Capítulo 17 – Revelação

Eu me mexi desconfortável. A cama estava muito macia, estava errada. Não era a minha cama. A luz estava forte, abri os olhos e encarei a janela que mesmo fechada fazia meus olhos doerem. Olhei em volta e não reconheci as paredes que eram de um branco amarelado. Minha cabeça doía e eu percebi que não estava sozinha na cama quando alguém passou o braço pela minha cintura.

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Estava definitivamente errado.

Tentei não me mexer e lembrar o que tinha acontecido na noite anterior, mas minha cabeça parecia preste a explodir. Eu precisava de uma poção urgente! A festa do Ian. Eu tinha indo, confere. Tinha encontrado a Amy, confere. Tinha começado a beber com ela, confere. Tinha encontrado alguém, confere.

“Quem era mesmo que eu tinha encontrado?” pensei em desespero. Como eu não lembrava com quem tinha passado a noite. Droga!

Claro que a culpa era das doses de FireWhisky que eu tinha tomado no decorrer da festa. E a culpa de eu ter tomado era exclusivamente de Amy e do Ian que tinham resolvido encarar uma sessão nostalgia durante a festa relembrando os anos em Hogwarts.

Ok, confesso que geralmente eu não acordava sem ter noção de onde estava ou de com quem estava nos anos em Hogwarts, mas enfim...

O aperto ao redor da minha cintura aumentou e eu tentei tirar a mão de cima de mim sem acordar o dono dela, o que foi muito difícil já que o dono da mão estava me usando como travesseiro. Sai da cama nas pontas dos pés e olhei para a pessoa que dividia a cama comigo.

Gemi ao olhar no rosto dele...

Oh merda, eu tinha transado com Clay Jensen!

... ... ... ...

8 horas antes

Eu estava bonita. Não bonita, estava linda. Disso eu tinha certeza. Nunca fui exatamente a humildade em pessoa, e se eu estava linda por que dizer que não estava?

Eu estava linda em meu vestido carmim e as sandálias de salto alto, a maquiagem bem feita e a postura perfeita. Eu estava me sentindo deslumbrante.

Entrei na casa/mansão de Ian que estava animada, o som alto, luzes e bebidas. Amy me interceptou assim que entrei na casa me abraçando e enfiando um copo de Whisky na minha mão.

Não recusei e comecei a beber com ela e Ian rindo de tudo. Vi alguns colegas de Hogwarts zanzando pela festa e alguns me cumprimentaram. Quando vi Clay, fiquei surpresa, já que não sabia que Ian conhecia Clay.

–Entrei meio de penetra – ele confidenciou quando perguntei o que estava fazendo lá. – Conheço um amigo, que tinha um conhecido, que tinha um irmão que conhecia um primo que era amigo do seu amigo. Mais ou menos isso.

Sorri com isso. Aquela altura do campeonato já estava rindo de tudo. Qualquer coisa era motivo de rir, tudo era engraçado. Essa era a vantagem de beber, eu conseguia ver graça em qualquer coisa por mais insossa que fosse.

E era exatamente o que eu queria. Esquecer das coisas, em especial nos últimos dias. E estava conseguindo. Clay me puxou para dançar depois de mais alguns copos. Concordei imediatamente. Dançamos, dançamos muito. Tanto que meus pés doeram e olha que eu detesto dançar, pelo menos detesto dançar na frente de outras pessoas.

Mas nessa noite eu dancei. Não sei exatamente quando aconteceu, mas em uma hora estávamos conversando como dois bons amigos e em seguida a boca de Clay estava na minha. Não posso dizer que lembro de tudo, afinal varias doses de Whisky com certeza fazem efeito, mas os flashes da noite pipocavam na minha cabeça.

Eu estava beijando Clay, sim ok... não apenas beijando, a forma como estávamos agarrados não era lá muito educada na frente de outras pessoas, mas quem é que iria notar dois loucos se agarrando quando se tinha Whisky a vontade parar beber?

Eram duas, talvez três horas da manha quando Clay me puxou para fora da mansão de Ian. Assim que saímos da proteção ele aparatou em um beco escuro e continuou me puxando ate o apartamento dele.

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Não me lembro de entrar lá, nem mesmo de chagar ao quarto dele, o máximo que eu consigo me forçar a lembrar e de deitar na cama dele, ele começar a me beijar e... minha memória acaba ai.

Depois acordo completamente perdida na cama de um quase estranho.

... ... ... ...

Comecei a pegar minhas roupas. Percebi que não estava usando nada, completamente nua e abraçada com Clay. Senti vontade de morrer, sem nenhum exagero. Eu nunca fui um exemplo de pessoa, daquelas que fazem votos de castidade e tal, mas também nunca tinha chegado ao ponto de transar com um cara completamente bêbada.

Ok, admito que já aprontei muitas coisas. Mas eu tenho 25 anos afinal, não sou mais nenhuma garotinha. Mas mesmo assim minhas bochechas ficaram completamente vermelhas conforme eu me vestia.

Clay não acordou por sorte. Eu fiquei em duvida se deveria ou não acordar ele e me despedir, mas a quem eu estou tentando enganar? Eu sou uma completa covarde, ponto final. Não acordei ele é logico.

Peguei minha varinha e sai do apartamento dele fazendo o mínimo possível de barulho. Desaparatei em frente a minha casa e caminhei os poucos metros que faltavam para estar na minha cama. Eu precisava de um banho urgente. De um banho de muitas horas de sono.

Talvez, pensei, se eu conseguisse encontrar um vira-tempo, poderia voltar algumas horas e me impedir de sair de casa. Mas ai eu lembrei que vira-tempos estavam quase extintos. Suspirei com a cabeça a mil e girei a maçaneta da porta.

O que eu queria? Apenas um banho e cama. Tomar uma poção e dormir ate o dia seguinte e acordar e ver que tudo não passou de um pesadelo. Apenas isso. Mas foi isso que eu encontrei ao entrar no doce lar?

Não. Claro que não.

Para que facilitar as coisas para a Hestia não é mesmo? A Hestia é uma menina má, muito má que sai dormindo com qualquer um. “ Mas o Clay não é qualquer um.” Me defendi. Ok eu estava estranha.

Falando de mim mesma da terceira pessoa e conversando comigo mesmo. Eu precisava desesperadamente da Amy aqui para colocar um pouco de juízo na minha cabeça, mas é ela que eu vejo quando entro em casa?

Não. De jeito nenhum.

–Oi – disse Olivia me olhando quando encarei ela sem acreditar.

Nunca em toda avida estive tão próximo de matar alguém. Juro por Merlim. Nunquinha. Nem mesmo quando descobri que James estava namorando Penélope, nem mesmo quando meu avô disse que eu era uma vergonha por ser Slyntherin.

Mas agora eu estava. Segurei a varinha pensando no feitiço. Avada Kedavra. Simples. Puflit! Acabou-se os meus problemas.

–Eu estava esperando você chegar – continuou Olivia como quem pede desculpas. – Você precisa me ouvir Hestia, por favor, só me escuta e depois você pode me mandar para onde quiser, mas me ouve.

–Me deixa em paz. – disse ainda segurando a varinha.

–Me deixa falar com você depois se você não quiser mais me ver eu juro que nunca mais te procuro.

Fiquei calada. Por que não mandei ela embora mesmo? Acho que por que eu estava cansada demais, e não digo fisicamente, pois eu já era costumada a ficar dois dias ou mais sem dormir em plantões. Mas eu estava cansada mentalmente, psicologicamente. Eu apenas me resignei a sentar no sofá e esperar. Talvez quando ela falasse o que tinha para falar me deixasse em paz.

–Obrigada – ela sussurrou e se sentou na outra ponta do sofá.

Esperei ela falar tentando me manter acordada. Eu só queria que o passado ficasse onde deveria ficar, bem longe de mim, mas Olivia insistia em se fazer presente e com isso trazer James para primeiro plano na minha mente.

–Já ouviu falar em Síndrome de Hellp? – perguntou Olivia. O nome não me era estranho, mas tão pouco era comum. Pensei um pouco e me lembrei que já tinha visto esse termo em um dos livros de medicina trouxa que Amy tinha me dado uma vez. Assenti para que ela continuasse. – Na Síndrome de Hellp a chance da mãe sobreviver é muito pouca.

–Não se o diagnostico for feito a tempo. – interrompi corrigindo-a.

–Sim eu sei, mas nesse caso qual é a solução? – ela perguntou, mas não me deu tempo de responder – A solução é interromper a gravidez seja qual for o período. A solução é matar meu bebê.

–Não matar, mas preservar uma vida. – interrompi de novo, defendendo meus preceitos médicos.

–Matar sim Hestia. – ela recomeçou – Você sabe do que estou falando... – a voz dela morreu aos poucos e ela me olhou triste. – Meu medico diagnosticou isso logo no começo da gravidez quando eu comecei a ficar muito inchada e minha pressão começou a ficar muito alta. Ele foi taxativo ao dizer que tínhamos que matar meu bebê.

–Você tem certeza que tem essa doença? – perguntei, mais por curiosidade profissional que qualquer outra coisa.

–Tenho. – ela respondeu com um fio de voz – Fui a outros médicos e todos disseram a mesma coisa. Vem de família a coisa da hipertensão. – ela sorriu fracamente.

Eu estava analisando os fatos. Ou pelo menos estava tentando analisar. Ok, ela iria morrer, ou ela ou o bebê. Isso eu já tinha entendido, mas ainda não tinha compreendido aonde eu entrava nisso tudo.

–Ok, entendi isso – falei – mas ainda não entendi aonde é que eu entro nessa historia toda.

–Você não percebe? – ela me perguntou sorrido ainda mais apática.

–Não – respondi – Não percebo nada de nada Olivia. Não sei o que você quer que eu faça. Quer que eu ache um jeito de salvar você e o bebê é isso?

–Não Hestia... não é isso, é...

–O James sabe disso tudo? Aliais quem mais sabe disso? – perguntei interrompendo.

–O que você acha que o James faria se soubesse? – ela perguntou debilmente.

Eu sabia o que ele faria. Ele iria querer que ela interrompesse a gestação na mesma hora. Iria dopa-la se fosse preciso para fazer isso. É, eu sabia.

–Você sabe não é? – ela continuou quando viu que eu não iria falar nada. – Você o conhece tanto quanto eu, ou ate mais.

–E a sua família? – perguntei.

–Eu sou órfã Hestia. – ela respondeu – Minha mãe morreu de complicações na gravidez, adivinha qual: Eclampsia. Meu pai tinha morrido pouco antes, ambos filhos únicos e meus avôs já era velhos demais. Cresci com eles ate os dezesseis anos, depois quando eles morreram eu me virei sozinha. Arrumei um emprego e vivo sozinha desde então. Ate que encontrei James e... enfim você já sabe do resto.

Eu fiquei calada. Completamente muda. Ela tinha acabado de me contar toda a vida dela e eu ainda estava pensando se tinha ou não transado com meu colega de emprego. Eu não estava calada por que era insensível, estava calada por que estava perplexa. E estava perplexa por que não podia acreditar que ela tinha me contado a vida dela em cinco minutos.

–O que você quer de mim? – perguntei um pouco incoerente. Meio desesperada.

–Quero que me ajude Hestia. – ela respondeu sorrindo novamente, mas era um sorriso triste.

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–Não há nada que eu possa fazer você sabe – disse como uma tonta – a medicina bruxa e tão incapaz quanto a trouxa em alguns casos. E esse é um desses casos.

–Ah eu sei, não se preocupe. – ela me tranquilizou – Não é esse tipo de ajuda.

–Então o que é? – perguntei exasperada – Por que eu não posso fazer nada por você.

–Quero que me ajude a esconder isso dos outros, principalmente do James e da Rose. – ela começou me deixando pasmada – Quero que acompanhe durante a gestação e durante o parto, quero que garanta que meu bebê vai nascer vivo e saudável e quero que cuide dele.

Ok, pra mim chega!