IX - Mudança

A noite em que fechara um acordo entre suas empresas e a Phoenix Inovation havia sido cansativo, e mais ainda pelo fato de que ela estava lá.
Fazia sete anos que ele não a via e então descobriu que ela seria sua mais nova empregada? Isso não fazia sentido, depois de tanto tempo e de todo o esforço que ele fez para esquecê-la e então com um baque ele a encontra, assim tão de repente.
Ele manteve-se indiferente a ela, depois de tanto tempo, ela deveria ter encontrado alguém e esquecido da existência dele. Mas ficou feliz em perceber que ainda tinha o mesmo brilho no olhar de anos antes, que seus cabelos haviam crescido o suficiente para que caíssem como cascatas em seus ombros e o velho tom róseo parecia mais vivo do que nunca. Estas a poucas coisas que ele havia conseguido reparar nela naquela noite.
Sentiu que deveria fazer algo, pedi-la em casamento? Não...seria precipitado demais, não havia motivos para isso, além do mais não queria perdê-la mais uma vez.
Uma ideia passou-lhe pela mente, sim, seria aquela a ideia que ele buscava, ela seria colocada em prática e então eles ficariam um passo mais próximo.
Pegou o celular que ficava sempre posto a mesa, caso ele precisa-se utilizá-lo, ver as notícias ou simplesmente ver as mensagens que haviam chegado a ele. Discou um número que já estava fixo em sua mente.

– Alô? - indagou uma voz suave como o vente que batia em sua janela aquela hora da noite.
– Sou eu, preciso que faça-me um pequeno favor, prometo que não se arrependerá.

Ele então despejou todas as informações para a mulher que respondia através de leves murmúrios do outro lado da linha. Talvez tivesse sido um erro ligar para ela aquela hora da madrugada, mas ele não conseguia dormir e sabia que quanto mais rápido fizesse aquilo, tão cedo o sono viria acometê-lo e levá-lo para o mundo perfeito.

–*-*-*-*-*-

Ela estava sentada em sua mesa observando e analisando uma imensidão de projetos, quando uma assistente de sua chefe deixou um copo de café em sua mesa e então falou para que ela fosse até a sala de Tsunade.
As ordens da chefe da Phoenix Inovation foram cumpridas, em alguns poucos minutos Sakura encontrava-se não mais em sua sala pequena e mal arrumada, mas sim em uma sala grande, espaçosa e luxuosa, com diversos enfeites e decorações nas paredes.

– O que quer comigo? - indagou ela de forma seca
– O que eu quero? Nada. Mas alguém que a viu naquela festa quer algo. - falou, deixando um sorriso malicioso escapar de seus lábios.
– Não me diga que Sasuke pediu algo. - seus olhos estavam arregalados
– Ah sim querida e foi bem claro. Ele quer que você vá trabalhar com ele, na sede dele. E não tem como você recusar.
– Por que não?
– Ora querida, é o sonho de consumo de qualquer engenheiro bem qualificado, além de que ele tem permissão para fazer isso, ou pode acabar demitindo-a. Faça sua escolha. Eu adoraria mantê-la aqui, mas ele tem mais poder de decisão do que eu neste momento.

Ela fechou os olhos, ela não tinha escolha, a Tsunade estava certa, era o sonho de qualquer engenheiro trabalhar para a empresa de Sasuke.
Ela olhou para a loura que usava um terninho preto, seus olhos pareciam tristes.

– Eu não tenho escolha não é mesmo?
– Eu gostaria de dizer que você tem, mas mentir para você nesse momento não é a melhor opção. - falou ela com a voz um pouco triste
– Prometa-me que vai continuar mantendo-me informada. Você é como uma segunda mãe para mim. - falou ela.
– Fico feliz que você me vê desta forma, mas nos veremos muito ainda. - as palavras da loura soavam como uma promessa.
– Obrigada.

–*-*-*-*-*-

Entrou na sala que seria sua, era bem maior do que estava acostumada. As paredes eram pintadas em um tom claro e amável, sua cadeira era confortável, possuía um computador de última geração.
Ela ficou abismada com a sala, o quanto o Uchiha havia gasto com aquilo, o que ele queria, o que pretendia? Afinal devia haver um bom motivo para tê-la convidado - forçadamente - que não se devia ao fato de seu profissionalismo.
Escutou uma batida na porta, viu-o parado, escorado no batente da porta. Seus cabelos negros estavam bagunçados, sua roupa social um pouco desarrumada que dava a ele um ar despojado.
Pela primeira vez ela reparou nele, estava idêntico ao que se lembrava, porém mais bonito que na festa em que se reencontraram. Parecia que a idade e o tempo haviam feito-lhe um bem enorme e ele estava mais bonito, charmoso e galanteador.

– A quanto tempo Sakura. - falou ele.
– Nós nos vimos há três dias. - ela disse de modo seco.
– Ah sim, mas como estamos agora lembro-me de nós no colegial.
– Eu fiz questão de me esquecer de tudo o que envolvia nós dois.
Ele sentiu um pouco de raiva e um pouco de medo, o que ficou visível para ela por somente uma fração de segundos, pois logo ele recuperou a compostura e deu um sorriso sarcástico e malicioso.
– Ah Sakura não me culpe, eu fiz o que deveria ser feito, era o melhor a se fazer.
– E que motivos você tinha para fazê-lo?!? - disse ela com um tom de voz elevado
– Sakura, aqui não, se quiser discutir sobre isso, sugiro que venha jantar na minha casa as 20 horas.
– Okay.

Ela sabia que caíra em um plano idiota dele para que pudessem jantar juntos, mas ela queria de fato discutir sobre isso.

– Saímos juntos daqui então, e te levo até meu apartamento. E depois da nossa discussão trago-a até seu apartamento.