Family

Família

Seb se levantou da cama, percebendo que havia dormido com as roupas que usava no dia anterior.

Antes de saísse do próprio quarto, viu Juliana, parada a porta.

- Bom dia, Sebby – ela disse, em um tom provocante.

- Bom dia. – ele respondeu, deixando um sorriso lhe escapar pelos lábios, enquanto os olhos corriam pelo o corpo dela.

Ela desencostou da porta e começou a caminhar até ele, que sentiu o corpo pesar e cair sentado na cama.

Ela usava uma saia de couro negro, que não chegava a dois palmos inteiros abaixo da cintura, deixando, não só as pernas, como também as coxas, a mostra. Uma blusinha de só uma alça apertava o tronco, deixando cada uma de suas curvas bem perceptíveis.

Os cabelos, completamente desarrumados, davam um ar bem sexy a ela.

Ela começou a se aproximar dele, até ficarem frente a frente. Nesse momento, com um forte e brusco empurrão, ela o deita na cama, para depois subir na mesma, engatinhar até ele e sentar-se sobre o tronco do rapaz.

- Ju... O... O que você – ele tentou dizer, gaguejante, mas perdeu o fôlego quando ela apertou levemente seu abdome.

- Seb... – ela chamou em sussurro, o fazendo sorrir maliciosamente. – Seb... SEBASTIEN!

Assustado, ele piscou os olhos várias vezes, até a imagem do teto do quarto entrar em foco.

- Filho, levante-se e vá se trocar, a sua namorada deve estar para chegar. – disse sua mãe, abrindo a cortina do quarto, de maneira que a luz do sol invadisse o quarto, o iluminando por completo.

- AH, meus olhos!

- Largue de ser mole! A Juliana, por exemplo, já esta há duas horas lá em baixo, me ajudando com o almoço!

Seb coçou os olhos uma ultima vez, os abrindo para encarar a mãe. – Ela já esta lá?

- Esta, por quê?

- Nada... – ele disse, parecendo indiferente. – Ela não... Não subiu pro quarto dela?

- Desde que desceu, não. – a Sra. Lefebvre respondeu, olhando desconfiada para o filho, mas não demorando a sair dali.

Não demorou para que ele se trocasse, descesse e encontrasse Ju, usando uma calça jeans surrada e uma blusa fina de manca longa. O dia, realmente, estava frio.

“Foi um sonho”, ele pensou, insistindo a si mesmo que o que sentia era alivio.

Quando a campainha tocou, Ju e a Sra. Lefebvre já começavam a por a mesa.

- Sebyzuxu! – gritou Annie, pulando no pescoço do namorado.

Sebyzuxu?

- É, ela é louca! – sussurrou a Sra. Lefebvre, como se lesse os pensamentos de Juliana.

A estudante riu, pondo o ultimo prato na mesa. Era mais que obvio o fato de Annie não ser normal. E não educada também, ela pensou, vendo a mesma sentar-se na mesa e reclamar pela falta de um creme de milho, no cardápio da noite.

- Então, há quanto tempo vocês namoram? – ela perguntou, tentando ser simpática.

- Há um ano. – ela disse, orgulhosa. – Esse é um namoro que não acaba mais, queridinha.

- Se você diz... – a morena brincou.

- Como assim? – Annie não deixou o assunto se encerrar, muito pelo contrário, ela parecia muito irritada pelo que acabara de ouvir. – Você, por acaso, tem algum motivo para achar que eu não vou ficar com meu bebê até os fins dos meus dias?

Mas que menina mais chata!

- Não, apenas acho que vocês são jovens demais. – ela disse displicente, voltando a jantar.

Agora todos já estavam à mesa.

- É, você tem razão, nós aparentamos ser mais novos do que somos. – ela disse em um tom conformado que incomodou Ju. – Você não deve ter esse problema, né? Digo, é tão lindinha... A única coisa é que parece velha demais pra sua idade, mas não é nada que não tenha solução. Eu mesma poderia te dar umas dicas de beleza.

Aquilo, não só pegou Juliana de surpresa, mas também a irritou bastante. Ela quase se esqueceu que não estava na própria casa e que não poderia dar um belo soco na cara daquela patricinha.

- Obrigada, Annie. Seria, de fato, muito bom. Só que pra estar sempre mais linda, do que você já é – completou, com certa ironia. -, você devia desviar seus talentos de embelezamento pra você mesma.

Seb e o Sr. Lefebvre tossiram de leve, incomodados com aquela situação. A Sra. Lefebvre, ao contrario dos dois, observava a “troca de elogios” com curiosidade, querendo saber até onde aquilo iria chegar.

- Bom, sim – ela pareceu engasgar, mas foi discreta. Ficou claro que não tinha entendido a ironia de Ju.

- Então, gente, gostaram da comida? – perguntou o pai de Seb.

- Esta uma delicia. – elogiou Ju. – Mas eu já sei que a Sra. Lefebvre cozinha divinamente.

A mulher corou, sorrindo rapidamente e depois voltando a comer.

- Bom, eu concordo com a Mariana...

- Juliana – todos disseram em coro.

- É, isso mesmo... Eu concordo com ela, exceto pelo fato que esta faltando sal... E também poderia ter colocado um pouco de pimenta. Tirando esse problema de tempero, esta bom. – disse Annie.

Miriam lançou um olhar furioso a ruiva. Ju seria capaz de dizer que, se olhares fossem tão eficientes como metralhadoras, certamente a única Annie que ela poderia dizer ter conhecido na vida, diria que morrera ainda jovem.

- Que bom que o valor da resposta da Ju é o dobro da sua.

Annie sorriu, novamente sem entender. Seb, por outro lado, lançou um olhar bem irritado à mãe.

- Meninas – interveio o Sr. Lefebvre -, o que você planejam seguir de profissão?

- Eu quero ser qualquer coisa que dê bastante dinheiro... – Juliana abriu a boca para falar, mas foi interrompida. – A Ju, eu suponho que vá seguir carreira como professora de pré-escola.

- Se eu o fizer, prometo que te ensino alguns truques pra você conseguir passar do maternal – a morena retrucou, impulsivamente. – Mas eu acho que terá que recorrer a alguma “tia” particular mesmo... Porque eu tenho um sonho de ser atriz.

- Atriz? – perguntou Seb, subitamente.

- É, atriz... Atuar é meu maior sonho.

O rapaz se calou, começando a brincar com a comida. Sua mãe observou a atitude do filho de maneira curiosa.

- Eu acho que... – dessa vez, Ju não deixou que Annie se manifestasse.

- Você, Annie, poderia abrir um salão de beleza... É claro que teria que aprender técnicas novas, porque com as que você usa em você, rica é a ultima coisa que você seria na vida.

Do outro lado da mesa, os olhos da Sra. Lefebvre brilhavam, vendo como a estudante enfrentava Annie. Ela estava acostumada a ver os alunos do Colégio Eileen Dork se rebaixarem a ela, e não enfrenta-la.

Annie não achou resposta a provocação, o que fez com que ela praguejasse Ju mentalmente.

A ruiva acabou não demorando a ir embora... Ela teimava em tentar constranger Ju, mas aparentemente essa tinha resposta para tudo. E Annie, talvez por não estar acostumada a ser contrariada, ficava sempre sem respostas.

Ela acabou sendo arrastada por Seb para fora de casa. O namorado dizia querer passar o dia com ela no shopping.