Realidade Imaginária

Vejo a morte de perto


Então o manticore atacou...

Jerry pulou em minha frente e sacou o que estava segurando. Era uma espada um pouco menor que o meu braço e bronze, com o cabo preto. O manticore investiu contra ele, porém ele aparou o golpe e enfiou a espada na pata da criatura, que grunhiu de dor e o lançou, com o rabo, contra a parede lateral do corredor.

–JERRY!!!!

Eu estava ali, parada, sendo apenas uma observadora da luta, tentando convencer a mim mesma de que aquilo era real. O manticore veio em minha direção novamente, como se eu fosse o prato principal daquele dia e ele estivesse com muita fome. Eu não sabia o que fazer. Até que ouvi uma voz fraca e cansada, era Jerry.

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– Duda, pega!

Ele jogou algo em minha direção e uma adaga parou aos meus pés. Peguei-a rapidamente e vi que ela também era de bronze, porém com o cabo branco, e, por tudo que li e presenciei hoje, aquele só poderia ser bronze celestial. Olhei pra monstro novamente e apontei a adaga, minhas mãos tremiam e o medo tomou conta de mim.

–Mas eu não sei como se usar uma adaga. Dá pra jogar o manual de instrução também!

Olhei para Jerry rapidamente, ainda preocupada com ele e comigo. Quando seus olhos se encontraram com os meus ele sorriu e falou calmamente, já um pouco recuperado:

–Você saberá! Está no seu sangue!

No meu sangue? Não tive tanto tempo pra pensar no que ele disse, pois o manticore investiu contra mim com suas patas, porém, incrivelmente, consegui aparar o golpe com a adaga e fiz um corte no peito da criatura. Ele se ergueu sobre as patas traseiras, pronto pra pular, porém fui mais rápida e escorreguei por entre suas patas até parar atrás dele. Mas esse foi o meu erro. Ele me enroscou no seu rabo, me deixando sem movimentos, e me lançou na parece que eu estava a poucos minutos atrás. Minha cabeça bateu na parede e senti sangue escorrer pelas minhas bochechas, estava meio tonta e minha visão começando a ficar embaçada, mas não, eu não ia desmaiar e não ia desistir. A adaga estava apenas a alguns centímetros de distância e, depois de me esticar bastante, consegui pegá-la. Porém, no momento em que eu ia levantar e ser idiota o bastante para tentar lutar com aquele monstro, ele foi mais rápido e me prendeu com suas garras contra a parede.

Ele me olhou diretamente nos olhos, enquanto suas garras apertavam cada vez mais o meu pescoço tirando todo o meu oxigênio, deixando a mostra seus dentes sedentos por sangue e preparou seu rabo para o golpe final. Consegui ouvir Jerry gritando um nome, mas não era o meu. É, esse era o meu fim. Uma garota órfã e invisível para todos seria morta por uma criatura mitológica. Com certeza não era um tipo de morte comum, como as que são mostradas nos noticiários, mas não seria uma morte qualquer.

– Acabe logo com isso, sua bola de pelos nojenta!

Fechei os olhos, sentido uma lágrima quente se misturando com o sangue seco em minhas bochechas, e esperei. Porém a única coisa que aconteceu foi as garras se afrouxarem ao redor do meu corpo e o bafo da criatura sumir das minhas narinas. Quando abri os olhos não consegui acreditar no que via!