O capitão da guarda vem até mim novamente, para informa-me que todos já estavam a minha espera.
-Estamos prontos.
-Vamos.
Antes mesmo de segurar o trinco da porta, alguém bate.
-Entre.
A pequena serviçal entra timidamente e entrega-me algo.
-Achei que iria precisar disto... – diz ela baixinho.
Examino o que me foi dado: era um traje de couro onde eu poderia armazenar infinitas facas com facilidade. Dirijo-me ao capitão.
-Vá à frente, por favor.
Ele sai, deixando eu e a garota a sós.
-Pode ajudar-me a vestir isso? – pergunto.
-Sim alteza... – ela chega até mim e timidamente enfia a bela roupa de couro em meu corpo.
-Está perfeito.
-Com licença alteza – ela se aproxima com uma pequena faixa de pano, e então, enrola-o no meu braço – estava ferido...
-Ah eu nem percebi. Obrigada... – paro por um instante - Desculpe, não sei seu nome.
-É Lucy...
-Obrigada Lucy.
E dizendo isso, saio rapidamente pela porta, levando meu montante em mãos.
O jardim do palácio estava lotado com guardas e isso me tranqüilizou. Tomei lugar de destaque e comecei a falar.
-Como todos sabem, uma guerra virá em breve. E quero ter certeza que não haverá muitas baixas. Por isso, iniciaremos um treinamento rígido a partir de hoje.
Alguns deles se mostraram entusiasmados e determinados, o que me deixou mais segura em relação a aquilo. Dividi grande parte deles em dupla.
-Cada um deve lutar com a sua dupla até que um esteja desarmado!
E assim foi feito. E assim o treinamento durou uma semana.
~
Gustavio ainda não havia acordado, e algo dentro de mim, dizia que ele não iria acordar. Tão cedo pelo menos. Tive que preparar o armamento de todos os soldados o que me deixou meio preguiçosa de início, mas eu consegui.
Tudo estava indo como planejado. Meus dias se dedicaram à guerra e me deixaram num estado de transe, onde eu não pensava em nada relacionado à Gustavio.
Eu dormia o quarto de Hanna, para que terríveis pesadelos não acordassem a todos no palácio. Comecei a me sentir mais estranha. Vomitei uma ou duas vezes, confirmando as suspeitas de Hanna sobre o bebê no meu ventre.
-Você não deveria lutar. Nem se esforçar tanto.
-Eu preciso Hanna e você sabe mais do que ninguém que faço isso por ele.
Estávamos deitadas na cama, Hanna na metade da esquerda e eu na metade da direita.
-Alguma melhora com Gustavio? – pergunto.
-Não. Ele continua a dormir e suas feridas vieram a melhorar. Fico aliviada ao saber isso.
~
Na manhã seguinte, durante o treinamento dos soldados, sou chamada ao escritório.
-Capitão, tome conta deles sim?
Ele balança com a cabeça e eu saio. Fui em direção ao escritório e quando cheguei lá, Lucy estava a minha espera com alguém. Os cabelos azuis dele estavam emaranhados e vestia apenas uma calça. Não consegui falar nada. Fiquei como uma idiota olhando para ele quando Lucy já fora embora.
-Parece que você conseguiu. – disse ele por fim.
Não resisto e jogo-me nos braços dele. Lágrimas escorrem rapidamente pelo meu rosto e ele me abraça.
-Achei que... Você não iria acordar... – digo entre soluços.
-Eu ouvi o que disse naquele dia.
Olho para ele, sem me importar que visse meu nariz vermelho horrendo.
-Você está carregando nosso filho, não é? – ele pergunta.
-Sim.
Ele me abraça forte e logo me beija carinhosamente. Eu senti muita falta daquilo.
Seus lábios quentes encostaram-se aos meus, dando-me uma sensação de paz e alivio. Ele finalmente estava ao meu lado. Mas agora, só tenho um objetivo: protegê-lo.
Fale com o autor