Recomeço

Era uma vez, Bruce Wayne


Diana deu um selinho em seu marido. Encarou seus profundos olhos azuis.

─Tem certeza?

Ele assentiu. Apesar da estranheza do sonho, afinal, não era a primeira vez, decidiu por omitir a verdade dela. Não queria preocupá-la.

─Bom. Se estiver mentindo, eu descubro mais tarde.

Diana chutou as cobertas e saiu da cama, tão elegante quanto sempre. Bruce voltou a deitar e apoiou o rosto na mão, admirando as curvas da esposa. Ela usava uma camisola branca, levemente transparente. Estava descalça e seus cabelos bagunçados. Ela pegou o olhar dele e sorriu.

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─O que foi?

─Você está tão linda. ─Disse. ─Como pode?

─Simplesmente porque estou apaixonada. Dizem que todos ficam mais belos quando amam.

─Talvez seja eu que esteja apaixonado, senhora Wayne. E eu a amo muito. Você está muito linda esta manhã.

Diana riu, provocante. Tocou a barriga, levemente crescida.

─Desde quando sente atração por mulheres grávidas, senhor Wayne?

─Desde que disse que estava tendo um filho meu.

Saiu da cama e caminhou até ela. Abraçou-a por trás, depositando beijos em seu pescoço. Como uma mulher tão perfeita foi se apaixonar por ele? Muitos lhe avisaram que era apenas por dinheiro, contudo ele nunca acreditou. Diana dava mostras de amá-lo de verdade, e quando lhe disse que estava grávida, não pensou duas vezes em se casar com ela. Até agora vinham sendo felizes

─Bruce, você vai se atrasar.

─Eu sou o dono. Eles que me esperem.

─Você deve dar o exemplo, meu amor...

Com um resmungo, se afastou. Diana estava certa. Ela sempre estava certa.

*****

Bruce atravessou as portas da Wayne Enterprise. Seu primeiro compromisso da manhã era uma reunião de acionistas. Essas reuniões eram sempre monótonas. Ficar em casa parecia muito melhor. Mas, como Diana mesmo disse, ele deveria dar o exemplo. Thomas incubiu-o de cuidar da empresa muito antes de sua morte, e ele vinha cumprindo seu desejo através dos anos, mesmo não gostando tanto de ser o chefe.

O resto do dia foi mais ou menos parecido com sua manhã. Reuniões, almoços de negócio, encontros com suas possíveis alianças. O mundo corporativo era monótono, porém não menos fácil. Era um mundo selvagem.

Quando a noite caiu, estava mais que pronto para ir para casa. Ele e Diana teriam um jantar com sua mãe, e passariam um bom tempo juntos. O motorista o esperava do lado de fora. Bruce entrou e aguardou.

Logo sentia o arranco do carro, e estava a caminho de sua casa. Contudo, cerca de vinte minutos depois, o carro parou. O motorista se virou para ele.

─Me desculpe, senhor Wayne, mas vamos atrasar um pouco.

─O que houve?

─Um assalto à banco. As ruas ao redor estão cercadas, e o trânsito está parado.

A mente de Bruce viajou.

Primeiro, a morte de seus pais, como no sonho de manhã. Depois, a promessa em buscar vingança. Os treinos, o aperfeiçoamento. Tinha medo de morcegos, e criou um alter ego em cima deste medo. Batman. Ele se viu então em uma fantasia de morcego, lutando contra criminosos. Todos o temiam, era um homem solitário, porém Gotham era um lugar seguro.

─Senhor Wayne? ─A voz o despertou de seus devaneios. ─Quer que avise à sua esposa?

─Não se preocupe, Jonathan. Eu mesmo o farei.

Jonathan assentiu, e voltou sua atenção para frente. Demorou mais de uma hora antes dos criminosos se renderem e a polícia liberar aos poucos o caminho. O carro voltou a andar, porém sua mente estava longe. Batman, Batman. A sensação de deja vu latente em seu peito. Por que tinha a sensação de ter vivido aquele momento, porém de maneira diferente? Por que, de repente, sentia-se inadequado?

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