Recomeçar

Eternamente sua - Parte II


Fazia apenas um mês que Damon havia proposto para mim, mas desde então andávamos mais grudados e apaixonados do que nunca. Não passávamos uma noite sequer separados, como eu estava tendo aulas apenas no período da tarde eu dormia quase sempre no apartamento do meu noivo. E vez ou outra quando precisava ficar na ZBZ por algum motivo referente a casa, Damon fazia questão de se juntar a mim após o trabalho.

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Ele havia me dado um cartão de crédito com um limite altíssimo para que eu comprasse todos os artigos necessários para a nossa filha, então eu passava muito tempo fazendo compras. Quase sempre Rebekkah vinha comigo para comprar coisas para sua filha também. Pensar que nossas pequenas seriam amigas era o sonho de qualquer mulher e sua melhor amiga.

Eu havia acabado de decidir com Damon o nome que daríamos a nossa filha e é claro que não podia deixar de avisar a novidade para a madrinha dela: Rebekah. Chamei minha amiga para tomar um chá da tarde na ZBZ, aproveitando o horário que a casa ficava vazia, para contar a novidade.

Decidimos o nome, amiga. – anunciei – Sua afilhada vai se chamar Melanie.

Ah, Lena! – Rebekah derramou algumas lágrimas – Eu estou muito feliz mesmo!

Amiga... Não precisa chorar. – confortei-a, estranhando o comportamento dela.

Eu sei! Eu não consigo evitar! – explicou enquanto limpava as lágrimas com um guardanapo.

Eu não estou te entendendo amiga, você anda tão estranha. – comentei.

Eu preciso te contar algo, Lena. – fungou – Eu não deveria... Combinei com o Matt que não contaríamos a ninguém ainda, mas eu preciso muito do seu apoio, amiga.

Meu Deus, Bekah, conta! Você tá me assustando. – arregalei meus olhos.

Está bem... Eu estou grávida!

Ah. Meu. Deus! – eu estava incrédula – Que notícia maravilhosa! Faz quanto tempo que descobriu? Porque não queria contar? Eu não acredito nisso! – eu estava em êxtase e a bombardeei com perguntas.

– Descobri há umas duas semanas, Lena... Mas eu não pude contar porque meu bebê está instável. Eu descobri quando acordei uma manhã sangrando muito, e não parecia nada com meu período normal. Corri pro hospital com o Matt e descobri que tive um descolamento de placenta, e meu bebê corria o risco de abortar. Tive que ficar em repouso absoluto e essas coisas chatas. – lágrimas saiam dos meus olhos, eu mal podia imaginar a dor que eu sentiria se Mel sofresse alguma coisa dessas – O bebê só vai sair do período de risco semana que vem, quando completar três meses.

Vai dar tudo certo, Bekkah. – apertei sua mão confortando-a.

Acompanhei Rebekah em sua consulta na semana seguinte, pois Matt havia viajado a trabalho, e Meredith deu a boa novidade: estava tudo estável com o feto, a placenta havia colado e não havia mais o risco de novos descolamentos. De brinde Meredith ainda conseguiu ver o sexo do bebê, uma menina, igual a minha Mel.

Desde então foram duas semanas intensas de preparativos antecipados para as chegadas das nossas filhas. Rebekah precisaria voltar ao trabalho logo então quis adiantar todos os preparativos, e eu aproveitei a companhia.

O quarto da minha pequena estava perfeito, todo branco com detalhes em rosa e lilás. Digno de uma princesa. Faltavam longos cinco meses, mas eu já não via a hora de Melanie nascer.

Voltei de mais uma tarde de compras e encontrei meu noivo em casa.

– Meu amor, que surpresa boa! – larguei as sacolas no chão e fui ao seu encontro.

– Foi uma surpresa para mim também, meu anjo. – depositou um beijo em minha testa.

– Algum motivo especial? – notei uma ruga de preocupação se formar entre suas sobrancelhas - O que foi, querido? – perguntei atônita.

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– Um advogado chamado Richard Cooper me ligou no escritório hoje cedo agendando um encontro comigo, pediu para que fosse num local reservado, então marquei aqui. Você se incomoda?

– De maneira alguma. – neguei com a cabeça – A casa é sua, Damon.

– A casa é nossa, Elena. – lembrou.

– Certo. – cedi, já prevendo que perderia nessa batalha – Qual o motivo do encontro? É seu advogado?

– Ele foi breve no telefonema, disse apenas que representava minha tia Genevieve e que era necessário se encontrar comigo ainda hoje.

Desta vez fui eu a pessoa a enrugar a testa. Cessei com as perguntas, afinal imaginei que Damon não soubesse nenhuma das respostas para tais questionamentos. Recomendei que meu noivo fosse tomar um banho para relaxar que eu estaria de prontidão caso o advogado chegasse.

Logo o interfone tocou e eu autorizei a entrada.

– Senhor Cooper. – cumprimentei ao abrir a porta para um moço muito elegante de meia idade.

– Boa tarde, senhora Salvatore. – sorri com o engano.

– Não ainda, por enquanto apenas senhorita Gilbert. – o corrigi educadamente.

– Perdoe-me pelo mal entendido. Posso entrar?

– Ah... – bato a palma da mão na testa – Mas é claro, me desculpe pela grosseria. Sente-se por favor, Damon logo virá.

– Muito agradecido.

O sotaque e jeito cortês do advogado denunciariam seu país de origem mesmo se eu não o soubesse. O povo inglês sempre me agradou em seus costumes e modo de falar, definitivamente a Inglaterra é um dos lugares que mais tenho vontade de visitar. Damon apareceu em poucos instantes.

– Amor, eu estava para fazer um chá para o senhor Cooper, quer um café talvez?

– Aceito o chá, Lena. – sorrio ao assentir – Cuidado com a água quente.

– Certo, fiquem a vontade.

Sigo para cozinha e fico impossibilitada de ouvir o que se passa na sala. Pego-me imaginando do que poderia se tratar, milhares de hipóteses passam por minha cabeça. Saio de meus pensamentos quando a chaleira apita avisando que a água está pronta.

Demoro algumas viagens para conseguir levar as xícaras, o bule, o leite e açúcar para a sala sem maiores desastres. Com o meu histórico não seria prudente carregar uma bandeja com água fervente, ainda mais no meu estado.

Ouço partes desconexas da conversa durante meus trajetos, mas não faço questão de conectá-las, sei que Damon me atualizará depois de qualquer maneira, não quero ser uma mulher que não respeita o espaço do marido.

Ao terminar de servir o chá aviso que estarei no quarto, Damon não reluta. Tranco-me e trato de me distrair enquanto meu noivo está com companhia.

Pouco mais de uma hora depois Damon vem ao meu encontro, ele está pálido. Sinto cada músculo do meu corpo enrijecer apenas com a vaga ideia de que algo está errado.

Num movimento surpresa, Damon me abraça forte e distribui diversos selinhos pelos meus ombros, face e pescoço.

– O que foi? – pergunto rindo após relaxar.

– Elena Gilbert, - ele faz uma pausa e se ajoelha ao meu lado – sei que já prometi te fazer a mulher mais feliz do mundo, mas além disso agora posso prometer uma boa vida.

– Nós temos uma boa vida, Damon. Você tem sua própria empresa! Eu estou me formando em medicina...

– Nós teremos uma vida melhor! – ele me interrompe eufórico – A irmã de meu pai faleceu há cerca de um mês sem deixar testamento. Sou seu parente mais próximo, por lei o dinheiro, as propriedades, as ações... tudo é meu!

Damon não se continha. Meu noivo parecia uma criança na manhã de Natal ganhando o carrinho de controle remoto mais desejado da estação: apesar de já ter milhares de carrinhos, esse consegue ter mais funções e ele está eufórico para coletar e juntar aos demais brinquedos pouco usados apenas para fazer volume.

– Hm... Parabéns. – desejei por falta de expressão melhor.

– Parabéns para nós três, Lena. Eu, você e a Mel teremos uma vida boa! Ela vai estudar nos melhores colégios, você não vai precisar trabalhar se não quiser. Vai poder acompanhar toda a infância da nossa filha!

– Damon, eu quero trabalhar. – respondi em meio ao riso. Seu comportamento era divertido.

– Então trabalhe, volte pra casa todas as noites e tome um banho de espuma na nossa banheira.

– Que banheira? – pergunto intrigada.

– Aquela que vai ter na nossa casa nova!

Passamos o resto da tarde fazendo planos para nossa nova vida. Damon estava feliz, então eu também estava, embora sentisse algo errado com essa história toda.

Quando Damon se acalmou e começou a se acostuma com a ideia de que seriamos milionários ele me deu a notícia.

– Terei que ir a Londres, amor. Preciso me encontrar depois de amanhã com um juiz que irá transferir todas as propriedades para o meu nome, só então vou ter noção de quão rica minha tia era.

– Quer que eu compre a passagem? – perguntei solícita.

– Compre duas! Você vai comigo. – anunciou.

– De maneira alguma, Damon. – sorri – O assunto é seu, e além do mais estou numa semana complicada na faculdade. Não posso simplesmente viajar. – meu noivo fez bico – Não dá, amor, de verdade.

– Vou morrer de saudades, mas tudo bem. Compra pra mim as passagens enquanto eu vou buscar nosso jantar. O que você quer comer?

– Comida japonesa. – Damon me olhou com cara de nojo – Você não gosta, mas sua filha ama! Faça esse esforço, por favor.

– Está certo.

Damon saiu em direção a sala e eu abri o site da companhia aérea em meu computador quando me toquei que não sabia a data de volta.

– Amor, você já saiu? – gritei.

– Não, o que foi? – ouvi sua voz.

– Você fica até que dia? Preciso saber pra comprar a passagem de volta!

– Bem... – pensou por alguns instantes – Eu não sei, Lena. Compra só a de ida que eu compro lá a de volta!

– Está bem.

– Estou saindo, amor. Volto logo. – Damon gritou e logo ouvi a porta bater.

Comprei a passagem num voo que sairia as três da tarde e chegaria em Londres as dez da manhã do dia seguinte. É uma viagem longa, Damon deve ter ficado louco se acha que eu viajaria durante dezenove horas sentada estando grávida.

Enviei a passagem para o email dele e fui tomar um banho, queria estar limpa e cheirosa para me despedir de meu noivo.

*

Acordei com Damon em movimento no quarto, pude perceber que estava fazendo sua mala e fiquei apenas observando.

– Amor! – meu noivo veio em minha direção ao notar que eu estava acordada – Bom dia, minha princesa.

– Bom dia. – selei nossos lábios – Que horas você sai?

– Daqui há duas horas preciso estar no aeroporto. – respondeu enquanto fechava a mala.

– Vou te acompanhar. – anunciei me levantando – Só preciso tomar um banho antes... – notei meu estômago reclamando - E comer!

– De maneira alguma, você não vai voltar dirigindo sozinha!

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– Que irônico, você queria que eu viajasse por dezenove horas, mas não posso dirigir por quarenta minutos? – perguntei brava.

– Sozinha, não pode dirigir sozinha! – Damon falou calmamente.

– Sinto-lhe informar que enquanto você estiver fora eu vou dirigir sozinha sim.

– Não vai não, já combinei com a Miley, ela vai te levar onde for necessário.

– Ah, Damon... – bufei – Você é tão mandão! – cruzei os braços – Não preciso de motorista.

– Ah, Elena, tão teimosa! – sorriu me imitando – Você está carregando a minha filha ai dentro. – apontou – De maneira alguma você fará algo que a ponha em risco.

– Não aja como o pai protetor comigo. – levantei com raiva.

– Ajo como o noivo protetor e pai extra protetor da Mel. Não posso evitar. – Damon me abraçou – Se quer tanto ir, venha. Mas traga Miley junto ou volte de táxi.

– Táxi. – respondi sem ao menos pensar – Não quero incomodar minha amiga durante sua semana de provas.

– Certo, então ande de táxi para cima e para baixo. E não ouse esquecer do cinto de segurança.

Bufei com todo o extinto protetor de Damon. Era fofo, e mostrava o carinho e a preocupação dele conosco, mas eu odiava ser limitada em minhas ações.

Deixei Damon terminar de se arrumar e fui para o banho. Após estar limpa, me troquei e me alimentei. Melanie agradeceu imensamente pela refeição. Sentei-me no nosso grande sofá e fiquei acariciando minha barriga, num modo protetor.

– Está na hora, amor. – meu noivo apareceu carregando uma pequena mala de rodinhas.

– A mala não é muito pequena, Damon? – perguntei.

– Não é como se eu fosse ficar lá para sempre, Elena. – sorriu – Estou levando apenas o essencial, e contando que vou ficar no máximo três dias.

– Vamos morrer de saudades. – desabafei, me referindo a mim e a nossa filha.

– E eu de vocês. – me abraçou – Cada segundo que estamos separados parece a morte para mim, Lena. Acredite. – selou nossos lábios.

– Promete que vai me ligar pelo menos uma vez por dia?

– Prometo.

– Certo... Vamos, não quero te atrasar. – me desvencilhei do abraço e abri a porta.

– Ei, Elena. – virei-me para olhar meu amado – Eu te amo, nunca esqueça disso.

– Eu também, Damon, para todo sempre.

Eu não quis admitir, mas ouvir suas palavras foi a coisa mais dolorosa que já fiz na vida. Uma dor crescia cada minuto mais em meu peito, o ar me faltava. Eu ignorei na hora, mas eu sabia que algo estava prestes a acontecer.

Rezei durante toda a noite, meu maior medo era que o avião caísse ou algo do tipo. Miley veio passar a noite comigo e dizia sempre que era besteira, coisa da minha cabeça.

No dia seguinte só consegui respirar ao receber notícias.

– Damon? – atendi atônita o telefone.

– Amor, eu já estou morrendo de saudades. – respirei aliviada ao ouvir a voz de Damon no outro lado da linha.

– Damon, que bom que você ligou, eu já estava preocupada.

– Acabei de desembarcar, Lena. – explicou – O voo atrasou um pouco, mas foi tudo bem, não precisava ter se preocupado.

– Eu me preocupo, você sabe.

– Sei... Amor, preciso desligar. Vou pegar um taxi agora e ir para o hotel, o advogado me aguarda lá.

– Qual hotel você vai ficar?

– The View. Preciso ir, até mais tarde, Elena.

– Até. – desliguei o telefone.

– Amiga? – Miley apareceu em meu quarto – Está na hora da aula, vamos.

*

– Você tem um recado antigo, seis de Março de 2010, 16:26. Secretária eletrônica? Ah, Céus, sua prova, esqueci! Por isso você não atende, entendi. Desculpe, foi tudo uma correria. Conversei com o advogado, parece que a quantia é muito superior a quantia que eu imaginava! Estou aguardando o juiz me chamar, logo terei a confirmação de tudo e te aviso. Eu te amo muito, Elena. Não importa o que aconteça, confie sempre em mim. Para ouvir novamente, aperte 1. Para deletar, aperte 2.

Eu não consigo. Eu quero apertar o dois e deletar para sempre essa mensagem, mas não consigo. É a única lembrança que tenho da voz dele.

Não importa o que aconteça, confie sempre em mim.

Confiar em você, Damon? Como eu posso confiar num cretino que me abandonou grávida? Eu não quis acreditar no começo, eu liguei no hotel, mas você já havia saído de lá; liguei na polícia, nos hospitais, na embaixada... Eu, ingênua, imaginei o pior. Imaginei que você tinha morrido! A sua morte me traria uma sensação menos pior do que a que sinto agora: a sensação de ser abandonada com uma filha na barriga.

Mas eu não vou me lamentar pra sempre, Damon Salvatore, já faz dois meses que você sumiu! E se um dia eu te rever, você pode rastejar, mas não me terá de volta, muito menos verá a minha filha. Isso eu te prometo.