Rebirth | NamJin

I'm In Love With You And All Your Little Things


Seokjin passeava lentamente pela sala, observando seus alunos concentrados na tarefa. Tinha pedido para que desenhassem sua família, já que no fim de semana comemorariam o que a escola chamava de “Dia da Família”, e como aquelas crianças se animaram! Praticamente todas estavam de pé ao redor das mesas, ansiosas demais para se sentarem. Talvez ter reunido as crianças em grupos não fosse uma ideia tão boa assim.

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Caminhava lentamente, espiando o trabalho de todos seus alunos, sorrindo para as cores irrealistas que usavam e para as letras levemente tortas. Suspirou. Teria que conversar com o professor de caligrafia de novo...

Foi até uma mesa que ficava mais afastada do centro da sala. A garotinha que a ocupava usava fones de ouvido, daqueles que abafavam o som externo, e por isso, Jin gentilmente colocou sua destra sobre o ombro da garotinha para anunciar sua presença.

—O que está escutando? – perguntou baixinho assim que ela retirou os fones, e a garotinha apontou para o pequeno rádio, que mostrava a playlist de músicas clássicas preferidas de Jin.

—Favoritas – ela disse sussurrando e o professor sentiu um orgulho enorme crescer em seu peito.

—São as minhas favoritas também, Sun-Hee – Jin sorriu. Adorava aquela menina – Sua pronúncia está muito melhor.

—Praticando – Sun-Hee riu – Omma feliz.

—Ela deve estar mesmo. Vai desenhar ela? – a garotinha assentiu com seus olhos voltando para o papel a sua frente – Me chame se precisar, certo?

Ele se afastou, voltando a passar pelos grupos. De vez em quando, ajudava um dos estudantes a escolher uma cor ou a escrever os nomes dos familiares e os seus próprios. Era com certeza um trabalho desgastante, mas Jin amava cada momento dele. Cada sorriso que recebia, cada trabalho pintado de cores alegras que recolhia fazia tudo valer a pena.

Jin tinha acertado em cheio sua profissão.

Era necessário muito, mas muito mesmo para tirar Jin do sério. Com tantos anos de experiência dentro de salas de aula, com alunos fáceis e difíceis de cuidar, o loiro tinha aprendido a controlar seu temperamento e sua paciência se estendia por quilômetros.

Porém, quando ele perdia a paciência, sentia seu corpo cansado. É como se toda a paciência fosse retirada de seu corpo e ele não tivesse dormido por alguns dias.

Era assim que se encontrava agora: cansado, sem paciência e com vontade de dormir até que o mundo terminasse. Nem mesmo as portas de sua casa foram poupadas, uma vez que o normalmente cuidadoso professor chegou batendo todas elas ao se dirigir ao seu quarto, para descansar. Atualmente estava deitado de bruços, com o rosto enfiado no travesseiro e os olhos fortemente fechados, tentando adormecer a força para conseguir recuperar a energia e agir como um ser humano novamente. Foi nessa hora que seu telefone começou a tocar, e Jin jurou por tudo que é mais sagrado que quem quer que o tivesse acordado levaria uma surra assim que o visse.

Controlando a vontade enorme de jogar o aparelho na parede, atendeu a ligação, resmungando um comprimento e amaldiçoando (mentalmente) quem o tivesse atrapalhado.

—Jin hyung, que bom que atendeu – Namjoon disse animado do outro lado da linha – Eu acabei de chegar a Seul e estava pensando em passar aí, o que acha?

Jin suspirou. Queria dormir, mas descobriu que erra difícil dizer não para seu dongsaeng, assim como para o seu coraçãozinho apaixonado,que o implorava para deixar Namjoon vir.

—Se você trouxer comida, tudo bem – sussurrou por fim, cansado demais para qualquer outra coisa.

—Pode ser pizza? Eu não sei cozinhar, então pensei em pegar algo pronto...

—Sim, sim. Você chega logo?

—Em uns vinte minutos – o mais novo riu – Te vemos em breve, hyung!

O mais velho murmurou em concordância, encerrando a ligação logo em seguida. Com muita força de vontade, levantou-se da cama apenas para tomar banho e vestir algo mais confortável do que as roupas sociais que usara para o evento, embora tenha se arrependido de estar usando um moletom mais antigo que a sua vida para receber visitas, isso porque Namjoon parecia um deus quando chegou à casa de Jin.

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Sério, era possível que Namjoon fosse tão bonito assim? Ele tinha acabado de voltar de uma viagem, não deveria estar tão apresentável!

Não que Jin estivesse reparando, claro.

Ele sorriu levemente, deixando o Kim mais novo entrar depois dos comprimentos. Chae dormia de maneira adorável no bebê conforto, mas logo fora transferida para o colo de Seokjin, que realmente sentira falta da pequena.

—Agora estou me sentindo mal vestido – reclamou ao perceber que a garotinha também estava toda enfeitada.

—É a sua casa hyung, você usa o que quiser – Namjoon riu, deixando a bolsa de Chae em cima do sofá, massageando o ombro dolorido logo depois – Nós viemos da festinha que fizeram para ela, por isso.

—E nem pra me convidar? – Jin soltou magoado – Achei que era seu amigo.

—Jin hyung! – o outro riu – A festa foi surpresa até para mim, você sabe que eu teria de convidado.

—Eu sei, estava só brincando – ele revirou os olhos, ninando Chae enquanto ela lentamente acordava – Passa rápido, não passa?

—Com certeza – Namjoon sorriu orgulhoso – Foram sete meses difíceis, mas eu não mudaria nada.

Jin sorriu com a constatação, feliz em saber que seu dongsaeng estava se recuperando. Ele podia estar apaixonado por Namjoon, mas nunca se esqueceria de que o rapaz sofreu uma grande e recente perda. Era bom ouvir ele feliz. Genuinamente bom.

Chae-Won logo acordou, tomando conta da atenção de seu pai e seu tio emprestado. Um pouco depois disso, a pizza chegou e os três jantaram. Quer dizer, Namjoon comeu enquanto Jin dava a mamadeira à menina, já que, segundo ele, precisava relembrar como se fazia isso. Parecia obvio para o mais velho que aquela era um desculpa muito esfarrapada para ficar com a menina no colo, mas funcionou com Namjoon, então estava tudo bem.

Quando Jin finalmente entregou o bebê para Namjoon, o homem pôde perceber o quanto seu hyung estava cansado. Havia olheiras escuras embaixo de seus olhos e, em geral, ele não parecia tão animado quanto o normal. O mais novo se preocupou, já que aquilo não parecia ser normal para o loiro. Ele tomou a filha nos braços, que estava ainda sonolenta e logo dormiu novamente, observando enquanto o mais velho começava um novo assunto.

—Hyung, você está bem? – perguntou, fazendo Jin franzir a testa.

—Claro que sim, porque não estaria?

—Parece cansado – o mais novo deu de ombros, ajeitando Chae no colo – Aconteceu algo na escola?

—Bom – Jin suspirou, massageando o pescoço – você teria o tempo que ouvir um velho amargurado com a injustiça da sociedade?

—Eu sou um rapper hyung, estar amargurado com a injustiça da sociedade é meu trabalho.

Jin riu, começando a relatar o que acontecera naquele dia. Era o tão esperado “Dia da Família”, e ele estava tão animado por ver seus alunos puxando os pais e responsáveis para ver seus desenhos. Era tão fascinante de ver a felicidade no olhar das crianças quando os pais elogiavam seus trabalhos, fazia todo o estresse valer a pena.

Isso é, até que um senhor veio caminhando bravo em sua direção, apontando o dedo para um dos desenhos e gritando com o pobre professor. Tudo isso porque aquele desenho em particular apresentava um casal de mulheres como as mães de um aluno.

Jin sinceramente teve que se conter muito para manter a compostura e explicar, muito calmamente, que não podia fazer nada contra aquilo. Pedira para seus alunos desenharem a família, e foi isso que o garotinho apresentou. Teve que ser ajudado pelo diretor da escola e diversos outros professores até que o senhor se acalmasse e parasse de debater, mas finalmente o caos teve um fim. A família do desenho agradeceu ao professor por tê-los defendido, mas isso não foi o suficiente para restaurar o bem-estar mental de Jin.

Ele nunca se rotulou, pois nunca sentiu a necessidade para tal. Amou Miyuki, uma mulher, e agora se via apaixonado por um homem. Era isso, era simples. Ter Namjoon ali, ouvindo seus pensamentos amargurados em relação a intolerância parecia tão certo quanto desabafar para a sua esposa.

Deus, ele estava tão confuso.

—Você fez o certo hyung – Namjoon disse ao final do relato – defender uma família que você nunca conheceu foi muito corajoso de sua parte.

—Diz a pessoa que faz músicas contra a sociedade o tempo todo – brincou o mais velho, fazendo o moreno rir. As covinhas apareceram e Jin se encantou mais uma vez.Seu coração acelerou e um sorriso bobo apareceu em seus lábios.

Ele estava muito apaixonado.