Proud

Capítulo 10


_ Félix! Não! Não fala... – Niko colocou as mãos no peito de Félix.

_ Onde estão os meninos? – Félix afastou as mãos de Niko.

_ No quarto, mas...

Félix saiu até o quarto de Jaiminho, e encontrou o mais velho brincando com o mais novo, os dois sentados no chão. Ele abriu a porta e a trancou para que Niko não atrapalhasse com mais perguntas, ele não queria ter que responder nada agora. Ele se sentou ao lado dos meninos.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

_ Pai Félix. – Jaiminho lhe sorriu, e Félix pegou Fabricio no colo.

_ Meus filhos. – ele colocou a cabeça do mais novo no peito.

_ Você tá bem, pai?

_ Eu to bem, sim... – a voz embargada dele deixou Jaime curioso. – Só fica aqui com o papai.

_ Tá.

Jaime se sentou próximo do pai, e encostou a cabeça em seu ombro. Félix sentiu os olhos pesarem com as lágrimas que queriam escapar.

_ Você brigou com o pai Niko?

_ Não... Eu... Só queria dizer que amo muito vocês. – ele ouviu Niko tentando abrir a porta e o chamando, mas ele não se moveu.

Félix passou o outro braço ao redor de Jaime o abraçando junto ao seu corpo, enquanto segurava Fabricio de encontro ao peito.

_ Eu também te amo, pai. – Félix deixou as lágrimas caírem no rosto.

_ Eu nunca vou deixar nada de ruim acontecer com vocês.

Eles ficaram assim por alguns minutos, mas logo Félix soltou os filhos e secou as lágrimas do rosto.

_ Agora vocês voltem a brincar, antes que o Niko venha aqui acabar com a diversão. – ele tentou sorrir para os filhos, deu um beijo no rosto de cada um e se levantou.

Ao sair do quarto, Niko o esperava na porta, Félix conhecia muito bem aquela cara. Eles iriam brigar, mas eles não poderiam brigar hoje, não hoje, ele não sabia se ia vê-lo de novo. Félix encostou a porta do quarto dos filhos e ficou olhando Niko. Ele estava nervoso, gesticulava com as mãos, era incrível como Félix já conhecia aquele detalhe daquele homem.

_ Eu posso saber onde você tava? Por que você sumiu desse jeito? – ele cruzou os braços no peito. – Hein, Félix? Por que você não me ligou?

_ Carneirinho... – ele sorriu pra ele. Niko estava confuso demais pra entender porque Félix o sorria daquela forma.

_ Félix...

Félix se aproximou de Niko, como se fosse a última vez que fosse ver aquele rosto na vida, o rosto que ele tanto amava, fez um carinho de leve em sua barba por fazer e o beijou. Um beijo profundo, apaixonado, como se a sua vida dependesse daquilo, literalmente. Ele queria amar Niko por completo, mas ele teria que ir embora logo. Quando Félix se afastou, Niko ficou sem ter o que dizer. Por mais que amasse essas atitudes dele, ele sabia que tinha alguma coisa errada.

_ Félix, o que...?

_ Não estraga o momento, Niko, por favor. Vou tomar um banho. – Félix saiu até o banheiro, e se trancou ali.

Ele não podia contar para Niko que ele e os filhos corriam risco de vida, não podia, ele tinha que enfrentar isso sozinho. Abriu o chuveiro para mascarar o barulho do seu choro, ele encostou-se à parede e se sentou no chão, as lágrimas corriam em torrente, fortes, aqueles pesadelos das imagens deles mortos o atormentavam. Ele se lembrou de Niko e Eron rindo na sala, e sabia que Niko não teria que passar por nada disso se tivesse continuado com aquela lacraia do olho multicolorido.

Ele se odiava, odiava aquela cidade, aquele apartamento, sabia de alguma forma aquela cidade iria engoli-lo de novo. Quando ele se acalmou, entrou no chuveiro, a água quente batendo em seus músculos tensos, mas nada parecia relaxa-lo. Ele ficou pensando em como sair de casa tão tarde, e só conseguiu pensar em uma saída, teria que brigar com Niko.

Quando Félix saiu do chuveiro, trocou de roupa, como se fosse ficar em casa, e Niko entrou no quarto, o momento perfeito seria esse.

_ Você tá bem, Félix? – ele se sentou do lado dele na cama e passou os dedos nos seus cabelos. – O que aconteceu com você? Aconteceu alguma coisa?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Félix não respondeu, apenas balançou a cabeça, estava esperando o momento certo.

_ Sabe, Félix... eu... tava pensando em fazer uma coisa, queria saber o que você acha... – Félix olhou para o marido que lhe sorria, animado. – O que você acha de adotarmos uma menina? Eu sei que é precipitado, mas é que... você gosta tanto da Meirejayne, e ia ser maravilhoso termos uma menina aqui... O que você acha?

Félix ficou alguns segundos processando o que Niko dissera, ele estava prestes a brigar com ele, e ele estava te falando que queria uma filha.

_ Eu... – Félix se sentiu derretendo por dentro.

_ Você não gostou, né? Me desculpa, eu... eu só fiquei animado com a possibilidade...

Félix começou a imaginar os dois cuidando de uma menina, Niko penteando seus cabelos e ele lhe comprando bonecas e as melhores roupas e sapatos. Ele amava sapatos. Mas, então, se lembrou do que o guardava e teria, por mais que lhe doesse, acabar com todo aquele sonho.

_ Niko... – ele encorpou sua voz, não queria parecer fraco. – Eu devo ter servido pão pullmann na Santa Ceia! Eu não posso, eu não posso ter uma filha! Não com você!

Félix sentiu o gosto amargo de suas palavras na boca, uma dor imensa lhe atingiu o peito quando a ficha de Niko caiu e sua feição mudou de ansioso para magoado. Mas, ele devia tomar essa decisão, preferia ficar longe dele do que vê-lo morto. Portanto, deixou o antigo Félix que estava escondido vir à tona.

_ Tem certeza que é comigo que você quer ter uma filha? Ou com aquela lacraia de olhos de bola de gude? Hein, Niko? Tem certeza? Porque o que parece é que você o quer de volta. Por que você não brinca de casinha com ele? Ele não é o amor da sua vida? Você não quis esses meninos com ele? Volta com ele, porque eu não aguento mais.

Félix se levantou da cama em um salto, ele queria sair correndo, foi até o guarda roupa e com as mãos tremulas e pegou algumas roupas. O dinheiro estava escondido do bolso de um dos ternos que pegara. Niko tinha se levado e segurava em seu braço.

_ O que deu em você, Félix? Olha pra mim, Félix!

Ele olhou no fundo dos olhos de seu amado Carneirinho, a dor no peito era demais, ele não ia conseguir.

_ Volta com ele, Niko... – ele falou mais calmo agora, mas a dor estava presente em sua voz. – Vai brincar de papai e mamãe com aquela lacraia, eu não sirvo pra isso. Cansei. CANSEI! – Niko soltou o braço de Félix, seus olhos pesados em lágrimas.

Félix se virou de costas pra ele e respirou fundo, engolindo cada palavra que disse. Caminhou até porta, ia ser muito mais difícil para ele do que para Niko.

_ Félix... por que? Por que você tá fazendo isso? Eu amo tanto você, não me deixa... – Félix não se virou para olha-lo, mas conseguia ouvir os soluços de seu choro. – Você me ama, eu sei disso, você me beijou mais cedo... Você... Por favor, não vai. – ele sentiu as mãos de Niko em suas costas.

_ Niko, eu cansei dessa brincadeirinha. Eu te avisei que nunca ia mudar. Eu não... amo você.

Félix abriu a porta e se afastou o mais rápido que pode, andou pelo apartamento e pegou a chave do carro. Ele ouvia os pedidos de Niko, os passos atrás dele, Adriana perguntando o que acontecera, mas então, ele alcançou a porta da frente, fechou com força e começou a descer pelas escadas. A única coisa que movia suas pernas era adrenalina, adrenalina pura, porque a dor que ele sentia era tão grande que ele não tinha vontade de se mover.

Ele sempre fora um bom mentiroso, um bom ator para as suas feições, mas hoje tinha passado dos limites. Niko iria ser para todo o sempre, por toda a sua existência, o grande amor da sua vida. Ele sempre iria ama-lo, por todo o infinito.

Ao chegar ao estacionamento, ele entrou no carro, jogou o terno no banco de trás, as mãos tremendo ao tentar ligar o automóvel. Ele segurava a dor, as lágrimas dentro do peito para serem derramadas mais tarde. Saiu com o carro do edifício, e então, tomou a única decisão sábia daquele dia horrível.

_ 190, qual é a sua emergência?

_ Oi, meu nome é Félix Khoury e estou sofrendo ameaças e tentativa de extorsão...