Quiet.

06 - Culpa dos cupcakes e do milho enlatado


O que acontece quando você quer ir se desculpar com alguém, e um cara aparece dizendo que "gosta" de outro cara.

1º Quando alguém fala que gosta de alguém pra você, o individuo resolve falar toda a sua vida sem você nem perguntar porra alguma. No meu caso, isso não aconteceu – agradeço por não ter jogado pedras na cruz hoje – foi praticamente o contrario, eu falei mil e uma coisas do Thai pra ele – mas tipo, só disse as ruins. É, falei tudo – , tava mais para um desabafo mas foda-se, ele veio falar comigo primeiro.

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2º Assuntos geram assuntos, e de repente você já estavamos falando de shows, cupcakes, e milho enlatado.

3º Você não se desculpa.

E bem, já fazia 2 semanas que eu não trocava uma palavra com o Thai, na verdade eu quase não via ele, nem em casa. Ele saia cedo todas as manhãs e voltava bem tarde, ou não voltava... Não que eu tivesse ligando para o que ele faz, quando faz, ou com quem deixa de fazer. O fato é que eu fiz merda – me da um puta ódio admitir – e ficou por isso mesmo. Quando eu vou aprender que eu não devo falar nada quando se trata da Clair? Além disso, sem o Thai "na minha vida" adivinha quem ia para o colégio comigo, me levava e buscava do trabalho e depois me trazia na porta de casa? SIM, o garoto que ta afim ou sei lá o que do Thai, o Deniel. Afinal, a culpa é dele que eu não teja falando com o Thai, mas o fato é que eu gostava de passar o tempo com o Deni. O probema é que eu já estava gostando até demais...

– Nossa Queen, que droga você faz antes de ir pro colégio que demora tanto assim? – Ele revirou os olhos.

– Sabia que eu te acho um fofo por não falar palavrão? – Falei apertando sua bochecha – Não culpe a mim, o Thai não fez meu café da manhã, e eu tive que me virar... Ele vai ter uma surpresinha quando chegar em casa – Arqueei uma sombrancelha dando um risinho vitorioso.

– Não me admira se você aparecer com hematomas amanhã – Ele bufou.

– Que se foda o Thai, você acha mesmo que ele vai por um dedo em mim? Olha pra isso – Falei exibindo meus bicepis.

– Você acha que "isso ai" vai adiantar de algo? – Ele soltou um riso – Se bem que só eu posso te bater mesmo – Ele falou prendendo meu pescoço e bagunçando todo meu cabelo.

– EEEI, depois reclama que eu demoro – Bufei – Amanhã vou demorar com bônus – Empinei o nariz.

– Ai eu te deixo aqui. – Ele falou saindo na frente.

– Você não faria isso ne Deninho? – Ele já tava longe – EEEEI!

A maioria dos dias eram assim, não que eu estivesse reclamando mas, sabe quando falta algo? Algo não, eu sabia exatamente o que era. Quando cheguei em casa, o Thai estava largado no sofá assistindo. Coçei os olhos para ver se aquilo era real mesmo, e tipo, ERA. E agora o que eu faço? Não sabia se o cumprimentava, o chingava, o provocava ou rastejava em seus pés pedindo desculpa – ta, isso eu nunca faria – ele percebendo minha presença, desviou o olhar e me chamou com a mão. Faltava o Thai.

– Que raro ver você em casa – Falei sentando – Olha, vou falar logo de uma vez, desculpa pelo lance da Clair. E não me faça repetir pois eu não vou.

– Sorte a sua que eu não tô com ânimo pra te questionar pirralha – Ele disse se ajeitando.

–Nem eu... Ei Thai, o que a gente faz quando a pessoa que a gente gosta, gosta de outra?

– Haha acho que ta falando com a pessoa errada, se eu soubesse eu já taria com a Clair a muito tempo, não? – Ele soltou um suspiro – Acho que é a hora que a gente esquece...

E naquele silêncio, aquele calor que a tão pouco sufocava se libertou. Eu teria que fazer o mesmo em relação ao Deni? Soltei outro suspiro, fazendo o Thai me olhar de canto, retornei o olhar e encostei a cabeça em seu ombro. Não sabia ao certo o que estava sentido. Quando estava com o Deniel me sentia em paz, é como se ele me livrasse de todas as duvidas. O Thai era exatamente o contrário, tudo era incerto, eu não sabia o que ele pensava ou queria, e isso me irritava. "Friends", isso que dizia no desenho. Será que sou somente eu que estou criando acaso para não aceitar a verdade? Parte de mim queria aquele calor, a outra tentava desesperadamente se livrar dele.

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Estava um pouco aliviada por ter me acertado com o Thai, finalmente vou voltar a comer adequadamente – ta, 50% do Thai até hoje só serviu pra me alimentar, e os outros 50% só pra me confundir, mas que porra esse garoto acha que ta fazendo? – Acabei não prestando atenção em aula nenhuma só perdida nos pensamentos, na verdade que porra eu tô fazendo atraída por um cara que é provavelmente GAY e o outro é um completo mafioso? Na volta, depois do Deni voltar pra casa, caiu um puta toro, tipo, um tsunami vindo do céu, SÓ PRA MELHORAR meu dia.

– Eu vou pegar umas toalhas espera ai – Acabei tendo que o convidar pra entrar – O Thai ainda ta no trabalho então não se preocupa – Falei jogando a toalha, sentando no sofá e ele também – Iai, como se sente tando na casa do "seu amado"? – Revirei os olhos.

– Ele tinha cara de "o homem perfeito", mas vejo que ele ta bem longe disso... Acho que perdi a atração – Arregalei os olhos, a luz do fim do tunel – Porque esse sorrisinho? – Corei.

– Q-que sorrisinho? – Desviei o olhar me levantando – Vou pegar algo pra beber, quer alg-

– Calma – Ele puxou meu braço, me fazendo sentar de novo – Você disse que ia me ajudar não disse? – Ele falou colocando a mão no meu queixo – Vamos começar por um experimento...

E antes que eu pudesse questionar ou fazer alguma coisa, ele já tinha selado nossos lábios. Um beijo rápido e doce. Eu estava sem reação, ele se afastou lentamente com os olhos entreabertos, deu um sorriso de canto e depositou um beijo em minha testa, outro em minha bochecha, outro no canto de minha boca, e depois foi ao meu pescoço. Eu não odiava aquilo. Ele passou a mão pelo meu cabelo, me encarando, pude ver seu rosto bruscamente corar, não resistir e selei nossos labios novamente, ele me puxou pra si, pedindo passagem com a lingua, concedi, afinal aquilo era só um experimento certo?

Uma de suas mãos desciam pela minha cintura, passando pela minha perna e voltando aos meus cabelos. Sua lingua explorava minha boca com calma, tudo se encaixava perfeitamente, não me desagradava mas, eu queria sentir mais. Até que ouvimos o barulho da porta...

POV'S Thai

Eu chego do trabalho exausto, pra chegar em minha residência e me deparar com a pirralha se atracando no sofá? Puta que pariu, não acredito que eu vou ficar com isso na cabeça.

– Mas que merda ta havendo aqui?

– Melhor eu ir embora. – O tal do cara que tava ficando com a pirralha falou. Ele é o tal do garoto que não gosta dela? Haha, não parece.

– Melhor era você nem ter entrado aqui – Assenti com um sorriso irônico.



– Thai, pra que tudo isso? – Ela revirou os olhos – Te vejo amanhã Deni...

– Pra que tudo isso? Tu trás um cara pra MINHA casa e quer que eu fique como? Já basta você, agora vou ter que lidar com "eles" também? – Grunhi.

– Se está tão encomodado, Queen, por que não mora comigo?


Porque ela é minha.