Quem somos nós? Nós somos super-heróis!

Universidade, trabalho e outras responsabilidades - parte 2


Ter feito um ato heróico no dia anterior influenciou Carl a fazer isso cada vez mais. Antigamente ele evitava, mas agora, fazia menos esforço para não vestir uma máscara de pano que ele havia feito e ir lá combater bandidos e salvar inocentes.

Desde o momento que acordara até o momento em que estava saindo do trabalho, o jovem já havia agido como herói três vezes.

Escutou uma outra chamada no rádio de seu celular e deu um sorriso. Hopkins estava ao seu lado, ajudando a fechar o fast-food.

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—Tenho que ir no banheiro rapidinho, senhor. - disse ele, correndo para a saída aos gritos de Hopkins, que dizia que tinha um banheiro na lanchonete e que Carl Daniel era um vagabundo.

O jovem colocou a máscara e correu, sentindo os ventos batendo no cabelo e oa seus sapatos esquentando devido ao atrito com o chão. Logo se lembrou de que tinha que pegar seu antigo uniforme resistente ao atrito na casa de sua mãe. "Farei isso fim de semana" pensou, diminuindo um pouco a velocidade enquanto se dirigia ao banco.

Os bandidos haviam feito várias pessoas de refém e haviam enchido bolsas com dinheiro, mas a polícia cercara o edifício e exigia que os criminosos se rendessem. Por sua vez, os criminosos negociavam, exigindo um helicóptero para fugir do local. Quando Carl chegou no local, viu que a área estava completamente interditada. O jovem deu uma risada e entrou no banco tão rápido que nenhum policial ali fora notou qualquer coisa.

Mas lá dentro, os bandidos notaram o jovem que acabara de chegar repentinamente. Eram três homens mascarados e todos apontaram as armas para o herói.

—Quem é você? - gritou um dos homens, assustado.

—Alguém que consegue ser mais rápido que uma bala. - ironizou o garoto.

—Ah, é? Então come chumbo, filho da puta! - os criminosos dispararam e logo, na visão de Carl, tudo ficou em câmera lenta. Tão lento que as balas pareciam paradas. Ele deu uma risada com as expressões dos bandidos, que ficavam engraçadas quando estavam paradas daquela maneira.

Carl analisou o local e viu se alguma das balas acertaria algum dos reféns. "Não. Ótimo! " pensou, correndo na direção dos bandidos. Acertou o primeiro com um soco no rosto e levou ele para fora do banco, desarmadado. O segundo também recebeu um golpe e foi levado para o lado de um policial, também desarmado. O terceiro foi despido, ficando apenas de cueca e máscara, e algemado em uma das viaturas. Após rir do homem que acabara de algemar, o garoto voltou para o banco, ainda usando sua super velocidade.

Ele revistou cada parte do perímetro em busca de algum explosivo ou refém disfarçado. Isso durou apenas um segundo. Quando teve a certeza de que tudo estava bem, ele correu de volta para o local do seu trabalho. Por mais que desejasse receber alguns aplausos e conversar com os policiais, o garoto entendia que não podia dar muitas pistas de que havia voltado a agir como herói.

Voltou para o fast-food e foi recebido com uma bela bronca de Hopkins.

—Mentindo, Daniel? Eu cansei! - disse o senhor careca.

—Desculpe. Mas eu não demorei.

—Pode não ter demorado, mas saiu sob uma desculpa idiota. Sem contar que você vive chegando atrasado. Pode ser um bom jovem, Carl, mas agora está no olho da rua. - o homem chegou a ficar vermelho de tanta raiva.

—Mas senhor...

—Sem mais uma palavra. Já pra rua! - Carl saiu do local cabisbaixo e logo as desvantagens de ser um herói retornaram para a sua memória. Já havia perdido dois empregos antes, quando agia sob o nome de Cinético.

Deitou-se pensativo naquele dia. Por que havia decidido agir como herói? Lembrava perfeitamente das várias pessoas que vira morrer. Lembrava de seus amigos... Carl tirou o foco disso e tentou dormir.

***

Na manhã de sábado, o jovem Daniel levantou cedo e foi dirigindo até a casa de seus pais. Já estava planejando visitá-los, mas revisava a idéia de pegar seu uniforme de volta de seu antigo quarto. Será que deveria agir como herói?

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Sua cabeça continuou cheia de questionamentos até chegar na sua antiga casa. Seus pais, os senhores Millers, logo o viram e o abraçaram.

Carl entrou na antiga casa e logo foi para a cozinha, ajudar seus pais a preparar o almoço.

—Então, filho, como tem sido na universidade? - perguntou Helena Millers. Carl não respondeu. Estava focado no tomate que estava cortando. A mulher notou a ausência de resposta. -Carl? Filho?

—Oi, mãe. - respondeu o garoto em um susto.

—Perguntei sobre a universidade.

—Está bem...

—O que foi? - a mãe do jovem se aproximou dele. Nesse momento, o pai de Carl entrou, carregando uma bandeja com um peixe assado.

—Vamos montar a mesa logo? - disse o homem, sorrindo.

Carl preparou a salada e logo a mesa estava pronta. Enquanto jantavam, Carl continuava pensativo.

—O que foi, filho? Nem está comendo direito. - perguntou o pai do garoto.

—Perguntei a mesma coisa. Aposto que deve ser alguma menina da universidade. - disse Helena.

—Tá cheio das namoradas, né? Meu garoto.

—O que? Não. Não é isso. - respondeu Carl, ficando vermelho de vergonha.

—Você tem que cortar esse cabelo, meu amor. Tá grande e feio. Nenhuma menina gosta disso. - sugeriu a senhora Millers.

—Ah, Helena, deixa o garoto ficar com esse cabelo mesmo. É a moda hoje em dia. E nem tá tão grande assim.

—Que moda o que, Matthew. Você nem entende de moda. - disse a mulher para seu marido.

Enquanto seus pais discutiam sobre moda, o garoto ouviu uma notícia na televisão. Uma perseguição estava acontecendo ali próximo. Carl pensou se deveria ir e, após poucos segundos no dilema, o garoto se levantou.

—Vou no banheiro. - disse ele, deixando seus pais em uma discussão sobre cabelos.

O garoto subiu até seu antigo quarto e, usando sua super velocidade, procurou pelo seu antigo uniforme, encontrando-o.

Era um uniforme preto com detalhes azuis feito com um tecido resistente ao atrito. Suas botas eram grossas e perfeitamente desenvolvidas para corridas de longa distâncias a velocidades extremamente altas. Ele vestiu o uniforme e correu.

Notando a enorme diferença entre correr com aquela roupa e correr com roupas comuns, o jovem se lembrou do quanto a roupa dele era confortável para usar o seu super poder.

Em poucos segundos, o garoto alcançou o carro que estava sendo perseguido por três viaturas e um helicóptero. Os bandidos atiravam na polícia quando notaram o jovem mascarado correndo ao lado do carro.

—O que? Quem é você? - disse o motorista.

—Tô aqui pra multar seu carro por ultrapassar o limite de velocidade. Que tal dar uma paradinha? - o herói deu uma risada e o motorista logo pegou sua pistola e atirou em Cinético, mas ele saiu da direção dos tiros bem a tempo. Ele surgiu do outro lado do carro. -Ô eu aqui outra vez.

—Que porra é essa? - disse o bandido no banco do passageiro, assustado. Cinético tomou a arma do criminoso e deu um soco em seu rosto usando a sua super velocidade e desacordando o homem.

O motorista jogou o carro na direção do herói, que logo foi para o outro lado.

—Cuidado, barbeiro! - zombou Cinético, deixando o homem mais furioso. O bandido deu mais alguns tiros naquela direção e o herói foi para o outro lado. -Tá precisando melhorar a mira, heim?

Cinético deu uma gargalhada e o bandido jogou o carro no herói com toda a força. Por instinto, o herói saiu daquela direção e foi para outra, mas o carro acabou entrando na calçada e se chocando na parede de um estabelecimento.

O mundo de Carl caiu naquele momento. O garoto logo correu para o vidro quebrado e viu que uma jovem havia sido atropelada. Nesse momento, o bandido saiu do carro e começou a correr.

—Não... Por favor, não. - o herói viu que ela respirava com dificuldades. Pegando-a no colo, Cinético correu na direção de um hospital.

O desespero fazia seus pés se moverem mais rápido que nunca. O arrependimento de ter vestido aquele uniforme bateu enquanto ele chegava no hospital e gritava por médicos. A mulher logo foi levada para receber os socorros necessários enquanto Carl, ainda vestido de super herói, se sentou no banco do hospital, suando frio.