Quartevois

Caitlin


—O número que chamou estou programado para não receber chamadas. Sua ligação será encaminhada para a caixa de mensagens.— a voz eletrônica soou e ela teve vontade de jogar o celular contra a parede do outro lado da sala.
Rosnou irritada. Natali a encarou confusa.
—Mamãe você está bem?
Encarou a pequenina, Natali havia chegado a poucas horas, mas fora o suficiente para fazer Barry fugir de medo ou receio. Ele nem havia ficado para notar o quanto Natali era incrível, ele não virá como ela falava pelos cotovelos ou como ela conseguia cantar todas as músicas da Disney, principalmente da Bela e a Fera, e Caitlin só havia descoberto isso por ter passado aquele curto espaço de tempo com ela.
Natali se remexeu no sofá, ela tinha as pernas esticadas devido aos machucados nos joelhos e utilizava uma almofada como apoio para as folhas em branco que ela coloria alegremente com um lápis e uma caneta azul. Suspirou se aproximando dela e sentou-se no sofá. Com o dorso da mão acaricio a bochecha dela.
—Problemas com o papai? - ela perguntou como se já soubesse das coisas.
—Não é nada meu bem. - assegurou, mas Natali não se deu por vencida, cruzou os braços e fez um bico.
—Tem algo sim, você sempre fica com essa cara quando algo está errado.
Sorriu calmamente para ela e então indagou mudando de assunto.
—Natali por que você correu? Digo, por que você correu rápido?
A garotinha bufou, virou a cabeça para o lado sem querer fazer contando visual.
— Natali? - insistiu, conhecia aquela técnica, era o o que Barry fazia quando não queria falar sobre algo ou queria mudar de assunto.
—Estávamos na lanchonete quando o homem roxo apareceu e invocou os dinossauros, você me mandou correr e eu corri.
Arqueou a sobrancelha confusa.
—Homem roxo?
—É, ele era roxo com uma capa marrom. Aí ele levantou as mãos e o chão rachou e uns dinossauros saíram do chão e perseguiram o papai. - ela explicou gesticulando com as mãos. - Você me pegou e levou para fora, mas o homem roxo nos perseguiu. Aí eu corri e quando parei já estava no laboratório. - disse, então franziu a testa em sua direção. - Mas você não se lembra disso mamãe?
—Minha memória ainda esta um pouco confusa meu bem.
Natali torceu a boca e assentiu com a cabeça, pegou um lápis e voltou a desenhar. Caitlin apertou o celular em sua mão, tentaria mais uma vez. Discou o número de Barry, mas a chamada foi novamente para caixa de mensagens.
—Barry é a Caitlin, sei que esta confuso com tudo isso, mas você não pode me deixar na mão, não pode deixar Natali na mão. Precisamos de você Bar, por favor me liga.
Suspirou desligando o celular e jogando-o em cima da mesinha de centro. Então se pois a observar Natali com mais atenção, ela tinha cabelos avermelhados puxando para um tom de cobre, havia milhares de sardas pelo seu rosto, principalmente no nariz e nas bochechas, seus olhos eram em um tom de verde misturado com um castanho, tinha o formato do rosto parecido com o seu, mas seu sorriso, não havia a mínima dúvida, o sorriso de Natali era idêntico ao de Barry, principalmente quando ela via algo que gostava, ela amava aquele sorriso.
—Natali, o que você está desenhando?
—A nossa família mamãe. - ela explicou. Caitlin observou os traços de lápis que se encontravam formando quatro figuras desengonçadas e desproporcionais, pelo desenho ela podia notar que era dois adultos e duas crianças.
—É onde está você?
Natali sorriu e apontou para uma das crianças, a que tinha cabelo longo e um triângulo como vestido.
—Nossa que linda. E quem esse ao seu lado? Este que você segura a mão?
—É o Ralph. Você se lembra do Ralph, não é mamãe? Ou você também esqueceu dele? - Natali indagou em um tom acusatório. Sorriu docemente como um pedido de desculpas, a garotinha bufou. - Ralph é meu irmão gênio.
—Gênio?
—É, ele é parecido comigo, mas é diferente. - ela explicou.
— Querida você não quer dizer gêmeo?
—É isso. Nós nascemos no mesmo dia e somos filhos dos mesmo pais, então acho que somos isso.
Caitlin riu, mas mesmo assim sentiu seu estômago revirar, Natali tinha um irmão, ela tinha outro filho com Barry. As coisas pareciam mais complicadas a cada minuto que se passava.
Seu celular vibrou sobre a mesa, esticou o braço e atendeu sem antes olhar o visor.
—Barry Allen é melhor você estar aqui em menos de dois minutos antes de eu te congelar e te jogar no meio do mar. - ameaçou sobe o olhar confuso de Natali.
—Primeiro, estou com pena do Allen agora. - a voz de Julian soou divertida. - e segundo, o que diabos foi que ele fez de tão grave para ser ameaçado desta forma?
—Não é nada, apenas um problema. - explicou se levantando do sofá. - Mas o que houve?
—Apenas queria saber se você vem para o laboratório hoje. Cisco disse que você havia dito que estava resolvendo alguns assuntos pessoais. Está com problemas Cait?
—Não é apenas alguns problemas com meu apartamento, um vazamento no banheiro. - mentiu, não queria falar com ninguém sobre Natali antes de conversa de verdade com Barry. - Acabou que as coisas se complicaram e percebe que não poderei voltar para o laboratório hoje.
—Quer que eu vá aí lhe ajudar?
—Não precisa Julian. - o olhar de Natali lhe acompanhou por toda sala. - Cuidarei de tudo e estarei aí amanhã.
—Ok, tomara que tudo acabe bem.
—É, vai acabar.

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[...]

A respiração de Natali lhe trazia uma estranha paz, era quase duas da tarde e a pequenina havia acabado de dormir, Caitlin estava aproveitando este momento para tentar organizar sua mente devido aos últimos fatos que ocorreram desde do início da manhã.
Natali Nora Snow Allen. Sua filha. Aquilo era tão surreal que apenas parecia impossível, talvez ela tive enganada e Natali fosse de um universo alternativo, uma realidade paralela, era normal para eles esse tipo de situação. Mas-
As batidas na porta a despertaram dos seus pensamentos, se levantou da cama e seguiu para sala, abriu a porta.
—Oi Cait.
—Barry.
—Ouvi suas mensagens. Onde ela está?
—Dormindo.
—Posso entrar?
Ela deu de ombros antes de dar passagem para ele entrar. Barry colocou as mãos no bolso, ele estava visivelmente nervoso, era estranho vê-lo assim tão fragilizado.
—Você está bem?
—Não exatamente.
—Barry, eu te liguei a manhã toda. Você me deixou sozinha com Natali, tive que traze-la para cá porque não estava pronta para explicar quem ela era para mais ninguém.
—Eu sei, sinto muito. Fiquei assustado Cait. - ele falou como se aquilo fosse uma desculpa plausível. - Deveria ter ficado...
—É você devia, mas não ficou porque você foi um covarde. Sabia que Natali tem um irmão gêmeo, o nome dele é Raphael. - cruzou os braços olhando diretamente para ele.
—Sério?
—Uhum, ela também sabe cantar todas as músicas da Disney e ela ama bolo de chocolate. Ela se parece com você Barry, se esconde atrás de um sorriso e carrega o coração na manga. Você devia vê-la, ela é tão doce doce e tão esperta.
—Eu sei, desculpa por ter fugido. Tudo está acontecendo rápido demais.
—Eu sei, sinto exatamente o que você está sentido. O medo, a surpresa, a descrença, sei que esta com raiva porque Natali estragou seus planos de volta com Íris, mas....
—O que? - ele a interrompeu pegando suas mãos. - Não estou com raiva de Natali, ao contrário estou feliz por ela. Por tê-la. Mas estou confuso sobre tudo, ter Natali aqui só prova para mim mesmo que o meu futuro mudou.
—Isso é bom ou ruim?
—Ainda não sei.
Ele riu, Caitlin se afastou e então falou.
—Ela perguntou por você o tempo todo. Ela é esperta Barry, sabe que algo está errado.
—Você contou para ela?
—Não.
—É vai contar pra ela?
—Não sei, Natali é só uma criança, talvez seja melhor esconder isso, ainda não sei o quanto ela sabe sobre seus poderes ou como eles funcionam.
Barry assentiu.
—Ainda temos que achar uma maneira de leva - lá de volta.
—É, mas-
—Mamãe? - virou-se, Natali estava parada no meio da sala, ela coçava os olhos ainda com sono, mas tinha um sorriso sapeca no rosto. -Papai você veio.
Barry sorriu e esticou os braços para pega-la, Natali se encolheu em seu colo lutando contra o sono.
— Onde você esteve papai?
— Não importa. O que importa é que eu estou aqui por você. - ele falou, Natali sorriu.
—E pela mamãe também?
—É. -Barry olhou para Caitlin. - Pela mamãe também.