Proibida Pra Mim

66º Capítulo – “Barão.”


Quando aqueles idiotas entraram no galpão eu pude jurar que eles iam nos matar. Cada um tinha um fuzil diferente nas mãos e pela primeira vez na vida tive medo de morrer. Não por mim, nem pelo Felipe, mas pelas meninas. Por que sei que elas não suportariam perder nós dois de uma única vez.

Mas para minha surpresa, eles nem nos tocaram. Um deles se aproximou mais que o outro, com o fuzil em punho, e nos pediu que levantássemos. Nos guiou até o meio do galpão e nos fez ajoelhar. Observei ao redor e vi aos poucos o galpão ser tomado por vários homens armados, dos pés à cabeça. Eles se posicionaram rente as quatro paredes do galpão e começaram a conversar entre si.

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O Felipe e eu trocamos um olhar esclarecedor e de imediato sei que ele entendeu o que estou pensando.

É quase impossível fugir daqui. Pelo menos, por hora.

Lembro do cara tatuado de antes e me toco de que aqui, provavelmente, ninguém sabe quem sou de verdade e isso pode ser uma grande vantagem. Respiro fundo e passo mentalmente todas as minhas possibilidades.

Quando finalizei minha última missão em Vila Rica fiz questão de enviar de imediato o relatório para o Alex, acompanhado de um aviso de que tiraria alguns dias de folga. O que quer dizer que a Citros não vai notar minha ausência tão cedo.

O David conseguiu rastrear aquele telefone e me avisou a tempo da chegada deles na casa, mas o mesmo não aconteceu na fazenda. A pesar dele ter esclarecido muito sobre o Barão, não me alertou a tempo de conseguirmos sair de lá. Posso imaginar que ele esteja tentando nos localizar neste momento e que talvez, apenas talvez, tenha alertado a Citros sobre tudo que aconteceu. Mas, também devo cogitar a hipótese de que ele, simplesmente, não queira se envolver ainda mais nisso, tanto para não sei prejudicar com a Citros, quanto por já ter pago o favor que me devia quando pedi sua ajuda para localizar a Alice.

Ambas são possibilidades reais e infinitamente opostas. Olho ao meu redor novamente e aceito de vez o fato de não poder contar com qualquer ajuda externa e que nesse momento seremos apenas nós, eu e o Felipe, para dar conta.

Meus pensamentos são interrompidos quando ouço três batidas sequenciadas vindas de fora do galpão. O cara que está mais próxima a porta lateral a abre, empurrando para fora.

A claridade não me deixa ver quem está parado do outro lado da porta por um breve milésimo. Mas assim que meus olhos se adaptam, vejo as meninas nos olhando assustadas e um choque de alívio percorre meu corpo. Quero levantar e ir até elas, mas sei que uma mínima menção nossa a isso e eles nos matam. Vejo paralisado a Pirralha correr até o Felipe e não desgrudo meus olhos da Alice.

Ela parece tão pequena e assusta.

Num momento ela está vindo a passos incertos na nossa direção e outro está correndo. Ela choca o corpo ao meu ao se ajoelhar na minha frente e joga os braços em torno do meu pescoço. Ouço alguns soluços escaparem dela e forço as cordas numa tentativa idiota de me soltar para abraça-la. O ar escapa dos meus pulmões e eu baixo meu rosto até tocar seu pescoço e sentir seu cheiro doce. Sinto o corpo dela convulsionar pelos soluços fortes e uma necessidade irreal de senti-la nos meus braços se apodera de mim.

— Ogro... __ a voz dela sai carregada de medo.

— Estou aqui. __ é tudo que consigo dizer.

Respiro fundo e ela se afasta aos poucos, para me olhar. Seus olhos estão vermelhos e carregados de um medo tão forte que quase consigo senti-lo emanando dela. Ela parece só perceber agora que estou amarrado e olha para lado, para ver o Felipe. Quando ela volta a me olhar, deixo que meus olhos analisem cada pedacinho dela para me certificar de que está bem.

Mas sinto meu sangue ferver quando vejo marcas vermelhas na pele do pescoço dela. Quero me soltar, de novo, e exigir que ela me diga quem fez aquilo, para que eu possa mata-lo.

— Eles machucaram você.

A frase escapa dos meus lábios e quando, por um lapso de sanidade, estou prestes a me levantar vejo um homem surgir alguns metros atrás delas.

— Você acha que eu deixaria alguém machucar minhas filhas?

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Trinco meu maxilar e antes que as meninas se virem para olhá-lo, sei exatamente quem é.

Barão.

Ele não se parece nada com as meninas, a não ser pelos olhos azuis como os da Alice. Ele aparenta ter quase 60 anos e seu cabelo está quase totalmente grisalho. Alguns pontos claros estão distribuídos pela mandíbula e queixo, pela barba não feita. Ele não sorri, mas sua expressão é de completo prazer.

Baixo meus olhos até a Alice e vejo seus ombros subirem e descerem em compasso com o ritmo desregulado da sua respiração. Ainda de joelhos ela recua alguns centímetros e seu corpo choca com o meu. Olho para o lado e vejo a Paloma fazer o mesmo movimento, com uma expressão assustada. Quando Felipe me olha, sei que nós estamos prestes a enfrentar a coisa mais difícil que já enfrentei na vida.

— Pai. __ a voz dela é quase um sussurro.