Red

I'll be watching you


Every move you make

Every step you take

I'll be watching you

— Vamos, Renji! Vai ser divertido. — Rukia fez um bico, cruzando os braços, estava parada ao lado da porta do quarto de Renji, observando o ruivo deitado no futon, com as mãos atrás da cabeça.

— Eu já disse que não quero ir.

— Eu já disse que não quero ir. — Rukia mexeu os braços, fazendo uma voz irritante. — O que você vai ficar fazendo a noite toda?

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— Vou ficar aqui, descansando. — Renji desviou o olhar do teto e encarou Rukia. — É sério, pode ir sem mim. Estou bem aqui.

Sem paciência para discutir, Rukia decidiu deixá-lo sozinho. Renji finalmente pode respirar fundo e sentir o agradável som do silêncio. Ele gostava da companhia dos amigos, de ir beber com eles, ou dançar com Rangiku. Mas, naquela noite, Abarai Renji estava precisando de um tempo.

Um tempo para pensar.

Sua cabeça fervilhava, parecia que explodiria a qualquer momento se não tomasse uma atitude. Mas o que ele poderia fazer, senão continuar ali, deitado em seu futon velho, observando o buraco no telhado.

Renji reforçava essa cena repetidas vezes em sua cabeça, quem sabe assim ele não aprendia de uma vez que o seu lugar era ali, naquela casinha, onde o aluguel logo venceria e o dono estava já de olho em sua promoção como tenente, querendo então aumentar o valor.

O ruivo suspirou pesadamente, virando o corpo para o lado e encolhendo as pernas até que suas mãos alcançassem os joelhos.

Tirou a noite para pensar e colocar para fora todo o sentimento guardado que consumia por dentro. Pensar em como seu coração se atrevia a traí-lo daquela forma. E imaginar que ele quase colocou tudo a perder naquela manhã. Seu posto, sua dignidade...

Ele ouviu alguém bater à porta. Pensou que Rukia havia retornado com alguém para tentar convencê-lo de sair.

— Que chatice, eu já falei que não quero ser incomodado. — Renji reclamou em voz alta, sequer se deu ao trabalho de vestir algo para cobrir suas tatuagens, senão uma calça velha, manchada de tinta azul. — O que você quer...

— Boa noite. — Byakuya falou, assim que a porta foi aberta. — Sinto muito, não queria incomodá-lo.

— Taichou. — Renji mexeu nos cabelos soltos, procurando se recompor. — Eu pensei que fosse Rukia.

Byakuya não se mexeu, mantendo suas mãos paradas diante do corpo.

— Eu não sabia que Rukia o visitava a essa hora da noite.

— Não! Não é isso. — Renji fechou as mãos com força, tentando remediar a situação. — Eu não quis sair, então... bem, não é nada importante.

— Entendo.

— Ah! O senhor deseja entrar? — Renji afastou-se da porta. — Por favor, senhor.

— Eu realmente não quero incomodar. — Byakuya não fez cena e entrou de uma vez.

— Fique à vontade. O senhor quer beber alguma coisa? Tenho chá de camomila no armário. Fica muito bom com hortelã, eu tenho uma pequena plantação nos fundos da casa. — Renji falava sem parar, como costumava fazer quando se sentia nervoso. Afinal, era a primeira vez que recebia a visita de Byakuya em sua casa.

— Pode ser.

Uma pequena bancada de madeira dividia o cômodo da sala e cozinha. Renji já havia pensado em projetar um painel para fazer aquela divisão, mas ele nunca tinha tempo sobrando pela manhã. E quando chegava em casa, estava cansado demais para martelar. Entretanto, mantinha a casa muito bem organizada e limpava tudo religiosamente toda manhã antes do banho.

Se quisesse, Byakuya poderia rolar no chão que não sujaria seu impecável e alvíssimo uniforme de capitão. Não que Renji fantasiasse o homem girando pelo chão de sua casa.

Pensar tanto dava uma canseira.

Assim que terminou o chá, serviu para o capitão, que estava posicionado em uma das almofadas no chão.

— Eu que fiz. — o ruivo apontou para o jogo de almofadas — na verdade, a Rangiku quem me deu, ela estava redecorando o quarto e daí me deu essas almofadas, mas eram todas floridas e cor-de-rosa — Renji bebericou o chá de sua xícara — não que eu tenha algo contra rosa. Mas não combinava muito com o resto da mobília.

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Byakuya olhou ao redor, não havia móveis na sala, depois, ele olhou para Renji, que sustentava um sorriso quase infantil.

— Ficou de muito bom gosto. — Byakuya cedeu, terminando de beber o chá. — Estava bom, obrigado.

— Gostou mesmo? As vezes eu uso baunilha, aprendi com a Rukia. Eu não conhecia baunilha, daí uma vez ela me trouxe lá da mansão, dizendo que eu precisava experimentar. Daí sempre que posso, compro em uma lojinha que fica em outro distrito, porque lá é mais barato.

Renji sentiu que já tinha falado demais, ele levou as xícaras para a cozinha e as lavou, retornando para a sala, onde Byakuya não havia movido nem um centímetro.

— Hmm. Senhor, posso fazer uma pergunta? Desculpe ser grosseiro, mas... o que o senhor veio fazer na minha casa?

Byakuya não respondeu, pelo menos não antes de Renji pedir desculpas pela intromissão.

— Eu que devo pedir desculpas por não ter revelado o motivo da minha visita assim que cheguei. Não costumo aparecer nos lugares sem ser convidado, certamente você desejaria descansar, em vez de me fazer companhia.

Essa afirmação estava longe de ser verdade, mas Renji decidiu não interromper o capitão.

— A verdade é que eu venho observando você.

— Vem?

— Sim. Você tem sido esforçado. Venho notando uma mudança favorável no esquadrão desde a sua nomeação.

— Taichou, o senhor veio aqui somente para me dizer isso. Estou, sem palavras. — Renji podia sentir o corpo arder de felicidade.

— Renji, eu ainda não terminei.

— Perdão, senhor. — ele apertou as mãos sobre as coxas, enquanto aguardava o capitão terminar seu discurso.

— Diante dessa situação, eu tomei uma decisão. — Byakuya sentia-se levemente incomodado com aquele sorriso, mas não deixou transparecer em sua expressão séria. — Você será transferido. Tenho certeza que sua dedicação poderá ajudar o Gotei 13 de diversas formas, ainda tenho que formalizar a situação, faço isso pela manhã. É claro que eu precisava comunicá-lo antes.

A alegria de Renji se esvaiu, como vapor na chaleira. Ele deu um sorriso sem graça e tentou encontrar um motivo para aquela atitude repentina do capitão.

— Eu não entendo, senhor. Se estou fazendo um bom trabalho, porque não continuar na 6ª divisão?

— Você tem um futuro pela frente. — Byakuya levantou-se, fazendo o ruivo ficar de pé, quase que desajeitadamente. — Vamos falar sobre isso amanhã de manhã.

Renji abriu a porta, ainda assimilando o que acabou de acontecer. Nada naquele cenário fazia sentido. Então ele não conseguiu mais ficar calado.

— Não! Eu não aceito ser transferido.

— A decisão já foi tomada. — Byakuya se limitou a dizer.

— Não me importa. Conquistei meu lugar com esforço, eu mereço mais do que ninguém. O que o senhor está fazendo é me jogando fora, como se eu fosse um cachorro, como faziam comigo quando eu era criança.

O capitão ficou em silêncio, enquanto ouvia o desabafo de seu tenente.

— Você não me observou direito, então. Se tivesse feito isso, saberia que não existe ninguém que possa fazer esse trabalho melhor do que eu. Além do mais, porque me incomoda a essa hora, na minha casa? Veio aqui apenas dizer que eu sou substituível? Sou bom, mas não o suficiente? O senhor não deve estar enxergando muito bem. Sugiro que se consulte com a capitã Unohana.

No fim, Renji estava com o peito inflado por fora, mas dolorido por dentro. Ele encarou o capitão sem desviar seu olhar, sentindo o coração bater acelerado, talvez seu coração estivesse se enganado sobre quem era realmente aquele homem na sua frente.

Byakuya não esboçou uma reação, ou decidiu questionar os argumentos de Renji, ignorando as ofensas. Ele se encaminhou para a porta e esperou que Renji a abrisse.

— Amanhã será um dia agitado. Tenha uma boa noite. — Ele foi embora.

Renji fechou a porta numa explosão de raiva.

Longe dali, o capitão Kuchiki Byakuya caminhava solitário pelas ruas, ele não esperava que Renji compreendesse sua atitude, até esperava que o rapaz o odiasse depois disso. Entretanto, diferente do que imaginou, essa situação não o deixou mais aliviado. Muito pelo contrário, o capitão estava amargando a decisão de afastar Abarai Renji de sua vida, mas era o certo a fazer.

I look around but it's you I can't replace

I feel so cold and I long for your embrace

I keep crying baby, baby, please