Promessas

Capítulo 14 - Segredo revelado


O dia já estava dando lugar à noite. Ansioso, Inuyasha decidiu ir ao apartamento de Kikyou para contá-la sobre o fato dele ser um hanyou. Era melhor não esperar mais tempo. E, impulsionado pelas palavras de seu pai, “Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje”, o hanyou parou na porta do apartamento da namorada. Pouco depois de tocar a campainha, a morena abriu a porta, vestindo uma simples camisola. Ela tentou beijá-lo, mas Inuyasha apenas lhe deu um selinho rápido.

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- O que houve, amorzinho? – Perguntou, fechando a porta. Sentou-se no sofá, cruzando as pernas, provocante.

- Kikyou, temos que conversar... – Ele tomou coragem, sentando-se ao lado dela.

- Sobre? – Ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha, um pouco decepcionada. Imaginou que o namorado finalmente tinha interesse em fazer algo a mais com ela. De qualquer forma, precisava mesmo falar com ele a respeito das orelhas que havia visto mais cedo.

Sem perder mais tempo, Inuyasha explicou tudo para a namorada. Finalmente ela entendeu o motivo dele andar sempre de boné, escondendo as orelhas, que descobriu que eram reais, além do fato dele virar humano uma vez por mês. Apesar de escutar tudo com uma aparente calma, ela estava perplexa, e um pouco enojada. Era o mesmo que descobrir que todo esse tempo ela estava beijando e planejando transar com um cão. Sabia que existiam youkais e hanyous entre os humanos, mas não imaginava que eles enganavam as pessoas tão bem assim.

- Então só agora você vem me dizer que estive com um demônio por todo esse tempo? – Ela disse em voz alta, fazendo com que o hanyou se calasse. Demônio. Não imaginava que Kikyou fosse encarar daquela forma. Perante o silêncio dele, ela continuou. – Por três anos você escondeu isso de mim... por que, Inuyasha? – Insistiu.

- Kikyou, eu queria ter contado... – Ele recomeçou, um pouco desnorteado.

- Então por que não contou? – Ela levantou-se, colocando uma das mãos na boca. Ela havia o beijado tantas vezes...

- Você não entende. Isso é difícil pra mim, tive medo de você não me aceitar... – Ele a encarou, mas o que viu foi um olhar de repugnância.

- Meu irmão, Naraku, estava certo! Você não passa de uma aberração! – Ela gritou, com ódio.

- O que...? – O hanyou, surpreso, lembrou-se daquele dia no parque.

~~~ Flashback ~~~

- Hey, pessoal, olhem isso! – Um garoto bem pálido, com cabelos compridos e esvoaçantes, seguido por alguns garotos, apontou para um pequeno hanyou de cabelos prateados que estava perdido no parque. – O que você faz aqui? – Inuyasha virou-se, um pouco assustado, encarando-o.

- Hm? – Tremeu um pouco. Já não bastava ter se perdido de seu irmão, ainda teria que aguentar um grupo de humanos! Bela hora para esquecer seu boné.

- Isso não é lugar para aberrações, volte pro inferno que é o seu lugar! – Ele gritou, visivelmente irritado. Odiava qualquer hanyou. O pequeno ficou mudo, não parecia ser forte. Sorriu, voltando a atenção para seus amigos. – Já que você não vai... pessoal, vamos mandar ele para lá? – Os outros sorriram igualmente.

- Vamos, Naraku! Segurem esse demônio! – Inuyasha não teve tempo de fugir, pois foi empurrado e caiu no chão com força. Em seguida, foi atingindo por vários chutes e socos dos garotos, principalmente do tal Naraku, que parecia não ter nenhuma emoção além da felicidade de ver o seu sofrimento. Até que...

- NÃO! PAREM COM ISSO! POR FAVOR! – Entre as pernas dos garotos, ele enxergou a silhueta de uma garotinha.

~~~

- Ficou mudo, Inuyasha? – Ela perguntou, irônica. Do lado de fora do apartamento, começou a chover forte. O silêncio permaneceu no recinto, até que foi quebrado por uma simples pergunta do hanyou.

- Naraku... é seu irmão? – Encarou Kikyou, reconhecendo aquela forma de olhar.

- Sim, e agora eu entendo! Como eu pude ser tão imbecil ao ponto de acreditar em você ao invés do meu irmão? Você não passa de uma maldita aberração! – Ela mordeu os lábios com força.

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- Ki-Kikyou... – Ele tremeu, sentindo os olhos marejarem.

- VÁ EMBORA! De preferência, volte pro inferno, lá você estará em casa, certo? – Ela virou-se, encarando a janela. Aquelas palavras foram o suficiente para que Inuyasha decidisse se afastar de vez daquela humana. Realmente, ela só tinha uma leve semelhança com Kagome, em sua aparência, pois seu interior era totalmente diferente.

O hanyou saiu do apartamento, às pressas. Correu o mais rápido que podia, sem destino, debaixo da chuva intensa, de forma que ficou completamente encharcado em poucos minutos. Mas não importava. Era até bom, pois as poucas pessoas que passavam pela rua não perceberiam as copiosas lágrimas que rolavam pela face de Inuyasha.

Ele não queria voltar para casa. Se voltasse, encontraria Miroku o esperando, provavelmente por uma boa notícia. Não queria lembrar-se de tudo novamente. Foi inevitável que acabasse desenvolvendo sentimentos por Kikyou durante esses anos juntos, e ver tudo destruído de um momento para o outro, era frustrante.

Tudo porque ele era um hanyou. Amaldiçoando sua raça, o hanyou apenas corria debaixo da chuva gélida para afastar a dor, a angústia, a saudade... e seus sentimentos. O boné, que servia como uma máscara, havia ficado para trás.