RECONSTRUÇÃO

Derrotas obrigam mudanças de estratégias...em ambos os lados.


Era madrugada quando Robin e Nicolas se preparam a missão de invadir o castelo de Regina, sem serem notados. Zelena prepara com cuidado, duas capas que seriam usadas como camuflagem para enganar os olhos dos comandantes dos soldados de areia e dos vigilantes da Rainha Má, espalhados pela mata.

— Minha mãe quer que usem isso. Ofuscará os olhos de quem vigia. – Galeano sorri para Robin e entrega-lhe a capa. – Desejo boa sorte em sua jornada!

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— Teremos oportunidades de saber quem somos nós, filho...- Robin ia continuar sua fala, mas vê os olhos do rapaz brilharem quando a figura altiva e arrogante de Vasco,surge na sala principal. Nem seria ouvido.

O rapaz olhava Vasco como se nunca o tivesse visto antes. Olhava-o como se estivesse diante de um pedaço de uma estrela caída do firmamento. Olhava-o como se estivesse vendo o desabrochar de um ramo, depois de um inverno rigoroso. Era um olhar repleto de encanto.

— Gostaria de saber por qual motivo, esse homem exerce tanto fascínio sobre as pessoas. Toda essa batalha deve ter nascido porque pessoas adversas, sentiram desejo por ele. – Nicolas percebe a frustração de Robin. - Por que não eliminam o Pomo da Discórdia?

Robin ignora a pergunta do cigano. Tudo estava acontecendo porque alguém tivera a coragem de invadir o espaço pessoal de Regina e Vasco, levando embora o que era de mais precioso para aquela família. Destruir o pomo seria destruir Regina.

— Vocês estarão invisíveis aos olhares, enquanto usarem a capa. – Galeano fala rapidamente e afasta-se ao ver Vasco se aproximando.

— Senhores, gostaria que encontrassem os habilidosos aprisionados e conseguissem com eles, a informação de onde está guardado o elixir. Eu o quero, como quero a pata de macaco que produz os soldados de areia.

Sentindo-se ultrajado pelo autoritarismo de Vasco, o arqueiro trava uma luta interna para conseguir obedecer e sair vitorioso na luta de salvamento de Regina.

Na manhã seguinte, ao sair ao campo para conversar com seus comandantes, Vasco encontra a cigana Alana vigiando Yasemine. A menina estava sentada e com o rosto encostado sobre a vegetação rasteira. Gavinhas enrolavam-se em seus pés e mãos, como se quisessem criar um casulo em torno dela.

— O que está havendo aqui? – Vasco se apressa em vir ao socorro da filha.

— Shhhh!

Momentos depois, Vasco presencia as gavinhas desenrolando-se da garota. Ela se levanta e vai para os braços do pai, aconchegar-se ali.

— Eu recebi a informação de que um novo bloco de soldados de areia está pronto para novo ataque, tão logo a redoma seja aberta. Desta vez, foram forjados em metal e isso dificultará nosso uso de lâminas.

— E se usarmos fogo? Um muro de fogo? O metal cede ao fogo.

— Sabemos disso, Alana. Mas precisaríamos de alta temperatura e tempo disponível. – ele sorri para a cigana ao ver interesse em sua pergunta. – Além disso, correríamos o risco de danificar a floresta e a nós mesmos.

Yasemine se afasta delicadamente do corpo do pai, mas mantém as mãos em volta da cintura dele. Levanta o queixo para olhá-lo.

— Com uniformes convencionais ou de metal, serão sempre vulneráveis ao corte. Eu tenho uma sugestão, papai. – ela sorri e arqueia uma das sobrancelhas grossas.

Ao cair da tarde, três comandantes chegam à sala principal do castelo e são recebidos por Regina e Solomon. Algo não estava correto e faltava um dos comandantes.

— Vocês eram quatro comandantes...- reverendo sente temor em indagar.

Os homens se entreolham temerosos.

— O que houve? – Regina rosna em tom baixo e rouco.

— Os soldados forjados em metal foram imobilizados pela floresta...

— Foram o que? – desta vez, ela grita.

— Quando a redoma se abriu outra vez, os líderes dos rebeldes vieram em nossa direção e estavam acompanhados somente pelos homens-gaviões e seus machados. Ao darmos a ordem de avanço, nossos soldados foram impedidos de continuar pelos cipós e outras vegetações que se enroscaram em seus braços e pernas. Os homens-gaviões sobrevoaram calmamente e provocaram mutilações nos soldados de areia.

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Aproximando-se dos comandados, Regina exibe um sorriso que na verdade era um rosnado.

— Está dizendo que os meus cem soldados criados com armadura de metal, foram imobilizados pela floresta e transformados em punhados de areia? Cem soldados?

Novamente os comandantes se entreolham. Solomon decide intervir.

— Sim, Majestade. Quando não tínhamos mais soldados inteiros, vi um dos mascarados gesticular e imediatamente a mata voltou ao seu estado normal.

— Há uma habilidosa entre eles, que retira suas forças da natureza. Ela deve ter pedido ajuda aos seres da floresta. – ele toca o ombro de Regina e é repudiado.

— Estamos sendo desmoralizados, Solon! É a segunda derrota em pouco tempo! Qual será o próximo golpe? Por que não conseguimos entrar na redoma? Eu roubei as forças de todos os habilidosos que conhecíamos! Quem, além de Zelena e do filho magricela, está se interpondo entre mim e a dominação total? Vamos virar piada?

— Foram apenas duas derrotas, minha amada. Já tenho aldeões infiltrados que pedirão asilo para Zelena e trarão informações...

Regina crispa as mãos e emite um rosnado rouco e assustador.

— Nossa frota total de navios foi afundada, Solon! O litoral não está mais sob nosso domínio! Fomos dizimados pelo navio do maldito Capitão Gancho e por sereias e tritões! Poseidon está contra nós! O que falta mais acontecer?

Solomon ainda estava atormentado com o reconhecimento de Vasco como líder daquele exército amador. Era momento de recuar e usar as palavras para atrair Cosima e o belo homem de olhos celestes.

— Onde está o quarto comandante? – pergunta o reverendo, depois de ver Regina sair de cena.

— Foi capturado. E seremos os próximos...fomos avisados.

— Quero que organizem um ataque a uma aldeia qualquer. Temos de provocar a rendição desse exército amador. Não poderemos ir até eles, então, eles virão até nós.

— Os aldeões estão chamando de Exército das Esmeraldas, porque nasceu sob o domínio da Rainha Verde.

Robin e Nicolas retornam para o castelo de Zelena. Não voltam acompanhados por supostos prisioneiros que deveriam ser libertos, mas trazem boas e más notícias.

— Encontramos as masmorras, porém, as celas não são abertas por pessoas comuns como nós dois. – Robin se alimenta com voracidade. – Vimos cinco pessoas aprisionadas sim, inclusive uma delas não tinha uma das mãos. Era a Senhora de Ferro, aquela que usava a pata de macaco para criar os soldados de areia.

— Descobriu sobre o elixir?

— Os prisioneiros nos disseram que suas forças estão guardadas em pequenos frascos de madeira, na sala de experiências, onde o casal real realiza suas receitas. Mas...pelo que me descreveram, ficam protegidos por lâminas que flutuam no interior da sala e almejam, matando quem entra sem autorização.

Vasco olha para a filha que o observava como se fosse um falcão sobre sua presa. Os olhos atentos de Yasemine se voltam para Robin e depois para Nicolas.

— Vou com vocês, mas antes quero que meu coração seja tirado para que eu não possa morrer, mesmo sendo alvejado.

Emma decide intervir na fala de Vasco. A loira se aproxima e todos os olhos vão para ela, com respeito e admiração. Ela espalma a mão sobre o peito de Vasco e seu olhar é uma ordem.

— Você vai ficar onde exatamente está. Eu me proponho a entrar na sala, porque tenho habilidades suficientes para evitar que as setas me atinjam. Não iremos tirar o coração de ninguém. Vamos lutar com as armas que temos e não vamos ficar em igualdade de nível com a Rainha Má e o Reverendo.

Um dos comandantes dos homens-gaviões entra na sala e cumprimenta a todos os presentes.

— Majestade, uma aldeia foi atacada hoje pela amanhã. Um grupo de soldados sem rosto invadiu a queimou as casas, espantou os animais e iria promover uma matança coletiva. - o homem sorri malicioso. – Entretanto, foram impedidos por um grupo de macacos armados.

Yasemine salta da cadeira.

— Macacos voadores?

— Não. Macacos sem asas e com a habilidade da fala. O grupo veio das montanhas e protegeu aos aldeões. – ele sorri para a menina feroz. – O líder é seu amigo Cesar.

Ela grita e bate palmas.

— Onde ele está? Onde ele está?

— Continua na floresta com seus comandados.

— Como soube disso? – a expressão do rosto de Vasco, desfaz o entusiasmo do comandante. – Estão saindo da redoma? Deduzo que se estão saindo, os soldados de areia poderão entrar.

O homem-gavião tranca o rosto.

— Absolutamente não, Majestade. Nem todos os homens-gaviões ficaram dentro da redoma de proteção, conforme minhas ordens. Alguns estão do lado de fora e sobrevoam as florestas e o litoral, em busca de informações. Quero que saiba que a caverna por onde vocês foram trazidos, foi blindada pela Rainha Verde, para a entrada de seres habilidosos ou criados por eles.

Vasco não responde. Olha para Emma e estende a mão, vendo-a receber a saudação.

— Iremos de volta para o castelo, Robin, Nicolas e eu. Caso Killian retorne e eu não esteja aqui, diga a ele que o amo e que ele me deve uma dança. – ela abraça Vasco.

— Boa sorte, irmã! – ele cochicha ao seu ouvido. – Traga notícias de Regina, por favor. Preciso muito saber dela.

Horas depois, camuflados em meio da mata, Emma, Robin e Nicolas passam por um grupo de aldeões que havia acampado há alguns quilômetros da redoma verde. De lá podiam ver a proteção e pareciam temer aproximarem-se. O coração de Emma lateja dolorido, permitindo que a raiva cresça diante da injustiça.