Quente

Capitulo 3


Falando sério, ser uma vampira não é nada fácil. Principalmente se você mora em um lugar quente como esse. Sai do chuveiro e me enxuguei com a toalha, peguei a escova de dente e coloquei pasta sobre ela, olhei para o espelho e vi que meus lábios estavam vermelhos e meus olhos estavam verdes escuros, escovei os meus dentes rapidamente e fui até o closet do quarto, tirei um par de calça jeans preta, uma camisa de manga curta vermelha e uma boina branca.

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Vesti-me rapidamente e coloquei uma sapatilha preta, penteei os meus cabelos e coloquei a boina. Peguei meu celular e minha bolsa com os livros e sai de casa. Desliguei o alarme do carro e entrei, sai da garagem e fui em direção a universidade. Passei pela guarita e dirigi até o meu bloco, estacionei o carro ao lado do carro de Alex e sai.

Havia alguns alunos na lanchonete comendo uns salgados, dei um sorriso para eles e fui para a minha sala. Imprimi o exercício que passaria na sala e fui até a Xerox, Igor passou por mim e deu um sorriso.

— Não vai demorar professora — Disse ele batendo no relógio.

— 5 minutos tô em sala — Respondi sorrindo, entrei na Xerox que por milagre não estava lotada e pedi 30 copias. Paguei ao carinha da Xerox e fui para a sala. Entrei e vi todos sentados nos seus lugares, coloquei minhas coisas na mesa e sentei na cadeira. — Boa noite, pessoal.

— Boa noite.

— Então como estão? — Olhei em volta e vi que eles estavam com uma cara cansada. — Estão com uma cara cansada.

— Dia longo — Respondeu Erica colocando a mão na frente da boca para esconder um bochecho.

— Bem, só espero que não durmam — Falei brincando. Sentei na mesa, cruzei minhas pernas e olhei para eles. —Nós terminamos na aula passada em 1534, quando houve o estabelecimento do sistema de Capitanias Hereditárias, não foi?

— Exato — Disse Augusto.

— Vocês compreenderam tudo? Há alguma duvida? — Perguntei, eles negaram com a cabeça e sorri. — Tem certeza? Pois vou passar um exercício para vocês daqui a pouco. Querem que eu faça um resumo?

— Seria bom — falou Lizzie.

— Certo, preste atenção que vou fazer apenas algumas passagens rápidas — Fiquei de pé e fui até o quadro fiz um esquema rápido de memorizar e fui explicando tudo. Fazia algumas piadas e brincadeiras para chamar a atenção deles, andava na sala e sentava na mesa. Um dos maiores desafios de professores era manter o aluno focado na matéria.

Alex estava sentada na cadeira da frente ao lado de Igor, nossos olhos de vez em quando se encontravam e ela desviava o olhar, ela estava usando uma calça jeans preta e uma blusa regata azul, um cordão de prata em volta do pescoço, segurava o lápis fracamente e fingia que estava fazendo alguma anotação, quando na verdade estava me observando. Escrevi uma data no quadro e virei para a turma.

— E foi em ... — Meus olhos se encontraram com os de Alex e eu olhei para a sua mão, ela estava segurando o seu cordão, havia um medalhão de prata em volta de uma pedra azul. Juro que se meu coração tivesse vida ele tinha acabado de parar de bater.

Não podia ser, podia? Aquilo que eu tanto procurava, que me libertaria da minha maldição? Olhei para o cordão em suas mãos e engoli em seco. Percebi que a sala estava quieta e limpei a garganta rapidamente, para a minha sorte o meu celular tocou e eu fui até a mesa desligar ele.

— Me desculpem, minha cabeça não está legal hoje — Falei me sentando na mesa envergonhada. — Continuando, foi em 1519 que Cristóvão Jacques fez uma expedição ao rio da Prata...

Igor olhou de mim para Alex de lado e sorriu. Sempre tinha alguém que tinha uma paixão secreta por algum professor. Dei um olhar serio para o Igor e ele abaixou a cabeça, peguei as Xerox na mesa e comecei a distribuí-los para todos. Era um exercício de 15 perguntas objetivas e que eram fácil de responder. Sentei na cadeira e liguei o meu notebook, fiquei mexendo na internet enquanto que eles respondiam o exercício em silêncio. No fim das contas, o exercício de tão fácil que era deu muitas duvidas nos alunos, de forma que não me deram tempo para por a cabeça no lugar.

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Liberei os alunos mais cedo e fui para a minha sala, sentei na cadeira pesadamente e coloquei minhas mãos no rosto. Será?

Olhei para a noite estrelada e suspirei, James estava deitado ao meu lado no chão. Estávamos no ano de 1940, em plena segunda guerra mundial, no meio da floresta Amazônica. James tinha se voluntariado para ser médico do pessoal que iria trabalhar nos seringais, e eu o acompanhei como enfermeira. Tínhamos acabado de dar um remédio para um homem que estava com febre em uma das cabanas.

Não tínhamos nos alimentado e dormido direito por vários dias. James se levantou ao meu lado, usava uma camisa de manga cumprida branca encardida e uma calça preta. Olhei para ele e levantei as minhas sobrancelhas.

— Onde vai? — Perguntei o vendo sacudir as suas roupas.

— Vou atrás de comida — Disse me dando um sorriso. — Sinto que há uma pessoa na floresta, perdida.

— É obvio que ela está perdida, não tem nenhum louco que vá sair de madrugada, tirando a gente — Falei ficando de pé também e dando um sorriso de canto.

Entramos na floresta silenciosamente, corremos um pouco até ouvimos um passo próximo de nós. Olhei para o lado e vi um índio, com uma lança atravessada no peito de um porco selvagem, ele se abaixou, acho que conferindo se o porco estava morto, retirou a sua lança, amarrou as patas do porco e jogou-o sobre as suas costas. James e eu acompanhamos o índio a distancia e vimos que ele ia em direção a sua pequena aldeia, que havia cerca de 4 casas feitas de cipó, madeira, folha de coqueiro e mais algumas coisas. Olhei para James, dos quais os olhos já estavam em uma cor escarlate, e engoli em seco. Ele avançou rapidamente contra o índio, derrubou-o no chão com um golpe e mordeu o seu pescoço.

James se alimentou do jovem índio e pediu para me aproximar, fiquei ao seu lado em um piscar de olhos e trouxe o pescoço do índio em encontro a minha boca. Quando terminei de me alimentar, fechei os olhos e deixei meu corpo sentir aquela “sensação de vida”.

— Nikkie, não... se mova — Escutei James dizendo baixinho. Abri meus olhos e dei de cara uma lança apontada diretamente para o meu peito. Engoli em seco e olhei rapidamente em volta.

Estávamos cercados por 7 guerreiros indígenas, provavelmente da mesma aldeia que o jovem do qual tínhamos acabado de se alimentar. Um índio alto, com várias penas na cabeça apareceu e logo atrás dele uma mulher veio correndo na nossa direção e se jogou ao chão, segurando o corpo frio daquele jovem. Dei um passo para trás e senti algo pontiagudo nas minhas costas, levantei as mãos para cima e engoli em seco. James estava paralisado ao meu lado, seus olhos obsevavam tudo e cada movimento dos índios. O índio alto com penas gritou uma serie de palavras que não entendi, os outros ficaram agitados e senti um aperto maior sobre as minhas costas. Eu não estava entendendo nada.

O índio alto, provavelmente o chefe, deu as costas para a gente e entrou em uma das cabanas. Os outros guerreiros ficaram apontando as lanças para nós, logo em seguida o Indio chefe apareceu, segurava em uma das mãos uma pedra azul brilhante e na outra uma pedaço de madeira, do qual eu pude ver que tinha vários símbolos estranhos escritos. Ele começou a falar um monte de coisa, até que eu fui entender que aquilo era uma espécie de feitiço.

Olhei para James nervosamente e ele balançou a cabeça. Ele contou até três e então avançou contra o índio mais próximo dele. Segui o seu exemplo e ataquei o guerreiro próximo a mim. Conseguimos nocautear 5 índios rapidamente e levei um chute nas pernas, cai de joelhos no chão e olhei para o lado. James estava caído no chão e acima dele um índio segurava a sua lança diretamente no seu coração.

— Nikkie, não deixe-o terminar o feitiço! — Disse apontando para o Chefe, ele não parava de falar versos estranhos, na hora que fiquei de pé, escutei um barulho de algo sendo perfurado. Olhei para o lado e vi uma lança atravessada no peito de James, sangue escorria da sua boca e seus olhos estavam olhando diretamente para mim, em uma ordem dizendo que não era para deixar o feitiço ser terminado.

Lágrimas escorreram pelo meu rosto, fechei minhas mãos em punhos e fiz o que meu Criador ordenou. Avancei em cima do chefe da aldeia, nós dois caímos no chão, ele me deu um chute na barriga e depois uma mordida no braço. Segurei o grito de dor e o joguei com força no chão. Ele se levantou rapidamente e começou a correr pela floresta, corri atrás dele e percebi que ele continuava a proferir palavras do feitiço. Demorei alguns segundos para alcançar ele, pois ele desviava a cada momento para algumas de suas várias armadilhas. Até que finalmente o alcancei e o atingi com um soco, ele bateu o rosto em uma arvore e caiu no chão.

Fiquei na frente dele e segurei o seu pescoço, levantei ele do chão e senti uma dor na minha barriga, olhei para baixo e vi que tinha uma espécie de faca no meio dela. Uma raiva imensa me atingiu e eu mostrei minhas presas para ele, o índio não pareceu se abalar e falou algo para mim. Minha cabeça começou a doer fortemente, soltei-o e caí de joelhos no chão, apertei minha cabeça com as mãos e gritei, meu cérebro parecia que ia explodir. O índio disse mais algumas palavras e antes que minha visão apagasse, vi em suas mãos sujas de sangue uma pedra azul, não havia sinal do “livro de feitiço” dele.

Senti que em poucas horas o sol surgiria e abri os olhos lentamente. Esfreguei o meu rosto e me sentei no chão. Demorei cerca de alguns segundo para lembrar o que tinha acontecido e dei um salto, ficando de pé, olhei em volta rapidamente e não vi sinal do índio chefe e muito menos de James. Comecei a correr pela floresta e depois de uma hora achei o “livro” do índio jogado e sujo de areia no chão, peguei-o e o revirei nas mãos, aquilo não servia de nada para quem não sabia ler aquilo. Olhei para o céu começando a clarear e engoli em seco.

— James! — Gritei e comecei a correr. Corri por alguns minutos pela floresta, vi duas arvores paralelas a minha frente e fui em sua direção, antes mesmo de chegar até elas eu fui arremessada com força para trás, minhas costas bateram com força contra uma arvore e eu caí no chão. Fiquei de pé lentamente e fui em direção as arvores novamente e mais uma vez fui lançada para trás. — Mas que porra é essa?

Caminhei devagar com a minha mão levantada a minha frente e foi então que senti um choque percorrendo o meu corpo, afastei minha mão rapidamente e olhei intrigada para aquilo. Levantei novamente e senti um choque me percorrendo, fui caminhando para o lado e percebi que ele se estendia até alguns metros ou talvez mais.

— Ele terminou o feitiço — Sussurrei para o nada. Olhei em volta e me afastei, corri o mais rápido que pude e fui arremessada para trás, fiquei de joelhos sobre a areia e arregalei os olhos. — É uma barreira. Eu estou presa. — Olhei para o livro que eu tinha colocado no chão e o segurei nas mãos, tentei pronunciar ou até mesmo decifrar aquilo e nada aconteceu. Olhei para o céu e senti que em poucos minutos o sol iria surgir. — Estou sem tempo.

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Procurei um lugar que era fácil de cavar, enrolei o livro em volta de várias folhas e o enterrei ao pé de uma arvore, peguei uma pedra e comecei a cavar. O corte na minha barriga tinha se cicatrizado, porem minhas roupas estavam um bagaço. Consegui cavar uma vala improvisada e entrei nela, comecei a jogar a terra sobre mim o mais rápido possível, quando senti que estava segura contra o sol, fechei os meus olhos e esperei o sol nascer, o que aconteceu 1 minuto depois.

O meu corpo pesou como pedra e eu adormeci.

— Nikkie? — Disse uma voz me fazendo voltar ao presente, tirei minhas mãos do rosto e olhei para quem quer que tinha falado comigo. A secretária do Coordenador estava me olhando preocupada. — Está tudo bem?

— Só uma dor de cabeça péssima — Menti e me sentei na cadeira. — Aconteceu alguma coisa?

— Na verdade não, apenas passei aqui para entregar esse relatório que o coordenador pediu para dar uma olhada— Disse colocando algumas folhas sobre a minha mesa.

— Ah sim, obrigada — Falei folheando e fingindo que estava lendo o que estava escrito. Ela deu uma balançada com a cabeça e saiu rapidamente da minha sala. Dei um suspiro cansado e estiquei minhas pernas. — Acho que preciso de uma folga.

Fiquei de pé e guardei minhas coisas rapidamente na minha bolsa, tranquei a porta da sala e caminhei pelo corredor até chegar a porta. Entrei no estacionamento escuro e fui em direção ao meu carro, foi então que eu vi Alex abrindo a porta do seu carro. Ela olhou na minha direção e deu um sorriso. Caminhei rapidamente em sua direção e sorri de volta.

— Bem que eu achei familiar esse carro do lado — Ela disse dando um sorriso envergonhado. Ela era linda, principalmente aqueles olhos castanhos que sempre pareciam que estavam olhando a minha alma.

— Estacionei aqui de propósito — Falei dando um balançar de ombros e destrancando a porta do carro. Ela olhou para mim um pouco desconfiada e eu sorri. — Não vi motivos para estacionar o carro longe dos outros, pareceu mais seguro.

— Ah, verdade — Disse olhando em volta, não havia muitos carros ali. Ela me deu um sorriso tímido e eu me vi sorrindo de volta, olhei para o seu pescoço e vi que o seu cordão estava totalmente a amostra. Engoli em seco e limpei a garganta.

— É bonito o seu cordão — Falei me aproximando mais dela, ficando a sua frente, segurei a corrente do seu cordão e toquei a pedra azul, senti uma minúscula porção de magia ali e um arrepio percorreu o meu corpo, quando olhei para cima, percebi que meu rosto estava quase colado ao de Alex, ela estava estática na minha frente me encarando, dei um passo para trás rapidamente e soltei o seu cordão. — Onde o comprou?

— Ah, hã? — Disse ela piscando confusa, olhou para mim e a vi engolindo em seco. — Não comprei. É uma herança de família.

— Interessante — Falei, passei a mão pelo meu queixo e olhei para os seus olhos, dei um sorriso gentil. — Espero que possa me contar um dia a respeito da sua família.

— Claro, no dia que quiser — Disse ela soando animada, ela piscou um pouco confusa e corou. Não aguentei segurar o riso e bati gentilmente no seu ombro.

— Vou indo nessa, estou com aquela dor de cabeça — Falei quebrando o clima que tinha ficado, ela piscou e coçou a cabeça. — Boa noite, Alex.

— Boa noite, até a próxima aula — Disse dando um sorriso novamente e entrando no seu carro. Entrei no meu carro, passei o cinto e fingi que estava mexendo no som, ela deu partida no carro e saiu do estacionamento, 5 segundos depois eu saio também.

Segui o seu carro a distancia por alguns minutos, até que ela dobrou para a esquerda, entrando na Rua Áureo Cruz, no bairro Buritis. Dobrei lentamente na mesma rua e a vi estacionando o carro na garagem de uma casa cor de rosa com grades pretas, era uma casa pequena, talvez umas 4 pessoas vivessem com ela. Ela desceu do carro e entrou na casa. Movi o carro lentamente pela frente da sua casa e vi que lá não tinha nenhum cachorro.

— Bem, não acho que vou descobrir algo agora — Sussurrei. Dirigi o carro por algumas ruas e estacionei em um lugar escuro. Desci do carro e tranquei as portas. — Vamos atrás de comida.

Comecei a rodar pelas ruas em busca de alguém vagando e finalmente achei um homem que tinha acabado de sair de um bar. O puxei para um canto escuro e o mandei ficar calado, ele obedeceu sem questionar, puxei o seu pescoço em minha direção e o mordi, o sangue invadiu a minha boca e eu senti o meu corpo ganhado vida, força e poder. Senti também o cheiro podre de cachaça na sua pele e logo me afastei. Limpei o seu pescoço e o mandei ir para casa.

Fiz o meu caminho de volta e parei na frente do meu carro. Olhei para cima e senti uma presença diferente e ao mesmo tempo familiar em um bairro próximo. Fechei os meus olhos e meu pés me levaram até lá. Olhei em volta e as luzes dos postes estavam apagadas, havia duas pessoas paradas no meio da rua, uma estava caída no chão e a outra estava de pé. Senti o cheiro de sangue no ar e fui até lá rapidamente.

Logo vi que era uma mulher que estava em pé, no chão um homem de cabelos pretos com um buraco no peito, sangue havia em volta do corpo dele. Soltei um suspiro e cruzei os braços.

— Pensei que não tinha sentido — Disse a mulher para mim.

— É claro que eu senti Lana — Falei olhando para a mulher que eu conhecia bem. — Ninguém entra no meu território sem pedir.

Lana limpou a mão suja de sangue nas calças e cruzou os braços. Olhamos para o corpo do vampiro morto no chão e suspiramos.

— Então... — Começou Lana a dizer, olhei para ela e mesmo no escuro pude ver os seus olhos cor de mel, seus cabelos loiros estavam de lado. — O que fazemos com o corpo?

— O mesmo de sempre. Queimamos — Respondi lambendo os lábios. Olhei para o corpo e depois para Lana. — Ele disse alguma coisa antes de você arrancar o coração dele fora?

— Naaa, falou umas coisas sem sentido, como “ Me deixe ir. Vou morrer”. Esses tipos de coisas que escutamos sempre — Disse ela dando de ombros, sorri e balancei a cabeça. — Por acaso você não teria um lençol com você teria?

— No carro deve ter — Falei olhando para o chão sujo de sangue. — Ainda bem que o asfalto camufla a cor.

— Verdade, ia dar um trabalhão ter que limpar, como ocorreu da ultima vez — Disse ela suspirando.

— Vou ir no carro verificar o lençol — Dei as costas para ela e comecei a andar. — Fique de olho no corpo.

— Pode deixar — Disse ela. — Não que ele fosse sair do lugar de qualquer jeito.

Segurei o riso e corri rapidamente em direção ao meu carro. Destranquei a porta e entrei, dei partida e dirigi rapidamente até a rua que Lana estava. Estacionei o carro do lado e peguei um lençol do porta mala. Joguei para Lana e ela levantou as sobrancelhas.

— Não vai dar uma ajuda?

— Ok — Falei, enrolamos o corpo no lençol e o colocamos no porta mala. Olhei para Lana que estava limpando as mãos na calça novamente e fingi dar um suspiro cansado. — Quer carona?

— Claro que quero — Disse indo em direção a porta do carro, abriu a porta e se sentou no banco do passageiro. Sentei no banco do motorista e olhei para ela. — Andar de salta hoje, acabou com os meus dedos.

Foi então que eu percebi que ela realmente estava usando saltos. Dei uma risada e liguei o carro.

Lana era uma velha amiga que eu tinha conhecido alguns anos atrás. Ela estava entrando na cidade quando senti a sua presença. Os antigos vampiros ou os solitários (eu era os dois), conseguiam sentir quando um novo vampiro entrava na sua área. E bem, não era comum um vampiro vim para um lugar quente como Boa Vista, eu mesma só estava ali porque uma barreira invisível não permitia que eu saísse.

Enquanto fazia o caminho em direção a casa de Lana, me vi vagando em uma das minhas memórias do passado.

Vi uma vampira assustada parada a minha frente, seus cabelos loiros estavam terrivelmente bagunçados, como se um tornado tivesse acontecido sobre a sua cabeça. Sangue escorria pela sua barriga, sua roupas estavam em frangalhos. Por um momento senti pena dela e então voltei a mim. Derrubei-a no chão com um movimento, mostrei minhas presas para ela e pus minhas mãos sobre o seu coração, pronta para arranca-lo fora.

— Diga-me quem é você e o que você faz entrando na minha cidade — Falei, minha voz soou dura e meu poder ressoou. Ela se encolheu embaixo de mim.

— Meu nome é Lana — Disse ela com os olhos arregalados de medo. — Lana Johnson.

— O que você está fazendo aqui, Lana Johnson? — Perguntei cerrando os meus dentes.

— Estou fugindo — Disse ela tremendo. Encarei o seu rosto e lambi os lábios.

— De quem?

— Um caçador — Respondeu rapidamente. Ela olhou para trás, pelo caminho que ela veio. — Ele estava logo atrás de mim.

— Ele está aqui na cidade?— Apertei minha mão no seu pescoço.

— Sim — Disse ela engolindo em seco. Seria um problema ter um caçador na cidade.

— Vamos fazer o seguinte — Falei olhando diretamente para os seus olhos. — Você vai atrair o caçador e quando ele aparecer, mato ele.

— Mas...

— Sem mas — Cortei, cerrei os meus dentes e minha voz soou dura. — Se você quiser ficar viva e ficar sobre a minha proteção, tem que jurar lealdade a mim.

Ela me encarou assustada sem entender por um segundo, escutei passos vindo ao longe, passos rápidos e pesados, vi que ela tinha ouvido também. Apertei com mais força o seu pescoço. Eu poderia muito bem decapita-la com um movimento e aposto que ela sabia disso.

— Tudo bem, tudo bem. Eu juro lealdade a você, seja lá quem for — Disse ela rapidamente. Escutei um barulho de arma sendo carregada e sorri. Soltei o seu pescoço e fiquei de pé, senti uma bala passando ao meu lado e olhei na direção que ela tinha vindo. Vi um homem alto com um sobretudo preto e chapéu. Uma arma de fogo nas mãos, havia tempos que eu não via um caçador, pelo visto eles andaram se modernizando. Havia somente três coisas que podiam nos matar, decapitação, arrancar o coração ou o empalar com algo que seja de madeira. E pelo visto a bala que estavam usando agora era feita de madeira. Dei um suspiro cansado e corri rapidamente na direção do caçador.

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Antes que ele levantasse a arma, a joguei para longe e enfiei a minha mão no sei peito, senti o seu coração batendo na minha mão, sangue escorreu pela sua boca, seus olhos estavam arregalados de dor e de medo, expus o seu pescoço e o mordi apenas para sentir o gosto do seu sangue. Ele era incrivelmente ruim. Cuspi para o lado e arranquei o seu coração. O corpo do caçador caiu imóvel na calçada do beco, minhas mãos estavam ensopadas de sangue. Limpei-a na roupa do caçador e fui em direção a vampira que estava imóvel no chão, encarando a mim.

— Então, esse era o caçador que estava te perseguindo? — Perguntei me abaixando e a olhando nos olhos. Retrai minhas presas e senti a minha visão ficando mais suave, o que dizia que meus olhos não estavam mais vermelhos e sim verdes. Ela confirmou com a cabeça e eu sorri. — Ótimo. Agora vamos nos livrar do corpo.

— Ok — Disse ela se levantando ao meu lado.

— Nikkie? — Ouvi Lana dizer ao meu lado, olhei para ela que estava me encarando. — Está aqui?

— Estava lembrando como te conheci — Falei sorrindo — Uma vampira jovem e assustada.

— Vai te lascar — Disse ela me dando um tapa no braço, ri alto e destranquei a porta do carro, ela desceu e foi abri o portão da sua casa. Entrei com o carro na sua garagem e desci do carro. A casa dela era azul clara com muros brancos, havia um jardim na frente e atrás tinha areia. A casa era pequena como a minha, uma suíte, um quarto de hospede, cozinha, sala e área de lavar, no quarto havia um sistema igual ao meu, que dava para um quarto no subterrâneo. Abri o porta mala e nos duas tiramos o corpo de lá, levamos até a parte de trás da casa e o deixamos lá. Em algumas horas o sol iria surgir e o corpo pegaria fogo.

Entramos na casa dela, fui até a pia e lavei as mãos, ela fez o mesmo ao meu lado.

— O seu lençol, ainda vai querer? — Perguntou entrando no seu quarto.

— Não — Respondi sentando no sofá. Ouvi ela abrindo a porta de algo e fechei os olhos — Está trocando de roupa?

— Pegando uma limpa na verdade — Falou alto. Escutei seus passo vindo na minha direção e a vi só de calcinha e sutiã pretos a minha frente, levantei as sobrancelhas e a encarei. — Você já vai embora?

— Acho que não, não tenho nada pra fazer em casa — Digo fechando os olhos e me espreguiçando.

— Então não se importa de eu tomar um banho, né? — Perguntou.

— Vá em frente — Falei balançando a mão em sinal de indiferença. Escutei seus passos novamente se afastando, barulho da porta do closet e logo em seguida da porta do banheiro. Escutei o barulho do chuveiro se abrindo e abri os olhos, respirei profundamente e peguei o controle da televisão. Coloquei no canal do telecine pipoca e vi que um filme estava preste a começar. Tire meus sapatos e deitei no sofá. Em menos de 10 minutos Lana entrou na sala vestindo um short e uma blusa folgada branca, cabelos levemente molhados.

— Que está assistindo? — Perguntou jogando minha perna para o lado e se sentando ao meu lado.

— Ainda nada, um filme vai começar — Respondi ignorando ela, olhei de relance para o seu rosto e me deparei com os seus olhos cor de mel. Ela me deu um sorriso de canto e olhou para a TV. Lana adorava me provocar desde á algum tempo atrás, quando nós duas tivemos um caso e terminamos, por que obviamente nós duas não combinávamos e pelo fato de sermos vampiras não ajudava. Pois sempre que nos alimentávamos de alguém acabávamos tendo algumas coisas sexuais. Ela bem mais que eu. Era algo que eu vinha tentando reduzir á algum tempo atrás.

— Você já se alimentou? — Perguntou ela se aproximando de mim, senti cheiro do seu hálito no meu pescoço.

— Já e você? — Perguntei fingindo interesse na televisão. Senti o olhar dela ir para a televisão e uma propagando idiota de um supermercado estava passando. Ela tocou o meu rosto com uma de suas mãos e eu engoli em seco. — Sabe que não devemos fazer isso.

— Bem, uma vez na vida não faz mal a ninguém — Sussurrou no meu ouvido. — E alias acho que faz algum tempo desde que você não faz um bom sexo.

— Ah claro — Falei sarcasticamente. — Isso é super interessante.

— Eu não disse que era, apenas falei a verdade — Disse ela dando de ombros. Olhei para os seus olhos e ela sorriu. Mesmo após 30 anos sem nós tocarmos ou ficarmos perto daquele jeito, ainda sabia que era atraída por ela, como eu sabia que ela era atraída por mim. E era verdade, desde aquele tempo eu nunca mais tinha ficado com ninguém, não porque fiquei mal ou coisa do tipo, mas sim porque não achei ninguém digno. Nunca tinha me apaixonado ou amado de verdade durante todos os meus 458 anos de vida, e Lana foi o mais próximo de amor que eu tive durante anos. Ela tocou o meu rosto novamente e eu desviei o olhar. — E não é como se estivéssemos voltando a ficar juntas ou algo do tipo. Tente imaginar isso como uma .... amizade colorida? — Disse em duvida, comecei a rir e ela fez o mesmo ao meu lado.

Respirei fundo, era um hábito falso, porém já era automático fazer aquilo. Bem, não havia nada me impedindo e não era algo que eu poderia me arrepender depois, pois eu sabia que ela não iria ficar em cima de mim como se fossemos um casal e bla-bla-bla. Ela tocou a minha perna e eu senti um arrepio me percorrendo. Olhei para o seu rosto e ela levantou uma sobrancelha para mim, esperando.

Sorri para ela e a segurei no sofá, pressionei o meu corpo sobre o seu e matei a distancia entre os nossos lábios. Os lábios dela eram macios e desejáveis, beijei o seu pescoço e ela tremeu abaixo de mim. Uma coisa que era até legal entre os vampiros, era que eles podiam ter atração sobre outro da mesma espécie, podiam se relacionar e dar a mesma quantidade de prazer que davam quando se alimentavam de um humano. A única diferença era que o sangue de vampiro não saciava a fome de outro vampiro. E quanto mais velho o vampiro, mais poderes, influencia e prazer se tem.

Tirei a blusa de Lana e tracei uma linha de beijos até parar sobre o seu peito. Ela tirou a minha blusa e jogou no chão, suas mãos tocaram a minha pele e eu senti um arrepio. Dei um sorriso e a levantei do sofá, suas pernas se entrelaçaram na minha cintura e ela me deu beijo selvagem, pressionei o seu corpo contra a parede e a beijei de volta. Percorri minhas mãos pelas suas costas e soltei o seu sutiã, ela deu um sorriso para mim e eu a beijei de volta.

Rodamos a sala, enquanto tirávamos o restos das roupas, a puxei com força contra mim e a levei para a cama. Deitei sobre o lindo corpo nu dela e beijei os seus lábios lentamente, beijei o seu pescoço, depois o seu peito, seios, lambi a sua barriga e fiz o caminho de volta. Ela me jogou contra a cama e pressionou o seu corpo contra o meu, um sorriso safado surgiu em seu rosto e ela começou a me beijar em todas as partes do corpo. Percebi que tanto ela quanto eu estávamos tremendo de prazer e de desejo.

Senti que seus beijos estavam descendo e a puxei para cima. A abracei gentilmente e beijei os seus lábios, mordi-os lentamente e depois fui para a sua orelha, ela tremeu abaixo de mim e eu sorri. Iria mostrar para ela o meu poder. Lambi lentamente o seu corpo até chegar na sua virilha. Abri suas pernas gentilmente e...

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— Sabe — Disse Lana olhando para o teto do quarto. Estávamos deitadas na cama, ela estava deitado no meu ombro passando a mão levemente sobre a minha barriga, me fazendo uma vez ou outra soltar um gemido. — O sol já está nascendo.

— Eu sei — Respondi.

— Tenho que descer para o quarto — Falou parando de mover a mão.

— Isso é verdade — Comentei, fechei os olhos e suspirei.

— Você vai embora?

— Quer que eu vá? — Perguntei olhando nos seus olhos, que claramente vi que ela não queria.

— Não.

— Então eu fico por essa noite — Sussurrei.

— Melhor irmos logo, então — Disse se sentando na cama, olhou para mim e eu a observei levantando da cama. Caminhou até o seu closet e apertou um botão camuflado, um alçapão se abriu e eu vi uma escada. Olhei para ela novamente e levantei as sobrancelhas. — Então?

Observei ela nua e sorri, fui em sua direção e a envolvi em um abraço carinhoso e protetor. Ela apoiou o rosto no meu pescoço e sorriu. A levei para o porão e fechei a porta, o seu quarto era idêntico ao meu, uma Tv, cama e frigobar. Deitei-a na cama e comecei uma serie de beijos pelo se corpo, ela tremia a cada toque meu, mesmo após termos feito um sexo longo. Deitei na cama ao seu lado e a puxei contra mim, seu rosto ficou ao lado do meu, beijei o seu pescoço gentilmente e senti o cheiro da sua pele.

— Você continua boa de cama, mesmo depois desses anos — Disse ela olhando para mim.

— Claro que continuo — Falei sorrindo, ela me deu um tapinha no braço e eu respirei fundo.

— Eu acho bonito o fato de você fingir que está respirando mesmo quando está sozinha — Disse ela colocando a mão sobre o meu peito.

— É automático — Digo segurando a sua mão. Senti o sol iluminar o céu e Lana ficou quieta ao meu lado, olhei para ela, seus olhos estavam fechados e ela deu uma leve respiração, beijei a sua bochecha e fechei os olhos também. O corpo de Lana pesou ao meu lado, mostrando que ela tinha adormecido, e logo fui eu que pesei.

Algumas horas depois, quando senti o sol se pondo, fiquei de pé e saí do quarto, Lana ainda estava dormindo na sua cama, vesti as minhas roupas rapidamente, peguei minhas coisas e sai da casa dela, verifiquei se o corpo do vampiro tinha pegado fogo e não vi nada mais nada menos que uma areia escura sobre a areia clara. Liguei o carro e sai dali. Fui para minha casa. Em 10 minutos estava estacionando o carro na garagem, abri a porta de casa e fui direto para o banheiro, tomei um bom banho e troquei de roupas, fui até a geladeira e peguei umas das bolsas de sangue que mantinha comigo, raramente eu as tomava. Tomava principalmente quando não estava afim de ir atrás de alguém.

Coloquei em um copo de vidro e depois o pus no microondas. Esperei ficar pronto e o tomei logo em seguida. Fui para o meu quarto, deitei na cama e fiquei assistindo Tv pelo resto da noite. Não iria ter aula hoje. Fiquei pensando sobre a noite passada e sobre o cordão de Alex. Se fosse a mesma pedra que o índio chefe usou, eu estava muito próxima de acabar com aquela barreira.

Depois de muito tempo rodando na floresta, em busca de alguma falha naquela barreira, percebi que nada iria adiantar ficar esquentando a cabeça tentando achar uma solução par aquilo. O que eu precisava era achar alguém que traduzisse aquele livro, meu criador provavelmente estava morto, pois mesmo tempo depois ele nunca viera a minha procura e eu nunca mais tinha sentido a sua presença, o que me deixava sozinha e sem muitas alternativas.

Não demorei muito e logo achei alguém que conseguisse traduzir aquilo. E bem a descoberta não foi nada legal. O livro explicava os detalhes do feitiço que geralmente eram usados, de acordo com a tradição indígena, para aprisionar demônios em certos lugares. Bem eu era um demônio. E que para completar o feitiço, era necessário que houvesse uma morte, uma pedra safira e um Bruxo. E olha só, todas as peças se encaixaram, o índio chefe era um Bruxo, James e eu tínhamos matado um jovem índio, e o bruxo tinha uma pedra azul. Ai com isso o feitiço estava feito, só que para o manter intacto, era preciso que a pedra estivesse do lado de dentro da barreira e que ela nunca fosse retirada, e caso ela saísse da barreira ou fosse destruída o feitiço era quebrado e o demônio fugia.

Aí que começaram os meus problemas. Passei anos e anos procurando a maldita Safira e nunca a encontrei, nem mesmo o inútil do Bruxo eu encontrei. Descobri que a barreira ficava em volta da capital do Estado, impedindo-me de sair dele. Lana me ajudou na busca da pedra, mas como eu, nunca teve resultados. E agora, uma jovem moça, com uma pedra safira que possui rastros de magia, me diz que a pedra é uma herança de família. Realmente eu estava lascada.

Escutei a campainha tocando e levantei da cama, fui até a porta e vi que era Lana. Ela levantou as sobrancelhas e fez uma cara seria.

— Você não está com um cara muito legal — Disse passando por mim e entrando em casa. — Conte-me o que mina senhora está pensando.

— Bem, eu acho que achei a Pedra — Comentei.

— O QUÊ?! — Ela ficou de pé rapidamente, sua cara estava uma mistura de alegria e choque. — E o que diabos estamos esperando para ir pegar -la?

— Espere — Falei e segurei o seu ombro fazendo-a sentar no sofá. Ela obedeceu e eu sentei ao seu lado. — Ela está sendo usada por uma aluna minha.

— Bem, alunos e pessoas morrem ou são assaltadas todos os dias — Disse ela dando de ombro e olhando para mim sem entender. Soltei um suspiro e esfreguei meu pescoço, se eu quisesse poderia ter feito isso ontem mesmo, mas eu não queria e nem quero que algo aconteça com ela, ela tinha algo que chamava minha atenção. Olhei para Lana e ela abriu a boca. — Oh droga, você está gostando dessa pessoa.

— Não que eu esteja gostando — Comecei a explicar, relaxei no sofá e dei de ombros — ela tem algo que me atraí.

— Ela, hã? — Disse dando um sorriso de canto, dei um tapa no seu ombro e ela riu alto. Relaxou no sofá e suspirou. — Bem, gostando ou não, você tem que conseguir a pedra.

— Eu sei — Sussurrei.

— Já tem um plano?

— Ainda não.

— É bom começar a tramar um — Disse olhando para mim. Soltei um suspiro cansado e fechei os olhos.

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— Eu sei. Eu sei.