Uma certa incomodidade a atingiu antes mesmo que tomasse consciência de onde estava. A superfície dura e fria pressionava contra seu rosto e tudo parecia imerso em sombras difusas, em sua boca havia o sabor pastoso de ter dormido demais e suas extremidades formigavam. Abriu lentamente os olhos, ainda que isso não adiantasse muito, já que até que se acostumassem com a pouca luz ambiente muito pouco poderia ser distinguido daquela sala. Tentou mover os braços, mas algo os prendia, o mesmo aconteceu com suas pernas. Lembranças afloravam aos poucos, chegavam de mansinho como quem não quer nada e logo causavam uma explosão de sentimentos na garota. Entre eles estava o reconhecimento da situação. Ela fora seqüestrada. Estava amarrada. E não sabia onde estava.
Assim que se deu conta disso, Kagome deixou a calma e lentidão de lado e tratou de se levantar. O máximo que pôde foi se sentar enquanto analisava cada canto obscuro da sala. Nenhum móvel visível se fazia presente. O chão apesar de frio era de madeira, assim como as paredes. Uma constante presença a envolvia assim como ao quarto, era uma energia negativa e surpreendentemente familiar.

A última coisa de que se lembrava era de ter sido levada por uma águia gigante enquanto ia em auxílio de Rin, depois disso acabou desacordada e por fim acordou nesse lugar estranho e familiar ao mesmo tempo. O barulho do shougi sendo arrastado cortou suas reflexões e ela se virou na direção de onde um retângulo luminoso se abriu na parede. Uma silhueta esbelta e definitivamente masculina passou por ela, logo fechando a porta atrás de si.

- Gostando das acomodações? - indagou a voz grave, depois o dono da mesma sentou-se no chão em frente à humana. Kagome sabia que conhecia aquela voz mas no momento não conseguia se lembrar à quem ela pertencia – É mais do que uma escrava teria em minha casa, você sabe muito bem. - ele continuou. A centelha de lembrança se acendeu em sua cabeça.
- N..Naraku...? - balbuciou sem querer acreditar.
- Onde estão seus bons modos? - ele soava mais irônico que repreensivo – Bem, ficando tanto tempo perto daquele hanyou arrogante, só poderia ter ficado como ele.

Ela não respondeu, não tinha palavras no momento que descrevessem o desespero que começava a tomar conta dela. Não que fosse surtar ou algo do tipo, mas apenas em pensar que novamente fora parar nas mãos daquele ser odioso era uma idéia que a assustava. Mas além de uma simples idéia era uma realidade, uma assustadora e dura realidade. Será que ele ainda queria se vingar do chute que levara dela? Ou talvez do hanyou que o tinha ameaçado. Ela fitou o youkai na penumbra tentando ver através de suas intenções. Seus olhos já se acostumavam com a escuridão e ela podia distinguir toda a silhueta tal como as cores da vestimenta dele. O que não o fazia parecer menos assustador porém. Na meia-luz ela via o brilho daquelas íris vermelhas rodeando pupilas brancas, que a fitavam maliciosamente. Não a mesma malícia voluptuosa de quando ele a atacara, mas sim um olhar de quem trama alguma coisa, um \'olhar mais assustador que o de Sesshoumaru\', pensou a humana.

- Por que....me trouxe aqui? - ela conseguiu finalmente perguntar depois de um tempo.
- Por que você vai me ajudar. - ele disse com tranqüilidade.
- Como? - ela estava verdadeiramente confusa.
- Por acaso você.... - começou sem pressa alguma com as palavras – Pode sentir uma energia rodeando este lugar? Pode, não é?
- S-sim.- respondeu, incerta.
- E deve sentir minha energia também. - ela assentiu com a cabeça – Você deve saber que humanos normais não podem sentir energia sinistra... Logo, você não é uma humana comum. - ela agora ouvia tudo atentamente – Lembra-se dela? - ele estalou os dedos e aos poucos, uma pequena garotinha vestida de branco começou a surgir em um canto do quarto, como se viesse do próprio ar. Kagome abriu os olhos em espanto. A mesma garotinha que ela havia visto no castelo de Inutaishou.
- Você viu Kanna em uma hora que não deveria ter visto. - ele continuou, ignorando a surpresa dela – Mais que isso, você sentiu a presença dela. Nem mesmo um youkai deveria senti-la. - ele cerrou mais os olhos, ficando mais sério.
O que significava aquilo? O que ele estava tentando lhe dizer? Sua cabeça dava voltas e nada se encaixava, ela estava mais confusa do que nunca.
- O único modo de fazer o que você fez....é sendo uma sacerdotisa.

A última palavra foi como um baque em sua mente. Ela se lembrou nesse momento de quando Kaede lhe dissera que ela era uma sacerdotisa. Então fora por isso que ela havia visto a youkai de branco. Kagome fitou a garotinha, que ainda estava no mesmo lugar, estática e sem qualquer expressão no rosto, como se nem tivesse vontade própria enquantosumia novamente.
- O que quer de mim? - a pergunta sussurrada foi quase automática.
- Agora estamos nos entendendo. - o youkai sorriu, Kagome sentiu um arrepio na espinha com isso – Você me mostrará a localização da Shikon no Tama.
- Shikon....no Tama...? - a palavra lhe parecia familiar mas não se recordava o que era.
- Não conhece a história da jóia? Achei que até mesmo os humanos a conhecessem. - ele soava entre decepcionado e sarcástico.
Kagome continuou em silêncio, apesar de ter algumas perguntas não tinha coragem de fazê-las.

- Bem, creio que terei de começar do início então. - ele suspirou cansadamente – Assim você entenderá por que os humanos devem deixar de existir. - ele deu um leve sorriso e Kagome estreitou ligeiramente os olhos. Assim ele começou seu relato:

- \'No início os humanos nem existiam, apenas os youkais, as sombras e os deuses. Tudo coexistia em perfeito equilíbrio até que os homens apareceram. Sem hesitar eles destruíam florestas para suas plantações e quando a terra secava e nada mais crescia nela, eles mudavam pra outra região. Tudo que lhes era estranho eles matavam e destruíam. Eles eram uma praga no mundo, mas os outros youkais não pareciam vê-los assim. Eles os viam como seres de grande potencial e inteligência.
Os youkais então resolveram fazer uma aliança com os humanos, um acordo. Os youkais não lhes fariam mal e os humanos não mais os temeriam ou perturbariam. Mas apenas o pacto não bastava para os humanos, eles afirmavam que a qualquer momento um demônio poderia quebrá-lo pois eram infinitamente mais fortes que eles. Então os líderes entre os youkais – um bando de velhos que se acham inteligentes – resolveu dar uma prova de sua veracidade e entregaram aos homens um artefato extremamente poderoso, criado com o próprio youki deles: a Shikon no Tama. Com isso os humanos também teriam poder e não teriam mais motivos para duvidar dos youkais.
Esse foi o maior erro que poderiam ter cometido.

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Traiçoeiramente os humanos usaram os poderes destrutivos da jóia para atacar os próprios youkais, traindo o pacto com eles feito. Milhares de youkais foram dizimados naquela época. Os que sobraram se esconderam em cavernas subterrâneas e por lá ficaram até que os humanos se esquecessem da jóia, se esquecessem deles. E então voltaram com sede de vingança, para matar e escravizar essas criaturas vis chamadas humanas.\' - e terminou calmamente a história, embora o desprezo em suas palavras pudesse ser palpável.

Kagome permaneceu silenciosa, pensativa, chocada. Sempre que ouvia histórias sobre o domínio dos youkais sobre os humanos eram os youkais os vilões, nunca o contrário. Seria então esse sofrimento e escravidão merecidos? Eram os humanos apenas nobres sofredores e os youkais seus carrascos malignos? Parecia haver bem mais nisso do que ela poderia sequer imaginar. Mas isso apenas abriu uma nova questão.
- E...o que eu tenho a ver com tudo isso? - perguntou levemente indignada. Ela apenas não soava raivosa por medo do demônio à sua frente.
- Eu já lhe disse. Você é uma sacerdotisa...ou ao menos tem a essência de uma. - explicou – Quando a Shikon no Tama foi entregue aos humanos ela era negra, feita da energia de youkais. Mas os humanos as entregaram para seus sacerdotes e sacerdotisas e estes a purificaram. Por ironia, os youkais não mais podiam se aproximar ou tocar a jóia, e apenas estes humanos \'especiais\' podem sentir o poder e saber a localização da Shikon. Você a encontrará para mim.
- Eu não sei onde ela está... e mesmo que soubesse não diria
- Ah não? Mas acho que tenho algo que a fará mudar de idéia. Kagura! - chamou. A porta de shougi novamente se abriu e por ela passou uma mulher longos cabelos negros presos em coque e frios olhos vermelhos. Kagome a reconheceu como governanta da mansão de Naraku. Logo atrás dela, uma pequena garotinha se debatia para escapar das cordas atadas a seus pulsos e puxadas por Kagura.

- Rin!
- Kagomesan. - chamou a pequena com a voz trêmula e os olhos marejados de lágrimas.
- Ela acabou sendo trazida pra cá junto com você. - disse o youkai – Uma feliz coincidência, eu diria.
- Não a machuque, ela não tem nada a ver com isso. - pediu a humana.
- Então terá que colaborar mais comigo. - Kagome o fitou sem saber o que fazer. Naraku se aproximou de Rin e segurou seu pequeno rosto manchado de lágrimas. A garotinha olhou de volta, ainda com poças transbordantes nos olhos, o youkai sorriu maliciosamente e sem olhar para Kagome lhe falou – Seria terrível se algo acontecesse com esta garotinha, não é mesmo?
- Pare! Solte ela! - gritou Kagome, começando a se desesperar – Eu ajudo a encontrar essa jóia, mas deixe-a em paz.
- É assim que eu gosto. - e soltando o rosto de Rin se virou pra Kagura – Pode levá-la daqui. - vendo que Kagome olhava preocupada, ele explicou – Não se preocupe, ela vai ficar bem. Se continuar colaborando comigo, é claro.

Ela não teve outra escolha senão afirmar com a cabeça.
- Mas.... - ela começou, chamando a atenção do youkai – Eu realmente não sei como encontrá-la...
- Na hora você saberá. - ele disse apenas, logo se pondo de pé e saindo elegantemente do cômodo. Antes de fechar a porta ele se virou e olhou novamente para dentro do pequeno quarto – Descanse, amanhã teremos muito trabalho. - em seguida cerrou o shougi, novamente mergulhando o quarto em trevas.

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Já havia se passado muito tempo segundo suas contas. Tempo demais sem saber o que se passava com Kagome, sem saber se ela estava bem ou não. Mas, estando com Naraku ninguém estaria bem nessa hora. Não havia histórias boas sobre esse youkai, apenas relatos de como ele usava suas escravas para satisfazer seus desejos sujos e de como as tratava de uma maneira nem de longe parecida com a que Inutaishou tratava quaisquer humanos. Pensando nisso, o hanyou se sentiu subitamente pior. Um estranho sentimento se apoderava dele de tal maneira que quase não se continha no lugar, sua vontade era de correr o mais rápido possível para onde ela estava, mas não fazia idéia de pra onde correr.
O rosto dela teimava em aparecer em sua mente. Seu sorriso gentil, seu jeito delicado, submissa apesar de teimosa, sua coragem para falar com ele de uma maneira que nenhuma outra escrava faria, o dom que só ela tinha de deixá-lo irritado e ao mesmo tempo feliz em tê-la por perto, o gosto de seus lábios que ele só pôde experimentar uma vez. Tudo isso o torturava tanto quanto não saber se ela estava ao menos viva.

Apesar de já ter percebido que a amava, nem ele imaginava que fosse de tal maneira. Talvez por que ela sempre estivera por perto, mesmo quando eles não se falavam, talvez por que ela sempre insistia em lhe oferecer seu sorriso iluminado mesmo quando ele teimava em achar que ela preferia Kouga à ele. Como ele sofria ao vê-la com lágrimas nos olhos, mas ele era demasiado cabeça-dura para ser sincero consigo mesmo e admitir que precisava dela mais que tudo. Quando esse sentimento havia crescido tanto assim?

\'Só se percebe o quanto algo nos é importante depois de perdermos\', e agora ele experimentava isso na própria pele. Como se isso não bastasse, ele não conseguia reprimir a idéia de Naraku fazendo algum mal à Kagome. Só de pensar naquele bastardo tocando-a, Inuyasha sentia como se uma criatura faminta se revirasse em seu estômago e devorasse suas entranhas por dentro. Nunca deixaria que isso acontecesse. Naraku morreria muito antes disso.

Não suportando mais a espera, ele levantou do futon onde descansava e se recuperava dos ferimentos da luta anterior. Já estava quase totalmente curado, pôde constatar por não sentir dor ao alçar o corpo pra cima. Ele vestiu um haori branco, cobrindo as únicas faixas que se enrolavam em seu tórax e que já quase não tinham mais função ali. Deixou o quarto e caminhou pelo corredor até a entrada principal – esta estava praticamente ao ar livre, pois foi uma das áreas mais danificadas do castelo.

- Onde vai? - a voz de Inutaishou lhe chamou a atenção.
- Não posso mais ficar aqui sem fazer nada, preciso salvar Kagome. - respondeu quase suplicante.

- Entendo o que sente, mas se você se precipitar só vai acabar sendo morto.
- Onde posso encontrá-la? - perguntou, aparentemente ignorando a sugestão do pai.

- Eu não acho que Naraku esteja em sua casa, ele não é tão burro assim, deve estar escondido em algum lugar. Não vai ser fácil encontrá-lo. - Inuyasha fitou o chão entre pensativo e decepcionado.
- Se pudesse eu ajudaria. - ecoou uma voz feminina. Ao se virarem viram Ayame se aproximando, juntamente com Kouga – Meu avô ficou sabendo do ataque e me mandou voltar imediatamente. - ela explicou – Sinto muito não ficar e ajudar a resgatar as humanas.
- Sem problemas. - disse Inutaishou – Se algo te acontecer seu avô ficará muito triste, afinal, ele só tem você. - ela sorriu tristemente e se virou para Kouga. - Vamos? - ele assentiu com a cabeça.

Antes ela parou na frente de Inuyasha e o fitou.
- Até mais primo, boa sorte. - e o abraçou apertado. Desta vez foi correspondida, ainda que de maneira melancólica. Em outros tempos ela ficaria radiante de felicidade, mas agora ela não mais nutria em si aquele sentimento egoísta que erroneamente denominava amor, ela sabia agora que era pura admiração, exagerada porém. E a face abatida do primo também não permitia que ela se sentisse feliz. Ela enfim o soltou e se despediu rapidamente do tio para enfim partir. Até Kouga lançou um olhar de consolo ao hanyou, junto com um quase imperceptível aceno de cabeça, indicando despedida. E depois partiram.

[...]


Apesar do esforço ela não conseguira se livrar das apertadas cordas atadas aos pulsos. Em resultado apenas tinha ganhado marcas avermelhadas que evoluíam para pequenos cortes. Somente quando viu os filetes de sangue escorrerem por suas mãos e pingarem no chão que desistiu do esforço inútil. Apoiando as costas na parede ela conseguiu se levantar aos poucos até que finalmente estava de pé. Estranhamente as cordas que amarravam seus pés estavam um pouco mais frouxas, de forma que conseguiu se livrar delas sem muito esforço. Kagome caminhou até a porta de shougi e encostou a lateral da cabeça nela, pretendendo ouvir qualquer som que indicasse que havia alguém do outro lado. Nada.
Essa era sua chance. Deus alguns passos pra trás e fitou a porta. Com determinação correu até ela, jogando todo o peso de seu corpo sobre a estrutura de madeira. Foi como bater em uma pedra. Não era um shougi comum afinal, já que se o fosse já teria quebrado. Poderia ser alguma magia youkai ou simplesmente uma madeira grossa. Ela não se importava na verdade, só queria sair daquele lugar. Novamente deu alguma distância entre ela e a porta e voltou a se jogar contra a mesma. Fez isso repetidas vezes até que seu ombro começava a doer terrivelmente e a porta continuava firme em seu lugar.

- “Eu sou muito fraca....” - concluiu tristemente - “Parece que eu não consigo fazer nada sem você não é...? Inuyasha... “.
Ela voltou a se sentar no canto do aposento. As lágrimas começaram a surgir naturalmente e da mesma forma caíram por seu rosto. Sim, ela era apenas uma humana fraca. Não podia fazer nada por si só. Ela agora só conseguia pensar na pessoa que a salvara em todas as vezes que sua vida corria perigo. Ela se tornou assim tão dependente daquele hanyou? Aquele que a deixava nervosa em um minuto por suas crises de ciúmes e em outro a deixava imensamente feliz com uma declaração inesperada. Aquele que apesar de parecer ser rude mas que às vezes lhe demonstrava um lado sensível que ela achava que poucos já testemunharam. Sim, ela amava aquele hanyou e nem sabia o quanto até então.

Uma luz branca iluminou um círculo no chão e a garota levantou seus olhos úmidos para uma janela alta, a qual não havia dado muita atenção antes. Uma linda lua cheia enfeitava o céu e seu brilho alcançara o pequeno cômodo como um alento na escuridão. Seria bom apreciar aquela lua em liberdade novamente. O que será que Naraku faria quando ela não tivesse mais utilidade pra ele...? Outra lágrima escorreu por seu rosto.
- Inuyasha.....me salve, por favor... - ela podia ser egoísta não podia? Ela podia desejar pela própria vida, não? Ela podia desejar estar novamente ao lado daquele hanyou...

[...]
- Fique quieta pirralha! - bradou Kagura pela terceira vez.
- Me deixa sair daquiiii. - choramingava Rin.
A pequena havia sido posta em um quarto parecido ao de Kagome e Kagura fora encarregada de vigiá-la. A youkai já não aguentava mais o choro da garotinha pedindo pra sair a todo custo. Mesmo que ela estivesse do lado de fora do quarto, aquilo a incomodava mais que tudo.
- “Por que eu tenho que ficar de babá?” - pensava inconformada.
- Sesshoumarusama virá me salvar com certeza, você vai ver! - exclamou a voz infantil de dentro do quarto – Ele vai acabar com você!
- Que seja. - respondeu cansadamente.

Rin se encolheu e abraçou as próprias pernas e escondeu o rosto entre os braços cruzados sobre elas.
- “Sesshoumarusama....”

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Inutaishou observou o hesitante youkai à sua frente. Era um jovem soldado, embora não apresentasse aptidão para lutas, por isso mesmo lhe servia de informante. Ele parecia um pouco nervoso em falar pessoalmente com o lorde inuyoukai, notava-se pelo jeito que entrelaçava os dedos e olhava pra baixo e pelo som das batidas rápidas de seu coração. Mas Inutaishou não tinha tempo a perder com coisas como essa:
- E então? O que encontrou? - perguntou impaciente.
- Ah..S-sim, lorde Inutaishousama. Alguns youkais que estavam nas ruas no momento do ataque disseram ter visto uma águia enorme voando para o norte.
- Norte... então é lá que o Naraku está. - falou baixo consigo mesmo – Algum deles soube dizer o lugar exato em que ela pousou?
- Não senhor, apenas disseram que ela voou nessa direção até sumir no horizonte.
- Entendo.... Obrigado por seus serviços. - dispensou. O informante fez uma reverência e deixou o aposento – Você ouviu, não é...Inuyasha? - disse, sem se virar para trás.
- É claro... - o hanyou saiu de algum ponto escuro atrás do youkai e tomou lugar ao seu lado – Já tenho uma direção a seguir.

Os passos de três pessoas ecoavam no piso de madeira, apressados. O par de passos mais a frente, pequeno e rápido, não podia pertencer a ninguém menos que Shippu, logo atrás Sango e Miroku o seguiam.
- Shippousama, por favor, fique aqui que é mais seguro. - implorava Sango.
- Não posso Sango, tenho que vingar meu pai. - respondia o kitsune, mais decidido que nunca.
- E como vai fazer isso? - interrogou Miroku, um pouco mais atrás de Sango.
- Não importa, eu vou matar meu tio e Naraku. Vou matar os dois!
- Shippousama... - por mais que tentasse, a escrava não conseguia fazer seu jovem amo desistir da idéia aparentemente suicida. - Hey, não é Inuyashasama? - apontou um ponto a sua frente.
Era o hanyou de fato. Sua aparência não lembrava em nada aquela abatida de mais cedo, ele parecia tão determinado quanto Shippou. Ele agora usava vestes tão brancas quanto as de Inutaishou e por cima destas, uma brilhante armadura, que o fazia parecer-se ainda mais com o pai. A Tessaiga pousava em sua cintura, dentro de sua bainha, aguardando a batalha. O sangue de lorde parecia mais que nunca presente em sua postura e em suas ações. Sango se prendeu por alguns segundos em uma observação admirada – o que fez Miroku torcer o nariz – mas Shippou se atentou a outro detalhe:

- Ele está partindo sem nós! - exclamou, já correndo na direção dele.
- Ah, é o pirralho. - disse assim que o viu se aproximar.
- Você ia partir sem mim?! - ele soava um misto de bravo e indignado.
- Eu nunca disse que o levaria comigo. - respondeu óbvio, arqueando uma sobrancelha.
- Mas é lógico que eu quero ir, não se esqueça que foi por culpa de Naraku que meu pai morreu. Quero vingá-lo!
- E o que um pirralho como você acha que pode fazer?
- Eu... - ele cerrou os punhos com força, gostaria de ter uma boa resposta para dar...mas não tinha – Se eu não fizer isso....como vou poder encarar meu pai...no outro mundo...? - seus olhos quiseram encher-se de lágrimas, mas ele as secou com força, não se permitiria fraquejar novamente.

Inuyasha se abaixou até ficar quase na altura do pequeno youkai – apesar de ainda faltarem vários centímetros para tanto – enquanto este erguia seus olhos esmeralda para encará-lo – Eu sei como se sente. Mas deixe comigo, eu o vingarei para você. Eu prometo.
- Volte com Kagome... Sango ficará triste sem ela.
- Pode ter certeza que voltarei. - Shippou deu um pequeno sorriso de agradecimento e voltou para junto de Sango e Miroku.
- Bem, estou indo. - o hanyou ia dizendo ao pai, que estava ao seu lado, quando um latido o surpreendeu – Shiromaru? - o enorme cão o esperava na porta, como se tivesse sido chamado. Inuyasha foi ao encontro dele e ganhou algumas lambidas alegres em troca.
- Hey, pare com isso. - riu, e afagou a cabeça do animal – Você quer vir junto? Quer me ajudar a encontrar Kagome? - em resposta, um latido alto e um abano de cauda. - Então vamos. - o hanyou montou no cão como se fosse um cavalo, e dos bem grandes. Inutaishou se aproximou mais:
- Volte inteiro. - recomendou. Ele acenou a cabeça positivamente em resposta e deu ordem de partida a Shiromaru, que correu bem depressa pulando os restos do que antes era um alto muro de pedra. Para trás ficaram as esperanças de que ele voltaria, e de preferência, não sozinho.