Assim que chegamos no tal prédio, Cebola foi me ajudar a descer do carro, mas dispensei sua gentileza. A raiva que eu estava sentindo dele naquele momento era grande. O jeito como ele estava agindo me irritava! Primeiro no elevador com aquela mulher ( o que confesso, foi engraçado ) e depois aquela conversa no carro. Ele parecia não estar ligando para nada! Parece que para ele nada aconteceu! A conversa quase casual que tivemos no escritório foi o que mais me atingiu. Apareço depois de anos e ele não diz nada, apenas tenta parecer que está tudo normal.

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O fato de aparentar que ele queria reconciliar comigo me fazia ficar mais brava ainda.

_ Você como minha secretária, vai apenas segurar essa pasta com o contrato e dizer que foi muito bem elaborado, entre outras coisas positivas. Ele tem que acreditar que somos a melhor escolha. Entendeu ? -- ele me perguntou--

_ Sim. -- assenti--

Fiz tudo que o Cê disse, mas o homem parecia desinteressado ou apenas querendo sair dali o mais rápido possível. Fiquei procurando um modo de fazê-lo ficar interessado, primeiro o analisando. Ele era magro, na verdade, com um corpo bem definido, possuía cabelos loiros, olhos azuis e era jovem. Talvez uns 23 anos. A sensação que já havia o visto tomou conta de mim. Mas não consegui pensar em ninguém daquele jeito. _ E o que te faz pensar que eu preciso disso ? -- ele perguntou para o Cebola--

_ Bom, o senhor... -- Cebola começou mas foi interrompido--

Um homem magro, de terno e nariz arrebitado chegou e falou para o homem charmoso:

_ Senhor, o seu torneio de patins teve de ser adiado para o próximo final de semana. Parece que nesse um competidor importante não poderá comparecer. -- ele explicou--

_ Tudo bem. Coloque isso na minha agenda. -- ele disse--

_ Claro senhor Felipe. -- o homem de nariz arrebitado disse fazendo reverência --

Felipe... O nome era tão familiar! É claro! Era o primo da Carmem!

_ Hã... Com licença, o senhor é primo da Carmem Frufru ? -- perguntei--

_ Sou sim, por quê ? -- ele perguntou confuso--

_ Sou eu, Mônica! -- eu disse sorrindo--

Ele pareceu não ter me reconhecido e ficou um tempo com cara de confusão.

_ Mônica Sousa. -- esclareci--

Ele pareceu finalmente se lembrar.

_ Ah! Mônica! Há quanto tempo! -- ele disse indo me abraçar--

A cara do Cebola era um misto de confusão e surpresa.

_ Nossa! Não a reconheci!-- ele disse sorrindo-- Você... Mudou tanto. Está tão bonita-- ele disse sorrindo de forma sedutora--

Fiquei corada com seu elogio e sem jeito pelo Cê estar participando dessa cena. Ele olhava com uma certa raiva para Felipe, mas estava tentando disfarçar.

_ Obrigada. -- respondi sorrindo educadamente--

Tornei a sentar na cadeira enquanto Felipe fazia o mesmo.

_ Há quanto tempo está aqui ? -- ele perguntou--

_ Bem... Muito tempo. -- respondi sorrindo nervosa e olhando de relance para Cebola--

_ Como nunca te vi ? -- ele perguntou para si mesmo-- Bom, podemos assinar esse contrato ?

Tudo bem, eu fiquei surpresa e o Cebola quase morreu de tanto tossir.

_ Já vai assinar ? -- Cebola perguntou se recuperando--

_ Claro! Por que não ? -- ele perguntou olhando e sorrindo para mim--

Tá calor aqui, não ?

_ Ótimo! -- ele respondeu satisfeito--

Depois de termos assinado o contrato, fomos conversando até o estacionamento.

_ Que tal para recuperarmos o tempo perdido, nós não saímos ? -- Felipe me perguntou--

Fiquei um tempo em silêncio sem ter o que dizer, enquanto Cebola franzia a testa e fechava as mãos.

_ Hã... Claro! Podemos! -- respondi sorrindo--

_ Que tal amanhã ? Às 19:00 ? -- ele perguntou abrindo a porta de seu carro luxuoso--

_ Pode ser. -- respondi tentando conter o sorriso--

_ Te vejo amanhã então! -- ele disse dando um pequeno aceno e entrando dentro do carro--

Fiquei um tentando entender o que havia acontecido, mas quando ouvi o Cebola batendo a porta do carro com força, acordei do transe.

_ Anda logo! -- ele rosnou--

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Entrei no carro sem entender a sua mudança de humor. Em uma segundo ele estava super feliz por ter assinado o contrato e no outro bravo comigo!

_ O que foi ? -- perguntei--

_ Nada. -- ele falou com os dentes cerrados--

Fiquei calada sem dizer nada só pensando em algum motivo pra ele agir assim.

_ Eu acabei de fechar um contrato milionário pra você! O que eu fiz de errado ? -- eu perguntei com raiva--

Suas mão que antes seguravam forte o volante foram relaxando e ele soltou um longo suspiro.

_ Nada. Acho melhor voltarmos.

Passamos o caminho sem dizer uma palavra e quando chegamos continuei o meu trabalho. Penha notou o nosso silêncio e apenas sorriu de satisfação. Estava torcendo para chegar o horário de ir embora que parecia demorar séculos.

_ Já vou indo! Boa noite Penha! -- eu disse educadamente--

_ Já vai tarde. -- ela disse sorrindo irônica-- Boa noite.

Vadia.

Sai do prédio e peguei um táxi. Não vi o Cebola saindo do escritório o que me fez pensar o motivo da Penha ainda ter continuado lá. Eca. Tomei um banho quente e coloquei um pijama curto e confortável. Me joguei na minha cama e liguei a televisão. Não consegui achar nada que me prendesse a atenção já que meus pensamentos estavam no que aconteceu hoje. Como eu podia deixar isso pra lá ? Eu não consigo pensar em como a vida está sacaneando comigo! Por que comigo ? Muitas pessoas nunca mais vêm as outras e justo eu tinha que encontrar... Ele ? Tentei afastar o Cebola dos meus pensamentos e comecei a lembrar do Felipe. Ele era muito gato e estava afim de sair comigo. Isso podia ser algo bom ? Acho que sim. Já que deve fazer muito tempo que não tento um novo relacionamento faz uns dois anos. Nos primeiros três a Magali até veio para cá para me visitar e me levou em um monte de lugares para tentar a sorte, mas a verdade é que nenhum fazia meu coração disparar. De repente meu celular toca, me tirando dos meus disvaneios.

_ Alô ?

_ Hã... Oi.

Paralisei sem ter o que dizer. Era o Cebola.

_ Como achou o meu número ?

_ Quando você foi contratada teve que deixar seu celular.

_ Ah, claro. -- eu disse sem graça --

Eu ia mudar meu número apartir de hoje.

_ Eu só quis ligar para pedir desculpas por ter agido mal com você mais cedo.

Eu podia sentir o arrependimento em sua voz e o aperto no meu coração foi repentino. Mas eu segurei para que ele não continuasse.

_ Tá... Tudo bem. -- eu disse tentando parecer que minha voz estava normal--

Ele ficou um tempo sem dizer nada e eu sabia que ele queria me dizer algo.

_ O que foi ? -- perguntei impulsamente--

_ O quê ? -- ele perguntou confuso--

_ Você quer me dizer algo-- afirmei--

_ Como você sabe ? -- ele perguntou rindo--

_ Eu te conheço mais do que você imagina.

Tudo bem, isso não soou muito legal.

_ Parece que sim. -- ele soltou uma risada-- Você ainda vai naquele encontro ?

Nós dois fizemos silêncio e ficamos apenas escutando a respiração um do outro.

_ Sim. -- respondi--

_ Mas você nem conhece o cara! -- ele disse--

_ Encontros servem pra isso! -- respondi no mesmo tom--

_ Não acho uma boa ideia! -- ele suplicou com a voz--

_ Cebola... -- eu disse esfregando a testa-- Eu estou cansada! E não tem razão para estarmos discutindo sobre esse assunto! Boa noite!

_ Vai dar boa noite pro Felipe! -- ele desligou o celular--

Meu Deus! Como ele é infantil!! Que raiva!

Homens!