Proud

Capítulo 04


Félix já estava cansado de ficar na frente do notebook, sentia os músculos do pescoço tensionados, acordou junto com o galo pra levar Niko para o restaurante, depois levar o Fabrício para a creche provisória que eles tinham encontrado. Nada que um pouco de dinheiro não fizesse, e disso, ele sabia muito bem. Deixou-se relaxar por alguns segundos, já era quase a hora do almoço.

_ Seu Félix! O almoço já tá pronto.

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_ Obrigado, Adriana. – ele mal tirou os olhos da tela.

Mas quando o fez, desistiu do trabalho de vez, aqueles números iriam acabar com a sua cabeça, por mais que gostasse de ter sua cabeça ocupada, cuidar das contas de dois restaurantes em locais tão distantes era complicado. Ele se levantou da mesa improvisada que tinha arrumado pra si no quarto, e foi até a sala de jantar.

Jaiminho já está de uniforme e esperava o almoço, mas estava concentrado olhando para um dos seus cadernos, lápis na mão esquerda e com a ponta do mesmo cutucava a cabeça.

_ Que foi, filho? – Félix se aproximou do menino, que olhou pra ele com os olhos grandes, e depois para o caderno.

_ Pai, eu não consigo entender, não consigo fazer...

_ Fazer o quê?

_ Isso! – ele apontou com o lápis para uma conta de multiplicação de 4 dígitos. – Pai, você é bom com matemática, não é? Eu vejo você vendo esses números todo dia. Você pode me ajudar?

Félix sorriu e puxou uma cadeira perto do filho.

_ Vamos lá, vou repetir quantas vezes for preciso. Mas você vai entender isso, tá? Presta atenção, criatura. – o menino riu, adorava o senso de humor do pai, e logo voltou a sua atenção para a explicação.

Eles quase perderam a hora da escola, Félix fez o filho comer, ajudou Adriana com lanche, e saiu correndo com ele. E perdeu alguns minutos observando seu filho entrar na escola. “Seu filho” com Niko, se fosse há alguns meses atrás ele jamais iria imaginar que poderia ter uma família, alguém pra ser seu companheiro, filhos, uma casa pra chamar de lar.

Pegou o celular ligou para sua mãe, depois de alguns toques, ela atendeu.

_ MAMI PODEROSA! – ele sempre se divertia quando a chamava assim.

_ Félix, meu filho. – ela riu. – Como você está?

_ Estou bem, mami, e você?

_ Bem, meu filho. Aconteceu alguma coisa?

_ Não, mami. – ele começou olhar sua imagem no retrovisor. – Pelas contas do rosário! Minhas sobrancelhas estão um horror!

_ O quê?

_ Nada, mami. Queria saber de papi soberano, Lutero já terminou esse tratamento?

_ Bom, pelo que eu sei já está na fase final. Só mais alguns dias.

_ Tá bom, mami. É que eu já to pipocando pra soltar pra casa. Mais tarde passo aí pra te dar um beijo.

_ Tá bom, meu filho. Um beijo, te amo.

_ Também te amo, mami. – ele desligou o celular e percebeu que tinha recebido uma mensagem do “Carneirinho”.

“Você não vem almoçar comigo? Estou te esperando. Beijo.”

_ Ow criatura, você não vive sem mim.

Na verdade o estomago de Félix já estava revirando de fome, precisava mesmo comer alguma coisa, saiu em direção ao shopping, ele detestava São Paulo tanto quanto odiava seu antigo eu. Aquele trânsito infernal! Ainda bem que o carro tinha ar condicionado, porque chegar suado pra encontrar seu marido seria o apocalipse!

Ao chegar no restaurante Félix foi direto para o conhecidíssimo balcão, onde encontrou Niko trabalhando, como era hora do almoço o lugar estava lotado de pessoas, e cada pessoa que ele olhava enxergava os números da planilha que teria que trabalhar. Era feliz pelo restaurante ser um sucesso tão grande, um mérito de Niko.

_ Ai, Félix! – Niko que estava de costas o tempo todo, se assustou ao ve-lo te encarando.

_ Que, criatura? Tô tão descabelado assim? – Niko riu.

_ Não, é que você não fez nenhum barulho. – ele disse e entregou um barco para Edgar levar para uma mesa.

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_ Eu não queria te atrapalhar, Carneirinho.

_ Ah, bobo, não ia atrapalhar nada. – ele estava terminando de finalizar o almoço dos dois.

_ Você sentia falta daqui? – Félix olhou ao redor no restaurante.

_ Sinceramente? Não. Prefiro nosso restaurante lá em Angra. Não sei por quê. – ele deu de ombros, e Félix riu.

_ Eu sei muito bem por quê. Ousado!

Félix tinha a mania de rodar a aliança no dedo quando estava pensando em alguma coisa, só voltou pra realidade quando Niko se sentou ao seu lado para os dois comerem o almoço.

_ Eu não vejo a hora de voltar pra casa, Carneirinho. Eu tenho tantas lembranças ruins dessa cidade. Fico até arrepiado, sabia?

Niko segurou na mão de Félix e fez um carinho de leve com o polegar.

_ Já tá acabando. A gente vai voltar. E além do mais, você tem que visitar a Márcia lembra? Ela te transforma em salsicha se você não ia vê-la.

Félix sorriu com a lembrança da segunda mãe, sentia falta de seu senso de humor quase igual ao seu, apesar de sempre conversarem por telefone sentia mais falta de seus abraços apertados e do jeito escandaloso de ser.

_ É verdade, aquele paralama amassado. Sabe o que eu fiz hoje?

_ O quê? – Niko não tinha soltado na mão de Félix ainda.

_ Ajudei o Jaiminho com matemática. Ele tem algumas dificuldades.

_ É, ele tem um pouco mesmo. Lá em Angra ele até estava conseguindo levar, mas aqui tá um pouco mais difícil.

_ Bom, acredito que tudo é questão de prática, Carneirinho.

Depois que terminaram de almoçar Félix marcou com Niko de a noite ir visitar Márcia, Félix saiu avoado do restaurante e entrou uma loja de brinquedos, iria comprar um presente para Mereijayne, só que sabia ia sair de lá com uma sacola cheia para seus filhos também. Assim que saiu da loja com as sacolas interrompeu seus passos ao ouvir uma voz familiar:

_ Quem te viu, quem te vê, Félix.

_ Eu devo ter feito cachinhos na barba de Moises! – ele disse antes de se virar para a dona da voz. – Edith?