáculo" – Ele sorriu e eu o acompanhei curiosa.

A sala do trono estava ligeiramente tensa e logo percebi o porquê, no centro havia uma garota de pouco mais de 18 anos de idade, seu cabelo mogno caia em cascata por suas costas e ela se encolhia facilmente em si mesma a cada olhada que davam a ela.

"Qual é o seu nome, querida?" – Aro perguntou enquanto descia os degraus de seu trono e se colocava ao lado da vampira.

"Amber" – Ela sussurrou, sua voz tão temerosa quanto seu comportamento.

"Amber" – Aro sussurrou e eu mordi o interior da bochecha para não olhar muito fixamente para este ponto. – "Me diga, querida, o que aconteceu?" – Ele continuou.

"Eu... Eu não sou daqui, vim com meus pais em uma viagem para as férias de verão e permanecemos aqui durante mais alguns dias, então... então decidimos visitar a cidade a noite porque parecia muito bonita e enquanto caminhávamos por entre algumas vielas, um homem apareceu... Ele tinha olhos vermelhos como o de vocês e por um segundo achei que era uma atração da feira que sempre acontece, mas... mas então ele correu e pegou meus pais, eu não sabia o que fazer e apenas fiquei observando toda a cena... Ele" – Ela engasgou em um soluço e eu senti a incomoda vontade de ir até lá ajuda-la, um instinto fraternal que só tinha com Alec. – "Ele soltou meus pais e eles estavam mortos, eu vi seus olhos gélidos e eu sabia que tinha que sair dali o mais rápido possível e foi o que tentei fazer, mas ele era muito mais rápido do que eu e... e ele me mordeu... eu tenho certeza que teria morrido se não fossem esses rapazes" – Ela apontou para Santiago e Afton que estavam de volta de uma missão.

"Eles me trouxeram aqui e disseram que poderiam ajudar... por favor, eu não tenho mais ninguém" – A voz dela rachou um pouco e eu franzi o cenho.

"Aro... Uma recém-nascida é um produto perigoso para se ter entre nós, os instintos não são controlados, ela significa turbulência na ordem" – Caius indagou como sempre. Por um momento achei que Aro iria interferir em seu julgamento e foi o que quase aconteceu se não fosse a voz de um outro vampiro tomar a frente.

"Eu a ensinarei" – A voz de Marcus inundou o espaço e todos, incluindo Amber olharam para ele em completa descrença.

"O que?" – Aro perguntou atordoado.

"Eu cuidarei da recém-nascida e farei dela confiável para os Volturi" – Aro continuou o olhando em descrença e eu apenas observei a interação... Não seria possível, seria?

"Aro..." – Caius tentou, mas após um aceno hesitante meu após uma olhada sutil de Aro pedindo apoio as coias acalmaram.

"Então está decidido, Marcus terá um prazo para educar a recém-nascida e descobrir seu dom, se os resultados forem satisfatórios, ela poderá continuar conosco, ao contrário..." – Ele deixou no ar, mas todos nós sabíamos o que ele iria sugerir. Morte.

"Obrigada" – Amber sussurrou olhando nos olhos de Mestre Marcus e por uma vez em toda a história dos Volturi, desde a queda de Didyme, Marcus sorriu.

O inesperado sempre me fascinou.