Reboot

Nós temos pouco tempo...


Com aquele clima de descontração, os dois quase se esqueceram do verdadeiro motivo pelo qual vão batalhar e pela amiga que vão tentar ajudar, pois algo ainda poderia dar errado, mas ambos tentavam ignorar essa possibilidade.

Passaram-se cinco minutos e Jonas e Sabrina já estavam bem próximos da escola. Mas enquanto eles não chegavam, Isadora tentava descobrir algumas informações pessoais de Zack. O porquê disso? Não havia um por que, ela simplesmente gostava de saber o máximo de coisas possíveis sobre seus conhecidos. Ah! E a propósito, ela não beijou o rapaz porque o amava, e sim porque queria agradecê-lo. Só isso. Mas é óbvio que o garoto pensou que ela realmente gostava dele. Pobre rapaz... Tão inocente.

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“O.K, vamos começar o interrogatório da amizade!” falou Isadora que, apesar de quase ter gritado, não estava tão animada quanto tentava demonstrar. Ela ainda estava preocupada com Fabiana, mas por enquanto ele achou que seria melhor tentar descontrair o clima um pouco.

“‘Interrogatório da amizade...?’ Que besteira é essa?”

“É um jogo de perguntas e respostas em que eu fico sabendo de toda a sua vida pessoal! Iupi!!”

“Chato.”

“Você não vai participar?”, disse, fazendo biquinho.

“Pare de fazer biquinho, você não é mais uma criança.”

“BÉÉP! Resposta errada! Você deveria responder ‘sim! Eu estou super animado para contar-lhe sobre toda a minha vida inútil! ’”

“Ei! Minha vida não é inútil!”

“Então prove, me contanto tudo sobre você e sua vida!”

Ela era tão persistente quanto uma criança. Afinal, ela era infantil demais para ser uma adolescente. Até a falecida Helena era mais madura que isso.

“Tudo bem, você venceu... Vou lhe contar a minha história.”

“IUPI!” disse, elevando seus braços para cima. Exatamente como uma criança faria.

Zack contou-lhe sua chata e estúpida vida. Contou, inclusive, sobre sua história com Helena. Contou-lhe sobre a morte dela, sobre a depressão em que ele ficou etc. Aos poucos, a garota foi vendo todas as dificuldades pelas quais o garoto já havia passado, e sentiu-se culpada por tê-lo feito se lembrar de todos aqueles momentos terríveis. Agora, seu cabelo branco contracenava com a tristeza de seus olhos azuis.

Depois que ele terminou de contá-la a sua história, houve um grande silêncio. Mal os dois sabiam, mas o diretor da escola também ouvira aquela fascinante narrativa enquanto se escondia atrás da parede, no corredor.

“Desculpe-me... Eu não sabia que...” falou Isadora, que foi interrompida pelo jovem.

“Tudo bem... Eu já aprendi a superar a morte dela...”, mentira. Isso não passava de uma grande e mal feita mentira. A supervisora também notou que ele não dizia a verdade, mas como percebeu que aquele era um assunto delicado, ela tentou mudar o rumo da conversa, e pediu para ele que lhe fizesse algumas perguntas sobre sua vida.

O garoto gostou da idéia e começou a perguntar:

-- Você não é uma supervisora comum, né?

-- Não diga “né”, diga “não é”. E sim, eu não sou uma supervisora comum. Sou uma supervisora social. Caso tenha alguma criança ou adolescente problemático em algum lugar, eu vou ate ele e tento fazê-lo melhorar. Eu também posso me envolver em casos de pessoas deficientes, o que de certa forma, é quase o caso da Fabiana... – ela se entristeceu um pouco ao dizer o nome da menininha.

-- Outra pergunta:... – no momento em que ele iria começar a pergunta... Jonas e Sabrina entraram na sala. “Que decepção... Eles poderiam ter demorado um pouco mais para chegar...” pensava Zack.

O diretor, que antes estava espionando a conversa dos dois, fugiu no momento em que o menino de óculos e a garota gótica chegaram.

-- Por que você nos chamou Isa... Espere... O que ele está fazendo aqui? – perguntou Jonas. Sabrina por sua vez estava, como sempre, quieta, apenas observando a situação.

-- Ele está aqui por que... – a garota tentou, mas não conseguia pensar em uma desculpa para dar a ele.

-- Eu estou aqui porque a supervisora estava fazendo as pazes comigo – respondeu Zack.

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-- Isso é verdade? – pergunta Jonas; mas teve o questionamento interrompido por Sabrina:

-- É óbvio que não – ela observou a sala, que ainda permanecia desarrumada por causa da ventania de mais cedo. – A sala não está arrumada, o que significa que Isadora tinha outras preocupações ao invés de arrumá-la – o diretor, de mansinho, retornou ao seu posto espionagem e começou a escutar (novamente) a conversa. – A supervisora ainda tem uma fina camada de batom nos lábios, e a boca de Zack está um pouco corada de vermelho, a mesma cor do batom preferido de Isadora, o que significa que os dois estavam se beijando há até pouco tempo atrás, pois a marca ainda está visível.

Todos se mantiveram em silêncio. Essa investigação visual de Sabrina foi digna de receber palmas de Sherlock Holmes; tanto que todos estavam pasmos. Inclusive o diretor, que tentava não fazer muito barulho.

Jonas foi o primeiro a quebrar o silêncio.

-- Eu sabia... Sabia que um dia ou outro vocês acabariam se tornando um casal! – ele comemorou erguendo seus braços para cima, exatamente com fez Isadora anteriormente. – Isso é um pouco clichê, mas me lembra o filme da “dama e o vagabundo”, e eu acho que vocês formam um casal tão bonitinho e... – BOF! A supervisora deu-lhe um belo soco no meio da cara, fazendo-o cambalear até cair no chão; quase do lado de fora da pequena sala.

-- Idiota!!! Nós não somos namorados! E... E eu nem beijei ele!! Sabrina! Você está errada! Não rolou nada entre a gente, nós só... Nós só somos amigos!! – enquanto falava, era fácil perceber sua agitação. Ela estava mentindo e não era preciso ser nenhum detetive para saber disso.

Jonas levantou-se, ajeitando seus óculos. E depois começou a falar, ainda com um sorriso no rosto:

-- Não minta para nós. Sabrina leu todos os livros da série Sherlock Holmes – isso explica muita coisa! – Você está em um beco sem saída! Sabrina é uma garota incrível, isso além de ser nerd. Ela é perfeita! E é por isso que nós estamos quase namorando, e... – BOF! Ele recebeu outro soco na cara. Dessa vez, este foi dado pela menina gótica, que estava a ponto de espancá-lo com toda a sua força; mas sua consciência não deixou que isso acontecesse. Novamente, o rapaz caiu cambaleante no chão.

Zack via toda aquela cena e tentava se conter para não rir. Mas, em contrapartida, o nariz de Jonas não achava isso nada engraçado, pois estava quase sangrando.

-- Ai, ai, ai... Vocês estão desviando o rumo original da conversa – falou a supervisora, tentando ser imponente enquanto continha os risos. – Vocês se esqueceram do porque de terem vindo aqui?

Todos se aquietaram. O diretor (ainda escondido) parecia curioso pelo assunto da conversa, e mesmo correndo o risco de ser descoberto, continuou atrás da parede, ouvindo tudo.

-- Nós nos reunimos aqui para tentar ajudar Fabiana – continuou. – Não se esqueçam disso! Agora, graças à Zack nós temos uma chance de fazer uma garota doente feliz. E é isso que nós vamos fazer! Nós vamos encontrar os pais dessa menina, custe o que custar.

-- Mas como vamos achá-los? – perguntou o garoto de óculos.

-- Esse vai ser o seu trabalho. Eles a abandonaram à poucos dias, sem contar que eram pobres, então não tinham dinheiro para ir muito longe. Quero que você vá ao antigo bairro em que eles moravam. Ache a antiga casa deles e pergunte aos vizinhos sobre os familiares deles.

-- Por quê?

-- Tenho quase certeza de que os dois estão hospedados na casa de algum parente. E como os vizinhos costumam ser fofoqueiros não deve ser difícil encontrar algum que saiba algo sobre a família dos dois pais. Conto com você.

-- Sim senhora!

A supervisora prosseguiu. Dessa vez dirigindo a palavra à Sabrina:

-- Sabrina, você quer ser uma detetive no futuro não é? – a outra afirmou com um movimento da cabeça. – Que bom, porque você vai ter uma oportunidade de ouro agora. Eu quero que, com as informações que Jonas conseguir, você encontre a possível localização dos pais de Fabiana.

-- Entendido... – disse em resposta.

-- Mas, e eu? – perguntou Zack.

-- Amanhã eu lhe direi o que você vai fazer, mas por enquanto não precisa se preocupar com nada. Nós precisamos ser rápidos... Ah! E lembrando: nós não queremos chamar muita atenção O.K? Acho que vocês são capazes de fazer isso. Nós temos pouquíssimo tempo... Teremos sorte se... – ela hesitou um pouco, mas prosseguiu após uma pausa: -- Se Fabiana sobreviver por mais 48 horas...

Houve um segundo de silêncio por parte de todos.

-- Mas não vamos pensar nisso... – continuou. – O que vocês estão esperando? Vão para suas casas e comecem o trabalho. O nosso tempo é muito precioso... Andem logo! Vão, vão, vão!!!

Jonas e Sabrina correram pelos corredores da escola, rumo às suas casas. Por sorte eles seguiram o caminho contrário de onde o diretor estava escondido. Depois de tomar um pequeno susto por medo de ser descoberto, o diretor retornou à sua sala. As aulas ta tarde já iriam começar; tanto que já havia alguns alunos do ensino fundamental na entrada da escola.

Ao chegar a sua sala (que ele insistia em chamar de escritório) ele começou a pensar e refletir sobre o que deveria fazer quanto a essa situação. Ele conhecia Fabiana, tanto que foi ele quem ligou para Sabrina naquele dia, avisando-a de uma nova criança órfã na periferia da cidade. Ele sabia do estado de saúde da criança, mas não tinha escolha. Caso não o fizesse ele seria demitido. O homem, já de idade, ligou para o centro hospitalar em que a menininha estava internada. Ele conversou com a diretoria do estabelecimento e ordenou-lhes:

“Desliguem os aparelhos que mantém essa menina viva. E isso é uma ordem!”